Àgape 5

Um conto erótico de Caique Hurst
Categoria: Homossexual
Contém 4182 palavras
Data: 18/07/2013 17:24:58
Última revisão: 18/07/2013 17:34:47

Ele ainda estava dormindo quando o avião pousara, seu rosto ainda descansava em meu peito, seus braços ainda envolviam meu corpo me abraçando de um modo que só ele podia abraçar. Os olhos fechados escondiam um sonho no qual fazia ele sorrir a tê-lo. Contraia seu corpo enquanto sussurrava coisas que o infinito de sua memoria o mostrava. "Eu quero você!" ele sussurrava, "eu preciso de você, Ca". Senti suas lagrimas quentes marcarem minha camiseta. Ele estava sonhando comigo, disse meu nome até! "Eu sinto o seu cheiro!" falou baixinho como se não quisesse acordar ninguém, "eu posso sentir sua pele, Ca" ele me apertou mais e choramingou "Eu não quero ficar longe de você". A campainha do avião tocou, indicando que já podíamos desembarcar.

-Lucca, chegamos- disse quando ele levou um pulo do meu colo e se pôs de pé.

-Nossa, eu estava tendo um sonho maravilhoso.- disse coçando as pálpebras cansadas.

-Que sonho?

-Você não quer saber, acredite!

-E se eu quisesse?

-Não... não quer!

Ele sorriu enquanto levantava os braços para pegar as malas guardadas no compartimento a cima das poltronas.

-Eu ajudo!- disse pegando uma mala que quase caiu sobre meu cranio.

-Obrigado- ele sorriu e as colou no chão.

O aeroporto tinha largos corredores, no qual muitas pessoas passavam arrastando as rodinhas de malas no chão. Era incrível como as pessoas parecem todas feias, sem talento e sem brilho quando Lucca estava em cena, ele parecia roubar toda a beleza dos outros e colocá-las dentro de si.

-TAAXII!- ele gritou levando as mãos à frente de seu corpo, na altura da cabeça.

Nessa cidade os táxis eram amarelos, o que facilitava a localização deles. O motorista ajudou Lucca a colocar as malas no bagageiro e abriu a porta para nós. Assim que o táxi deu partida ele começou a falar conosco.

-Onde vão ficar?- disse virando-se para olhar em nossos rostos.

-Rua Alvoreada numero 39- disse- Sabe onde é?

-Claro que sim, vamos indo!

As luzes de natal do aeroporto se distanciavam no vidro dianteiro, brilhando como estrelas coloridas. O motorista pegou um chiclete e o depositou em meio da abertura de sua boca. Lucca observava os grandes arranha céus abaixando a cabeça para enxergar o seu topo. Os carros buzinavam no sentido contrario, o transito sugava a alma daqueles pobres corpos estocadas em carros.

-Ainda bem que não estamos voltando- o idoso de óculos que dirigia falou, dando uma risada irônica - é sempre um inferno nessa avenida.

-Vamos ter que pega-la para ir para faculdade- falei, abrindo a mochila e apertando em um botão aleatório que iluminou a tela, não havia nenhuma ligação nem mensagem da minha mãe.

Lucca não falava nada, parecia uma criança observando o trajeto, calado e tão maravilhado com a cidade que colava o rosto contra a janela, pressionando cada vez mais, até abaixar o vidro e sentir o vento forte bater em seus fios de cabelo loiros que iam para trás com a velocidade que o carro se locomovia. A escuridão da noite beijava sua face branca gelo.

-Quanto ficou, amigo? - disse abrindo a porta e olhando para o rosto do idoso que se escondia por trás da poltrona.

-Ficou 120 reais.

Peguei a carteira tirando duas notas de 50 e uma de 20.

-Aqui esta!- dei o dinheiro em suas mãos inchadas.

-Quer ajuda para pegar as malas?

-Não, o Lucca já pegou todas. Obrigado.

Peguei uma das malas que pareciam pesar nos dedos brancos de Lucca. Ele sorriu enquanto beijava minha bochecha como agradecimento. Me puxou com a mão vazia por entre os corredores que se dividiam em várias bifurcações, chegando na porta branca com o numero "99" dourada pressa em cima do buraco do olho magico.

-Quer fazer as honras? - disse o loiro sacudindo as chaves pressa em seus dedos.

-Não, você tem que abrir, Luc.

