A História de Caio – Parte 29

Um conto erótico de Kahzim
Categoria: Homossexual
Contém 1784 palavras
Data: 16/07/2013 20:15:01
Última revisão: 14/08/2013 00:49:55
Assuntos: Gay, Homossexual, Romance

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A História de Caio, completa e revisada para leitura on line e download e contos inéditos no meu blog:

http://romancesecontosgays.blogspot.com.br/a-historia-de-caio-leitura-on-line-e.html

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Aquela viagem durou milésimos de segundos. Mal pisquei o olho e ele encostou no estacionamento próximo ao colégio onde deixava o seu carro.

- E então? - Falou se virando para mim.

- Dan, você não devia me pressionar assim. Olha o que acabei de passar.

- Eu quase morri quando soube que sua vida corria perigo.

- E afinal como o Yoh ficou sabendo?

- Não sei, ele tem os meios dele. - Você agradecer ao invés de reclamar assim.

- Eu já agradeci e nunca vou deixar de agradecer.

- Ótimo. Eu preciso te contar tudo de novo? Estou louco por você. Louco total. Apaixonado. Te amando. Arreado os quatro pneus. Enfim, tudo isso e mais um pouco. Estou brincando de nervosismo. Porque estou morrendo de medo da resposta que você vai me dar.

- Dan, não vou atender a pressão dessa forma. Eu vou te dar um não. Eu não te amo.

- E você ama o Yoh?

- Não sei, eu gosto dele, mas ele é tão frio. Eu não me sinto protegido ao lado dele. Notei isso quando você cuidou de mim ontem. Eu me senti tão protegido, você estava tão preocupado comigo.

- Entre não me amar e não saber se ama o Yoh. Acho que ele sai ganhando. - Falou ele triste.

- Poxa, não é bem assim. Você parece que tem três anos, não tem paciência para nada. Eu não dei uma resposta …. - Minhas palavras foram interrompidas por um barulho de batida na janela do carro. Era o Matheus, um outro gay assumido ao estilo Roney, eu não tinha nenhuma familiaridade com ele, com exceção de um ou outro aceno pelos corredores. - Sinalizei com o Dan que depois continuaríamos a conversa e abri a porta.

- E aí, Matheus? Algum problema? Quer falar comigo mesmo ou com o Dan? - Perguntei.

- É contigo mesmo, Caio. Eu te vi no carro com o Daniel e resolvi vir te avisar uma coisa. Mas acho que você já sabe.

- O que? - Eu não fazia ideia do que poderia ser.

- Conhece a comunidade do colégio ?

- Faço parte. Porque ?

- É porque. Não sabe mesmo não né?

- Claro que não, cara. Fala logo, tá me deixando nervoso.

- O Roney, vocês brigaram?

- Foi, porque?

- Ele colocou um monte de prints de conversas de vocês no msn. Tipo, falando de homem. Não é da minha conta e não me meta nisso. Mas a escola toda está sabendo que tu é gay. Eu achei covardia e vim avisar.

Fiquei muito surpreso, nunca acharia que o Roney desceria tão baixo. A gente conversou muito sobre homem. Contei a ele das ficadas com o Flávio, com o Mário, cheguei a falar de achar o Daniel bonito, entre tantas coisas que evidenciavam que eu era homossexual.

- Você prefere voltar lá pro Yoh? - Perguntou Daniel enquanto o Matheus se afastava.

- Não. Eu vou assistir aula.

- Caio, eu to preocupado contigo. Você passou por uma violência, agora passar por isso.

- Isso não vai ser nada.

Coloquei a mochila nas costas e me encaminhei para a entrada do colégio. Percebi todos os olhos que me conheciam me olharem e os alunos que não sabiam quem eu era, recebiam confirmação dos que sabiam. Alguns riam, outros faziam cara de surpresa. Eu vi a Samia correr de dentro do colégio na minha direção. Ela se jogou em mim me abraçando bem forte.

- Ca, eu não tive participação nisso. Foi horrível o que ele fez. Foi um impulso, ele está tão arrependido.

A afastei com a mão. Ela não era culpada mas eu não estava com saco de ninguém sentindo pena de mim.

