Dilemas da Vida

Um conto erótico de Samuca Oliveira
Categoria: Homossexual
Contém 2632 palavras
Data: 09/02/2014 22:47:17

DILEMAS DA VIDA

Sexta-feira. Cheguei em casa às 19:00 hs mais ou menos. Minha figura resumia o que resta do homem nesse mundo louco e corrido: cansaço. Minha cabeça lutava com uma dorzinha incômoda e torturante. Afrouxei a gravata e por último a tirei junto com os sapatos. Joguei-me no sofá e pousei meus pés cansados na mesa de centro da sala. Tentei relaxar. Fechei meus olhos, mas não desfrutei de paz alguma. Oriundo do corredor mais interno, ouvia-se um forró bem dançante; se fosse em outro momento, eu até arriscaria curti-lo, mas não agora. Aposto que ela está dançando como uma louca. Ah, jovens! Isso que dá ter a casa cheia de mulheres. Mais uma vez, busquei por paz em minha mente cansada... Senti o sono chegando...

- Acoooooooorda! (Foi quase!).

- Oi, meu amor!

- Cadê meu doce?

Puxei-a para um abraço gostoso e bem apertado, seu cherinho é sem igual, dai-me paz.

- Oh! Esqueci! Mas amanhã vamos ao shopping e compro o que você quiser. Promessa!

Dê-lhe um beijo e a liberei de meus braços.

- Promete mesmo?! Eu queria tanto meu bombom! (Fez beicinho – coisa linda!).

- Claro! Prometo sim...

Nem ao menos esperou eu terminar de falar, saiu correndo de volta ao quarto. Quanta energia!

Busquei descanso novamente e pensei nele; ainda não havia chegado. Deve ter ido a algum lugar ou ficou preso no trânsito, ainda mais no horário de pico como das 18:00 ás 20:00 hs. Cidade pequena com número cada vez mais crescente de automóveis resulta nisso: engarrafamento.

Consegui cochilar um pouco. Acordei com o som de chave na porta e o encarei com os olhos semicerrados; ELE, o dono do meu mundo e dos meus pensamentos. Hoje falo isso com mais convicção, serenidade e certeza, sem os medos de um início de uma paixão onde tudo é muito intenso e efêmero. Não, o que sinto é amor, não há dúvidas!

Estava lindo igual há quando o vi pela manhã, a face, no entanto, refletia cansaço e aspereza (típica dele) que assustaria outros, mas não a mim que já estava acostumado. Em suas mãos, haviam sacolas de compras. Dê-lhe um sorriso cansado e ele me retribuiu com um “boa noite” a seu modo:

- Tira os pés de cima da minha mesa de centro!

E saiu em direção à cozinha. Sorri comigo mesmo, mas não retirei os pés. Ele que voltasse e conversasse direito comigo.

Fechei os olhos novamente... Minha mente rodava em torno do dia seguinte: sábado, uma boa folga! Graças!

Ouvi passos em minha direção, mas permaneci na minha. Senti o toque firme das suas mãos delicadas por um breve momento em meus pés.

- Já comeste alguma coisa?

- Boa noite pra você também!

Abri os olhos e o contemplei revirar os seus e bufar em desagrado. Será se ele já percebeu o quanto fica lindo assim?!

- Não. Ainda não comi, mas estou tão cansado que passo o jantar.

- Vai tomar teu banho. Dona Esmeraldina fez sopa (outro toque em meus pés).

Isso era para me tentar? Eu gosto de sopa como nunca vi outra pessoa gostar. Um dos meus pratos prediletos. E um pirão?! Morro por um! Rs.

Espreguicei-me, mas permaneci no sofá, estava dengoso. Recebi um olhar de impaciência, mas não iria funcionar, hoje não. Outro revirar de olhos e...

- Como foi o trabalho hoje?

- Cansativo e estressante! Muitos problemas pra resolver. O Ricardo fez merda e eu tive que resolver, afinal aquilo também é meu! Outra merda que ele faça e é rua! (O estresse me consumia).

- O meu foi atribulado, mas dentro de certos limites. Cuida, levanta! Vai te banhar, porco!(Chato!).

Estiquei-me mais, agora a preguiça respondia por mim. Estava calculando quantos passos seriam necessários para ir para o meu quarto e deitar na cama com roupa de trabalho e tudo. Fechei os olhos de novo.

