A História de Caio - Parte 26.2 (Prólogo de Daniel)

Um conto erótico de Kahzim
Categoria: Homossexual
Contém 2446 palavras
Data: 16/07/2013 10:28:42
Última revisão: 14/08/2013 00:49:27
Assuntos: Gay, Homossexual, Romance

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A História de Caio, completa e revisada para leitura on line e download e contos inéditos no meu blog:

http://romancesecontosgays.blogspot.com.br/a-historia-de-caio-leitura-on-line-e.html

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Ir para a escola novamente parecia acordar de um pesadelo que durou anos. Precisamente, dois anos. Eu não entendia ainda como tinha conseguido me livrar daquilo tudo. Cheguei realmente ao fundo do poço, e tão novo. Teria sido efeito da rebeldia adolescente ou apenas uma fase necessária da minha vida?

Talvez eu nunca sabia dar uma resposta satisfatória para isso. Talvez escreva exatamente para tentar explicar a mim mesmo o inexplicável. Para tentar convencer minha mente que houve um motivo racional pelo qual eu tenha precisado me tornar um viciado aos 15 anos de idade. Envolvido em um relacionamento homossexual com um homem mais velho.

Eu conheci o Fernando em uma boite, numa festa onde eu não deveria ter ido. Estava com uma namorada minha na época. Não sei exatamente como as coisas caminharam, mas acordei no dia seguinte em um barraco de favela ao lado dele. Minha mãe achou que foi a morte do meu pai que me fez assumir aquele relacionamento. Mas não foi, o Fernando não havia sido o primeiro, apenas foi o primeiro que eu assumi. Ela estava com viajem marcada para Fortaleza, íamos nos mudar da cidade onde nasci e cresci, isso aumentava minha revolta. Porque ela precisava fazer aquilo? Não era suficiente perder meu pai, tinha que perder meus amigos e minha cidade, tudo que eu era acostumado?

Ela não me entendia, isso era certo. O meu erro foi achar que o Fernando entendia. O meu melhor amigo, Yohan, me ligou diversas vezes tentando me chamar à razão, não quis saber. Eu fiquei em curitiba com o Fernando. Ele convenceu minha mãe a me deixar lá sozinho. Eu liguei para ele e o xinguei muito, mandei ele enfiar no rabo os conselhos e visões dele. Que eu não precisava de nada daquilo. Eu sinceramente queria que ele respondesse aos xingamentos, queria um motivo para cortar aquela amizade e nunca mais olhar na cara dele. Mas ele apenas ficou me ouvindo do outro lado da linha e deu boa noite e até logo quando terminamos de nos falar.

Percebi que o Fernando só queria meu dinheiro exatamente quando meu dinheiro acabou. Eu fiquei em uma merda total. O amor que eu acreditei que existia era apenas uma ilusão, os homens eram iguais as mulheres, meros aproveitadores.

Já se haviam passado um ano e meio. Eu passei a usar drogas mais pesadas, e sai de casa definitivamente.

Até hoje não sei como o Yohan me achou, mas eu estava em um ponto de concentração de drogados. Estava a ponto de me prostituir para comprar drogas, porque minha mãe cortou todas as minhas fontes de recursos. Estava com muita fome, lembro de ter vendido meus tênis, minhas roupas e só faltava o corpo. Então alguém tocou em meu ombro e me ofereceu um sanduíche.

- Eu sou vegetariano. - Respondi.

- Eu sei, não tem carne aí. Embora eu deva dizer que você não está exatamente em condições de fazer exigências.

- Yoh, o que diabos você faz aqui? - Perguntei assustado ao reconhecê-lo.

- Disseram que Curitiba é uma cidade incrivelmente culta e tem muitas livrarias. Eu quis ver pessoalmente. - Respondeu ele ficando de cócoras diante de mim. - E é verdade, adorei a cidade, se fosse um pouco mais quente eu cogitaria me mudar para cá.

- Você nunca sairia do Ceará. Você é amarrado naquele lugar. - Respondi dando uma mordida generosa no sanduíche.

- Nunca diga nunca, já dizia o filósofo. - Respondeu ele rindo. - Vamos sair desse lugar feio?

- Eu não posso, só se você comprar uma coisa pra mim.

- Acho que gastei tudo que tinha com esse sanduíche.

- Eu estava querendo me prostituir.

- Não afaste totalmente a ideia da mente. Talvez ainda seja necessário para voltarmos. Eu perdi as passagens de volta.

Era verdade. Ele tinha perdido mesmo. Mas acabamos achando. Não sei exatamente como mas eu saí com ele daquele lugar e viajei à Fortaleza. Aqui passei seis meses internado em uma clínica e ele me visitava todos os dias. Após cerca de um mês minha mãe também passou a me visitar. Prometi a ela que nunca mais a decepcionaria novamente. Nunca mais ia querer nada com homem. Ela ficou muito satisfeita e disse que eu voltaria ao colégio no começo do próximo ano se me recuperasse. Isso me deu forças. Após seis meses não havia quem me reconhecesse naquele adolescente drogado.

