Coração Indeciso - Capítulo XVIII

Um conto erótico de Arantes, Henrique.
Categoria: Homossexual
Contém 2258 palavras
Data: 29/12/2013 01:16:49
Última revisão: 04/03/2014 12:27:57

-Boa Leitura!dias depois (Quarta-feira

Correndo esbaforido pelo corredor uma enorme maquete. A bolota que representava o vírus batia em meu rosto. Ai meu Deus, a Esther deve tá querendo minha caveira!, pensei.

No corredor “Olha, olha! hahahahahahahaha” falou Claudia ao me ver passar correndo e soprando a bolota virótica para longe de minha boca.

Ela e os demais deveriam ter saído para beber água ou qualquer uma dessas desculpas estúpidas.

Bati na porta cinco vezes do auditório, decidi entrar. Fui até a primeira fileira e sentei-me ao lado do professor Bernardo.

— Desculpa! — mimiquei para Esther emburrada e com olhar feroz.

— Bom, dando continuidade à apresentação. Henrique e Esther. — Ele anotou algo, com certeza um menos zero vírgula cinco ao lado de meu nome. Tirei o CD dos slides da minha mochila e entreguei para sua mão estendida.

— Bom dia! Eu, Henrique, vou apresentar a estrutura do vírus. — Senti que eu era o maior babaca do mundo! Que vergonha!

— Bom eu vou começar com o Reino animal. Falarei sobre a categoria “Canidae”. — Eu ouvi-a muito longe, distraído olhando para o que Bernardo escrevia em seu caderno de anotações. Tentava ver aquelas letrinhas miúdas, infernais!

Começou a aparecer aquelas redes biológicas e explicativas em que ninguém prestava atenção, mas fingiam estar aprendendo com elas. Finalmente fomos para a sala. Só seria entregar os demais trabalhos escritos e achatar a bunda na cadeira e esperar que o Bernardo nos chamasse. Tanta correria... E aquela droga de bolota virótica? Que vontade de destruí-la, mas o professor decidiu fica com a maquete em troca dos cinco décimos de volta.

(Bateu a campa )

— Meu Deus, que explicação legal, Henrique. — falou Cléo. — Deu para entender tudinho.

— Ai, para foi o ó do borogodó. — falei.

— Querendo se fazer de coitado só para a gente elogiar mais ele. — disse João, nanico, com sua língua ferina.

— Deixa de ser venenoso! — eu disse.

— Mas é verdade, não é?

— Vou te exportar para o Instituto Butantã. — falei rindo.

— Ha-Ha-Ha muito engraçado. Morto de tanto rir… — Olhou-me com uma cara de quem queria estrangula-me.

— Quem sabe tás morto é com teu veneno mesmo. — Cléo e eu demos um toque de mão. Ele olhou-nos e saiu fervendo de raiva. Eu tava muito venenoso.

— Ai meu Deus, minha barriga hahahahahaha. Coitado, Henrique! Maldade isso, viu? — falou ela rindo.

Meu sorriso estava como o Kiko do Chaves; minhas bochechas se resumiam a duas bolas de tênis acopladas em meu rosto.

— Se tu achas mesmo que teu trabalho, magnífico, foi um desastre... O do Bruno então foi tipo sem nota e assinado “by: Wikipédia”.

— Mentira, sério?

— Sério — falou ela rindo.

— Credo! — falei virando meu rosto e fazendo cara de nojo — Depois eu que sou o perverso aqui! Aff, tenho que ir à secretária falar com a profª Dira.

— Tá, vai lá.

Só estava a profª Dira e Stefanny.

— Bom dia. Professora, sobre a feira da cultura, a srª já sabe que não posso fazer nenhuma atividade com o aluno Bruno?

— Ah, sim. — falou com repugnância. — Você vai ficar na equipe da Paula.

Queria logo que meu período escolar acabasse, que inferno. Por causa de professores chatos como ela e Julio.