Ele introduziu a chave dourada no vazio da fechadura, girando duas vezes e abaixando a maçaneta de ferro. Assim que a porta se abriu vimos um corredor, acendemos a luz e pudemos ver que aquele corredor tinha uma porta que levava para a cozinha e lavanderia, no final do corredor havia um grande comodo onde uma das paredes era totalmente preenchida por uma janela, havia uma mesa onde faríamos as nossa refeições, um sofá de couro negro e uma televisão de plasma de 42 polegadas.

Por instantes Lucca ficou paralisado ao ver aquela paisagem se pintar em sua frente. Daqui podíamos ver uma grande parte da cidade, desde os grandes arranha-céus até pequenas luzes que brilhavam como estrelas no chão. O sol estava nascendo, Lucca virou para mim enquanto falava:

-OLHA, OLHA QUE LINDO!

O céu se pintou de azul escuro, revelando as faces cinzas dos prédios que antes não passavam de brilhantes pontinhos das janelas. Lucca encostou a mão no vidro sentindo que poderia tocar aquele céu belo. Os olhos azuis pareciam as portas do paraíso, fechou-os e ouviu o som da cidade acordando, o som das buzinas e risadas.

-É lindo...- sussurrei o abraçando por trás.

Os belos prédios se estendiam até onde o sol havia aparecido. Meu deus, que bela paisagem.

-Só não mais belo que você- Ele disse se virando para mim e encostando a nuca no vidro- eu sei que você me quer, Ca- colocou suas mãos em minhas nádegas e as aproximou de seu corpo, fazendo com que nossos membros se encontrassem por debaixo das calças jeans. Levantou as pernas e as envolveu em meu quadril, fazendo meu membro se amassar contra suas nádegas. Ele sabia como excitar cada parte do meu corpo.

-Não, Luc.- o empurrei fazendo-o cair de costas no chão- eu já te falei... me respeita!

Ele se levantou rapidamente e chorando correu para o quarto. Onde se prendeu e gritou. Gritou como louco. Gritou até sua garganta secar. Fui para o meu quarto, me deitei na cama e dormi ignorando-o.

No dia seguinte a luz do sol entrava por entre as cortinas brancas, acertando meus olhos fechados. Ouvi o barulho de alguém arrastando algo solido e maciço na sala de estar.

-Caiqueeee- ouvi os gritos de Lucca ressoando por entre as paredes de geso - acorda e vem me ajudar.

Me levantei com os olhos ainda pesados e querendo fechar. Calcei minhas pantufas novas e me despreguicei, levando a mão ao alto e estralando alguns ossos do meu corpo. Meu cabelo estava todo bagunçado e minha boca com gosto de azedo. Destranquei e abri a porta que me levou para o corredor da casa, segui e apareci na sala.

Lucca estava usando uma samba-canção escondida por baixo do moletom do Batman que era demasiado grande demais para sua pequena estatura. As mangas da blusa cobriam suas mãos que se fechavam agarrando o algodão.

-Eu já tentei, mas não consigo levar esse armário para a outra parede.

O armário permanecia no mesmo lugar, intacto, ele deve ter ficado uns 30 minutos fazendo a maior força que conseguia para mover a peça.

-Nem vai conseguir. Por três motivos, primeiro; se você puxar o armário a afiação da televisão vai puxa-la para baixo. Segundo; esse móvel é de madeira, e muito grosso, você nunca conseguiria move-lo daí. Terceiro; ele provavelmente deve esta pregado ao chão.

-Sim, mas eu falei com o sindico e ele disse que se fizesse muita força a gente conseguia.

Ele limpou as mãos sujas com um pano de cozinha.

-Eu fiz o café- disse mudando de assunto-, mas já esfriou você dorme muito, Caique.

Suas pernas nuas andaram até a mesa, onde estavam posicionado o suco de laranja, as baguetes, o pão na chapa, café e leite.

-Você fez isso?

-Não, só fiz o café. O resto eu comprei.

Haviam varias fotos emolduradas de Lucca e sua família pela sala. Ele deve ter arrumado enquanto dormia. Tinha um belo quadro de um navio no qual pareciam ser real. As ondas batendo na polpa do grande casco de madeira e um jovem à jogar a ancora no mar.

-Esse quadro já estava aqui?- perguntei servindo o café que liberava um vapor que queimava meus dedos.

-Não, eu trouxe da Inglaterra. Ficou esse tempo inteiro no meu quarto em Monte Reis, não se lembra?

-Não, deveria?- franzi o rosto olhando para ele.

-Sim, ficava em cima da minha cama, como você não viu?

