Boys don't cry - Meninos não choram! - 30

Um conto erótico de Pedro
Categoria: Homossexual
Contém 1415 palavras
Data: 07/09/2013 09:44:25
Assuntos: Gay, Homossexual

Ficamos ali, abraçados, eu chorava por tudo que tinha acontecido na minha vida, chorava e soluçava muito, eram lagrimas de tristeza verdadeira, a cada lagrima eu sentia que estava melhor, cada lagrima lavava o meu Eu, cada lagrima representava a fuga de um Eu fraco, e eu fui me sentindo melhor. Chorei até me cansar.

Férias do meio do Ano

Eu tinha aprendido a conviver com o André, não o amava, sentia que jamais o amaria, mas tinha aprendido a conviver com o André. Eu tinha percebido uma coisa no André, uma característica incomum, ele tinha muito dinheiro. Então eu me aproveitei dessa característica, não que eu quisesse o seu dinheiro, isso não era verdade, mas se ele tinha dinheiro, e querendo ou não era meu namorado, eu iria aproveitar.

Nas férias de Julio propus ao André que fossemos nos hospedar no Thermas Hotel e Resort, o melhor de Mossoró. Em nenhum momento a condição financeira do André me trouxe uma felicidade real, mas ela me trazia alegrias momentâneas, e prazeres passageiros, e do jeito que eu estava, qualquer prazer e alegria era bem vinda.

Mossoró é a segunda maior cidade do Rio Grande do Norte. Ela é a “capital do oeste potiguar” e os habitantes de Natal e Mossoró têm uma certa rivalidade entre si para decidir qual é a “melhor” cidade do RN. Augusto era de Mossoró, juntamente com Saulo e Ricardo tínhamos ido a sua cidade Natal. Fomos no carro do André, mas nos separamos na cidade, eu e o André ficaríamos no Thermas, enquanto o Ricardo, Saulo e Augusto ficariam na casa da irmã do Augusto. Foi uma viagem muito boa.

As férias com o André eram bem diferentes, meu pai não liberava muita grana, a não ser que eu fizesse algo “bom” para ele, como eu não tinha feito, quem bancou tudo foi o André. Como eu gostava do poder aquisitivo do André...

Durante todo esse tempo, eu poderia estar sorrindo como fosse, mas lá no fundo você perceberia uma tristeza que estava enraizada em mim desde a partida do Gabriel.

Sempre que eu podia olhava o Orkut do Gabriel, parece que meses depois de sua partida ele tinha começado a mudar, tinha desenvolvido gosto pela leitura, era o que dizia seu perfil.

Livros:

J.R.R Tolkien;

J.K Rowling;

M.Z Bradley;

Sir Arthur Conan Doyle;

Parecia que em poucos meses nos Estados Unidos tinha feito do Gabriel um grande leitor, mas eu sabia que somente a visita a um novo país não mudá-lo-ia da água para o vinho, como eu estava enganado...

Até onde eu sabia seu pai era médico, no mínimo ele tinha influenciado seu filho para o mundo da leitura, e o Gabriel parecia estar gostando. Soube pela Luciana que o Gabriel não estava estudando em nenhuma escola por lá, só trabalhava. Fiquei feliz, pois trabalho mais livros iriam modificar aos poucos a personalidade do Gabriel.

Todas as noites eu pensava no Gabriel, todas as noites eu olhava o seu álbum de fotos no Orkut, ele parecia estar muito feliz morando com seu pai e sua madrasta. Tinha feitos amigos, se divertido pelas ruas de São Francisco (tinha tirado foto praticamente em toda esquina da cidade) e aos poucos fui notando modificações na sua personalidade, que vinham cada mais depressa. Ao seu livros favoritos tinha adicionado:

Paulo Coelho; (ninguém é perfeito)

Augusto Cury;

Khaled Hosseini;

Neil Gaiman;

Stan Lee;

Dan Brown;

Malba Tahan;

Gabriel Garcia Mérquez;

E.V Lustbader

E o numero de autores favoritos só crescia. E o mais incrível de tudo era que a maioria desses autores eu lia. Quando vi que era coincidência demais me liguei que o Gabriel estava olhando meu Orkut, e tomando por referencia os autores que eu lia.

O nosso perfil no Orkut diz muito sobre a gente, com o do Gabriel não era diferente. Parecia que aos poucos ele tinha saído de suas comunidades de torcidas (des) organizadas e entrados em comunidade sobre Medicina, Filosofia, Etiqueta Social, Estudo de idiomas e de debates gerais.

