Davi chegou ao portão do colégio, e torceu para não dar de cara com o Rafael. Ainda não queria acreditar no que o amigo havia feito com ele. Poderiam ter conversado, mas não... Tudo foi maquiavelicamente planejado. Seu coração estava um bagaço e a sua alma atordoada. Decidiu que nunca mais viria o Fábio e se possível, mudaria de colégio para não se deparar com o ex-amigo.
Bom, por sorte, ele entrou e para sua surpresa não viu o Rafael, nem mesmo na sala. Davi pensou: - Ele também não estava a fim de olhar em minha cara. Melhor assim.
O Diego, o tal garoto que gostava dele, ao perceber sua cara de abatido, resolveu encostar sua cadeira na dele.
- Posso? – perguntou o jovem rapaz, alto, moreno claro e cabelos pretos.
- Claro. – Davi nem olhou para ele.
- Aconteceu alguma coisa? Eu nunca te vi desse jeito. Eu posso ajudar?
- Infelizmente não! Há coisas na vida que não tem como voltar atrás. Obrigado pela sua preocupação.
- Você quer sair depois daqui e desabafar um pouco? – Diego era um rapaz lindo, e sempre foi atraído pelo Davi.
- Obrigado. Eu prefiro ficar em silêncio. Você é um rapaz legal, sabia?
- Sabe Davi... Eu não vou mentir para você. Desde quando eu entrei nessa escola, que eu venho te observando. Eu sou muito atraído por você, ou melhor, apaixonado. Acho que muitas pessoas já perceberam isto. Eu só queria uma chance de...
- Não haverá chances, Diego! Eu não sou gay, nunca fui e se eu fosse, me condenaria pro resto da vida! – ele tava tão ferido por dentro, que auto se atingiu com aquelas palavras duras. – Se me der licença, eu vou ao banheiro.
Ele se levantou e foi ao banheiro chorar.
**************
- Tchau querido. A paz do senhor! – o pai do Davi já estava do lado de fora, se despedindo de sua mulher, para ir ao trabalho; quando foi surpreendido pelo Rafael.
- Oi senhor Gabriel, será que eu posso falar com o senhor um instante?
- O que está fazendo aqui rapaz? Não deveria está no colégio junto com o Davi?
- Deveria... Mas tenho algo importante para lhe dizer.
- Então seja breve, porque estou indo trabalhar. - ele mostrou impaciência.
Rafael havia matado aula, para cometera pior de todas as traições contra o amigo: revelar ao pai do Davi, tudo aquilo que ele escondeu a sua vida inteira, e que foi confiado ao Rafael guardar segredo. Ele sabia as circunstâncias do que ia fazer, mas estava cego e se sentindo traído.
- O senhor sabe que eu gosto muito do Davi. Considero-o um irmão de sangue. Fomos criados juntos e sempre nos respeitamos.
- Eu já sei disso Rafael. O que você quer me dizer a final?
- O Davi, senhor Gabriel... Ele está fazendo uma coisa muito errada, e que não só eu, mas toda a igreja condena.
- Hã? – o semblante dele mudou.
- Seu filho, o meu amigo, está se envolvendo com outro homem. E este homem mora ao lado da casa de vocês.
O senhor Gabriel quase teve um infarto. Jamais ele acreditaria naquilo.
- Porque você está inventando isto rapaz? Está emprestando a sua boca ao Diabo? Quem mente, sabe para onde vai? O Inferno!
- Não é mentira! Olhe com seus próprios olhos. – Rafael estendeu o celular para ele, e ali continha todas as provas. Na verdade, ele havia tirado fotos do dia em que viu o Davi beijando o Fábio. Agora a BOMBA estava lançada!
O pai do Davi foi ficando sério totalmente calado. Seu rosto ia mudando de cor, seu coração disparava. Suas mãos formigavam, até que ele gritou a mulher.
- Carmem! Carmemmmm!
- O que foi Gabriel? Aconteceu alguma coisa?
- Olhe isto. Olhe istoooo! – ele gritava de raivam, de ódio, de ira.
- Meu Deus! Este é o nosso filho. Como? Quem te mostrou isso?
- O Davi está possuído pelo demônio. Eu preciso resolver isso agora!
Ele entrou no carro e foi em direção ao colégio do filho. Chegando lá, as aulas já haviam terminado e o Davi estava na igreja. Ele queria fazer uma oração a Deus, e mal sabia ele que um tsunami estava por vim. Fico bastante tempo por lá, até resolver voltar pra casa, quando já estava caindo à noite.
Ao entrar...
- Vocês vão viajar? – perguntou ele, ao ver malas no chão da sala, e seus pais de pé o aguardando, junto ao pastor e dois irmãos da igreja.
- Sim. Nós vamos para casa do pastor no interior de São Paulo, e você ai com a gente.
- Mas pai, eu tenho prova esta semana.
- Não me questione. Vamos! Eu já peguei tudo que era necessário.
Davi achou tudo meio estranho. Normalmente, as pessoas quando iam à casa do pastor, no interior, eram para participar de sessões de libertação. Um calafrio tomou conta dele. Seus pais estavam sérios, estranhos... Mesmo assim, ele obedeceu ao pai, e seguiu com os outros para São Paulo.
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- Atende meu amor. Eu preciso te pedir desculpas. Atende meu amor. – Fábio insistia várias vezes.
- Calma cara. Dê mais um tempo a ele.
- Como calma Betão? Eu amo aquele garoto. Ele precisa acreditar em mim. Eu nunca trairia ele com aquele desgraçado do Rafael.
- Poxa, o que este filho da puta fez, foi maior sacanagem.
- Nem me fala. A minha vontade foi de quebrar a cara dele. Agora eu perdi o meu Davi.
- Vocês vão se entender. Pelo pouco que conheço o Davi, ele é um cara sensato e vai perceber que a culpa de tudo, foi do amigo dele.
- Ele não é amigo do Davi! Ele é um traíra! – Fábio estava nervoso.
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Chegando a casa do Pastor, Davi percebeu que não havia ninguém por lá. Tudo estava em silêncio e a sensação estranha que sentia ainda não passava. Quando ele olhava para o pai, via um certo rancor e raiva em seu olhar, o que de certa forma, lhe causou um pouco de medo.
- Entrem! – ordem o pastor. Ele ligou apenas uma das luzes.
Um plano muito severo e maluco estava por acontecer ali naquela sala...
- O que viemos fazer aqui pai? – Davi perguntou.
- Expulsar o demônio que está dentro de você, e quer lhe tirar do caminho do Senhor Jesus. Assim como quer também, que você não seja um pastor. Pode amarrá-lo.
Os dois irmãos da igreja, muito fortes, seguraram os braços do Davi, e este começou a gritar. O terror psicológico só estava começando...
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Galera, muito obrigado pelos comentários, por estarem gostando do conto. Como vocês sabem, eu sempre retrado coisas que acontecem no nosso dia a dia. E a prova disto, são as falsas amizades. Aquelas que vocês jamais pensaram em trair e que de repente, nos apunhalam pelas costas. Existem amigos assim! Cuidado! Beijos meus lindos e lindas.
CONTINUA...