- Não precisa ter pena Samia. As pessoas apenas estão sabendo quem eu sou de verdade. E agora você é livre. Não precisa mais camuflar viado.

Ela se afastou ainda em lágrimas e caminhei até a sala, o Daniel sempre ao meu lado, mas em silêncio. Entrei na sala e o professor estava já organizando tudo para começar. A Samia estava sentada onde de costume, mas o Roney estava bem mais atrás. Me olhou com uma expressão assustada. Provavelmente foi um impulso infeliz mesmo, mas nem por isso era perdoável. Não entendi aquela mudança nele, sempre foi calmo e de não se ofender com nada. Estaria ele realmente apaixonado pelo Yoh ou algo assim?

As pessoas não disfarçavam a forma de me olhar. Me incomodou muito e o Daniel ficava o tempo todo olhando pro meu rosto com medo de eu explodir de alguma forma. O professor era o Claúdio, notando que o burburinho não cessava, ele resolveu chamar atenção.

- Pessoal, vamos fazer silêncio, o que está havendo com essa sala hoje?

Todo mundo caiu na gargalhada. Eu estava sentado no meu canto habitual com o Dan do lado, sabia que todos me olhavam.

- Alguém vai me explicar o que está acontecendo? Ou vou ter que chamar o diretor? - Advertiu o Professor.

Foi então que levantei.

- A culpa é minha professor. Está todo mundo curioso para saber se eu sou viado mesmo. Não é assim que estão me chamando? Não vamos atrapalhar a aula. Eu sou gay sim. E aprendi a não ter vergonha disso. Podem rir, xingar, espezinhar. Podem fazer o que quiser. Ninguém vai me impedir de ter orgulho de quem eu sou. Nada que vocês façam comigo será pior do que tudo que passei para esconder isso. E quem quer saber o motivo do meu melhor amigo ter mostrado conversas íntimas expondo minha sexualidade. Eu acredito que seja porque eu pego mais macho do que ele.

As pessoas levantaram e começaram a assoviar a bater palmas. Não sabia se era apoiando minha coragem ou zombando do que falei sobre o Roney. Não olhei para o lado dele para ver se ele tinha levantado ou tomado qualquer tipo de atitude. Alguns instantes depois as coisas se acalmaram e o professor se pronunciou.

- Não posso me envolver em brigas de alunos. Mas parabenizo o Caio pela coragem de se assumir. Desejo toda a felicidade a ele. Agora por favor, me deixem dar a minha aula, que o vestibular está ai e a matéria já está atrasada.

O intervalo passei todo na biblioteca. Fugi do Dan porque não queria retomar aquela conversa de antes. Eu estava confuso demais. Contabilizando, eu tinha sido espancado e violentado pelo meu irmão, havia invadido a casa da minha família onde meu pai proibira todos de entrarem, estava gostando do Yoh e achando ele frio demais comigo, o melhor amigo dele tinha acabado de se declarar para mim e eu não sabia o que fazer, meu ex-melhor amigo delatara para todos que eu era gay. Pensando em tudo aquilo hoje, eu chego a achar engraçado e dizer que só faltava uma ferida no pé e um pinto beliscando. Mas aqueles tempos foram sombrios, e voltando ao meu ser daqueles anos, eu não conseguia ver uma luz no fim de todo aquele túnel. Minha vontade era me esconder em algum lugar, esperar uns dias ou semanas e ver se as coisas melhoravam por si só. Porque tudo que eu fazia querendo dar um jeito só piorava.

- Senti uma dor enorme atrás. Percebi que era do sexo forçado. Chorei ao me lembrar novamente. Fiquei imaginando quando eu conseguiria deitar com outro homem sem lembrar daquele trauma horrível. Será que alguém com a alma tão dilacerada conseguia satisfazer o parceiro em um relacionamento?

- Estava devaneando sobre isso quando o Roney entrou na biblioteca. Ele veio até mim cautelosamente, e não fiz menção de me afastar.

- Ca. Preciso falar contigo.

- Sobre o que? Sobre sua vida sexual frustrada ?

- Amigo, me perdoa. - Os olhos dele encheram-se de lágrimas. - Se eu pudesse voltar atrás.