O início das aulas foi um desafio. Estava desacostumado com aquela rotina. Logo eu que era atleta no colégio antigo. Pensei em arrumar rapidamente uma gatinha e começar um namoro, provando a minha mãe que eu tinha me livrado daqueles meus gostos homossexuais. O Yoh me disse que isso não era uma boa ideia, que minha orientação sexual não tinha nada a ver com as drogas. Mas não quis ouvir ele. Não até conhecer o Caio.

Foi logo no primeiro dia de aula. Eu notei que era gay assim que o professor mandou os novatos levantarem-se e ele ficou admirando meu corpo. Meu condicionamento naqueles meses me fez sentir aversão por aquele olhar. Viado desgraçado, pensei. Tomara que não dê em cima de mim.

Qual não foi minha surpresa ao notar que ele era a estrela do colégio no basquete. Eu teria que conviver com ele, e ele não parava de me olhar na primeira aula também. Procurei esmagar ele na quadra para pô-lo no seu devido lugar. Quando fui ao vestiário na saída, notei que ele estava muito chateado, fiquei com dor na consciência, tinha pegado pesado, então parei ele e me apresentei. Ele ficou sem jeito, mas foi muito educado. Meu coração bateu forte quando ele apertou minha mão. Entrei no banheiro me odiando.

Cheguei em casa e chorei na frente no espelho. Porque eu não conseguia me livrar daquela merda? Pensei em conversar com o Yoh, mas ele iria me olhar com aquela insuportável expressão de “eu te avisei”. Decidi resolver a parada sozinho.

Evitava até cruzar com ele nos corredores. Tentei de toda forma evitar qualquer contato. Mas na sexta havia treino e eu teria que cruzar com ele. Mais uma vez fiz de tudo para mostrar que era melhor, e modéstia a parte, eu era melhor mesmo. Ele era muito bom, mas era baixinho, minha altura me dava vantagem. Estar perto dele realmente mexia comigo, pensei em tentar algo, não sei. Eu queria tanto beijar ele, sentir o corpo dele colado ao meu. Podia ser só um desejo passageiro que se eu satisfizesse conseguiria me acalmar. Fiquei sozinho na quadra lutando comigo sobre ir ou não falar com ele.

Notei que ele tinha ido para o vestiário e não tinha saído. Vi todos os outros saírem. Segui ele até lá. Quando estava entrando. Ouvi vozes. Ele estava conversando com alguém. Reconheci a voz do Mário, um colega da equipe. Fiquei observando por uma fresta do vestiário e vi os dois em um box só. Ainda entrei, pensei em interromper. Eu ouvi barulho de sexo, estavam transando. Senti meu coração sangrar dentro do peito. Ele era comprometido, ou no mínimo, era um viadinho que saia dando para qualquer um.

Chorei olhando aquela porta de box fechada. E naquele momento notei que estava irremediavelmente apaixonado por ele, não adiantava mentir. Quando ouvi barulho de porta abrindo, sai às pressas, com medo de terem notado que havia alguém.

Não comi nada naquela noite. E dormi muito tarde pensando no que faria no dia seguinte. Eu estava aceitando aquele sentimento, e logo quando isso ocorria eu descobria que ele estava com outro. Senti uma raiva irracional por ele. Parecia ter sido colocado no meu caminho exatamente para me desviar, logo agora que eu estava recuperado das drogas.

Nos dias que se seguiram me tornei arquirrival dele, me juntei a caras da equipe que não iam com a cara dele e eles todos me queriam como capitão. Quando o professor escolheu o Caio, o que era natural porque ele era veterano na equipe, criou-se uma divisão. E eu incentivei isso. Tinha transformado toda o sentimento por ele em raiva, estava convencido disso, mas meu castelo de cartas desabou quando o professor conversou comigo e ele juntos sobre unir a equipe. Tivemos que apertar as mãos e senti de novo aquela quentura no peito. Eu não tinha esquecido o maldito, eu precisava dele, precisava desesperadamente como uma planta precisa de água. Como precisava de ar para respirar.

Minha raiva de mim mesmo acabou se manifestando em raiva por ele. E acabei fazendo a maior idiotice da minha vida, ameaçei ele sobre falar que vi ele no banheiro com outro cara. Ele me deu um soco. Aquele soco foi o contato mais íntimo que eu já tinha tido com ele, de alguma forma mexeu muito comigo. Eu me convenci de que não podia fugir de mim mesmo, o Yoh tinha me falado isso e eu tinha me convencido que era verdade. Quando fomos a diretoria, assumi tudo, isso me ajudaria a limpar minha imagem com ele.

Naquela noite eu me confessei com minha mãe. Achei que ela devia ser a primeira.

- Mãe, por favor, me perdoa. Eu estou apaixonado por um cara do colégio. Eu maltratei muito ele tentando fugir do meu sentimento, mas ele é uma pessoa muito boa. Eu vou tentar algo com ele. Me perdoa, eu não consegui me livrar disso.

