A notícia para mim não podia ter sido melhor, Silvana conseguiu uma casa no programa do governo Minha casa Minha vida. Eu quis uma casa e não apartamento.
Me mudei dia 20 de Dezembro, um dia de terça-feira, Nilza me deu folga da loja. Ela era uma ótima patroa!!!
Silvana ajudou em todos os detalhes, desde marcar a entrevista com a assistente social do programa que negocia as casa com às pessoas de baixa renda, até a mudança com os móveis doados que eu ganhei.
Silvana era maravilhosa, super amiga, carinhosa, muito prestativa. O natal estava chegando e eu ia passar mais um natal sem a família, se eu quisesse podia ir ao Albergue, mas eu não estava muito a fim. Afinal, eu estava estudando muito para passar na prova da faculdade e ganhar uma bolsa parcial em uma faculdade pública.
Pela primeira vez, em um 1 ano e 6 mêses eu estava modestiamente bem, financeiramente, tinha um bom emprego, a minha casa em meu nome (pagava 50,00 por mês), acabado de tirar uma moto yamaha 125. Felicidade de pobre dura pouco, não é mesmo?
Sexta-feira, perto do natal, quem na loja que eu trabalho? Sim, Renata. Renata agarrada à rapaz, que eu bem conhecia. Um ricaço do ramo de hipermecado, estudava engenharia agrônoma em nossa antiga faculdade. Horário de almoço só tinha eu para atender, coloquei um falso sorriso np rosto, busquei a simpatia de vendedora e fui até eles:
- Em quê posso lhes ajudar?
O rapaz não me reconheceu, só o vi na faculdade duas vezes, mas não chegamos a conversar. Renata me olhou dos pés à cabeça, estava desacreditada sobre ser eu. Sinceramente, eu no lugar dela faria o mesmo. Se alguém tivesse me dito que este seria meu futuro, e não em uma clínica particular de propriedade minha, indo viajar para EUA no natal ver o gelo cair do céu, eu mandava internar, pois estava louco.
- Posso ajudá-la?
O celular do dito cujo tocou, ele se afastou para atender.
- Raquel, quanto tempo!
Tentou me abraçar, me afastei.
- Não pode fazer isso, Renata. Em quê posso ajudá-la?
- Eu e meu noivo vamos nos casar e estamos comprando os móveis.
- Sei... Quais tipos de móveis a Sra. deseja ver?
Fui o máximo profissional que eu pude, antes de sair ela me deu o número do celular dela. Amassei e joguei no lixo com muita raiva, pessoas golpistas como ela não podiam se dar bem no final.
O restante do dia foi tranquilo, de noite, no estacionamento, Silvana esperava por mim. Sua filha estava com ela, vieram me convidar para passar o natal com elas e o marido de Silvana.