— Então, tá. Tudo bem. Até mais.

— Tchau! — falou ela rude.

Queria viajar para Europa, mas meu pai repudiava com todo o coração essa ideia. Dizia “Já estás assim (ameninado) no Brasil, imagine na Europa...”. Ele era um tosco preconceituoso que às vezes tinha humor, geralmente, de manhã cedo.

Ai aqueles franceses, portugueses, espanhóis... Hm... Ótimos... Liberais... Mas eu preferia meu “Ricardón” que faz e acontece com meu coração... Por mais que na Europa estivessem meus sonhos, meu pai queria me mandar para o EUA, lugar de desenvolvimento, para eu aprender a ser racional e não virtual.

Sentei-me na parte da cantina que não era ao ar livre, puxaram minha cadeira pulei com tudo antes de cair. Ana estava no chão com a cadeira rindo.

— Sua gorda! Queria me derrubar!

— Ah, eu não deixava, Ana — disse Priscila, uma menina que sempre ouvi funk e curtia decotes.

— Deixa ele! Na próxima ele vem junto. Hahahahaha — disse ela sorrindo.

— E ai, bora hoje no cinema? Eu, tu, a ‘Pri’... — disse ela reticente.

— E quem? — Adivinhei, ela queria que eu segurasse vela. Priscila tinha namorado, este vivia disputando-o com Esther.

— Com o ‘Thi’, aquele menino novo, sabe?

— A Ana já quer ele o corpo nu dele... ahahahhahahahaha — falou Priscila interrompendo a Ana.

— Aquele que tava com a Sandra?

— E a “Pri” vai com o Vasconcelos. — disse Ana entre dentes.

— Ana tá ‘p’ com ela hahahahahaha. — Priscila quase caiu de tanto rir da cadeira.

— Ah, não sei Ana... Tenho curso! Sabe como é faltar... Vão avisar para o papai que não gosta nada das aulas de reposição, pois sempre caem no final da tarde... Mas vou ver, só é uma hora de aula.

“Vocês comprem meu ingresso se eu for eu reembolso vocês. E se qualquer coisa se eu não for vocês chamam outra pessoa... Ok?”.

(Bateu a campa)

— Tá, ocupadinho! Tchau!

Fui até a sala. Logo Julio apareceu e disse:

— Ei hoje vamos ter duas aulas! Que fazem aqui? — perguntou num ar alterado.

— O Sr. disse que as aulas práticas estariam suspensas. — eu disse.

— Será que vocês não leem ou veem jornais ou escutam rádio? O clima já melhorou e já podemos fazer os exercícios! Quem continuar na sala vai perder ponto!

Tira essa droga logo, pensei.

Vários saíram como uma manada de elefantes a derrubar tudo. Eu sai lentamente junto com João.

— João, eu tava brincando, viu? Desculpa-me — falei envergonhado.

— Vai me desculpa, Jôh! Tu já brincaste de coisa muito pior comigo!

— Tá! Ôh, tô de brinks hahahahaha. — falou rindo. Descemos os degraus.

Fomos até a quadra, empurramos a porta fechada, empurramos-a de novo. O professor estava sentado na arquibancada num dos primeiros degraus/assentos. Ele estava fazendo a chamada e mandando os garotos irem para quadra. Ia ser primeiro os garotos a jogar e depois jogaria o feminino, não teria o misto. Ou seja, eu teria que falar que torci meu pé semana passada.

Eu não fazia a mínima questão de jogar com os outros garotos era ... estranho... Às vezes até legal... Mas meninos só para olhar e hm... Fazer coisas gostosas...

— Bom, você...? — Seus olhos se transformarem em frestas, fingiu não saber meu nome.

— Henrique... — falei.

— Não vais jogar?

— Não, pois os garotos são muito brutos no futebol. Acabei de ficar melhor de uma torção no pé.

— Você não vai?

