Minha História, minha luta, minha glória 15

Um conto erótico de Dr. Friction Fiction
Categoria: Homossexual
Contém 2014 palavras
Data: 15/09/2013 00:03:37

- O quê?- eu falei num salto- você perdeu o juízo! Meu pai me mata e te mata junto!

- Donovan, a Paula viu o vídeo- ele falou – ela me disse quando chegou. Ela só viu recentemente, pois roubou o cartão achando que era uma transa minha e dela que estava nele. Mas ela deixou de lado todo esse tempo. Assim que ela tiver uma oportunidade, vai usar isso contra você. Vai chegar uma hora em que eu, seu namorado, vou ter que fazer meu papel de orientador e ligar pros seus pais. Como espera que eu fale com ele no telefone? “Alô, seu Marcos? Aqui é Otávio Franco, orientador do colégio do seu filho. Estou ligando porque durante um surto psicótico eu o dopei, algemei, e fizemos sexo. Mas como eu filmei, minha ex-namorada, que também é aluna da escola, roubou o vídeo e mostrou pros colegas?”

- Nem brinca com isso, Otávio- eu falei- se ela mostrar esse vídeo, eu vou ser a piada da escola. Estou contando que Évora e Brunno consigam roubar esse cartão antes de ela agir. Será que ela teria coragem? Ela te prejudicaria muito também!

- Nem tanto, ela me falou que o vídeo, no começo, mostra você, seu rosto, mas estava escuro, lembra? – ele falou preocupado- ela me disse que com um corte, uma edição, eu nem apareço. Ela quer meu dinheiro, acha que vai me fazer perder o emprego? Ela é esperta, essa biscate.

- Por falar nisso, tem certeza que esse filho é seu?- eu perguntei- porque eu sei que ela sempre andou com outros caras além de você. E logo depois que você terminou ela ficou com o Gehardt e eles transaram.

- Nossa, nem parei pra pensar nisso! Nós transamos uma vê sem camisinha, perto do fim- ele disse- as datas bateriam, sim. Mas ela é perigosa, então... não acha que seria mas proveitoso empurrar o curumim pro tampinha, já que ele é rico?

- Não, a mãe dele é- eu disse- e se o pouco que eu ouvi da dona Albertina for verdade, ela estaria encrencada. Acho que é melhor esperar a criança nascer e pedir um exame de DNA.

- Concordo. Mas se for minha, vou amar de todo coração – ele disse meio bobo. Percebi que ele meio que queria que fosse dele- ele ou ela vai ser meu filho ou filha, né? Apesar da mãe que eu dei pra criança, ela não tem culpa.

- Você quer ser pai, né?- perguntei- de certa maneira você está até feliz agora que o choque passou.

- Ai, Donovan, não faz assim- disse ele me abraçando- eu realmente sempre quis ser pai, mas com a pessoa certa. Queria que fosse com você, mas não dá. Podemos adotar no futuro!

- ... Mas eu nunca serei capaz de te dar um filho biológico – eu disse- eu disse- nunca seremos pais da mesma criança. Esse é um privilégio que Deus nos negará.

- Não fica triste, não. Eu já tenho de você tudo aquilo que poderia sonhar- ele falou- tenho você pra mim. Meu namorado lindo.

- Bobo. Você tem razão- achei melhor mudar de assunto- é melhor falar com meus pais antes que algo dê muito errado. Eu tenho medo, se ele me expulsar de casa, não terei pra onde ir. Ninguém na minha família vai me acolher.

- Sim, e eu, tô cagado? Vem pra cá, ué – ele falou. “Tô cagado” era uma expressão paraense que significava algo como “e eu, não sirvo pra nada?”- aliás, por mim, você vinha de qualquer jeito.

- Não exagera, vai- eu disse- mas eu vou falar com eles amanhã mesmo. Amanhã é um bom dia, se é que isso é possível. Você reze por mim, por favor.

- Vou rezar. E depois é minha vez- ele disse- vou conversar primeiro com meus pais e minha irmã, depois falo com tio Timóteo e com meus primos. O resto da família é parentalha distante, estou cagando e andando.

- Mas, hoje tu estás com um palavreado...- eu disse- mas, falamos logo sobre nós dois? Ou esperamos o ano terminar? Porque aí eu não serei mais aluno da escola!

