Until The Very End - Cap 2 "Yes, I’m gay. But it’s a secret, ok!?"

Um conto erótico de Lipe
Categoria: Homossexual
Contém 1521 palavras
Data: 24/11/2013 22:16:33
Assuntos: Gay, Homossexual

Queria agradecer a todos os que comentaram e deram sugestões! Espero que gostem desse capítulo! Bjos!

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A festa a qual eu me referi no ultimo capítulo foi um saco. Primeiro: Fer ficou com várias meninas o que me deixou com ciúmes infinito. Segundo: tive que ficar com uma menina para as pessoas pararem de me zuar. Terceiro: Eu sentia saudades do Dhiego. Tirando isso, dancei bastante, bebi demais e me diverti.

Eu bebi um pouco demais na festa. Acabei falando demais com Fer sobre Dhiego. Contei como ele havia me ajudado a me socializar, como ele me tirou do mundo da exclusão. Falei mais coisa que eu não lembro. Mas lembro que eu falei que Fer era o melhor amigo que alguém poderia ter. Depois disso ele me chamou para beber, e ai eu não lembro mais nada.

Lembro de ter acordado no outro dia na casa do Fer. Mas já era combinado de eu ir dormir lá. Nada demais ocorreu. Acordei com uma ressaca filha da puta, igualmente Fer. Fizemos um resumo da festa e nós concluímos que foi muito boa.

Fui embora para minha casa na hora do almoço me sentindo vazio. Faltava alguma coisa em mim, mas eu sabia exatamente o que era. Uma pessoa para chamar de minha. Não qualquer pessoa. Faltava Fernando na minha vida.

O resto das minhas férias foram boas. Na escola entrou uma pessoa nova. Não um homem perfeito, mas uma menina perfeita. Seu nome era Gabriela. Tinha cabelos ruivos e encaracolados. Tinha a pele clarinha e olhos caramelos. Eu decidi que se algum dia eu ficaria com alguma menina, seria ela.

Um dia eu estava na biblioteca da escola e ela estava lá também. Tentei puxar assunto e deu certo. Aos poucos fomos virando amigos. Mas eu me sentia ruim. Sentia que estava traindo Fer. Era bobagem com certeza, mas era o que eu sentia.

O segundo ano foi bem legal, bem mais agitado que os outros anos. Eu não fiquei com o Fer nem com a Gabriela, ou Gabi, como era chamada. Mas eu sai mais, conversei mais e até beijei mais. Não que eu não gostasse, mas eu não queria ficar com essas pessoas, queria Fer.

Cada vez mais eu me incomodava por ser uma segunda opção de Fer. Eu ficava nervoso todas as vezes que eu perguntava “O que você vai fazer?” e ele respondia “Vou a uma festa” ou então “vou sair com meus amigos”. Geralmente essas noites eu chorava de tristeza e solidão.

Isso foi se intensificando tanto, que um final de semana qualquer, Fer me ligou para eu ir para sua casa e eu explodi com ele.

- Oo Lipe! Beleza? – Ele perguntou animado.

- Bem sim, e você? – Respondi em um tom conformista.

- Quer dormir aqui hoje? – Nesse momento especifico toda a minha raiva estourou.

- Por quê? Seus amigos não vão fazer nada hoje? – Meu tom não era amigável. Era irritado e agressivo.

- Oi? Aconteceu algo? – Ele perguntou confuso.

- Não tecnicamente... Mas você só me chama para fazer algo quando você não tem nada pra fazer – Meu tom de voz era meio agressivo e revoltado. Fer ficou um tempo em silencio, e falou:

- Ok. Vou ver se eles saem comigo – E desligou. E então eu percebi a bosta que havia feito. Fiquei infinitamente triste e deprimido, mas eu devo ser um bom ator, pois ninguém percebeu minha tristeza.

Minha vontade era ligar para ele pra pedir desculpas, mas eu era orgulhoso. E Fer era meio cabeça dura, não sei se aceitaria minhas desculpas. Mas eu precisava desabafar com alguém, e minha única opção era a Gabi.

Liguei par ela e marcamos de nos encontrar em uma sorveteria na nossa cidade para eu conversarmos, ela concordou e foi. Nesse ponto era uma ótima amiga. Resumi rapidamente a história para ela e disse que pessoalmente contaria melhor.

Encontramo-nos e então eu contei detalhadamente o que havia ocorrido, contei o que eu sentia (em relação à amizade, meu amor ainda era um segredo que eu marcava as sete chaves). Ela ficou um pouco pensativa e então disse:

- Eu acho que você deveria ligar e pedir desculpas

- Eu também acho. Mas sei lá.. Acho que ele não aceitaria bem – Eu disse.

- Bom, segundo o Facebook, se você nunca perguntar, a resposta sempre será não. Nesse caso, se você nunca pedir desculpas ele nunca vai aceitar. Pelo o que você diz, é improvável ele te ligar para desculpar.