Outro toque em meus pés e ouvi, em tom macio e do jeito que eu gosto:

- Samuca, levanta, vai! Toma um banho e janta comigo. Os meninos já comeram. Como sempre faltamos nós dois. Cuida!

- Estou todo quebrado! Dorzinha chata de cabeça e corpo todo doido. Faz uma massagem, amor? (Oh! Dengo da porra!).

A terceira revirada de olhos e mais uma bufada.

- Tu me achas com cara de quê, hein?! Te tocas, Samuel... Também estou destruído, se for por isso. Levanta! Perdi minha paciência já.

- Rapaz, tu chegas não me dirige um sequer “boa noite” e ainda te estressas! É pra rir?! Cadê meu beijo?

Tive que me deleitar com suas risadas de escárnio e deboche.

- Quem disse que tu mereces algum beijo? (Ele ama que eu implore!).

- Se eu receber o que peço, prometo tomar um banho e jantar contigo. (Chantagem gostosa).

Ele se aproximou mais de mim, tocou com a mão direita minha coxa esquerda, um toque firme e suave ao mesmo tempo. A definição perfeita pra ele seria: bom, na medida certa. Direcionou seu rosto ao meu e encostou seus lábios nos meus. O beijo foi calmo, romântico até. Terminamos em selinhos. Não permiti que se afastasse, precisava de mais. Comandei o segundo beijo e mostrei o quanto sentia fome de sua boca. Contemplei seu sorriso perfeito ao término, e já tinha energia suficiente para esta noite. Sorri de volta.

- Vamos! Vou te esperar na mesa.

Fui ao meu quarto, meu refúgio. A cama parecia tão convidativa, mas expulsei a preguiça e me dirigi ao nosso banheiro. Tomei uma ducha rápida e renovei as forças. Vesti uma boxer preta e um calção frouxo, aqueles de dormir mesmo. Fui à cozinha e ele me esperava com o celular na mão.

Pra quem não estava com a mínima vontade de comer, comi mais do que o suficiente; três pratos precisamente. Como disse a pouco, gosto mesmo de sopa. Ele me acompanhou no primeiro e nos demais conversamos sobre o nosso dia. Ele é tão regrado com comida, come tão pouco e adora me alfinetar já que, segundo ele, eu como igual a um ajudante de pedreiro. E, ele tão polido não “come”, mas se “alimenta”! Oh cara mala! Rs.

A preguiça nos possuiu e acabamos por deixar a louça suja na pia mesmo! Não nos julguem, eu lavei tudo no dia seguinte. Ele pegou uma maçã na geladeira e fomos para o quarto. Nosso quarto, há anos!

Passei na frente dos quartos dos meninos e dei uma boa noite e um beijo em cada um. Minha pequena já roncava no quarto da irmã (sim ela ronca, mas até assim não perde sua beleza, a coisa mais linda do pai, meu tesouro). Ele a levou pro seu quarto e a acomodou devidamente. Mandei desligarem o som, pois já eram 22:00 hs. Estava tarde. E, como sempre, ouvi uns resmungos. Filhos!(rs).

Joguei-me na cama de bruços e relaxei na sua maciez. Ele se deitou “no seu lado” e me empurrou sem nenhuma cerimônia, visto que ocupei a cama toda (sou folgado mesmo). Agarrei aquela coxa gostosa da porra e apertei com força, levei outro empurrão. A TV foi ligada, no canal só passava besteira, portanto não direcionei minha atenção a ela. Tinha ele ali tão perto, eu queria era um dengo isso sim. Peraí, irei já amolecê-lo aqui (pensei). Rs.

- Amor, e a minha massagem? Hein?

- Jura?!

- Fiz minha parte do acordo. Cumpra a sua!

- Já a fiz! Não te devo massagem alguma!

- Poxa, caramba! Tô todo quebrado aqui. Custa fazer uma massagem em mim?! Fiz cara de pidão misturada com indignação.

- Ok, eu faço! Ninguém te merece!

