Ruivo: Alento

Um conto erótico de Moço da Casa ao Lado
Categoria: Homossexual
Contém 1319 palavras
Data: 18/01/2014 02:06:49
Assuntos: Gay, Homossexual

Caio acabou cochilando e sua cabeça pesada sobre minha coxa me impedia de levantar. Eu não queria levantar naquela hora, mas eu estava ansioso, a ligação do meu tio e tudo mais. Me ergui lentamente e deixei a cabeça do Ruivo apoiada sobre uma almofada. A tv continuou ligada. Segui para fora, pus ração para o Bobby, abri a grade do canil e ele permaneceu parado, seu rabo se movia de um lado para o outro.

- Vem Bobby, cadê sua bolinha?

Corri até os fundos achei a bolinha de tênis. E eu jogava na parede, Bobby corria desesperado e trazia ofegante com sua língua pra fora a bolinha toda babada. Cansei da brncadeira, entrei pela cozinha e dei uma olhada no que havia na geladeira.

Pensei no que eu cozinharia, carne ou frango? Acabei optando pela segunda alternativa, a receita de família de frango assado era incrível, eu gosto muito de cozinhar e não seria difícil agradar o Caio porque ele comia qualquer coisa. Pus as mãos na massa, quando coloquei o frango no forno ouvi meu celular vibrando na bancada de mármore.

" Quando terminar vem pra minha casa, pro meu quarto..."

Que garoto abusado, pensei comigo. Tranquei Bobby no Canil, afinal ele já havia escavado o canteiro de flores e minha mãe me mataria se ele destruisse qualquer outra parte do jardim. Passei a cerca viva que separava nosso quintal, atravessei ao lado da piscina enquanto o sol infernal me impedia de enxergar um palmo à frente. Já estava excitado. O que posso fazer? Eu tenho um fogo insano dentro de mim. Abri a porta, como já era praticamente de casa, subi as escadas e me deparei com a sua mãe.

- Bom dia Vinícius, querido.

- Bom dia tia querida. Disse eu sorridente.

- O Caio disse que vai almoçar com vc.

- Sim senhora, hoje eu vou cozinhar em casa.

- Boa sorte com o meu devorador de churrascarias.

Bem, eu já estou de saída, fique à vontade.

- Obrigado, vou ver o que o seu Viking devorador tá fazendo.

Nos despedimos, e eu subi direto pro sótão. Ouvi o chuveiro ligado e a porta do banheiro escancarada.

- Ô MÃÃE, pega minha toalha e minha cueca no armário que eu esqueci, por favor. Caio gritou com sua voz rouca.

Já que sua mãe havia saído, eu resolvi fazer o favor, tratei de pegar sua roupa. Abri seu armário e enquanto fuçava as gavetas, uma em particular me chamou a atenção. A gaveta de cuecas seria a última, mas essa outra me chamou a atenção, estava entreaberta com a chave no trinco. Eu que não sou nenhum santo, não me fiz de rogado, já fui abrindo. Lá havia alguns desenhos, provavemente de quando ele ainda era criança, algumas cartas e fotos. Foi então que algo me chamou a atenção. Um garoto em particular, loiro e pequeno parecia muito comigo, éramos parecidos realmente. Naquela foto Caio ainda era criança, estava com um gesso no braço, um sorriso no rosto enorme e abraçava o garoto loiro que também sorria. Nas demais fotos Caio estava com seus pais, seu irmão, avós provavelmente, e havia um porta retrato virado pra baixo. Eu meio desconfiado, o virei, com receio do que encontraria. Caio estava ao meu lado, mas eu nunca havia tirado aquela foto. Não era eu. Como não? Se não, era parecidíssimo, algo que me deu um enjoo e um nó na garganta, aquele era o Marcelo.

Um calafrio desceu por minha espinha, era coincidência demais, era... Ah meu Deus, era inacreditável, a semelhança entre nós era coisa de filme, de novela, eu bem queria que fosse uma brincadeira, na foto seguinte Caio estava sentado ao lado de Marcelo, agora careca e sentado na cama do hospital, atrás da fotografia estava escrito " nossa despedida ". Meu olhos se encheram e mesmo.tentando entender, aquelas semelhanças, o interesse imediato de Caio por mim, a forma como todos reagiam quando me viam pela primekra vez, como a sua mãe me olhou, e seus amigos, sempre evitando tocar no assunto. Pude então perceber. Agora tenho plena consciência de que foi ciúme, mas pensando melhor eu tinha o direito de me perguntar, o Caio havia se aproximado de mim só porque eu era parecido com seu melhor amigo falecido?