-Não presto atenção nesses detalhes- levei o pão a boca, o ovo que Lucca fritou estava maravilhoso.

-Eu fiz gema mole, do jeitinho que você gosta- disse se inclinando para beijar minha testa - e vamos ter que procurar uma loja que venda coisas de Natal.

-No centro. Tem de monte.- disse dando outra abocanhada no pão.

-Você sabe andar por essa cidade?- disse ele, se posicionando atrás da minha cadeira e penteando meus cachos com a mão.

-Não, mas temos GPS.- dei a ultima mordida, já estava saciado.

Me levantei e limpei as mãos na toalha de mesa, peguei o café e fui andando até o quarto. Lucca me segui.

-Não sei não, viu, Ca.- ele andava bem atrás de mim, me seguindo- Eu não confio muito em GPS.

-Então vai a pé.- Disse me virando e fechando a porta do quarto em sua, que ficou do lado de fora batendo nela.

-Aqui dentro dessa casa não serão permitidas portas trancadas!- gritou.

-Mas eu vou me trocar, quando acabar quero lhe ver trocado também, você não quer ir na loja?

Peguei uma roupa na mala, não a arrumei na gaveta ainda... estava morrendo de vontade de cair naquela cama e só acordar amanhã de tarde. Tirei a roupa e vesti a outra, um jeans azul e uma camiseta branca com o simbolo do Hard Rock Café. Abri a porta e vi Lucca já arrumado, na verdade ele só colocou um calção e tirou o moletom do Batman, exibindo a camiseta preta sem detalhes.

-Vamos comprar de tudo hoje!- Lucca disse abrindo a porta do elevador - desde luzinhas de natal até a arvore, e tem que ser uma puta arvore, Caique, grande e bonita, como você.

-Lucca, temos que economizar, se gastar muito o que será da nossa comida durante o mês? - falei abrindo a porta do carro.

-Caique, - Lucca já estava no banco dianteiro, abrindo as janelas. - meu pai vai nos sustentar, ele manda 4 mil todos os meses para gastarmos aqui.

-Mas 4 mil não dão para nada... alias, dão só para comprar suas roupas.

Lucca revirou os olhos apoiando a cabeça no banco e sentindo o vento que agora começara a bater em sua pele de porcelana. Ele pediu para eu correr menos, estava tremendo diante da ideia de que eu poderia desmaiar e o carro bater em uma árvore o arremessando pelo vidro do para-brisa. No primeiro sinal vermelho colocou a mão esquerda sobre a minha que estavam apoiadas na marcha, sentindo minha pele que naquela região era gelada.

-Vai devagar.- sussurrou.

Passei o resto do caminho pensando naquelas palavras "Vai devagar", essas mesmas palavras que ele usou a anos atrás naquela noite em sua antiga casa, em que ele cravou as unhas nas minha nádegas para me fazer parar de meter tão fundo em sua entrada.

Deixamos o carro em um estacionamento ao lado da loja. O estabelecimento estava lotada, cheio de corpos se imprensando para passar no corredor, loucos para enfeitar suas casas com os mais bonitos objetos. Passamos nos apertando e sentindo os tamancos e tênis das pessoas pisando em nossos dedos. O cheiro de gente suada e fedida nos fez tampar a respiração por vários momentos.

-Essa arvore é 800 reais, senhor.- disse a atendente que estava usando um boné que desvalorizava seu rosto.

-Será essa mesmo, então! - Lucca abriu um sorriso gigantesco, pegando o cartão de credito em sua carteira e quase esticando o braço para entregar para moça, se eu não tivesse o parado no mesmo instante. Pegando o cartão e o introduzindo novamente na abertura da carteira.

-Você tá louco?- perguntei- essa arvore é muito cara!

-Mas é bonita!- disse tirando o cartão novamente e entregando para a mulher. Lucca provavelmente nunca precisou comprar nada, também nem se preocupava com isso.

Voltei para o carro levando uma arvore de 2 metros por debaixo do braço, coloquei-a no porta-mala gigantesco que o Zafira tinha. Ela atrapalhava a visão dianteira mas quis deixar daquele jeito mesmo.

-Agora vamos almoçar- Lucca sorriu- eu quero comer comida tailandesa.- disse pegando o GPS e jogando os tênis descalços no tapete de borracha do carro. Teclou "comida tailandesa no centro" e pôs para pesquisar. Na tela apareceram 3 colunas, a primeira com o nome do restaurante, a segunda continha o preço e a terceira a avaliação, ele insistiu em comer no mais caro. Lucca era muito mimado e aquilo me dava nos nervos.

