Boys don't cry - Meninos não choram! - 31

Um conto erótico de Pedro
Categoria: Homossexual
Contém 1239 palavras
Data: 07/09/2013 09:49:38
Última revisão: 07/09/2013 09:52:08

Ta acabando gente, acho que não chega nem no capítulo 40 ):

Sempre bate uma nostalgia acabar alguma coisa né... mas enfim, obrigada por ler :D

E beel fernandes não chora, muita coisa boa está por vir!

Ps: Jajá eu continuo.

Ao conto...

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A festa continuou, todos sorriam, mostravam suas roupas novas, conversavam sobre política e outros temas mais, brincavam, comiam, todos pareciam felizes, os meus sorrisos escondiam um Eu triste (as pessoas sempre estão a esconder alguma emoção, até mesmo de si mesmo, para parecerem fortes para si mesmo e para outrem), os meus sorrisos escondiam um Eu que queria chorar, que queria o Gabriel de volta. Eu não ganhei esse presente de Natal, fui um menino mau ou o papai-noel esqueceu de mim.

***

Tarja Turunen – You Would Have Love This

(...)

E embora eu entenda

Um dia novamente eu verei você

Anseio por tocar sua mão,

Ouvir sua voz, sentir você****

Durante todo aquele ano eu tinha estudado feio um condenado, como eu não tinha muita coisa para esperar da vida à única coisa a fazer era estudar para ver se conseguia logo minha independência financeira, para poder contar para meus pais que era homossexual e me livrar o André.

Por incrível que pareça meu pai não fazia mais subjeção sobre minha faculdade, chegou para mim uma vez e disse que o importante era que eu fosse feliz, seja qual profissão escolhesse. Eu entendia sua preocupação, quando eu terminasse o curso de história eu poderia ser professor (que é minha paixão), mas ganharia muito pouco, e nem que eu trabalhasse em três turnos poderia manter a qualidade de vida que tinha antes, com meus pais. Mas era o que eu queria fazer, eu não poderia estagnar minhas idéias filosóficas e políticas, eu tinha que lecionar, foi o que sempre amei fazer.

Passei em história, hoje estudo esse curso, adoro-o, e lecionar continua sendo a minha paixão. Mas já pretendo fazer um curso de filosofia, ciências sociais e ciências políticas, nessa ordem, assim que acabar o de história. Não quero parar de estudar nunca.

Quando passei no vestibular meu pai me deu um carro, fiz auto-escola e em pouco já estava dirigindo. Eu tinha tudo para ser feliz, fazia a faculdade que amava, tinha os amigos que sempre desejei, um namorado que tinha um alto poder aquisitivo, pertencia a uma classe social um tanto privilegiada, minha família já estava bem estruturada, mas faltava uma coisa, um sentimento que torna qualquer alegria obsoleta, faltava o meu amor, e me parecia que esse buraco jamais se fecharia.

André e meus amigos faziam de tudo para me deixar feliz, mas nenhum obteve sucesso, eles sabiam que o único remédio para meu sofrimento era o retorno do Gabriel, o que nenhum deles poderia realizar. Eles sofriam junto comigo, choraram junto comigo, pois sabíamos que eu ficaria assim, por um longo tempo.

Não houve carnaval, nem festa surpresa, nem férias, nem volta as aulas, nem páscoa, nem feriadões, nem nada que me trouxe real felicidade, não havia motivos para ser feliz, meus sorrisos agora eram raros, e mesmo quando eu sorria você perceberia um ar de tristeza em meu sorriso. Como eu não tinha muita coisa para esperar, comecei a estudar para valer. Era apenas o que eu sabia fazer, quando não ficava hora e horas olhando o Orkut do Gabriel.

Eu via que ele olhava meu Orkut, ele também percebera isso, mas em nenhum momento um falou com o outro, em nenhum momento daquele ano um falou com o outro por recado, ele já não era meu contato, ou amigo no msn, eu tinha cortado os laços entre eu e ele, ou pelo menos foi o que tentei fazer, sem sucesso claro. Havia um laço que parecia intangível.

