Cheguei na casa da Chris e já tinha alguns dos meus amigos do colégio lá, faltava apenas 4 pessoas, e entre elas estavam a Ana e o Fabio, os pais da Chris tinham saído, a casa era só nossa, tinha até bebidas, apesar de ninguém ainda ter idade, depois da noite na faculdade eu mais nunca tinha bebido, e não iria beber de novo, finalmente eles chagaram e eu corri pra abraçar meu irmão, nunca tinha passado tanto tempo sem vê-lo, desde os 5 anos.
-Cara que saudade, acho que em Atlanta não tem telefone.
-Mentira que eu te ligo sempre- disse.
-Mentira, liga de mês em mês.
-Mentira, mas eu ligo.
-Mentira, a Ana nem olha na minha cara, isso é falsidade.
-Mentira, agora me meteram no meio – disse a Ana se metendo.
-Mentira, tu está no meio de tudo – disse o Fabio.
-Mentira, para – eu disse.
Mentira era uma brincadeira que nós tínhamos, quando um começasse uma frase com MENTIRA, tínhamos que falar frases com mentira ater um dizer PARA.
A noite foi incrível, muito engraçada, apesar de ter dito que não iria beber nada, bebi whisky, dei pro Fabio uma coletânea dos Beatles, ele adorava e essa ele não tinha, quem me tirou foi o Gerry, ele me deu uma jaqueta vermelha, e um Livro que eu queria muito, acho que a Ana o ajudou.
No outro dia fomos enfeitar a arvore, ficou muito legal, lembro que desde criança. Eu era quem botava a estrela, nesse ano não foi diferente, colocamos luzes em todo o resto da casa , a noite foi incrível, tivemos um jantar farto e glorioso, na hora dos presentes entreguei o de todos, todos gostaram inclusive a líder de torcida, eu ganhei um jogo de vídeo game do meu irmão, um relógio do meu pai, um celular da minha mãe, e um par de sapatos da Michele, depois fomos todos pra fora, e brincamos de gera de bolinha de neve, estava começando a gostar da Michele depois de saber que ela gostava de Harry Potter, se ela gostava de Harry Potter eu gostava dela, foi muito divertido.
Os dias se passaram tão rápido que quando vi já era 2012, a festa de ano novo foi incrível, lembro de estar eu sentado, de manhã em um parque perto de casa, depois do fim da festa resolvi dar uma volta pela redondeza, estava frio, e eu estava sozinho, e fiquei pensando, o que eu queria pra mim nesse ano novo, e tudo o que eu tinha feito de bom ou de mal no ano anterior, lembrei logo do Matthew, acho que ele fazia parte das coisas ruins, ou não, não sei, mas eu iria tentar ficar amigo dele, não poderíamos viver em uma casa por anos sem nos aturar, voltei pra casa estava todo mundo dormindo, comi algo e depois subi pro meu quarto, dormi o dia todo, acordei já eram 4 da tarde.
Voltei pra universidade e estava tudo como era antes, e eu continuei com minha rotina, dias depois eu estava voltando mais cedo da radio e quando eu cheguei em casa tinha uma garota, só de calcinha em cima de um garoto só de cueca no sofá da sala, uma em cima do outro, assim que vi a cena me subiu uma raiva.
-Ricardo, o que você faz aqui?
-Acho que eu entrei na casa errada, desculpa, podem continuar- disse saindo por onde entrei, nossa que raiva daquele traste, como ele fazia aquilo no sofá da sala, ele não tinha quarto, naquele apartamento eu não dormia hoje, eu teria que arrumar um lugar pra ficar, ou então eu quebrava a cara dele, resolvi procurar a Ana, ela era a única pessoa que eu conhecia que eu tinha intimidade o suficiente pra pedir pra dormir com ela, bati na porta da Zeta.
-Olá, o que deseja?
-Queria falar com a Ana.
-Tudo bem, vou chama-la.
-Não posso esperar ai dentro?
-Claro que não- eu me sento na entrada e ela vai chamar a Ana.
-Oi Dinho.
-Eu não gosto que me chamem de Dinho- isso era como minha mãe me chamava, e só duas pessoas além da minha família que conhecia, e claro, era a Ana e o Fabio – Você tem que me ajudar, eu não tenho onde dormir.
-E a sua casa?
-Estar ocupada por dois animais se fundindo.
-Como?
-Isso mesmo- contei a história toda pra ela e ela só sorria.
-Não sei por que você estar com raiva, a menina não é sua namorada e a casa também é dele, ele tem o direito, espera ai, é a menina que você transou não é?
-Claro que não!
-Então volta pra lá e vai dormir.
-Pra lá eu não volto!
-Aqui você não pode ficar, menino não entra, jamais.
-Eu passo pela janela.
-Eu tenho companheira de quarto, não dar.
-E o que eu faço então.
-Eu já disse...
-Eu não volto lá hoje.
-De todo modo você tem que pegar seus livros e uma roupa pra assistir aula amanhã.
-Amanhã eu me viro
-Eu não posso fazer nada.
-Chata!
-Liga pra aquele garoto que quer ser seu amigo, como é o nome dele mesmo?
-George?
-Esse mesmo, ele mora só, claro ne, ninguém iria querer morar com ele, ele é uma mala.
-Nem tanto, vou ligar pra ele.
...
-Vou dormir lá.
-Boa noite e sorte.
-Má noite pra você, ingrata.
Fui em direção a casa do George, que era mais perto que a minha, realmente ele morava sozinho, o lance era que ele é muito rico, então tinha dinheiro suficiente pra viver muito bem.
