Canção Do Mar #3

Um conto erótico de Senhor D.
Categoria: Homossexual
Contém 2592 palavras
Data: 04/02/2014 20:23:49

-Filho, você parece preocupado. -a voz de seu pai chegou aos seus ouvidos enquanto jantavam.

-Não estou. -Thomas respondeu sincero. Preocupação era o último dos seus sentimentos. Medo encabeçava a lista.

Após o banho longo e demorado ele deitou-se na sua cama e tentou acalmar a pulsação do seu coração. Xavier, Pierre e Homero sabiam que ele havia os espiado na praia durante aquela espécie de invocação. Homero foi praticamente possuido por algo e mesmo o loiro estando camuflado nas pedras e pela escuridão Xavier o tinha visto.

Tinha medo do que o moreno poderia fazer com ele no próximo dia. Eram colegas e o trio parecia demontrar um interesse especial nele... o que fariam? Era o que ele se perguntava.

Seu pai havia chegado e os dois prepararam uma janta saborosa. Apesar de amedrontado Thomas ainda sentia fome e estar na companhia do seu pai era ótimo.

-Como estava o mar? -voltou a realidade onde seu pai estava sentado na mesa a frente dele. Fitou os olhos verdes claro do mais velho e respondeu uma mentira: "estava bom".

Claro que nada "estava bom" desde que um certo trio pisou no prédio da escola naquele dia mais cedo. Primeiro chamaram a atenção de todos, tinham uma espécie de poder sobre os outros e agora dançavam a volta de uma fogueira invocando coisas do além?!

O loiro ajudou seu pai a arrumar a cozinha após a janta e deu uma desculpa pra se retirar para o seu quarto. Não estava em condições de uma maratona de conversas sobre programas televisivos com o mais velho.

Jogou-se de cara nos seus travesseiros e recusou-se a ocupar sua mente com Xavier, Pierre e Homero naqueles mometos. Não fazia mais nada sem pensar naqueles três... estava sentindo uma irritação profunda de si mesmo.

Colocou seus fones de ouvido e saiu arrumar-se para dormir enquanto escutava Beyoncé em toda sua perfeição cantar "XO".

Fez sua higiene, penteou seu cabelo e voltou para o quarto cantarolando. Deitou novamente na cama e fitou as ilhas do Hawaí que estavam grudadas em pôsteres no teto.

Fechou os olhos e tentou dormir. Depois de algumas tentativas sentiu seu corpo ceder e mergulhar num sonho profundo onde ele dançava a volta de fogueiras com três desconhecidos. Um homem de cabelos ruivos falava em uma língua estranha e depois o atacava com facas... teve vários sonhos parecidos... nenhum o deixou dormir devidamente.

...

(Do I imagine it, or do I see your stare?

Is there still longing there?

Oh I hate myself, and I feel crazy

Such a classic tale) !!!

Esse era o novo despertador de Thomas para o colégio já que seu antigo foi espatifado na parede um dia antes. Britney Spears cantava "Perfume" em tom elevado no intuito de lhe despertar... foi muito bem sucedida.

O loiro desligou o despertador do seu celular e negou três vezes em uma desaprovação clara pra si mesmo quando sentia um enorme sono. Os sonhos dele a noite não lhe deixaram dormir.

Enquanto tomava um banho rápido naquela terça feira pensava sobre seus sonhos durante a noite os quais envolviam seus novos colegas de classe.

Estava enloquecendo imaginando o que faria quando fosse abordado pelos três. O que eles fariam... como fariam... porque fariam... eles queriam algo consigo! Estava certo e teve confirmação! Será que iriam sacrifica-lo para um ritual?! Ou ofereceriam ele em agradecimento a algum deus pagão?! Quem sabe o queimariam vivo para oferecer a espíritos! Ou talvez...!!

Obrigou-se a dar um tapa em sua própria face para que parasse de surtar sem motivos e de maneira tão idiota. Eles não fariam nada e nem o abordariam sobre qualquer assunto... afinal as únicas pessoas que tinham algo a expliar eram Xavier e cia. Fez um som satisfeito ao pensar isso e terminou de higienizar-se.