- É verdade. Vou ligar para ele e pedir desculpas. Obrigado Gabi, você é um amor de pessoa.

- Que isso. É sempre bom ajudar os amigos. Mas aqui, e a Camilinha? – Na hora dela perguntar sobre a Camilinha fez uma cara toda sapeca. Não sei se eu disse, mas a Camilinha é a menina que claramente gostava de mim, mas era feia e por isso eu era zoado nos corredores.

Depois disso ficamos só falando da vida alheia. Foi bem divertido. Como eu disse, Gabi era a menina mais legal e perfeita que eu conhecia. Era inteligente, bonita e amiga. Eu tinha sorte por tê-la por perto.

Bom, a semana se passou e eu não liguei. Um drama de liga ou não liga me assolou nas horas vazias, e eu pensava tanto que o tempo passava e eu não ligava. Mas uma sexta-feira eu estava mais triste que o normal e então, eu liguei.

Fer atendeu e disse apenas um “sim” muito seco. E então eu comecei:

- Fer, é.. To te ligando só pra pedir desculpas cara. Aquele dia eu tava meio que com a vó atrás do toco e acabei despejando toda a minha raiva em você. Desculpa? – Meu tom de voz era manso e arrependido. De fato o arrependimento estava me corroendo por dentro. Este é um dos piores sentimentos. Esperei ansiosamente uma resposta, mas esta não veio. Até que eu perguntei:

- Se possível, só responde sim ou não. Pra eu saber se ainda tenho amigo ou não – Meu tom continuava o mesmo, mas a única coisa que eu ouvia era a respiração de Fer. Até que ele disse:

- Bom, desculpo sim. Eu te entendo e percebi que você tem razão, mas se você um dia tiver um problema comigo, pode fala, não precisa esperar para estourar daquele jeito. Ok? – Ele falou calmo e firme, como um pai que repreende o filho carinhosamente. Meu coração encheu-se de alegria e eu disse:

- Ok cara. Era só isso mesmo que eu queria falar. Até mais – Nesse momento eu estava mais tranquilo, só queria ligar para Gabi para contar as novidades. Mas algo melhor aconteceu.

Antes de desligar, Fer perguntou:

- Ei, quer vir dormir aqui hoje? – Sua pergunta foi meio inesperadamente óbvia. Aceitei, nos despedimos e desligamos. Na hora liguei para Gabi, contei nossa conversa. Eu estava tão alegre mas tão alegre que cometi um deslize crucial com ela.

Após eu contar tudo para ela, ela me disse:

- Viu eu disse que era pra você ligar. Amigos sempre perdoam! – Ela ficou toda alegre, e sua alegria era contagiante aumentando a minha própria alegria. Era eternamente grato a Gabi, que queria agradecê-la, e então eu disse:

- Gabi, você é tão linda e fofa que se eu quisesse ficar com mulheres, só aceitaria você! – Eu não percebi o que eu havia dito, até ela perguntar:

- Você não quer ficar com mulheres? Você é gay? – Nessa hora, toda a minha alegria se esvaiu. Fiquei sem palavras para me explicar, e então, ela continuou:

- Me explique isso melhor – Sua voz era levemente irritadiça.

- Hoje, na sorveteria, imediatamente, pode? Aí eu te explico... – Ela concordou e desligamos. Sai correndo. Queria explicar para ela, torcia para que ela entendesse, não queria perder minha única amiga.

Cheguei lá suando, e ela já estava me esperando. Pedi um Banana Split, sorvete que eu só tomava quando estava nervoso e/ou estressado. Ela não quis nada. Ela me cobrava uma explicação, e então eu dei. Contei não só meus sentimentos, mas toda a minha história. Por um instante achei que ela nunca mais fosse falar comigo, mas isso só serviu para aumentar nossos laços.

Ela não só me entendeu, como me apoiou. Ela era bem liberal, isso era mais um motivo para eu achar ela a menina mais perfeita do mundo. Depois de explicar tudo e tudo mais, ela me disse:

- Agora eu tenho uma pessoa para escolher roupa comigo – Ela falou brincando, mas eu achei meio ofensivo.

- Não Gabi, eu ainda sou homem, penso como um, ajo como um, mas me sinto atraídos por outros homens. Só isso. E por favor, isso é segredo de estado. Se você é minha amiga, por favor, não conte a ninguém – Apesar de eu falar isso, sabia que Gabi era confiável. Ninguém nunca

- Minha boca é um tumulo – Eu tinha certeza que era. Como eu disse, eu tinha muita sorte de ter Gabi como amiga.

Meu amigo leitor, esses acontecimentos que eu narrei acima podem parecer pouco. Mas quem ama sabe o que eu senti. Quando se ama, qualquer “bom dia” é motivo de alegria, entretanto, qualquer problema é motivo para o mundo acabar. E é desse jeito que eu me senti durante longos anos da minha vida.

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