O rapaz da guarita - Capítulo 44

Um conto erótico de BrunnoLemme
Categoria: Homossexual
Contém 915 palavras
Data: 08/02/2014 00:30:06

Capítulo 44

- Você quer a verdade?

- Sempre.

- Eu ficaria muito tentado. Mas não. Não iria.

Ufa!

- E porquê?

- Por tudo isso que me falou cara. Por que já dei mancada contigo e me senti péssimo por isso, mesmo tendo total consciência de que era você que queria. Porque acho que tu ficaria mal, e talvez não me perdoasse de novo.

A vontade que eu tinha era de encerrar o papo ali e não cavar mais nada. Mas a ocasião era propícia. Não conseguiria ficar quieto.

- Se eu topasse e fosse, você me perdoaria de boa?

- Oras... eu te disse para ir se quisesse. Não tinha o que perdoar.

- Dani!

- Porra Bruno, de boa. Claro que ia ficar bolado. Inseguro talvez. Cheio de coisas na cabeça. Mas se você for meu cara, você será meu de qualquer forma lá no fim.

- E você acha que vale a pena facilitar e dar brechas para estranhamentos então?

- Porra Bruno... que papo cabeça.

- Dani. Eu sei muito bem que você é capaz de manter esse papo. Não foge, de boa.

Ele deu um sorriso leve, meio que se desculpando. Voltou e se sentou no braço da poltrona, quebrando a distância.

- Meu lindo. Eu confio em você. Eu quero sua felicidade. Eu te amo e quero o melhor prá ti, e mais ainda que esse melhor seja eu. Não quero ser empecilho, barreira, entrave...

- Você se julga isso cara?

- Não. Não me julgo isso.

- Que bom.

Ficamos em silêncio por um tempo. Ele se jogou na cama, braços esticados atrás da cabeça. Olhos perdidos no teto. Lindo. Perigoso.

Eu me deitei ao lado dele e assumi a mesma posição.

- Daniel...

O silêncio dele me pediu prá continuar.

- Vamos nos cuidar, ok ? Já não é tão fácil assim.

- Nenhum relacionamento é Bruno.

- Então cara. Por isso mesmo.

Ficamos assim, deitados lado a lado por um bom tempo.

Cansados às 10h da manhã.

Nosso dia foi estranho. Recheado de silêncios desconfortáveis.

A conversa precisava ser digerida. No seu tempo.

Evitamos abordar de novo o assunto mesmo quando topamos com o rapaz no saguão do hotel, provavelmente esperando por um serviço de receptivo. Ele olhou de lado. Passamos direto.

Decidimos passar o dia no Porto da Barra, prainha pequena e badalada na entrada da Baía de todos os Santos. Era bonita, calma para banho mas agitada com pessoas bonitas e badalação. O dia era lindo, e aquele movimento nos permitiu não pensar tanto no assunto mas uma certa diversão.

Voltamos pro hotel mas antes assistimos o pôr-do-sol no Morro do Cristo, bem em frente ao Farol da Barra. Vista bonita.

À noite não transamos, mas trocamos carícias e beijos gostosos no banho, antes de descermos para buscar algo prá janta. O horário mais difícil prá mim foi as 19h.

Ele estaria me esperando...

Não tinha dito que não iria.

E não tinha comentado com Daniel o lance do horário, por isso fiz o possível para não estar no hotel na hora. Era esquisito.

Quando voltamos, por volta das 22h, ele estava sentado no lobby novamente, bonito, sensual, tomando alguma coisa. Percebi que ergueu a cabeça quando nos viu. E fez um sinal com a mão.

- Bruno, ele está nos chamando.

- Dani... Ignora.

- Não cara. Vamos lá. Vamos ver o que ele quer. Vai ser melhor.

Sem que desse tempo ele passou na minha frente, segurou minha mão com força e se projetou na direção do rapaz.

"Caramba" - pensei... Como isso vai acabar?

Nossa trilha sonora agora ganha essa :

http://www.youtube.com/watch?v=8RkiPQELqNI

Chegamos juntos até onde ele estava. Ele se levantou gentilmente e sorrindo prá nos receber. Como o lobby era bem grande e estávamos numa parte mais afastada da recepção, ninguém nos ouvia.

- Bruno certo?

Ele falou estendendo a mão.

- Isso. Tudo bem Cauã? Esse é o Daniel, meu namorado.

- Prazer cara.

- Valeu.

- Sorte grande você tem, com todo o respeito.

Ele parou aí. Notei que sua expressão me perguntava se podia ir além. Deveria estar se questionando se eu tinha contado a verdade ao Dani. Acenei com a cabeça.

- Ele sabe.

Ele então se sentiu livre prá abrir o jogo.

- Sorte grande Daniel. Além de um gato, super fiel. Fiquei te esperando cara.

- Imaginei. Desculpe não ter te dado um toque. Mas não disse que iria...

- Eu sei. Relaxa. Vamos sentar?

Nos sentamos e por incrível que pareça era um clima agradável. E o runo do papo conduzido pelo Daniel só fez a coisa ficar mais camarada...

- Pois é velho, não é prá qualquer um... A gente tava a fim de te conhecer melhor, juntos... Não vale exclusividade poxa...

Ele riu...

- Porra, não custa tentar né ? Nunca fiz a três cara. Sei lá, sou meio careta prá isso...

- Sério? Com essa pinta de novela das oito? Deveria aproveitar...

- Fácil falar cara. Só tenho pinta mesmo. Sou tímido.

- Hum... São os melhores. O Bruno também era.

Os dois riram. Eu fiquei com cara de tacho.

- Sério ? Porra, tua abordagem foi bem maneira...

- Ah Cauã... Ele aprende rapidinho. Rs

- Bom rapazes. Chega de lorota com a minha cara...

- Você vai fazer o que a tarde cara? Já que não topou nosso quarto, que tal uma praia juntos? A gente se conhece melhor e quem sabe você se sente mais à vontade?

- Pode ser. Na verdade, mais a vontade já até estou...

- Beleza então. A gente te espera aqui às Duas beleza. Vamos comprar umas coisinhas mas dá tempo.

- Fechado então. Boas compras.

E saímos. Tudo muito mais leve. Vai entender...

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 3 estrelas.
Incentive BrunnoLemme a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil de ૨αԲα૯ℓ

Esse negocio de trisal é meio bizarro... não curto não! Conto perfeito, rsrs...

0 0
Foto de perfil genérica

tu mandou bem nao indo sozinho Bruno !!! Mas eu acho que se fosse o Daniel, ele iria.

0 0