Seu tênis rasteiro fazia barulho nas calçadas da rua e sua calça jeans exibia demais seus atributos enquanto ele aproximava-se da escola para o segundo dia de aula. Um vento frio jogou seus cabelos para trás e o obrigou a fechar o casaco.

Era engraçado como em questão de duas horas o clima podia ocilar de maneira drástica na cidade.

O loiro parou para analisar melhor a situação... Xavier, Pierre e Homero não o conheciam e simplesmente disseram na primeira vez que os viram um "é ele"... será que já o conheciam? O que ele tinha que aqueles três queriam? O QUE QUERIAM COM ELE?! Estava confuso demais em relação aqueles três. A cena da fogueira na pedra fez com que seu medo e sua confusão triplicassem juntamente com sua curiosidade... apesar de tudo ele queria saber mais a respeito.

Thomas adentrou sua sala bem quando o sinal anunciando o começo da aula soou em alto e bom som. Suspirou de alívio quando viu que o "Trio encrenca" não estava presente. Todos estavam com roupas compridas e casaco para proteger-se do frio. Todos com faces de início de ano... alegre e contentes.

Mário e Samuel conversavam baixinho sentados no mesmo lugar do dia anterior, mas antes que pudesse dar três passos na direção deles sentiu uma mão em seu braço e logo foi puxado para fora da sala de aula novamente.

Foi prensado por um corpo na parede e olhos esverdeados o fitavam num misto de raiva, desejo e divertimento.

-Sabia que a curiosidade matou o gato, gato? -a voz grossa de Xavier gelou seu sangue. Ele com certeza tinha seus "parceiros do crime"... Pierre que tinha um sorriso sinistro no rosto e Homero que o fitava de um jeito mais parecido com a frase "como pode?!" Seu olhar correu pelos corredores da escola e não havia ninguém ali, apenas ele, Xavier, Pierre e Homero.

-Me solta! -exigiu sentindo as mãos do outro prenderem sua cintura fortemente e o corpo dele não dar brecha pro seu. Sua voz saiu rouca denunciando seu medo daquele moreno. Um sorriso quase desdenhoso brotou dos lábios de Xavier e foi o que fez Thomas ficar mais desesperado.

Ele estava fazendo contato físico... todo seu corpo teria se acendido se não estivesse com tanto medo... eles estavam ali pedindo explicações do porque ele os espiou. Não disseram que queriam a explicação, mas estava quase explicito na frase "a curiosidade matou o gato". Tentou não prestar atenção nas entrelinhas porque teria um significado nada agradável.

-Eu vou gritar, Xavier! -ameaçou. -Me solta! -podia sentir uma espécie de energia emanando daqueles três. O ar naquele corredor estava quase palpável de tão carregado.

-Grite. -a voz de Pierre era de desafio e deboche ao mesmo tempo. O mulato continuava o mesmo e a frase saiu dos lábios dele para realmente provocar o loiro... e conseguiu.

Tomou fôlego e ao abrir a boca para gritar um sonoro e histérico "Socorro!!" lábios esmagaram os seus.

Xavier o beijou. Ele o beijou!! O homem que lhe causava medo e nervosismo o beijou. Cerrou os dentes no susto e logo debateu seu corpo para escapar. Várias coisas passaram pela sua cabeça. Nem pensava que ele era homossexual também... apesar de no fundo desejar que ele fosse.

Um calor apossou-se de si enquanto aqueles lábios esfregavam nos seus e a língua dele tentava penetrar a sua boca com dentes cerrados. Não sabia se queria ceder. Pode sentir uma descarga de eletrecidade invadir cada célula do seu corpo... estava cedendo...

O beijo foi bruto e raivoso no começo numa batalha entre a resistência de Thomas e a persistência de Xavier. Logo o beijo tomou proporções calmas e íntimas quando o loiro resolver entregar-se para aquele moreno ao ver que ele não desistiria.

Se deu conta que ainda apertava a mochila em suas mãos e deixou que ela deslizasse até o chão para poder beijar devidamente aquele homem. Enroscou seus braços no pescoço dele vendo que ele usava uma espécie de corrente, brincando com aquele cabelo de "pós-foda" e aproveitou.