-Pronto, agora é só prestar atenção no que ele vai falar.- encaixou o GPS no seu compartimento e cruzou as pernas sobre o painel, mexendo em suas mechas de fio dourado.

-Você esta pensando que eu sou seu empregado?- disse o empurrando contra a porta- vai se foder, Lucca, não sou obrigado a isso!

-Desculpa- ele disse se locomovendo até minhas orelhas e sussurrando- vamos comer na tailandesa?- mordeu meu lóbulo e beijou minha bochecha, se lembrando que tinha que me respeitar e sentando no banco novamente.

-Se você vier me morder de novo, ai que eu não vou mesmo!

-Desculpa, eu tinha esquecido que você não gosta de afeto- levou o queixo as duas mãos juntas no painel do carro.- esqueci completamente.

A tailandesa tinha uma garagem no próprio recinto, onde a comida era preparada por trás de vidros que separavam as mesas, onde comíamos, dos cozinheiros e do cheiro insuportável de namplá.

-Eu vou querer um Chu Chee Pla, e um suco de laranja.- o loiro disse para o garçom que anotava o pedido com um lápis e um bloco de notas barato.

-E eu vou querer um Pad Thai, e coca-cola.

-Coca-cola não é saudável, Ca.- disse Lucca olhando para mim- Por favor, troca a coca-cola que ele pediu por outro suco de laranja...- deu uma pausa e se lembrou de outra coisa- Ah, e o Pad Thai dele tem que ser sem camarão, ele é alérgico a camarão!- e dispensou o garçom com um sorriso.

Os pratos vieram coloridos, o de Lucca era curry vermelho, leite de coco e relish de pepino, tudo bem enfeitado no prato branco e triangular que a casa adotava. O meu veio talharim de arroz frito, amendoim, tamarindo, omelete, molho de peixe, talo de coentro, cebolinha, açúcar e vegetais, tudo igualmente misturado ao arroz, sem camarão nenhum.

Lucca comia com a graciosidade de um deus, sorrindo enquanto levava o garfo a boca.

-Por que você mandou o garçom mudar o meu refrigerante?- perguntei levando o garfo cheio de arroz frito a boca fazendo-o descer pela minha garganta - E como sabia que eu sou alérgico a camarão?

-Pedi para sua mãe me contar tudo sobre você, ela falou das comidas que tinha alergia e dos remédios que não podia deixar de tomar.

-Mas eu posso tomar coca-cola.- disse raspando o prato que não sobra-rá nem uma migalha de arroz- não sou alérgico a cola, Luc!

-Eu sei, mas eu não gosto de coca-cola, ela só trás espinhas. Deve ser por isso que seu rosto esta cheio delas- ele havia comido metade da comida, empurrou o prato o deslizando pela mesa de madeira bege.

-Estou satisfeito.

-Vamos embora, esse nosso almoço tá parecendo mais uma janta.

-Para casa? Agora que estamos na rua podemos aproveitar para assistir um filme? Que tal o novo do Brad Pitt?

-Não exagera, Luc.

-Exagerar? É serio AMOR...- ele pausou a fala enquanto abria a porta do carro, falando a próxima frase em uma entonação mais grossa, tentando imitar a minha- quer dizer "é serio Caique, rapaz que eu não amo!".

-Lucca, o que vamos fazer agora é ir para casa!- falei dando partida no carro e cantando pneu.

-Vai devagar, Ca.

Ele havia me lembrado novamente daquela primeira noite de sexo.

-Vou ir bem devagarzinho- eu havia mentido, assim como menti que não meteria meu membro até o fundo da sua bunda, na velocidade que estávamos, chegamos em casa em 20 minutos.

Coloquei as chaves em cima da mesinha de centro, tirei meu tênis e o fui até o quarto, onde eu dormi até o dia seguinte. Fui acordado por Lucca pulando em minha cama.

-ADIVINHA QUE DIA É HOJE?- ele perguntou se sentando ao meu lado, hoje ele estava usando só uma cueca boxe por debaixo do mesmo moletom do Batman.

-Não sei... Natal?

-SIIIIIIM,- ele pulou até a quina da cama, pegando algo no chão. Era um pacote retangular, onde se encaixaria perfeitamente uma barra de chocolate.- e eu comprei isso para você- disse levando o pacote até meu peito nu.

Rasguei o pacote verde com listras azuis e um grande laço no meio, aquilo era bem gay para um rapaz como Lucca, que fazia qualquer um jurar que é hétero.