- Não, esperar é bobagem. Quanto mais esperamos, mais chance de merda acontecer existe.

E assim ficou combinado que no dia seguinte, aproveitando que meu irmão sairia com a atual peguete dele, eu sentaria pra conversar com meus pais e contar tudo pra eles. De mim, de Otávio, do nosso namoro, da gravidez da Paula e inclusive da possibilidade de ela fazer escândalo. A única coisa que omitiríamos era o primeiro surto do Otávio. Do mesmo jeito Otávio faria, exceto que contaria pra família do problema, já que ele achava que isso era o justo a ser feito.

E no dia seguinte, pela manhã, sentei na mesa do almoço e falei pra eles que precisava conversar sobre um assunto sério. Então meu pai me olhou com uma cara fechada e disse que já sabia o que era. Caramba! Como assim, já sabia? A não ser que ele estivesse com outro assunto em mente, então eu só podia estar andando mesmo com uma faixa escrito “GAY” nas costas! Putz! Nem desmunhecar, nem falar molinho, nem me vestir como uma prima miserável da Barbie, nada desse bichisses... na época eu nem tirava sobrancelha, eram juntas as duas... (Otávio me ensinou a tirar sem ficar feminino, com uma profissional, no salão).

Então eu pedi que eles fossem conversar comigo na sala de estudo. Era um quarto da casa que adaptamos, tinha mesa e computador e todos os livros ficavam lá. Na época a maioria do meu pai, que é formado em direito, e da minha mãe, que é administradora, mas hoje que sou formado e sempre um ávido leitor, a maioria é meu. Meu irmão, acho que nem sabe ler :P.

Eles sentaram de frente pra mim nas duas poltronas que ficavam na sala, e eu na cadeira atrás da mesa, assim, se eles fossem me bater, eu poderia me proteger melhor. Assim que sentaram, ficaram me olhando sério com cara de quem estava ficando impacientes; eles não iriam falar nada, não até que eu falasse, conhecia essa estratégia deles. Eu fui ficando mais e mais nervoso, e não encontrava um jeito de falar. Então decidi não fazer rodeios e falar tudo de uma vez dane-se!

- Pai, mãe, eu quero que saibam que os amo muito- eu disse- e que se fosse por mim, eu jamais faria algo que os magoaria. Mas o que tenho pra falar é uma coisa que está além do meu controle. Eu... sou gay.

Um silêncio terrível tomou conta da sala. Minha mãe começou a chorar sem fazer barulho algum. As lágrimas apenas escorriam. Meu pai levantou e tirou do bolso de trás da bermuda dois papeis, que eu reconheci como as contas de telefone do meu celular. Na época, eu usava um celular pós-pago, já que sempre fui responsável e meus pais confiavam em mim. Mas parece que eu não correspondi a essa confiança.

- Meu filho, eu juro que pensei que você fosse dar uma boa notícia e negar o que seu tio me disse- falou meu pai- mas agora eu acho que entendo essa contas e o que ele me disse é verdade.

- Tio? Qual tio? – eu perguntei. Tenho quatro tios por parte de mãe e cinco por parte de pai, se contar os que não são tios biológicos, casados com minhas tias- do que o Sr está falando?

- Seu tio Márcio me contou que a Vilma, irmã da Vânia, ouviu uma discussão de vocês- ele disse- disse que nessa discussão você falou pra ela que estava apaixonado por outro homem.

Oh, merda! Então, ela tinha me olhado feio porque ouviu mesmo a nossa conversa! Então deve ter falado pro meu tio e ele pro meu pai... puxa, por isso ele comemorou quando achou que eu e Évora estávamos transando! Mas e as contas?

- Essas contas dos últimos dois meses, do seu celular, vieram altíssimas- ele disse- mais de 900 Reais cada. E a maioria das ligações são para um número. Eu olhei sua agenda com esperança que fosse o da Évora. Mas infelizmente é o do Brunno. E agora você me vem com essa!

- Não perde o controle, Marcos! Isso é só uma fase!- disse minha mãe- ele já teve namorada, ele é homem. Não é, meu filho? Como você pode afirmar que é gay, como pode ter certeza?

- Mãe, tendo! Como a senhora sabe que é hétero?- falei- eu sinto atração por homens desde moleque, mas eu reprimia! Não me aceitava! Eu sei que sou gay porque gosto de homens.