Por mais errado, louco, impróprio e idiota que a cena parecia para seu ego consciente ele não deu a mínima. Os lábios de Xavier e a maneira com que segurava gentilmente em sua cintura eram convidativos demais... até esqueceu que havia uma pequena platéia assistindo.

Sentiu a língua do moreno resvalar por sua boca e provar dele num deleite evidente para ele. Xavier soltou um gemido rouco de satisfação quando cravou seus dentes de uma maneira excitante no lábio inferior dele.

Moveu sua cabeça para o lado e introduziu sua língua na boca dele buscando explorar todos os cantos e não só provar da saliva dela como também deixar sua saliva ali.

Suas línguas se enrolavam e se amassavam. Seus lábios depois de alguns minutos já estavam vermelhos, porém nenhum parar.

O outro sabia e muito bem como se beijava alguém. Tinha uma postura de "macho alfa" que faz todo o corpo de Thomas reagir muito bem aos toques e caricias.

Desgrudaram seus lábios e abriram seus olhos para fitar-se. Os olhos esverdeados de Xavier revelavam um desejo necessitado e primitivo... pode sentir o membro duro e em riste dele prensado no seu adormecido.

Duas mãos foram espalmadas nas suas nádegas e a palavra "gostoso" sussurrada de uma maneira deliciosamente grave e rouca no seu ouvido. Arrepiou-se e depois sorriu para o moreno em sinal que havia gostado de toda aquela atenção.

-Não sabia que era gay. -revelou baixinho quase se derretendo com a maneira que o outro acariciava suas nádegas cobertas pelo jeans em movimentos circulares.

-Nós somos. -Xavier também falou baixinho movendo a cabeça para Pierre e Homero. Thomas ficou num misto de surpresa e vergonha quando viu que Xavier não era o única excitado... o mulato e o ruivo estavam muito animados com a cena do beijo. Desviou o olhar e depois desgrudou-se dos braços do moreno.

-Não entendo qual é a de vocês!

-A nossa? -Homero manifestou-se e Thomas tentou encontrar algum vestígio de algo diabólico na voz dele como na noite anterior. Sentiu-se aliviado quando a voz que ouviu era doce e serena.

-Querem algo comigo, mas não dizem o que é. Agora dançam a volta de fogueira feito doidos pedindo por chuva! Querem minha ajuda pra acender o fogo?! -sua voz tinha irritação acima do deboche.

-Não está na hora ainda, meu anjo. Você vai saber de tudo quando estiver pronto. -a voz de Xavier estava cautelosa como se ele estivesse falando com algum animal assustado.

-Porque vocês apenas não me deixam em paz?!

-Não podemos. E eu não quero.

-Você não quer?

-Não.

O loiro abriu a boca pra fala algo, mas parou. Ajeitou seu cabelo o jogando pra trás e tirou sua franja dos olhos. A situação que encontrava-se era ridícula. Era pra estar morrendo de medo daqueles três. Eles bem podiam invocar algo do além para puxar seu pé a noite, mas não estava mais amedrontado. Parecia que aquele beijo com Xavier foi alguma "apólice" de seguro. Como se ele dissesse que faria de tudo pra não machuca-lo... que outra alternativa teria se não confiar nele?

Foi até o moreno e ele o recebeu sorrindo achando que receberia mais um beijo. O sorriso dele se desfez quando pegou sua mochila jogada no chão e adentrou a sala de aula sendo seguido pelosComo assim a Larissa foi morta?! -a voz de Thomas veio marcada por um tom incrédulo e arrasado. Estava sentado ao lado de Samuel e Mário. Os três estavam com semblantes arrasados ao saber da notícia por outra aluna do terceiro ano. Um banco num "U" estava servindo de ponto de encontro para mais da metade da escola.