Sorri com minha vitória e me acomodei melhor. Logo senti suas mãos percorrendo minhas costas e nádegas. Trabalhou bastante em meus ombros. Relaxei muito e até senti o sono se aproximando. O cheiro do óleo que ele usava tornava tudo mais prazeroso. Por fim, ele dedicou um bom tempo aos meus pés judiados pelos sapatos, mas não sem me “zuar” (acho que se escreve assim) em relação ao seu tamanho. Eu tenho culpa se os pés dele são minúsculos?! Meu pé é de homem, rapaz! Grande mesmo! Digam-me que cara calça 37-38? Acreditem a pontuação dele é essa!

Depois, o safado beijou ao longo de minhas costas, não existe sensação melhor. Ah! Menti. Existe sim: a sensação de dormir bem juntinho ou de conchinha, como vocês preferirem.

Quando chegou em meu rosto, ficou brincando com a ponta do nariz em meu queixo, me atiçando. Ele sabe me seduzir como ninguém! Não resistir por muito tempo e taquei-lhe um beijo daqueles, deliciei-me muito com aqueles lábios vermelhos e convidativos. Eles debochavam de mim, provocavam-me a tocá-los... Seu dono me olhou com ternura, amo esse olhar e sorri em retorno. Recebi uma sobrancelha arqueada em desafio e mais um beijo. Abraçamo-nos e pude sentir o seu cheiro único (uma mistura complexa de cremes, geis, loções, colônia noturna e seu próprio aroma). E, assim, soltei de forma natural e espontânea: eu te amo!

Desliguei a TV e as luzes, enquanto ele jogava fora o que sobrara da maçã. Deitamos e me acomodei por trás dele. Aspirei seu cabelo, senti o aroma cítrico do xampu e ficamos de conchinha por breves minutos até ele me repelir “delicadamente” dizendo: Êita, Samuel! Me larga! Fica me apertando todo! Assim eu não respiro! (rs). É, caros leitores, apresento a vocês o meu marido, esse poço de doçura e delicadeza!

Bom pessoal, sou novo nisso e, como muitos aqui, acompanhei alguns contos da casa e gostei bastante. Já tinha em mente escrever algo, sei lá. Tem momentos na vida que surgem essas vontades, só não sabia ainda sobre o quê. Então ao ler os contos, tive inspiração de escrever sobre minha vida monótona!Rs. Ah! Peço desculpas por não colocar nada relacionado a sexo nesse primeiro capítulo, mas o tenho apenas como uma breve apresentação de minha família. Aviso também que nem todos os textos terão sexo, afinal o que escrevo são fatos do cotidiano de minha vida. E a vida, por vezes, é monótona demais. Como vi contos românticos aqui e me considero um bobão apaixonado, resolvi escrever sobre minha família com todos os nossos dilemas. Só espero que gostem.

Bom, que falta de educação! Vamos às apresentações: chamo-me Samuel Oliveira e tenho 42 anos. Tenho quatros filhos com um homem! Kkkkk. Hoje penso que se tivesse casado com uma mulher não teria tantos. Sou empresário. Tenho uma empresa que presta serviços para a Vale aqui no Maranhão. Trabalho de segunda a sexta, ocupando-me de parte do sábado, quando necessário. Por isso e com essa bacurizada toda, mal tenho tempo pra mim. E, dessa forma, peço a vossa compreensão com os intervalos de minhas postagens, pois deixo de sobreaviso que não serão regulares.

Ah! Meus bacuris! Como disse são quatro: Vanessa (a mais velha), Mariana, Pedro e Sara (nossa caçula). São todos adotados. O dinheiro não trás felicidade por si só, mas ajuda bastante, uma prova são as adoções dos nossos filhos. Temos uma condição boa e isso contribuiu muito para a concretização das adoções. A primeira adoção (da Vanessa) foi a mais difícil, depois de certa estabilidade com ela, os outros foram mais fáceis. Confesso que tudo foi culpa minha. Sempre fui louco pra ser pai e impus as adoções a ele que embarcou comigo nessa aventura mais que prazerosa. Quando dei por mim eram três já! A Sara foi um presente meu pra ele que queria muito cuidar de um bebê. Os nossos primeiros filhos foram adotados com mais idade. Muitas crianças sofrem em instituições, principalmente porque a procura da maioria das famílias é por bebês. Resolvi seguir por outro caminho. Claro que a adaptação de uma criança maior é mais delicada, mas também tem suas vantagens, as descobertas são incríveis! Amo meus bacuris deu pra perceber né?! Rs. E também, este fato (as poucas adoções de crianças mais crescidas) até que nos ajudou, pois a assistente social se empenhou mais ao ver nosso interesse. Tive que amadurecer rápido, pois o Hugo (meu marido) me exigiu isso logo no começo do nosso relacionamento. Fora que sou muito afoito e, com as adoções, precisei ser homem mesmo (crescer) pra depois me tornar pai! Tivemos pouco tempo só para nós dois e ainda temos pouco tempo, os meninos preenchem tudo e quase não sobra nada, mas querem saber não queria outra vida não!

