A História de Caio – Parte 6

Um conto erótico de Kahzim
Categoria: Homossexual
Contém 1915 palavras
Data: 10/07/2013 22:26:19
Última revisão: 07/09/2015 22:29:26
Assuntos: Gay, Homossexual, Romance

- O Diabos você está fazendo mexendo nas minhas coisas? Gritei a plenos pulmões fazendo Carlos dar um Salto da cadeira.

Ele voltou-se para mim surpreso:

- Deixa de escândalo porra, eu precisei imprimir um lance da faculdade e meu notebook deu problema, pode ir lá no meu quarto ver. Não ligo para a merda da tua vida não e acabei de terminar, falou enquanto desligava meu pc direto no estabilizador, me impedindo de verificar as coisas que ele tinha modificado.

Saiu me empurrando com o ombro e ainda gritei que da próxima vez que visse ele mexendo no meu quarto sem permissão eu iria tocar fogo na cama dele. Fiquei muito nervoso, será que ele havia adivinhado minha senha de login, será que eu deixei algum site, alguma rede social aberta, será que ele viu meu histórico de uol e coisas assim. Estava verificando isso febrilmente quando ouço uma batidinha na porta e é minha vez de tomar susto. Me viro e é o cara de pau do Carlos.

- Relaxa, man, eu usei a área de visitante. E saiu rindo debochado.

Verifiquei e ele realmente havia mexido na área de visitante, respirei aliviado. Eu aprendi com minha mãe a ser superticioso, apesar de naquela vez nada ter ocorrido, imaginei que podia muito bem ser um aviso para que eu tomasse providências para uma futura vez. Por exemplo, quando fui na casa do Flávio, havia deixado o pc ligado e inclusive logado no facebook, com a porta do quarto aberta e tudo. Me programei mentalmente para sempre deixar meu quarto fechado e deslogar de tudo antes de desligar o pc.

Creio que não seja o único que ache manhãs de domingos tediosas, na verdade, o dia inteiro de domingo costuma ser tedioso se você não arranja algo para se ocupar. Uma vez alguém me disse que domingo é o dia em que as pessoas mais cometem suicídio, apesar da pessoa não deixar claro se é por causa do tédio ou pelo fato de que no domingo as pessoas precisam aturar o Gugu e o Faustão ao mesmo tempo na TV. A parte de tais divagações alheias à nossa narrativa, aquela manhã de domingo ficou bem gravada na minha memória, porque quando desci para tomar café às 09:00 da manhã, meu pai estava sentado na mesa da cozinha, e, e se não bastasse isso, ainda me dirigiu a palavra. Eu evitava ao máximo falar com ele, porque nossas conversas não costumavam acabar bem, e vez por outra acabavam em algum tipo de agressão comigo, mas não podia ignorar meu próprio pai sentado à mesa da cozinha, então cumprimentei.

- Bom dia pai. Benção. Sim, eu sou do tempo que se pede a benção.

- Bom dia. Deus abençoe. Ele levantou a vista rapidamente para olhar para mim e baixou lentamente para dentro da xícara de café com leite que estava bebendo, voltando também a atenção para o jornal que estava estendido sobre a mesa.

Peguei um prato de louça grande e fui jogando algumas coisas dentro para voltar rapidamente para o meu quarto. Peguei um activia, um pedaço de mamãe, metade de um cacho de uva, dois kiwis e 1 tangerina e estava saindo quando ele fala.

- Caio César, espere um pouco. Gelei de ouvir ele falando meu nome e mais ainda de ele falar meus dois nomes, ele é a única pessoa que me chama assim.

- Sim pai?! Respondi apreensivo.

Ele me encarou sem mudar a expressão do rosto. Meu pai é um senhor de meia idade, tem 51 anos, o cabelo ainda totalmente negro e o rosto bonito. A idade não afetou muito ele, mas possuía uma expressão séria demais, praticamente carrancuda, que se misturou a tristeza desde que minha mãe faleceu, foi um processo muito doloroso para ele e para a família toda, porque foi um cãncer que apareceu de repente e dentro de três meses ela havia nos deixado. Ele me dá medo não só porque já me bateu algumas vezes, mas também porque nunca puniu meu irmão por me agredir e porque parece que reprova tudo em mim, até minha própria existência.

- Para o que você vai prestar vestibular? A pergunta me surpreendeu completamente.

- Acho que direito, pai. Pareceu se desenhar um sinal de aprovação no rosto dele, mas pode ter sido apenas impressão minha.

- Vestibular não é pra quem quer, é pra quem pode. E você tome cuidado com suas amizades, não tem uma só de futuro.

Aquilo me ofendeu.

- O Senhor não conhece meus amigos.

Tive o incrível azar do Carlos estar entrando na cozinha naquele momento e ouvir a conversa. Como ele não consegue deixar nada barato, fez questão de envenenar a situação.

- Não precisa conhecer não pai, ele tem uma amiga loira burra que não sabe desenhar um O com uma quenga e um uma bicha daquelas saltitantes que vive grudado com ele, são excelentes amigos mesmo.

Quem leu até aqui sabe que eu sou estourado, eu sou escorpiano, tenho um Q de vingativo, e tenho algo de áries em mim também, tenho rompantes de raiva fora do comum, esse foi o exato momento em que tive um deles, não me orgulho de ser tão raivoso mas peguei prato que estava na mão e joguei no Carlos com frutas e tudo enquanto gritava:

- Cala essa tua maldita boca seu desgraçado, não basta mexer nas minhas coisas sem permissão tem que ficar falando dos meus amigos agora? Cada um deles tem mais vergonha na cara na sola dos pés que tu nesse teu corpo podre todo.

