Só sei dançar com você - 3

Um conto erótico de FredMoraes
Categoria: Homossexual
Contém 1237 palavras
Data: 16/11/2013 16:17:18
Assuntos: Gay, Homossexual

Eu sempre tive um grande defeito, pelo menos eu encarava como defeito... Eu me entregava demais às pessoas, acreditava-as, aprendia em pouco tempo a gostar delas, esperava delas grandes coisas, fazia planos, traçava metas... Iludia-me. Eu sempre fui um grande iludido. Por vezes pessoas aproximavam-se de mim, eu acreditava na amizade que elas me ofereciam, no carinho que me depositavam, e acabava por descobrir que tudo o que queriam era uma noite na minha cama. Por 9 anos eu iludi-me com uma pessoa. Acreditei que essa pessoa era meu grande amor, meu maior amigo, meu futuro. Ledo engano. Na verdade essa pessoa, que atendia por Arthuro, não valia nada. Um sujeitinho miserável que até hoje não criou vergonha na cara. Sim, eu ainda tenho muita raiva dele. Não o perdoei pelo mal que ele me fez. Com toda a certeza, não o amo mais. Meus sentimentos por ele foram extintos e hoje restam apenas desprezo, raiva e nojo.

Durante muito tempo, como que resultado do trauma emocional que sofri, eu resisti às pessoas que se se aproximavam de mim. Eu passei a ter medo dos sentimentos... Tornei-me uma pessoa fria exteriormente quando se falava em amor, mas na verdade meu coração queimava por dentro desejando conhecer verdadeiramente o mais sublime dos sentimentos...

Desde que terminei meu namoro, em maio de 2008, não me relacionei com mais ninguém. Não mais me apaixonei. Estava incapaz. Até que o Eduardo apareceu. No primeiro momento que eu vi senti um fogo a queimar-me por inteiro. Meus olhos brilharam e minha boca desejou a dele... Foi algo mágico, eu defino assim. Hoje, analisando tudo o que aconteceu, posso dizer que sim, foi amor à primeira vista... Foi amor, foi paixão, foi fogo...

“Amor é fogo que arde sem se ver;

É ferida que dói e não se sente;

É um contentamento descontente;

É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;

É um andar solitário entre a gente;

É um nunca contentar-se de contente;

É um cuidar que se ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade

É servir a quem vence o vencedor,

É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor

Nos corações humanos amizade;

Se tão contrario a si é o mesmo amor?”

Eu desejei tê-lo para mim já naquele primeiro momento. Quando ele ia saindo de minha sala, quis convida-lo a me acompanhar no almoço, mas tive medo, vergonha... Iria ficar mais que na cara minhas segundas, terceiras, quartas e infinitas intenções para com o garoto. Foi nesse momento que eu parei e pensei:

- Será que vale mesmo a pena eu deixar de viver por medo? Por medo do que as pessoas vão dizer? Não tentar por medo de não ser correspondido? Por medo de que aconteça a mesma coisa mais uma vez? Mas quer saber? Que tem as pessoas com minha vida? Não posso ficar sempre na defensiva, esperar que me apareça um príncipe encantado quando na verdade eu fechei as portas do meu coração... Só vou convida-lo para um almoço, não estou pedindo-o em casamento e já passou da hora de eu esquecer aquele traste e viver minha vida, encarar os desafios de frente, erguer a cabeça e caminhar, ir pra frente, deixar para trás aquilo que é passado.

Arrumei minhas coisas rapidamente e fui procura-lo, até que o encontrei já a porta. Criei coragem e o chamei e o convidei para almoçar comigo, com a promessa que o levaria até a faculdade em seguida. De inicio ele disse que não, que não queria incomodar-me, mas eu fui insistente e ele acabou por aceitar. O almoço foi ótimo, aproveitei para sonda-lo... hahahaha perguntei se era solteiro, onde morava, com quem morava, o que o levou a escolher Arquitetura, enfim... Eu conversava com ele olhando-o nos olhos o tempo todo... Não conseguia desviar-me para outro lugar. Somente as vezes que olhava para sua boca (e tinha vontade de beijá-la). Ele, por sua vez, correspondia... Em nenhum momento desviou os olhos do meu, o que me deixava intrigado e esperançoso... Seu olhar me despertava curiosidade, eram olhos de mistério. Isso me encantava e ao mesmo tempo me dava certa agonia por não conseguir desvendá-lo.