Cara, escrevi muito já! Espero que não esteja maçante! Mas vamos de volta às apresentações.

A Nessa é nossa toin nhoin nhoin! Rs. Uma morena linda, simpática e geniosa. Sempre falo que ela é a versão feminina do Hugo, ou seja, um terror! Kkkk. Eles sempre estão em pé de guerra, mas nunca percebem que isso ocorre por serem muito parecidos. Ela é mimada na verdade. Culpa minha novamente, mas ele também contribuiu. Sendo franco, a vida da minha filha é shopping e futilidades.

Mari é a simpatia em pessoa. Enquanto Vanessa tagarela pelos cotovelos, a Mariana mal fala. É muito introvertida e já frequentou um psicólogo pra se soltar mais. Ela nos preocupou muito no início, mas percebemos que esse é o jeitinho dela. É a baixinha do pai. Não vai crescer muito não. “ - É o gênio da família!” como Hugo sempre fala. Ela é extremamente dedicada aos estudos; a ideia de mulher independente que Hugo tanta fala pra meninas, entranhou nela que sua boca é só isso agora.

Meu garotão, Pedroca, é fissurado em futsal e vôlei, fato que nos deu um pouco de trabalho. Não jogo porra nenhuma. O Hugo então nem merece comentários. Eu cresci em fazenda, então meu esporte favorito era acordar bem cedo, tomar leite quentinho da vaca (minha dislipidemia que o diga!) e cavalgar. Falando nisso, bateu saudade agora! De todos, o Pedro é o mais sensível, as meninas são mais geniosas, teimosas e metidas a independentes. Quando acontece algo, ele corre pro babão dele: Hugo. Esses dois são muito apegados. E o carinha não pára de crescer, ta me alcançando e já passou do Hugo há tempos. E ta de namoro, rapaz! É pegador! Kkkk. Se ele me ouve, cora na hora!

E a minha bubuca (esses apelidos que inventamos não sei de onde, apenas surgem) é a rainha da casa. Tem cinco anos agora. Teimosa que nem merece comentários. Mimada então (culpa do Hugo agora). Ter um bebê em casa é uma dádiva. Quando ela chegou, foi mágico. O sorriso, o abraço, o beijo e o carinho dessa coisinha compensam todas as noites perdidas, o estresse, as preocupações com o primeiro resfriado e todo o resto!

E por último: o meu amor! Hugo é uma peste... Isso mesmo uma peste! Ô cara mala! Todo cheio de si e dono da verdade, mas que eu amo muito. É o meu moreno! Ele é bem marrento e não dá moleza pros meninos e nem pra mim... Aqui em casa é regime militar. Amo o jeito delicado dele, seus trejeitos, ao mesmo tempo que adoro sua altivez, ferocidade e independência. Mas nunca vi cara mais orgulhoso e grosso. Eu sofri pra conquistar, viu! No início, pensei que seria mais um “viadinho” pra minha lista (sempre fui atraído por caras efeminados como costumam dizer; homens muito masculinos me brocham; curto muito ser o macho alfa), mas me lasquei. Corri muito atrás e acabei me apaixonando. E estamos até hoje! Já tivemos até festa de aniversário de casamento, mas isso fica pra outro capítulo. Mas o interior dele, e falo isso sem malícia, é divino: pois nunca encontrei cara mais LEAL! Mais uma vez repito: amo muito meu marido. Além do mais, ele me deu uma sogra de presente que é como uma mãe pra mim e sempre nos ajudou em todas as nossas crises, pois casamento não é um mar de flores não, viu!

Por hoje é só! Agradeço antecipado pelas leituras e espero comentários (incentivos). E peço perdão pelos erros ortográficos!

Samuel Oliveira

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Comentários

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Cara, teu conto é ótimo. Continua logo ! :D

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