— Não posso.

— Pode, se você não for. Eu vou marcar falta aqui.

— Mas, por quê?

— Cadê o atestado? — me olhou por entre as frestas que seus olhos irônicos se transformaram.

— Está na minha escrivaninha, em minha casa.

— É mesmo? — falou irônico.

— É — falei com a mesma ironia — O Sr. não viu que QUA e QUI eu vim com bota ortopédica? Assim tipo coisa da moda sabe.

— Não noto essas besteiras... Feminilidades— Já ia fazer um F ao lado de meu nome.

— Mas o diretor e o coordenador notam... — Ele retirou a caneta do papel.

— Tás me ameaçando?

— Não. Só estou dizendo que o coordenador e o diretor me viram de bota ortopédica. E que até me desejaram melhoras (Inventei para deixá-lo mais convencido).

— Tá, tá! Não atrapalha minha aula!

— É mentira professor! — disse Bruno ao fundo na quadra.

Vai-te à merda, sussurrei no quarto degrau tirando o telefone do bolso. Sentei-me e comecei a mexer no telefone; abri o jogo do Mario Bros. Claudia veio subindo a arquibancada. O professor tinha saído.

— E ai? Chegou tarde hoje, não?— disse ela.

— Ah, foi — Não olhei para ela. Quase que a tartaruga me pega, eu pulo. — Me disseram que teu trabalho foi uma droga... — disse entortando a boca.

— Quem te disse isso?

— Não importa...

— É mentira!

— Como tu disseste cheguei tarde. Não posso dizer-te como foi.

Uma bola de futebol passou voando, raspando em meu rosto minha boca formou um perfeito “O”. A bola bateu décimo acento degrau e veio quicando até mim.

— Quem foi “o” perna de pau? — gritei.

— Foi o Bruno — gritou João.

— Tinha que ser... Nem mira tem!

— Cala a boca e joga logo para cá!

Dei uma “bicuda” na bola, o professor apareceu arregalei meus olhos e pensei “FUDEU”, com ‘u’ mesmo.

— Ah, mas assim que você não pode jogar com os outros garotos? Com os “brutos”? — Um coral de “ui, ui, uis” apareceu vindo da quadra, até João estava jogando. — CALEM A BOCA QUE EU TÔ FALANDO! — Silêncio reinou lá embaixo. Pegou o diário de classe. — Tá, esperando o que, cara? Desce e vem jogar AGORA! — Respirei fundo e fui lá.

Tudo bem seu filhodaputa... Eu vou “jogar”, pensei. As meninas todas me olhavam, que ódio daquele bosta!

— Arranjem um lugar para ele! — Apitou. Caminhei para perto da outra arquibancada.

— Tu é do meu time! — falou Bruno atrás de mim querendo fazer graça.

Eu não podia reclamar. Pois, ainda pouco quebrei o trato sobre não falar um com o outro a não através de expressões educadas e convidativas para uma longa e feliz amizade com todos os pontos e vírgulas da mentira para um lindo comercial escolar de TV.

— Me deixa onde eu tô! — falei entre dentes.

— Tá bom, doentinha... — O professor apitou.

Fiquei parado lá, olhando minhas unhas, ele tinha marcado falta no diário só para ferrar com a minha vida mesmo. Ele e Dira viviam para ferrar os alunos.

— Ei, tu não vai jogar? — perguntou o professor.

— O Sr marcou falta no diário. Não irei fazer uma coisa que não serei reconhecido por fazê-la.

— Tá bom então, Riquetinha. Eu vou mandar uma anotação a teu respeito para os teus pais... — Se virou e foi até sua bolsa esportiva roliça da Vox.

— Tudo bem, vai ser minha primeira, Julita, então vou guardar com carinho. — Sai pelo lado do portão de trás da quadra que dava para o fundo da escola. Alguém fez menção de ir atrás de mim.

