Porque a realidade é outra [1/3]

Um conto erótico de 😓
Categoria: Homossexual
Contém 907 palavras
Data: 07/12/2013 18:46:02
Assuntos: Amigo, Gay, Homossexual

Éramos próximos. Eu nunca tive um amigo daquele jeito. Riamos de tudo, falávamos de tudo, sobre garotas principalmente, eu lhe mentia experiências sexuais, já que ser virgem aos dezessete anos nos dias atuais é motivo para chacota. Ele me provava a autenticidade das suas: Era um pervertido.. Tinha quase todas as transas registradas por foto ou video.

Minha família, sobre tudo meus pais, nunca chegaram a conhecê-lo, mas a família inteira dele eu conhecia. Na verdade ele fazia questão de me apresentar a todos, nao como amigo, mas sim como irmão. "O irmão que Deus me deu" dizia ele. Ele sempre foi o boyzinho da escola. O garoto sensação. Todas as meninas a queriam. Fazia academia desde os dezesseis, e aos seus dezenove anos mantinha já seus braços e pernas torneadas.

Eu nao percebi quando comecei a gostar dele. Eu nao percebi nem que eu gostava de homens pra falar verdade. Eu nunca tinha sentido menor atracão por um cara, apenas por ele. Foi algo novo pra mim.

Essa minha confusão de sentimentos passou a me atrapalhar desde então. Eu nao conseguia ficar longe dele. Os meus dias eram um saco sem ele. Nos víamos com freqüência devido a escola, mas agora com o termino, apenas aos finais de semana.

Só me sentia bem quando falava com ele; tínhamos um combinado: todas as quartas as oito, devíamos nos comunicar pra saber se ainda estávamos vivos. Idiota, mas era o melhor da semana. Ficávamos horas e mais horas no telefone. Ou por vezes pelo Skype. Ele parecia se preocupar. Ou melhor, ele realmente se preocupava. Quando fui internado com uma infecção brava no intestino, ele me visitava em todos os horários de visitas que tinha direito. Eram dois: pela manha e pela tarde na Terça, na quinta os mesmos horários e o sábado o dia inteiro...

Ele levava seu Nintendo e ficávamos jogando feito dois crianções.

Certa vez ele disse, ao telefone, que estava com saudade de mim. Ele estava morando com sua avó, numa direção totalmente contraria da cidade. Era difícil ver ele devido a distancia. E eu dizia o mesmo. Mas depois sempre riamos chamando aquilo de 'gay'.

Quando se vê que é a pessoa certa dizem que se percebe... Eu tinha certeza de que eu nao só queria, como amava meu melhor amigo. E por nao termos segredos um com o outro decidi contar-lhe tudo.

Fui até sua casa. Era uma quinta-feira de calor estrondoso.

- Ele está no banho - disse a velha Tereza, sua avó. Esperei-o no quarto...

Com o corpo úmido, ele me lascou um abraço, e sentir ele tão pertinho de mim me excitou bastante. Tive então que levar as mãos no bolso para inibir tal excitação. Sempre fomos de ficar pelados na frente do outro, mas antes. Desta vez eu nao consegui parar de olhar pra ele. Ele já era um homem. Perdera todos seus traços infantis pra dar espaço a um corpo muito bem desenhado:

- O que voce ta olhando aí viado ?

- Cara, você é muito gostoso...

Rimos e logo sai do quarto pra ele se vestir. Sua avó agora tinha entrado no banho. E ele vestido com uma camiseta até o meio das pernas e por baixo uma cueca.

- Você disse que ia falar alguma coisa importante, nao é ?

- Aqui nao dá. Sua vó pode ouvir...

- Ela tirou o aparelho cara, tu pode até xingar ela que ela nao escuta... Rá rá

Sem pausas ou interrupções soltei a bomba:

- Cara, eu sou gay...

- Isso eu já sabia, agora conta outra!

Fiquei pasmo olhando pra ele, pra só então ele cair em si...

- Espera aí. Voce nao ta zoando ! Caralho, viadinho... Só falta dizer que gosta de mim agora ?!

Abaixei a cabeça.

- Nao, nao nao nao, naaaao cara ! Pode parar com a gracinha.

- Era isso o que tinha pra falar.

- Cara, espera um pouco aí

- Era só isso poxa, eu tenho que ir já.

- Você acabou de chegar...

- Mas vou mesmo assim...

- Por que voce ta me falando isso velho, voce ta estragando tudo.

- A gente tinha um trato: sem segredos um com o outro.

Sai da casa dele naquele instante. Ainda tive que voltar para pegar a chave da minha casa que eu tinha esquecido em cima do sofá, para ver aquele olhar de desaprovação dele sendo lançado em mim.

Estava garoando, e eu nao quis esperar algum ônibus qualquer. Andei naquele bairro desconhecido até chegar em casa. A chuva me refrescava, e, ao mesmo tempo, me fornecia uma bela gripe.

Fiquei de cama por quase uma semana. Mais por tristeza do que por gripe. Ele nao me ligou na quarta. Me ignorou desde que lhe disse tudo. Eu tinha realmente estragado tudo.

Nunca me esqueci disto. Quando o vejo na faculdade, sinto vergonha: o único cara que me atrai me repudia. Uma dose de drama, confesso. Até mesmo porque ele sempre acena com a cabeça. Pena mesmo foi ter perdido tudo o que tinha. Mas ele perdeu muita coisa também. E pelo menos disto, posso me orgulhar. Já cansei de, nos meus sonhos, ter mudado inúmeras este desfecho. Já cansei de chorar por ele na maioria das noites. Estou até aprendendo a ser menos dependente das pessoas por consequência dele. Estou me lixando, grosseiramente falando, pra ele... Acho talvez que por esses motivos e pelo fato de eu ignora-lo agora, eu tenha recebido uma mensagem tão interessante dele no meu celular:

- Tô com saudade. Preciso te ver. Vamos conversar ?

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Comentários

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Nossa. Realmente muito bom: simples e direto, e por não ter detalhes sobre o narrador, fica ainda mais próximo do leitor. E eu gosto muito disso! Torcendo pra ter continuação (e de preferência só mais uma parte, assim não a magia da primeira parte não se perde)

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