Tudo começa quando nada dá certo. (Parte II)

Um conto erótico de PedroAl
Categoria: Homossexual
Contém 846 palavras
Data: 07/02/2014 19:08:09
Assuntos: Gay, Homossexual

Não sabemos da alma senão da nossa; As dos outros são olhares, são gestos, são palavras, com a suposição de qualquer semelhança no fundo. - Fernando Pessoa

Aquele gesto, daquele cara soou um pouco estranho, algo inesperado, só que com a pressa e o medo de perder o ponto, não dei a atenção devida no momento, podia até ser natural. Desci cegamente e mal pude ouvir os gritos da Bia pedindo que a esperasse.

- Peu, tá surdo é? Meia hora gritando, tive que apressar o passo pra te alcançar.

- Desculpa Bia, tou tão apressado que nem te ouvi. Você conseguiu responder a lista?

- Puts, esqueci da merda da lista. E agora?

- Agora fudeu, o professor já deve tá na sala.

- Espero eu não, se ele não estiver, posso copiar da sua?

- Pode, uma mão lava a outra. - Dei um sorriso recebendo outro de confirmação.

O papo foi rápido, o ponto não ficava assim tão longe da entrada da universidade. Chegamos na sala e dito e feito o professor já estava lá. O desenrolar das aulas, seguiu o marasmo de sempre. Mas eu não conseguia pensar em outra coisa a não ser aquele gesto que poderia ser tão perspicaz para algumas pessoas, mas para mim, naquele momento, me colocava em dúvida. O gesto dele despertou algo que eu nunca tinha sentido de fato anteriormente, até então, nunca tinha rolado uma curiosidade até chegar nesse momento, algo me fazia pensar em desvendar algumas verdades, aquilo não foi e nem era normal para mim, foi extremamente estranho.

- Peu, tá viajando hoje né? - Disse Ricardo um amigo de sala.

- Poxa vei, tou mesmo, tou pensando na porra do carro, me colocou numa fria hoje. Tive que vir num ônibus lotado e um calor imenso. - Tive que disfarçar, não iria falar no que realmente eu tava pensando. Poderia soar estranho falar que estava pensando em um cara, não seria normal, e além do mais seria muito estranho.

- Tu reclama demais cara, todo dia vem de carro, no ar, e hoje só porque veio uma vezinha de ônibus tá nessa marra toda.

- Num é cara, tou desacostumado já. De carro fica tudo mais fácil.

- Ei, tais ligado da festa no final de semana né? Vai a galera toda do curso, e alguns parceiros do curso de direito. Bora dar as caras lá?

- Formou então.

As horas passaram numa velocidade absurdamente incrível, não sei se era meu pensamento que andava fora daquele lugar ou elas que tinham passado rápido mesmo. Saí num pique só para pegar o ônibus de volta e sem dúvida voltaria lotado. Não passei 15 minutos na parada e o ônibus chegou. Entrei, e mal percebi que o tal cara estava lá. Sentado no fundo do ônibus, teria passado desapercebido sua presença ali se não fossem os gritos e acenos.

- Pedro - ele disse acenando com uma das mãos - chega ai.

Apenas fui, não sei o que me levou até lá, a curiosidade de saber o que era aquilo ou a vontade de parar o constrangimento de tá gritando meu nome em público. Se eu pudesse comparar ele com algum ator, diria, sem sombra de dúvidas, Rodrigo Andrade, com um cabelo mais claro e um jeito de sorrir com os olhos que o tornava estranho por passar tanta felicidade. Me sentei do lado dele. E só tive tempo de cumprimentar para surgir uma enxurrada de perguntas.

- E ai, tudo certo? - perguntei

- Tudo certinho. Mas me fala ai, como foi a aula de cálculo?

- Apenas foi. Nada mal.

- Minha aula de Ciência Política, foi animal, sempre entro com dois pés nos debates.

- Massa. - respondi me perguntando: Qual a parte que eu perguntei e não lembro?

Ele começou a falar coisas, que de fato não prendiam minha atenção, minhas respostas eram apenas: é, sim, não ou talvez. E até hoje não lembro de partes do desenrolar daquela conversa. Em determinado momento, ele se referia somente a mim pelo nome, então ao menos o nome dele eu tinha que saber.

- Vei, na pressa de manhã, esqueci de perguntar o seu nome...

- Verdade, meu nome é Arthur. Prazer. - Ele respondeu rindo.

- Tu falou que cursa Ciência Política... Então, deduzo que teu curso é Relações Internacionais, certo?

- Errado. - Ele também não disse qual foi o curso e já emendou em outra pergunta. - Quanto a você, creio que seja... Economia, acertei?

- Errou também, faço Eng. Civil.

O papo foi fluindo, falamos de músicas, lugares, eventos, problemas da universidade. Até que inesperadamente ele parou.

- Tá chegando minha parada, acredito que amanhã nos veremos de novo.

- Eu acredito que não, raramente venho nesse ônibus. Amanhã pego o carro novamente.

- Puts, isso sim que é vida. - ele respondeu sorrindo, como se aquilo fosse natural. - Então, talvez a gente se esbarre por ai.

- É, pode ser.

A parada dele estava chegando, ele foi se arrumando, levantou-se e puxou a cigarra. No primeiro freio do ônibus, criei coragem e perguntei.

- Amanhã eu posso te dar uma carona, topa?

#Pessoal, obrigado pelos poucos e bons elogios. Ontem não deu para postar, terminei saindo para jantar e cheguei tarde. Espero que vocês estejam gostando. Abraços.

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Comentários

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Muito bom, sou pedro também.

Le o meu...

o garoto do condomínio.

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