- Como assim cigano, Edu?

- Aah... Eu nunca tenho lugar certo pra dormir, cada dia posso dormir em um lugar diferente, em uma casa diferente ou até em uma cidade diferente... Não tenho medo de me aventurar, gosto de encarar as coisas, gosto de adrenalina e do perigo. Adoro viajar, conhecer novos lugares, novas pessoas, fazer amizade...

- Nossa, que interessante. Eu adoro viajar, mas nunca fui assim como você... Mas tem um momento que é preciso criar raízes, esteja conciso disso. E você namora?

- Não mais, to solteiro tem cerca de um mês mais ou menos... É uma história meio complicada.

- Então me conta, ué... kkkk

- Eu namorava um cara, mas ele teve um caso com meu professor.

- Ele te traia, então?!

- Não, não... Namoramos por 3 meses, apesar do pouco tempo foi um namoro bem intenso, sabe?! Antes de mim, ele teve um caso com um professor meu. O cara era louco por ele, ainda é. E foi o maior rolo... Ele tinha medo de falar para o professor que estava comigo. O professor vivia ligando pra ele, cobrava explicações ele dava. Enfim, maior rolo, ai sai fora.

- Hum, entendo.

- E você?

- Eu o quê?

- Tá solteiro?

- kkkkk estou sim, tem 9 meses já.

- E como foi?

- Namoramos durante 9 anos, certo dia descobri que ele me traia. Estava pra casar com uma mulher que estava grávida dele de 8 meses.

- Noooossa!

- Noooossa mesmo!

- Bem tenso isso. E como você tá?

- To bem, já passou. Sinto raiva dele ainda, não vou mentir, mas não o amo mais, ele matou o sentimento que eu tinha no momento em que eu o encontrei com ela. Mas HOJE – dei ênfase no HOJE pra ele entender como uma indireta mesmo haha – eu já estou pronto pra recomeçar... A pessoa certa acho que já encontrei.

- Huuuuuuuuum. Que bom.

- Então, vamos?

Saímos do restaurante e fomos pra Universidade. Chegando lá ainda no carro ele me agradeceu com um aperto de mão e saiu. Eu esperei um pouco, peguei minhas coisas e sai também. Busquei informação de onde seria minha primeira aula e me conduziram até lá. Passei por um pátio e vi o Eduardo com um grupo de amigos, mas fingi não tê-lo visto. Cheguei à sala e já tinha uma parte dos alunos que se calaram quando eu entrei e me apresentei como professor. Escutei um grupinho falando:

- Puta que pariu, professor gostoso do caralho. Quero ver quem não presta atenção nessa aula.

- Aposto que é gay, uma pena.

- Pena pra você, sorte para mim kkk

Dei um riso tímido ainda de cabeça baixa ao ouvir isso e tratei de me apresentar. Logo chegou o resto da turma, inclusive o Eduardo, que pareceu atordoado com minha presença ali.

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Gostaria de agradecer a todos que disponibilizaram um pouco do seu tempo para ler meus relatos. Eu vou postando a medida que escrevo e pelo que vou me lembrando, não sei ao certo quando terá uma parte mais quente, mas garanto que não tardará. Então é isso... Valeu e beijos :D

Agradeço aos que leram e comentaram: Geo Mateus, Ru/Ruanito, Lena78@, Amygah22, Thiago Silva, pri'h*-*, Junnior e Marcos Roger . A vocês um grande abraço e dois beijos ;**

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Comentários

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Citando Camões!? Perfeito *-* Adoro citações em contos =D

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o conto ta muito bem escrito ....e to achando a historia bem interessante.....

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Muito bom. Estava sentindo falta da era de ouro deste site. Pelo visto vc não vai me decepcionar.

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Toh gostando =) A amizade entre vocês fluiu bem, só que agora ele deve ficar meio sem jeito com você sendo seu novo professor. Continuaaa.

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Muito bom. Valeu cara abraços pra ti.

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