- Mããe!

- Tá aqui Caio.

Estendia mão para dentro do box, imediatamente ele puxou meu braço e me beijou, eu fiquei ensopado, mas acabei rindo.

- Por que vc não toma banho também, tá calor! E tem espaço pra vc...

- Vai logo, para de bobeira. Disse eu sério.

- Que foi amor, que tá pegando?

Ele havia me chamado de amor. Aquilo era muito viado, mas era tão gostoso, era realmente aconchegante, eu era seu amor, ele me amava. Ou ele amava o Marcelo? Ou eu era apenas um curativo para as antigas feridas? Eu na verdade estava sendo egoísta. Hoje eu me arrependo muito por isso, eu era orgulhoso demais, não estava satisfeito com o nosso amor, eu me projetava mais importante que ele, isso realmente não estava certo.

- Caio, vc me ama?

- Eu...

Caio demorou alguns segundos pra responder.

- Com certeza te amo.

- Me prova.

Caio, que era mais forte que eu, enquanto ria feito um garoto bobo, me puxou pra dentro do box de roupa e tudo. Senti a água descendo pelos meus cabelos, e a minha roupa que agora grudada ao meu corpo me incomodava. Tratei de tirá-la, fiquei apemas de cueca, e beijei sua boca. Estava pouco me preocupando com qualquer foto que fosse, era tudo ou nada. Caio me disse para esperar, saiu do banheiro todo molhado revirando as gavetas que eu pude ouvir sendo batidas.para todos os lados voltou com algo nas mãos. E voltou com um preservativo em uma das mãos e um frasco de lubrificante na outra. Aquilo era uma prova de amor. Eu senti meu mundo cair. Era óbvio que ele amava a mim, aquilo estava mais que certo.

- Caio, a gente ainda não tá pronto.

- A gente tá pronto, mas vc não está.

- A gente?

- Sim, eu e vc, vc e eu.

Caio disse isso olhando fixamente nos olhos enquanto a água escorria pelos meus cabelos.

- Agora nós somos uma coisa só, e eu qro que vc seja meu, e eu já sou seu. Qro muito estar com vc, eu realmente quero compromisso. Vc me ajudou a descobrir algo que eu já sabia sonre mim, mas que eu estava negando.

- Caio, eu sou m fudido, eu não sei se eu vou saber lidar com isso. Sua família e a minha.

- Vini, eu disse que seria eu e vc, eu não disse que seria eu vc e o mundo. Eu não preciso provar nada pro mundo, por que o mundo não me faz sentir completo como vc faz.

E eu me sentia infinito, tão cheio e tão vazio ao mesmo tempo que a minha alma doía e se contorcia naquele nó na garganta, aquela respiração sufocada. Meu mundo era realmente maior a partir daquele momento. O mundo que se fodesse. O Caio era meu, o ruivo era meu, nós dois contra todo resto, dois cowboys sem lenço.e sem documento enfrentando todo o velho oeste.

Tirei o preservativo de sua mão, e joguei no chão.

- Ruivo, não precisa provar nada daquilo que eu já tenho certeza.

Ele me abraçou forte. E eu me senti infinito. Completo e vazio. E era como se eu gritasse, mas seus braços sufocavam meu clamor áspero que inundava sua alma, e nossos corações se falavam, em batimentos acelerados que alcançavam as alturas, e eu me sentia infinito. E o Caio se sentia infinito, e no meio daquela fragilidade finita, nossas fraquezas e dores, sofrimentos, medos, temores, amarguras, desprezos, pequenos delitos, doces desejos, era assim que enfrentaríamos tudo só nós dois. Eu até me beslicaria para saber se estava sonhando, mas não conseguia parar de acariciar seu rosto, beijar seus olhos. E nos sentíamos infinitos juntos. Transcendentais, imortais, iguais, carnais, infinitos.

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