- Pois é. Não pode. Mas você me poupou de duas coisas. A primeira foi de me assumir por conta própria. Eu estava louco para fazer isso. A segunda foi de perceber o amigo falso que você era, agora posso me afastar de você sem dor na consciência.

- Não faz isso comigo. Eu perdoo aquele lance do Yoh.

- Não preciso do perdão de um cavalo. - Respondi me levantando e saindo para retornar à sala de aula.

Haveria aula de educação física e eu não tinha mesmo clima e não tinha levado a roupa. Cheguei na quadra antes de todos. Estava só o PJ e a professora de natação conversando. Quando me viu, o PJ encerrou a conversa e veio até mim.

- Caio. Quero falar contigo. É verdade que você está saindo do colégio?

- Não professor. - Estranhei totalmente a pergunta.

- Eu ouvi falar isso, é que, não sei nem como te dizer. Mas eu já tinha até colocado o Daniel como capitão e outra pessoa para ficar no seu lugar no time. E não tenho nem como desfazer isso. - Falou ele deixando o assunto no ar para ver minha reação.

- Tudo bem, mas não precisa mentir, a cota GLS do time já está esgotada e não tem vaga para mim não é isso? - Impressionante como não me importei com aquilo. Apenas alguns dias antes e eu ficaria muito furioso ou muito deprimido com uma atitude daquelas.

- Filho, não tem nada a ver com isso. Você sabe que eu não sou preconceituoso com nada. Dou aula para gay como se fosse um aluno normal.

- Como se fosse. - Ri. - PJ, melhor para por aqui senão vai só piorar a situação, já entendi o recado, me libera da aula hoje? Esqueci a roupa em casa.

- Tudo bem, pode ir.

- Fiquei imaginando se o Daniel tinha aceitado o posto de capitão. Levando em conta tudo que ele tinha conversado comigo desde ontem, acreditei que era mais uma mentira. Talvez o PJ ainda pretendesse chamar ele e como não acreditava que ele fosse recusar, já tinha me adiantado a notícia. Não pude refletir mais longamente sobre isso porque eu vejo a Silvinha entrar apressada na quadra e olhar para todos os lados, percebi que ela respirou aliviada quando me viu, ela era a secretária do diretor.

- Caio, vá para a sala do diretor agora. Seu pai está te esperando lá.

Continua ….

P.S: Ricky Czar, estava refletindo hoje sobre seus comentários e conclui que realmente, apesar de ter personagens bissexuais, a bissexualidade não é presente o suficiente na história para dizer que o conto se enquadra no estilo. A bissexualidade está apenas no drama adicional que um gay costuma passar por namorar um bissexual, não nas relações em si. A você especialmente, o meu mea culpa, sem seus comentários não teria corrigido essa falha. Vou retirar a bissexualidade como tema de todos os contos. Vai dar um trabalhinho, mas farei antes de continuar a contar.

Até 21:30 sai mais um capítulo. Obrigado a todos.

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Comentários

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tipo coisa do Carlos, com certeza, aquilo num presta

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isso aí, apesar que essa denominação ñ influi em nada o desenvolvimento do conto... só chamei a atenção, pq querendo ou ñ, atrai a atenção do leitor que "curte" esse tipo de conto!!!

adorei sua narrativa, mais uma vez, parabéns!

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O Roney transpareceu o que ele é.

O dan pode dizer que te ama,mas acho que você está com medo de ser amado de verdade,

Lá vem seu "pai" querer mandar um falso moralismo barato.

Odeio gente hipócrita.

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Nossa, eu não esperava isso do roney que tosca a atitude dele, mais uma vez torço pra que tudo de certo pro caio. Bjo

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Ixi! Com o pai o papo é outro... Quando tem papo. Acho mega engraçado quando eu escrevo "Continua logo" e você já postou outro rsrs Ah, quando der, comenta meu conto hein Valeu

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Seu com certeza não aliviará a situação para seu lado... O Roney foi muito baixo nível, por mais que você tenha errado, com toda certeza não era motivo para te expor deste modo. Nada justifica está atitude dele.

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