ABC do amor cap. 3

Um conto erótico de Yuri
Categoria: Homossexual
Contém 2705 palavras
Data: 27/10/2013 04:35:17
Última revisão: 28/11/2013 08:35:40
Assuntos: Romance

O domingo estava quente, apesar de ser apenas sete e meia da manhã. Diego sentiu seu suor correr pela testa branca com poucos cabelos espelhados por ela. A sim, os pássaros cantavam na janela de Diego e isso fez ele fechar os olhos e sonhar com o mais belo conto de fadas. Ele não queria se levantar, mas a voz aguada de sua mãe não parava de chamá-lo.

― Droga! Porque tenho que ir a uma igreja que me condena? ― ele pensou enquanto jogava o cobertor para o lado.

Era exatamente isso que o Sr. Aparecido Chávez, pastor e diretor do Colégio Jaqueline Carla, dizia nos encontros religiosos que os pais de Diego o arrastavam.

― O ato sexual entre dois homens pecadores, é uma ação demoníaca que o próprio senhor condena. E aqueles que praticam essas ações estão condenados ao fogo eterno no inferno...

E por ai iam horas e horas de conversa fiada que Diego era obrigado a ouvir. E por um tempo ele realmente acreditou que ser gay era errado, mas depois de um tempo ele percebeu que o Sr. Aparecido era só mais um velho louco que estava precisando de sexo.

Olhando os lençóis azuis como o céu ele sorriu para seu reflexo que vinha do espelho na sua frente. Depois de mais um grito agudo de sua mãe ele se levantou e colocou os chilenos nos pés. Parando na frente do espelho ele realmente desejou sumir daquela vida. Pensando:Como vou ser feliz? Se meus pais não me deixam viver, acho que nem eles vivem direitos.

Isso era verdade, nos últimos meses Diego percebeu que os pais não estavam nada bem. Infelizes, que estão me fazendo infeliz.

Diego deslizou a blusa suada pelos ombros largos e a jogou de lado, deslizando a fina calça ele viu sua pele branca e delicada. Era assim que Diego era, um garoto delicado e amoroso que estava sendo sufocado pelos pais. Tirando a cueca ele viu que tinha feito algo contra sua vontade durante o sono, talvez fosse seu sonho com...

― Filho não vou mais chamá-lo dessa cama ― uma voz feminina, mas tão áspera como um cacto ecoou dentro do quarto de Diego.

― Já estou no banho ― ele disse abrindo a porta com cuidado e colocando a cabeça para fora e vendo a imagem de sua mãe se afastar de sua cama.

― Ande logo ― ela disse andando para a saída do quarto, por um momento ela parou e se virou. ― Ontem à noite... ― ela estudou os olhos do filho que perguntavam “ o que tem ontem à noite?” depois continuou. ―... Quem esteve aqui?

― Ah, o Paulo ― Diego ficou nervoso. Como ela sabia que ele esteve no meu quarto se ela não o viu.

― O que ele queria?

Diego se sentiu em uma delegacia preso a perguntas que lhe custavam a liberdade.

― Nada só ficou conversando comigo... ― ele viu nos olhos da mãe que a resposta não a convencerá ― Coisas de rapazes mãe.

Por fim Olivia olhou em volta. Ela procurava qualquer coisa desorganizada para explodir com o filho já que perguntar do sobrinho não a levou a isso, mas ela nada achou. Então sem dizer nada ela fechou a porta e desceu as escadas que levavam para a cozinha.

Velha sem graça. Pensou Diego. Como ela pode ser tão chata?

Sem resposta de imediato ele jogou a cueca junta ao pijama e ligou o chuveiro. A água corria sobre seu corpo levando com ela o suor da noite passada, ele quis que a água também levasse a raiva que cresceu em seu peito.

Depois de cinco minutos ele saiu enrolado em uma toalha. Com passos leves ele abriu a porta e repuxou o corpo para dentro do banheiro quando viu uma figura sentada sobre a cama.

― Pai ― ele disse, segurando firme na toalha.

― Filho, sente-se ao meu lado ― o pai de Diego não estava tão nervoso quanto á mãe. Mas nem por isso o medo foi menor.

― O senhor quer alguma coisa? ― perguntou Diego, com uma bola de fogo presa na garganta.