Eu estava feliz, mas estava triste ao mesmo tempo. Pois eu não podia acompanhar de perto as mudanças intelectuais do meu amor. Mas eu sabia que ele estava mudando, e estava gostando muito da Califórnia, parecia que não queria sair dali. Eu também adorava a Califórnia, sempre foi meu Estado preferido, eu nutria certa inveja dele, pois ele tinha conhecido o Parque Nacional de Sequoias, que era meu sonho de viajem.

Natal de 2006

Para um ateu o Natal pode ter significado ou não, depende muito do ateu, mas para mim o Natal significava confraternizar com a família, não que fosse necessário uma data especial para se comemorar com a família, mas o Natal era a tradição, eu gostada dele, mesmo sendo parte de uma cultura religiosa que não era a minha.

André tinha uma casa de praia na cidade de Barra de Maxaranguape, chamou uma galera legal (disse que eu poderia chamar também) e fomos todo mundo passar as férias nessa casa de praia. Casas de praia são sempre boas, sempre têm festas, bebidas, pegação, risadas, a gente foge daquela rotina.

Obviamente chamei meus melhores amigos, chamei também Luciana e sua mãe, para passar as férias naquele lugar que eu considerava muito legal. As casas de praia em Maxaranguape são afastadas da cidade, dando a impressão ao veranista que ele está desconectado do mundo, e da tecnologia, da correria do dia-a-dia, isso proporciona a qualquer um uma ótima sensação de bem estar.

André chamou seus amigos, infelizmente ele não gozava de o que eu chamaria de “Amigos de qualidade”, seus amigos eram pessoas (a maioria gerentes de bancos e médio empresários) que não partilhava de uma visão critica do mundo, faziam as coisas por fazerem, “por que tinham que ser feitas”, estudaram por que “tinham que ter um ‘bom padrão de vida”, tinham uma “ótima família”, estava sempre “na moda”, usava roupas “de grife”, mas se fossem procurar um psicanalista eles perceberiam que tudo aquilo proporcionava uma falsa sensação de felicidade. Eles não se questionavam sobre tudo, pessoas assim são muito susceptíveis ao “raso”, “massivo” e “vazio”. Quando cheguei na sala Augusto conversava justamente sobre isso com o André, eu apenas sentei e escutei a conversa.

- A maioria das pessoas segue a massa sem saber por que – dizia Augusto com ar de intelectual – elas escutam a musica do momento, usam a roupa do momento e fazem tudo que todos fazem, não sou contra essa atitude – dizia ele tentando esclarecer ao máximo suas idéias – sou contra as pessoas que seguem a massa sem saber o porquê.

- Então essas são as pessoas “massivas”? Perguntou André.

- Sim, essas são as massivas. Sentenciou Augusto.

- Mas ainda há outros dois tipos que não me permitem evoluir a amizade.

- E quais são? Indagou um curioso André.

- As “rasas” e “vazias”.

- E como são? Perguntou André.

- As rasas nunca “cavam fundo”, buscam apenas emoções passageiras, não que estas não sejam importantes, mas eles não consolidam as coisas para que se aprofunde uma amizade, um amor, ou algo do tipo, elas só cavam rasinho, tendo assim emoções muito momentâneas.

- Interessante, continue. Disse André.

- Enquanto as “vazias” – continuou Augusto – são pessoas que não tem um objetivo maior, elas não tem um anseios futuro, só vivem o presente, esperam ações do acaso, não tomam medidas para guiar os paços futuros, elas ficam perdidas, pois os sonhos são como bússolas.

- Então nenhuma dessas pessoas podem se tornar um dos meus “Melhores amigos”, se uma pessoa tiver uma dessas características ela não me cativará, se ela é rasa eu não posso ser profundo, se é massiva eu não posso ser singular e se é vazia eu não posso preenche-la de laços fraternais. Disse eu, me metendo na conversa.

- A maioria das pessoas são massivas, rasas e vazias, é difícil encontrar alguém que não seja, por isso é difícil selecionar “melhores amigos”. Disse Augusto.

- A maioria das pessoas é assim, mas não reconhecem isso, por que não se criticam, não se avaliam com racionalidade, elas não se questionam, por tanto nunca vão se conhecer bem, a filosofia é o primeiro passo para o autoconhecimento. Falei.

- Eu nunca tinha visto por esse ângulo. Disse André muito pensativo.

Comemoramos o restante da festa de Natal, Augusto, Ricardo e Saulo fizeram orações ao entorno da mesa, quando todos estavam de mãos dadas, foram incentivados por painho e mainha, que adorava esse tipo de coisa, depois eu fui o visado a comentar a noite. E assim eu fui.

Continua...

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