-Olha só, uma barra de chocolate...- debochei enquanto ainda tirava o plastico envolto- Muito obrigado Lucca isso aqui é uma valiosida...- parei a frase no mesmo momento em que vi o que o presente era de verdade. Fiquei sem palavras e sem folego ao ver aquela imagem perfeitamente posicionada na moldura. Era uma foto antiga minha e de Lucca na época que eramos adolescentes, eu deitado na maca do hospital usando aquelas roupas descartáveis azul. Na foto Lucca estava ao meu lado, com o braço envolta em meu ombro, onde sua mão estava fechada com o polegar levantado, fazendo o simbolo da "joinha" enquanto dava um grande sorriso.

-Gostou?- ele perguntou deitando seu rosto sobre meu peito nu.

Meu corpo ficou sedento. Sedento de desejo por aquela pele de pêssego, aquele sorriso branco e aqueles lábios que sopravam seu hálito quente contra a pele do meu peito. Estava insaciado de fome pela sua pele. Levantei minhas mãos ocultas pelo campo de visão de Lucca e toquei em uma de suas mechas loiras, sentindo aquele monte se despedaçar por meus dedos e se dividir até se tornar apenas um. Lucca era o buraco negro no qual meu auto-controle estava sendo sugado. Lutei tirando a mão de seu cabelo pedindo ainda sem forças:

-Sai do meu quarto

-Você não gostou? De qualquer forma pode tirar essa foto e colocar outra se quise- antes que ele acabasse a frase totalmente foi surpreendido por minha mão empurrando-o de cima de mim.

-SAI DA PORRA DO MEU QUARTO!- gritei o puxando da cama pelos pés, fazendo-o cair pelo chão- SAI DAQUI!- Meus olhos estavam vermelhos e as veias saltavam por todo o meu pescoço- SAÍ DESSA PORRA!- o arrastei pelo carpete, o joguei de joelhos no chão do corredor- ENFIA ESSA SUA REGRA DE "NÃO FECHAR AS PORTAS NESTA CASA" NA SUA BUNDA!- bati a porta com a máxima força que consegui, formando um estrondo que percorreu o apartamento inteiro.

Peguei a foto e a apertei no meu peito. Aquele foi o presente mais belo que alguém já deu para mim. Chorei a tarde inteira imaginando o rosto de Lucca, seus olhos lacrimejando no momento em que gritei com ele, pareciam dois rios azuis no meio do deserto que eram suas escleróticas. Abracei o quadro, me deitei na cama e dormi.

Fui acordado por varias batidas na porta. A sol já havia ido embora, dando espaço para a lua brilhante na janela, que pintava o quarto de branco, e chamava-nos para uma noite de amor.

-Vem Ca, rápido- a voz de Lucca me chamava no corredor. Suas batidas cessaram assim que coloquei o pé no carpete.

Abri a porta, ainda com o retrato na mão. Percebi uma unica luz alaranjada e tremula vinda da sala de jantar e a segui, tropeçando por entre as roupas que Lucca deixara no caminho.

-Olha o que eu fiz para a gente...- ele estava na frente da mesa que estava repleta e cheia de comida à luz de velas, desde peru à farofa -... fiz para você, na verdade.- disse deslizando a mão na mesa de madeira e sentando, servindo o dois pratos com pedaços do peito do peru.

Andei até a mesa, colocando a fotografia para descansar na comoda.

-Andou chorando, Ca?- ele se levantou correndo até mim e limpando minhas pálpebras que mais pareciam uma bolsa gigantesca d'agua.

-Não...

-Eu já te disse que você não sabe mentir, Ca. Não precisa chorar por mim, eu te perdoou de tudo que você fez comigo, Ca, por que eu te amo.

Me sentei a mesa ignorando-o, levei o garfo lotado de comida à boca enquanto dava leves tossidas que amenizavam a dor na minha garganta, que mais pareciam espinhos furando minha epiglote.

Me deliciava com aquele peru. O loiro poderia ser um ótimo chefe de cozinha. Mas onde ele estava agora? Bom, ignorei-o. Talvez tenha captado que eu comecei a odia-lo e tentou se isolar.

-Gostou, Ca?

Ouvi sua doce voz e seus dedos de mel oscilando meus cabelos. Me virei fulo, ele ainda não havia sacado que o odiava!

Empurrei a cadeira para trás e segurei o braço de Lucca, me virando e vendo o estado em que ele estava.