-Ela... tá morta. -a aluna estava cercada de outras pessoas que queriam saber sobre a pessoa morta. A menina chorava e as mãos dela seguravam forte o celular. -Acabei de saber pelos pais dela. -e chorava mais. -Ela não voltou da caminhada dela e foram procurar... encontraram o corpo faz algumas horas e... e... algum animal a matou... ela estava toda aberta... meu Deus.

Thomas viu a menina sair do meio da roda de amigos, pegar a mochila caída no chão e sair em disparada para fora da escola no meio do intervalo. Um rastro de lágrimas marcou o lugar por onde ela pessou.

-Ela disse que terão que enterrar com o caixão fechado. -o loiro ouviu um menino do segundo ano cochichar com o amigo dele. Pouco a pouco a multidão se desfez.

Levantou-se e seu olhar recaiu sobre três homens parados a distância o observando. Um frio correu por sua espinha ao associar o horário em que os investigadores achavam que a menina havia sido morta. Foi logo após ele ter saído da praia correndo por ser flagrado obsevando quem não devia... provavelmente ele chegou em sua casa e Larissa havia morrido... por algum animal como as pessoas supunham pelo estado do corpo... ou por alguém...

Saiu caminhando tendo certeza que Samuel e Mário não o estavam seguindo pelo estado abalado de todos, mas que três homens o seguiam apenas com o olhar.

O dia foi um borrão negro na vida de todos que faziam parte da vida da menina morta. Larissa era um anjo em pessoa. Atenciosa e querida com todos, além de bonita e inteligente. Ao saberem da notícia todos podia ouvir do banheiro masculino o choro do namorado dela. "LUTO" era a palavra que definia o astal dessas pessoas. Chegaram a dispensar todos no segundo dia de aula pra mostrar respeito a memória da aluna.

Thomas chegou em sua casa e obviamente seu pai não estava. Rumou até seu quarto e foi lá que deitou-se tentando compreender tudo. Tirou sua roupa ficando apenas de cueca boxer e cobriu seu corpo com seus forros.

Xavier, Pierre e Homero não eram da cidade. Chegaram chamando a atenção de todos. Tiveram uma atenção especial nele. Dançaram a volta de uma fogueira invocando coisas. Larissa morreu no mesmo dia que chegaram.

Foi impossível sua mente não imaginar cenas. Aqueles três eram sombrios. Comprovou isso com o tal ritual. Mas... matar... será que fariam isso?

Larissa foi morta de uma maneira bruta. Não foi simplesmente morta. Pelo que sabia ela foi dilacerada... tanto que não poderiam a enterrar com o caixão aberto.

Virou pro lado. Pareceu que dormiu apenas alguns segundos e foi acordado por alguém em baixando o colchão d sua cama pelo peso. Seu pai estava ali o fazendo cocegas e ele rindo de uma maneira histérica e engraçada.

Travaram uma batalha acirrada entre as cocegas de Vicente e dos gritos e risos de Thomas.

O menor esqueceu por alguna minutos daquela realidade tumultuada que vivia e sentiu-se mais leve na presença do seu pai. Estavam se divertindo juntos e fazendo coisas que as pessoas deveriam fazer sempre... deixar um pouco de lado seus afazeres para dedicarem-se aqueles que amam.

Depois de muito riso, xingamentos da parte do menor os dois deitaram ao lado um do outro como pessoas civilizadas.

Thomas contou ao seu pai do porque estar mais cedo em casa. O que não foi surpresa pro mais velho. Cidade pequena e fofoqueira... notícias são fogo em palha seca.

-Você tem ideia do que a matou? -o menor indagou enroscando suas pernas nas do seu pai como se buscasse apoio.

-Disseram que foi uma animal. Não encontraram digitais, vestígios, pegadas... nada. -a voz dele era de desconfiança. -Duvido que foi um animal. Não vemos acidentes assim desde... -então a voz dele falhou.

-Desde...? -instigou.

-Nada. Que tal fazermos o almoço junto? -Thomas estanhou como seu pai tentou mudar de assunto. Algo faltava naquela história e ele não iria forçar seu pai a lhe contar nada. O mais velho nunca fez isso com ele.

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Comentários

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Gostei.. Acompanhando agora..otimoo ta senhor D? Rs :D

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