― Nada em especial ― então porque o senhor esta no meu quarto?

Diego abriu os lábios para perguntar. Por sorte não precisou o pai logo foi falando.

― Filho quer ir à igreja hoje? ― antes Diego dar a resposta ele continuou. ― Eu sei que nunca quis ir.

― Não entendo. O que o senhor quer me dizer.

― Não é nada filho ― Gabriel fez um pequeno movimento com a cabeça e beijou a testa do filho. ― Eu te amo.

Deixando mil perguntas na cabeça do filho ele saiu com passos tão lentos que Diego quase perguntou se tinha algo de errado. Levando alguns minutos para tentar entender o que aconteceu, mas não adiantou, ele se levantou e foi se trocar. Ele colocou um sapato social, para combinar com seu palito e calça sociais. Se sentindo ridículo ele saiu do quarto e foi para a cozinha se sentar junto os pais.

― Que demora menino ― disse a mãe de Diego.

Hoje ela acordou de mau humor, seu marido não lhe terá o que ele buscou ontem à noite ― sexo. Mesmo Diego nada tendo haver com isso, ela descarregou todo sua raiva nele.

― Dormiu bem? ― Gabriel perguntou, deslizando a faca coberta por manteiga sobre o pão Frances.

Diego pensou no sonho que teve. No sonho ele pegava seu professor de história e fazia muitas sacanagens com ele. Depois de relembrar do gozo que o seu professor soltou no seu rosto ele respondeu.

― Maravilhosamente. Que horas vocês chegaram? ― ele perguntou pegando um pão Frances e dando uma pequena mordida.

― As dez ― a voz de seu pai foi baixa ao responder a pergunta.

Olhando do pai para a mãe. Ele percebeu que algo estava errado ali. Sua mãe parecia estar com tanto odeio que a qualquer momento iria atacar alguém com a faca que não saia do seu punho. O pai por outro lado evitava cada jogada de olhar, para a segurança de todos.

Embora meus pais nunca tenham brigado, eu nunca senti que isso logo ficaria no passado como senti agora. A raiva que corria nas veias de minha mãe estava me incomodando mais que a meu pai.

David ouviu o celular tocar varias e varias vezes antes de abrir os olhos pela manhã. Era oito horas e ele ainda dormia. A cama de solteiro, antiga, estava desarrumada com os lençóis jogados ao lado na noite anterior ele não os colocou. Nem pensou nisso. Ismael era o culpado.

― Fala ― disse ele ao atender a ligação no celular.

― Eu conversei com a Victoria e ela topou ― disse Eduarda, amiga de David há mais tempo que ele podia lembrar.

― Topou o que? ― perguntou ele, se sentando na cama limpando os olhos.

― Ir almoçar ai na sua casa. Vamos chegar as dez para fazer a macarronada.

― Ok, mas eu estou dormindo ainda, não tem como chegaram mais tarde?

― Nem pensar levanta e se arruma ― Eduarda sempre foi controladora e impaciente quanto o assunto era preguiça.

― Chata...

― Tenho quer ir daqui a pouco chegamos ―ela desligou sem nem dizer tchau, mas o que ele podia esperar de Eduarda?

Meu dia esta ótimo, até agora. Pensou ele, pulando da cama e pegando as cobertas e os lençóis.

Em qualquer outra noite que David fosse ameaçado ele teria chorado, chorado muito e nem teria dormido, mas ele conheceu Ismael, um cara tão legal que tomou conta dos seus sonhos e não deixou que Wesley viesse atormentar sua noite. Tudo foi perfeito para ele o jeito que se conheceram, a caligrafia das mensagens ainda presa a janela o sorriso de Ismael.

E aquela voz tão doce que nem acredito que meus ouvidos foram agraciados com ela. Meu medo era saber que ele não era gay. Duvido muito disso.

David ficou perdido em pensamentos e futuras formas de descobrir a sexualidade de Ismael que nem percebeu quanto ele abriu a cortina.

Ismael estava com alguns cadernos nas mãos, acabara de chegar da biblioteca municipal onde fora fazer um trabalho. Ele ficou parado olhando David se movimentar como bailarinas segurando as cobertas nos braços. Com um grande sorriso David imaginava estar dançando com Ismael em um baile.