Usava a minha camisa social na qual ia até seus joelhos, transformando aquilo em uma "camisola". Veio descalço e de ponta de pé tomando cuidado para sua pele quente não esfrie com o chão gelado, colocou a boca em meu ouvido e a mão em meu peito, mordendo meu lóbulo e empurrando-me para sentar na cadeira. Me levantei e o empurrei direto no chão, ele caiu e pude ver por entre suas pernas cruzadas que ele estava pelado, sem nada por debaixo da camiseta. Tudo perdeu o movimento, o vacou nasceu por debaixo dos meus pés, me pedindo para esmurra-lo e rasga-lo com meu membro que apertava minhas calças de tão duro.

Eu só vi uma saída para aquela situação. Andei até a cômoda no qual eu havia depositado o retrato que ganhei dele a algumas horas atrás, levantei-o por trás da cabeça e o arremessei na parede branca, fazendo aquele vidro protetor se quebrar em varias fagulhas e pedaços, banhando de resto de vidro todo aquele local da parede e chão.

-Agora entendeu?- Me virei para ele tentando expressar minha fúria.

Ele estava perplexo, caído ao chão usando minha camisa social e mais nada, suas pernas nuas uma sobre a outra. Me olhou com lagrimas nos olhos, apoiou as duas palmas da mão no chão e se levantou, me fitou cerrando os dois olhos.

-O que foi, ein?- disse se aproximando de mim- Foi minha mãe não foi? Ela esta te usando de novo?- sobrepôs as mãos em meus cacho- Ela quer que você deixe de me amar certo?

-Não.

-CALA BOCA, CAIQUE, EU JÁ DISSE QUE VOCÊ NÃO SABE MENTIR- ele se aproximou dos cacos transparentes no chão se curvou -deu para ver suas nádegas surgirem por baixo da camiseta- e pegou um afiado pedaço de vidro, que mais parecia uma faca, cabia na palma de suas mãos, se levantou de novo e virou para mim.

-Oque você vai fazer?- perguntei dando um passo para frente, devagar.

-Caique, seja lá o que a minha mãe tenha falado, quero que saiba que eu te amo- ele apertou o caco entre os dedos fazendo-os sangrar -EU TE AMO, EU NÃO TENHO CONDIÇÕES DE VIVER LONGE DE VOCÊ, CA!- pegou o vidro e a encostou no pulso, deslizou com ele pela pele branca, transformando sua derme em uma linha vermelha que acabava no cotovelo -EU FAÇO DE TUDO PARA TE TER COMIGO, CA!- o sangue descia em forma de raiz, escorrendo pelo antebraço e caindo no carpete como gotas de suco de morango.

Notas:

Oi, pessoal... Então, não se espantem com essa atitude de Lucca, ele é bem tormentado, doente e preso ao Caique, como podem ver... Obrigado a quem ainda acompanha o conto (poucos).

Não respondi os comentários do ultimo capitulo por falta de atenção e muito sono, pois crio de madrugada, então responderei nesse novo post.

chicao02: Serio? Eu também. Quem sabe eles não ficam juntos no final?

Otilia Sabrina: Obrigado, linda. Fico feliz por estar gostando.

laynew: Ok, já postei a continuação mas acho que você não leu ainda...

Lucas M.: ok.

Lipe*-*: Aaah amigo. No intercambio não, mas talvez na faculdade encontre um carinha para trazer um pouco de ciumes para a vida do Caique, certo?

Acho que vou começar a ter uma "programação", digamos assim, para postar os capítulos. Saíram um dia sim e um dia não -tipo, se hoje eu postei, só depois de amanha eu postarei novamente, e se eu não postei hoje amanha eu postarei-, vou postar todos às 00:30, ok? Um pouco mais cedo do que normalmente posto.

PS: O Lucca não morre.

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Comentários

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Pqp, o Caique ta sem saída ! Acompanhando o conto e quando ;3

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gente o lucas é pertubado,e ca para de tratar o luc assim,

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Medoo do lucca, ... Uma hora nos candamos cuidado! O lucca pode se cansar de se cortar pelo caique e ir atras de se cortar por outro.. Rsrs

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Ainda bem que o Lucca não morre, é muito ruim quando um personagem bom morre :/ ... Apesar do Lucca ser meio pertubado, eu gosto dele assim... O Ca não ver que só está fazendo mal ao Lucca o tratando deste modo? E fora que com isso ele fica menos tempo com o Lucca, pois não sabe quando poderá.partir... E crie mesmo uma programação, pois fica melhor para você e para nós mesmo.

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