—Se tu for atrás dele. Vai ter um bilhete para ti também e para quem mais tentar me desrespeitar!

Antes que ele fizesse a cabeça do pessoal da secretária; eu fui lá com a minha conhecida e querida amiga Stefanny.

— Oi, Stefanny, tudo bem? — falei em tom meio tristonho.

— Ei, está tudo bem contigo? — se levantou e veio falar comigo.

— Não, tá sim. É que o professor Julio acabou de me expulsar da quadra.

— Ei, mas qual o porquê? — ela levantou meu queixo.

— Porque eu falei exatamente assim: Infelizmente, não poderei jogar com os outros meninos, por que acabo de me recuperar de uma torção em meu calcanhar. Sabes disto, não é? Me vistes com a bota? — Afirmou novamente dizendo um “Sim” bem fraco.

“Mas, ele veio com arrogância, sabe? — ela balançou a cabeça — Pois, então, ai um daqueles meninos loucos voou a bola em minha direção e fui dar um simples chute (sabia exatamente que chute eu houvera dado). Mas daí ele começou a me brigar dizendo “Assim que tu não podias jogar com os outros brutos?

“Eu vi que ele pegou o diário de classe e apagou minha presença dali. E disse para eu jogar, desci mas me deu uma câimbra e fiquei parado. Ai ele me chamo de Riquetinha e expulsou-me e me disse que vai enviar uma reclamação para meus ‘os Senhores meus pais’. O coordenador Eduardo está ai?”

— Ah, sim, claro, claro. Não liga é estresse sabes

— Ah, mas estas coisas não devem passar pelo portão da escola. — falei como se estivéssemos tomando um chá das cinco. — Ela se levantou e foi até o minúsculo corredor das salas do diretor, coordenador e vice-coordenador (quase nunca visto).

Ela foi até a sala dele e começou uma pequena conversa que foi bruscamente cessada a olhei no relógio, já estava marcando meio-dia já.

“Como assim ele ainda não veio até aqui?”, pensei.

— Vem aqui Henrique — disse Stefanny.

— Olá, coordenador Eduardo. Acho que agora vamos ficar mais íntimos. Haha — Dei uma risada triste para dar mais um clima.

— Haha. Parece-me o mesmo. A Stefanny já me contou o que houve e eu ouvi daqui parte do trem. Tenha certeza que estarei conversando com o professor.

— Tudo bem. Confio no seu trabalho! O primeiro problema não mexeu mais com ninguém na sala (mentira só me deixara em paz, mas continuava com seus olhares furtivos por trás de sua franja e mexia com todos na sala de aula).

— Haha. Considere-se liberado. Diga para Maria bater a campa, por favor.

—Obrigado. Tchau coordenador. Ah, claro. Boa Tarde para o Sr.

— Tchau — falou ele rindo.

Peguei minhas coisas joguei na minha mochila. Eu não tava a fim de levar um soco no meio da fuça e mesmo se levasse ele ia pagar por aquilo.

Por isso, quando descia a escada avistei-o e empinei ainda mais meu nariz. Passei por ele e falei com Ana e Priscila.

— Ei, vocês, já vou, mas qualquer coisa envio um SMS para Ana. Não tenho teu número falei para Priscila.

— Anota ai — disse-me o número e anotei.

— Tchau. — Fui direto para casa.

Tinha que correr para pegar o horário que tinha marcado. Eu sempre gostava desta adrenalina de perder a aula, mas às vezes marcava as três da tarde. A aula foi monótona, sem o Big Kopf. Logo liguei para AnaBom, melhorei! E melhor sem ir ao hospital U.U. Mas ainda estou doente, porém sem febre e dor de cabeça. Não sei se é ruim ou boa a noticia para vocês, vou contar: o conto vai ter segunda temporada! Quero terminar essa temporada ainda este ano! E vou ! Já, já tem mais e beijos a todos !!!

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive Letras a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Este comentário não está disponível