Não sei se foi sorte minha ou dele, mas o prato pegou de raspão no braço do Carlos e se espatifou no chão. De repente aconteceu tudo muito rápido, meu pai levantou da mesa de uma vez só com um olhar furioso e o Carlos me deu um tapão tão forte que me jogou contra a parede e não tive outra reação que não fosse me encolher e chorar. Nesse dia eu escapei de apanhar mais por causa do meu pai, ele segurou o Carlos e pediu calma. Enquanto eu enxugava minhas lágrimas e sentia o local do tapa inchar.

- Basta Carlos. Bater não vai ensinar mais nada a ele, nada vai ensinar mais nada a ele. É um revoltado que não consegue nem levar uma conversa civilizada. Falando isso virou-se para mim e completou: - E vou repetir, cuidado com seus amigos e cuidado com o que anda fazendo por ai, eu já aturo seus destemperos e não vou aturar nada mais além disso. E limpe essa porcaria que você fez, senão quem vai bater agora sou eu.

Os dois saíram e fiquei chorando na cozinha. Por medo de acontecer mais alguma coisa, limpei a bagunça que fiz ao jogar o prato, meu brinde foi um corte no dedo indicador da mão esquerda em um dos pedaços de prato de louça. Eu sei que poderia ter evitado praticamente todas as vezes que meu pai me bateu apenas ficando calado. Mas esse episódio com o Carlos foi só um de muitos pelos quais passei, minha pré-adolescência foi um terror e passei a ter mais liberdade após me revoltar muito e apanhar outro tanto. Hoje dificilmente mexiam comigo e minha reação violenta nesse caso era só um aviso para que continuassem a não mexer.

Minha revolta maior acerca dele proteger o Caio é algo bem antigo, que pensei em não revelar, mas não vejo porque não fazer porque não é algo que me envergonho, porque eu fui uma vítima.

Dos meus 10 aos 12 anos o Carlos abusava de mim, nessa época ele tinha entre 16 e 18 e a Clara, nossa irmã, ainda morava com a gente. Tudo começou com alisadas, encoxadas. Uma vez ele me pressionou contra a parede, esfregando o corpo no meu e beijou minha boca. Eu fiquei muito assustado porque nem troca troca eu já tinha feito. Ele perguntou se eu já tinha feito algo eu disse que não e ele disse que ia me ensinar. Eu me recusei e ele me bateu, eu chorei e ele ameaçou dizer pro papai que eu era viado. Fiquei aterrorizado e ele usou isso contra mim, disse que não diria nada se eu brincasse com ele. A brincadeira era masturba-lo, fazer oral nele e coisas assim. No início ele passava margarina entre minhas coxas e gozava, depois passou a tentar me penetrar até que conseguiu. Doia muito e eu sempre chorava e sangrava, porque além de tudo ele não tinha jeito nenhum, sem falar que eu tive educação religiosa e não fui educado pra ter preconceito por causa da minha mãe, mas eu sabia que incesto era um pecado terrível e tinha medo do que aconteceria comigo pelo fato de meu corpo estar sendo usado pelo meu próprio irmão.

Esse jogo acabou num dia que meu pai viu meu irmão me comendo, eu já tinha 12 e ele 18, foi um escândalo, meu pai ficou branco, meu irmão chorava e tremia de medo, porque era maior de idade e se ferraria caso fosse tudo revelado. Eu contei tudo ao meu pai, chorando dizendo que nunca quis aquilo, mas meu irmão dizia que eu gostava e que eu era viado, que eu que chamava ele. Meu pai não acreditou em mim, deu o benefício da dúvida para o meu irmão. Disse que jamais tocássemos no assunto com ninguém e que aquele assunto morreria ali. Até aquela época vivi com aquele segredo, e quando acontecia qualquer coisa que meu pai encobria meu irmão vinha aquela fúria violenta e a vontade de descontar minha raiva por ele não ter acredita em mim quando eu era uma criança abusada sexualmente por um adulto.

Talvez por causa desse trauma eu levei um bom tempo para entender que eu gostava mesmo era de homem e que isso não tinha nada a ver com nenhum condicionamento pelo fato de ter sido passivo nos abusos sexuais. Minha maior revolta era que, mesmo sendo vítima, até hoje meu irmão continuava sondando querendo achar indícios de homossexualidade da minha parte e meu pai nunca mais me olhou da mesma forma, talvez ele achasse desonroso ter um filho que foi currado por outro homem, mas não achasse o mesmo de um filho estuprador.

O Domingo passou até rápido e fui para a escola na segunda com uma ressaca moral pela merda que aconteceu no dia anterior. Fiquei sem saco e passei o primeiro tempo de aula na biblioteca, no intervalo a Samia e o Roney me acharam após me ligarem e ficaram curioso do porque do meu sumiço, eu disse que tava chateado e contei o que houve em casa, eles ficaram putos também mais ambos me disseram que eu tinha que esfriar mais a cabeça. Decidi matar a aula de educação física também e disse para falarem ao professor que eu faltei, que ninguém tinha me visto. Continuei escondido na biblioteca. Na hora de ir, saio apressado porque o Marcos me liga e diz que está a 15 minutos na frente do colégio.

Mal saio no corredor e quase me esbarro no Professor Pedro Jorge. Fico branco de surpresa porque não pega bem como capitão do basquete matar aula de educação física. Ele me olha surpresa e interrogador e pergunta em com de poucos amigos:

- Caio, que é isso rapaz? Que exemplo você quer dar como capitão faltando minha aula?

Senti um nó formando na garganta e para piorar o Daniel está do lado do professor com aquele sorriso irritante que só ele possui.

Continua …

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Comentários

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Ah maninha...se meu irmao fizesse isso ele comigo ele tava lascado..ate meu pai tbm.pq eu iria me vingar e era certo deles 2.

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