Ao abrir os olhos e olhar para o lado ele viu Ismael parado o olhando serio.

― Oi ― disse Ismael movendo os lábios, mas David não o ouviu.

David caminhou para a janela e a puxou sentindo uma brisa entrara no seu quarto. O sol ficou mais quente e ele sorriso.

― Bom dia ― disse David.

Ismael emburrou a janela de vidro para fora. Pegando a folha de sulfite que quase caiu no quintal.

― Bom dia. Esta feliz hoje.

― Fazer o que né. Levantou cedo mesmo, hein ― o olhar de David encontrou os cadernos sobre a mesa de madeira.

― Fazer o que né. O que houve com seu rosto? ― Ismael fitava fixo no rosto de David.

― A isso ― disse ele passando a mão sobre a local onde Wesley o acertara na noite passada. ― Não sei, devo ter caído ou batido em algum lugar.

Ele foi frio e perspicaz ao mentir. Desse modo enganando Ismael que fez uma rápida expressão de dor.

― Deve estar doendo melhor ir ao... ― uma voz chamava por Ismael no interior da casa.

Ele deu dois passos e se virou. David ficou esperando ele voltar por quase dez minutos. Como já estava ficando tarde ele achou melhor ir cuidas dos afazeres.

As amigas logo chegariam e a casa ainda estava uma “zona”. Depois de passar por debaixo do chuveiro ele foi até a cozinha esquentar o mingau de sua mãe. Mingau era essa a única comida da Sra. Freitas nos últimos sete meses. Ela sentia saudades das comidas gostosas que comia antes da chegada do câncer. Agora seu estomago recém operado só suportava isso. Mingau.

― Olha quem já acordou ― disse David entrando no quarto da mãe com uma bandeja com um prato fundo de mingau e uma colher.

― Sabe que acordo cedo. Odeio ficar na cama ― disse a Sra. Freitas com um olhar frio para o prato que era colocado sobre o seu colo. ― Mingau de novo.

― Mãe... Não reclame duas semanas atrás a senhora se alimentava por sondas. Hoje é mingau amanhã quem sabe não é bife ― Disse David abrindo a janela.

Bife! A melhor coisa que a Sra. Freitas já provara na vida. E que tanto lhe faltava agora.

― Prefiro morrer a viver na base de medicamentos e... Mingau ― com desprezo ela jogou o prato no chão. O prato se despedaçou.

O piso de madeira ficou escorregadio e molhado pelo grosso mingau que escorreu para todos os cantos. Até as paredes foram atingidas. David se virou com violência e tentou conter a massa mole com uma camisola que pegou nos pés da cama de sua mãe. Depois de muito tentar ele conseguiu controlar o mingau. Correndo na cozinha ele pegou um pano molhado e jogou sobre a macha de mingau.

― Mãe a senhora não pode fazer isso ― ele avisou tentado tirar as manchas das paredes.

Não foi a primeira fez que Elizabeth agiu dessa maneira. Depois que ela caiu de cama sempre teve ataques de estresse. E a cada dia ela ficava pior. E sempre desejando morrer isso deixava David frustrado, irritado e triste. Num turbilhão de sentimentos ele voltou para a cozinha para pegar outro peno ceco.

Às vezes eu acho que a senhora tem razão em dizer que não quer mais sofrer. Quem quer viver sofrendo? Mas eu não posso perdê-la. Não mãe você é tudo o que tenho nunca vou desistir de você. Ele disse a si mesmo, limpando as lagrimas que queimavam em seus olhos.

Diego se sentou no fundo do salão junto com sua família. Que geralmente se sentavam a frente, mas hoje Pamela estava nervosa e não queria ficar de frente para o Sr. Aparecido. Talvez nem Gabriel queria ficar de frente para ele. Diego não queria olhar ninguém daquele salão, principalmente, os jovens que estudavam na Jaqueline Carla. Todos falavam dele pelas costas, falavam de como ele era esquisito e solitário e ele sabia que todos pensavam e cochichavam isso.