Eu ia para a casa do André na sexta a tarde e só voltava no domingo a noite, meus pais nunca me questionaram sobre o que eu fazia lá, eles gostavam muito do André, mas para que não achassem no mínimo esquisito eu dizia que ia dormir na casa de alguém, e sempre trazia alguém pra dormir lá em casa. Eles não desconfiavam de nada.

2007 se arrastou como uma cobra muito debilitada. Foi o pior ano da minha vida, e tudo indicava que outro muito pior viria, que 2008 seria ainda pior.

Em diversos momentos eu escrevi cartas para o Gabriel, mas nunca as enviei, fiz letras de musicas que nunca cantei, versos que nunca proclamei, tive sonhos que nunca sonhei.

Em um dia de dezembro eu estava no meu quarto com o André, ele estava deitado na minha cama, meu celular tocou, pedi que verificasse, era uma mensagem. Ele olhou para o que tinha escrito e me mostrou a mensagem com um ar muito assustado. Eu me espantei com o que li, não poderia ser verdade, eu não concebera a imagem que via diante da minha frente. Fiquei sem saber o que fazer.

*****

Cássia Eller – Segundo Sol

Quando o segundo sol chegar

Para realinhar as órbitas

Dos planetas

Derrubando

Com assombro exemplar

O que os astrônomos diriam

Se tratar de um outro cometa...

Não digo que não me surpreendi

Antes que eu visse, você disse

E eu não pude acreditar

Mas você pode ter certeza

De que seu telefone irá tocar

Em sua nova casa

Que abriga agora a trilha

Incluída nessa minha conversão...

"É apenas isto: Se você vai ser humano, tem um monte de coisas no pacote. Olhos, um coração, dias e vida. Mas são os momentos que iluminam tudo. O tempo que você não nota que está passando... é isso que faz todo o resto valer."

Morte em Morte – O alto preço da vida, Neil Gaiman.

****

Desde que se mudara para São Francisco Gabriel tinha iniciado uma nova fase em sua vida. Suas companhias mudaram, seus gostos se aprimoraram e sua visão de mundo transmutou-se de chumbo para ouro. Era tudo que eu tinha planejado para ele, mas o plano não foi executado por mim.

Durante todo esse tempo eu sofri, durante todo esse tempo eu chorei, durante todo esse tempo eu sonhei, sonhos distantes demais, sempre que acordava eles desapareciam.

Eu não sei se o que realizou meu pedido foi uma estrela cadente, um deus qualquer, o acaso, Destino, um gênio daqueles que ficam em lâmpadas mágicas, um ser mítico, um espírito ou qualquer outra coisa que seja... Não havia importância, só aquela mensagem que se encontrava diante de mim tinha verídica importância. Ela dizia:

“Durante todo esse tempo eu pensei em você, desde que pousei nessa cidade (San Francisco) em pensei em você, no avião eu sonhei com você, via você em toda esquina. Sei que você está namorando com o André agora, sei que a essa altura já deve estar amando-o, mas eu queria ter a chance de falar com você, não pedir para ser seu namorado novamente, apenas falar com você. A Califórnia me mudou muito, queria mostrar a você o novo eu...

Estou indo para Natal amanhã mesmo, não diga a ninguém, é uma surpresa de fim de ano para minha mãe, não vou para ficar ai, apenas passar o final do ano.”

Gabriel.

Minhas pernas tremeram, meu corpo amoleceu, eu simplesmente não conseguia me manter em pé. Sentei na cama, afastando as pernas do André para o lado e chorei, chorei tão alto e dolorosamente que o prédio inteiro poderia escutar. Antes que o André tentasse me acalentar meus pais irromperam na porta.

Continua...

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Comentários

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A história é linda e emocionante de verdade, mas eu já estava chorando na minha realidade, o conto só me deu um motivo melhor pra chorar.

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