Meu pai levantou e me deu um tapa no rosto. Ele nunca tinha me batido no rosto, nem minha mãe.

- Respeite sua mãe! Se não me respeita, respeite pelo menos ela! – ele estava muito nervoso- foi esse Brunno que te virou a cabeça, não foi? Foi esse boiola que fez pensar que é viado? Ele te comeu, Donovan? Responde!

- Marcos! Não bate no rosto dele! Falou minha mãe – ele vai parar com isso, não vai?

- Mas eu nunca tive nada com o Brunno! Ele é só meu amigo!- eu tinha levantado e estava mais pra trás da cadeira- simplesmente eu me abri com ele, só isso. Ele é meu ouvinte, foi com ele que eu pude ser honesto quanto a minha sexualidade pela primeira vez em minha vida.

- Você quer que eu acredite nisso? – meu pai falou- eu vou te transferir de escola! Você nunca mais vai ver ele e vai para um psicólogo urgente, para se tratar e se curar disso!

- Isso não tem cura, eu não estou doente! – eu comecei a me exaltar- acha que eu não tentei? Acha que eu escolhi isso, que se eu tivesse escolha, eu estaria fazendo meus pais chorarem, magoando vocês assim? Eu me autoflagelei, me cortei, furei durante anos, rezei até meus joelhos doerem, fiz promessa, namorei garotas, tudo isso por vocês!

- Você está doente, só pode! Alguém te molestou quando era criança?-minha mãe falou- algum dos seus primos? Dos seus tios?

- Mãe! Claro que não! Eu me apaixonei perdidamente por um cara, e depois disso, de ver como meu sentimento por ele é maior do que o que sinto pela Vânia, de não conseguir mais lutar contra isso, eu vi que não tinha escolha!- eu falei chorando- e eu finalmente sei o que é ser feliz, agora, sem esse peso nas costas! Sou livre, sou eu mesmo agora, de verdade!

- E quem é esse cara por quem você se apaixonou?- meu pai perguntou- vocês estão juntos? Eu nem quero imaginar essa pouca vergonha!

- Pai, eu estou namorando sim. Mas não é a pessoa por quem me apaixonei no começo- falei- achei um homem confiável, responsável, que amo demais. É com ele que quero ficar a vida toda. Mas ele não é o garoto que me fez perceber que quem eu sou de verdade. E ele que inclusive conhecer vocês e pedir minha mão em namoro pro senhor.

- Era só o que me faltava! Eu criei um macho e agora vem um cara aqui pedir a mão dele em namoro!- ele debochou- vai se casar de vestido de noiva, também?

- Não, pai ele só quer ser respeitador!- eu percebi que não ira fazê-lo me ouvir naquele momento- mas isso pode ficar pra depois.

- E quem é que foi esse rapaz que te deixou assim?- minha mãe perguntou- ele te bolinou, te tocou nas partes íntimas?

- Claro que não! Pelo amor de Deus! Eu nasci assim, eu não me transformei, não me converteram- eu disse- vocês conhecem o garoto. Ele nem tem tamanho pra me forçar a nada. E só rolou uns beijos, mais nada, porque nós dois quisemos. É o Gehardt.

Nessa hora minha mãe desmaiou, dando um gritinho agudo.

- Yolanda- gritou meu pai, que a segurou na hora_ Olha o que você fez com sua mãe! Agora saia daqui, agora!

- Mas porque minha mãe desmaiou quando eu falei o nome do Gehardt? Ela ficou branca mais do que já é!

- Donovan, o Gehardt é seu primo de primeiro grau!

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Comentários

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Agora tu vai ter que conviver com esse primo enrustido, bom, pelo menos não pareceu tão mal para mim, já ouvi casos bem piores.

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nossa, parabéns cara. Foi corajoso e eu não sei se teria essa mesma coragem (por enquanto não rsrs).Vish primos?! Agora as coisas complicaram... Estou mega curioso pra saber o que teu pai fará contigo agora que você revelou sua sexualidade (é de se esperar que as coisas não sejam tão agradáveis, porque né)

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Namoro com primo é uma coisa tão comum. Pensei que teu pai ia te bater mais cara, mas gostei da tua fibra de assumir o que queres.

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