Ele se levantou depois de anunciar ao pais que iria tomar água. Diego teve de rebolar para passar pelos outros sentados ao seu lado. Segurando a respiração ele ganhou mais espaço e finalmente conseguiu sair do meio de todos. Ao chegar ao bebedouro, que ficava atrás de uma coluna de concreto pintada de azul escuro, ele tirou o celular do bolso e checou as mensagens que sentiu chegar, durante o tempo que esteve sentado. Eram três mensagens uma ele não leu ― malditas promoções irritantes ― disse ele apagando a primeira mensagem. Ele abriu a segunda que era de Paulo, a mensagem dizia:

QUERIDO DIEGO NÃO VOU PODER IR A SUA CASA HOJE, MEU PAI BEBEU DE MAIS ONTEM A NOITE AGORA TENHO QUE FICAR COM ELE NO HOSPITAL.

Ótimo vou ficar sozinho. Ele pensou antes de responder:

OK. MAS QUERO VER VOCÊ AMANHÃ OU VOU MORRER. ADOREI O QUERIDO KKKKKK.

Depois de enviar ele foi olhar a terceira mensagem. Não havia nome apenas um numero desconhecido que dizia: OI.

Diego olhou em volta e depois voltou a olhar para a mensagem tentando se lembrar do numero, ninguém que ele conhecia vinha à cabeça. Ele quase não respondeu, mas tirou o celular do bolso pela segunda vez e digitou com curiosidade.

QUEM É VOCÊ?

Ele se inclinou no bebedouro e tomou um pouco de água, ele voltou a ficar ereto quando sentiu o celular vibrar entre os dedos. Era outra mensagem do numero desconhecido que lhe dizia:

QUER MESMO SABER? É SÓ ENTRAR AQUI NO BANHEIRO.

Os olhos de David saíram da mensagem e foram automaticamente para o banheiro que também ficava escondido atrás da parede azul escuro. Ele pensou em apagar a mensagem e ir se sentar. Mas um brilho cortou seus olhos e ele começou a ir para o banheiro discretamente.

― Mãe! ― gritou David ao ver a mãe caída ao lado da cama.

A Sra. Freitas tentou se levantar da cama e caminhar pelo quarto. Mas só conseguiu cair no chão e ficar imóvel sentindo uma forte dor correr seu corpo como uma corrente elétrica.

― Mãe fala comigo ― berrou David levantando a mãe que nada dizia.

Ele jogou um braço dela sobre suas costas e a levou para o quarto para pegar o celular. Sem pensar direito ele quase começou a chorar enquanto a via, reunindo um controle que nem ele sabia que tinha engoliu o choro e tentou ligar para a emergência. Elizabeth começou a tossir e jogar bolas de sangue junto com a tossi.

― Mãe ― ele ficou feliz por ter uma reação da mãe e preocupado por ver o sangue. ― Mãe eles já vão vir...

Ele mal conseguiu dizer alguma coisa no celular. Apesar de não chorar sua voz era de quem estava em prantos.

Ismael apareceu na janela quando David tentava colocar a mãe sobre a cama.

― O que houve? ― ele perguntou aos gritos do outro lado.

― Me ajuda ― pediu David dando uma rápida olhada para ele e depois se voltando para a mãe.

Ismael correu para a casa de David. Ao chegar na porta da sala ele notou que estava fechada e para entrar ele teve que bater com o pé varias vezes até a porta se quebrar.

Com os cabelos ruivos espelhados pelo rosto ele entrou no quarto de David.

― Me ajuda a levar ela até a sala ― pediu David passando os dedos entre os cabelos da mãe.

― Claro ― disse Ismael se aproximando com calma da Sra. Freitas.

Depois que eles a apoiaram em seus braços a levaram com calma para o único e pequeno sofá da sala minúscula. David tirou a camisa para limpar o sangue que saia a cada vez que sua mãe tossia, ela fazia isso em cada dez segundos.

― O que houve? ― perguntou Ismael novamente.

― Ela caiu da cama... Acho que tentou se levantar...Ai meu deus ― David não aguentava dizer mais nada.

Uma bola queimava em sua garganta e seus olhos ficaram em chamas. Com as lagrimas caindo ele se deitou no peito da mãe que parou de tossir.

― O que aconteceu... Porque ela não se mexe?

David ficou em estado de choque.

Mãe... Mãezinha abre os olhos por favor, olhe pra mim mãe. Ele pensou.

Continua...

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Comentários

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Cara muito bom. Espero que a mãe do David não morra.

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