Ela me beijou a cabeça e emocionada me disse:

- Eu já aceitei isso em você filho. Nunca vou deixar de te amar. Eu só nunca vou deixar você cair nas drogas de novo. Eu sei que você gosta de garotos e talvez seja uma coisa boa você se relacionar para esquecer o trauma do último relacionamento. O Yoh me disse que você ia ter um relacionamento com uma pessoa muito boa quando se recuperasse.

- Será que é ele então?

- Não sei. Quem sabe. Você devia perguntar a ele.

Eu iria, mas não ia falar com o Yoh antes de consertar tudo. Ele tinha uma mania de querer que eu fosse um santo. Para me poupar de discursos sobre pedir perdão e reparar meus erros, resolvi fazer tudo isso por conta própria e ele se orgulharia de mim. A primeira coisa foi pedir desculpas sinceras, fiquei impressionado de como o Caio superou rápido minhas implicâncias com ele. No primeiro dia que treinamos após isso até dei carona a ele. Era tanta a vontade de puxá-lo e dar um beijo, mas acho que ele me socaria novamente se eu fizesse isso, precisava ir devagar. Mas aquele dia foi libertador, disse a ele que curtia caras e ajeitei tudo para me aproximar.

No sábado fui no shopping pela manhã comprar umas coisas para minha mãe e encontrei o amigo dele, o Roney, um gay bem afeminado lá do colégio. Fui falar com ele, puxei assunto e ele foi bem receptivo. Eu perguntei se o Caio era comprometido, ele disse que não, ai eu perguntei se ele achava que eu tinha alguma chance. Ele disse que a gente podia ir conversar na casa dele e ele me contaria tudo sobre o Caio. Eu não podia perder a chance. Mas chegando lá, ele me falou só que o Caio tinha me achado muito bonito no primeiro dia de aula, mas depois tinha me odiado. Que ele já tinha dito que eu era bi, mas que não demonstrou interesse.

Ele disse que podia fazer meu cartaz com o Caio se eu quisesse, que eles eram muito amigos e que se ele ajudasse era certo eu ter alguma chance. Eu topei, mas percebi que ele estava querendo era transar comigo e usar isso como massa de manobra. Eu fiquei chateado porque notei que ele brincou com a minha cara. Mas eu estava sem transar há mais de seis meses, a última vez havia sido com o Fernando mesmo, e ele ficou me alisando e insistindo, acabei cedendo.

Passei o dia com dor na consciência. Se o Caio soubesse que eu transei com o melhor amigo dele, eu não teria chances de porra nenhuma mais. Maldita hora que resolvi desabafar com aquele viadinho do Roney. Ele estava comigo na mão. Sabia que eu estava apaixonado pelo Caio e podia estragar tudo. Ele me ligou a noite chamando para algo, mas eu disse que ele esquecesse o que aconteceu. Que eu ia explicar ao Caio que fiquei com ele e ia me declarar eu mesmo. E deixar por conta co destino resolver a situação.

Estava tudo praticamente amarrado. Mas queria falar com o Yoh antes. Na verdade queria falar com o Caio para contar a ele tudo de uma vez. Mas no domingo me senti tão angustiado que fui até o apartamento dele sem nem avisar antes. Na hora que cheguei lá ele disse que estava com alguém, eu fiquei muito envergonhado, mas ele disse que eu podia subir.

Subi porque precisava mesmo muito conversar. O Yoh me recebeu na sala e sentamos lá.

- E então Dan, o que está pegando contigo?

- Cara, é uma história um pouco longa...

Ouvi passos no corredor e ele me interrompeu para apresentar o cara que estava com ele. Eu me virei para ver ao mesmo tempo que ele falava o nome. Fiquei branco de susto e naquele momento parecia que mil espadas tinham sido enfiadas no meu peito ao mesmo tempo. O Yoh tinha dormido com o Caio.

Não sei como disfarcei o dia todo. Fiquei muito nervoso porque o Yoh é muito observador. Mas até a hora que sai ele não deu sinal de nada. Deixei o Caio em casa e no caminho ele perguntou se eu achava que ele teria chances com o Yoh. Se ele soubesse como aquilo me feriu. Eu sentia que havia um gigante apertando meu coração, não sei por quanto tempo aguentaria até explodir. E o pior, a culpa era minha. Podia ter chegado junto logo, mas fui ser um imbecil completo, agora ele estava com meu melhor amigo e eu não podia simplesmente querer acabar com um relacionamento do Yoh para tomar um parceiro dele para mim.

Meu início de semana foi angustiante, e não tinha decidido ainda o que fazer. Fazia pouco tempo do ocorrido, mas eu parecia estar a semanas mergulhado em pensamentos olhando para o teto quando o meu celular toca. Era o Yoh.

- Fala Yoh.

- Dan, espero que você esteja bem desperto, apesar do horário avançado. - Notei uma urgência na voz dele.

- Porque cara? O que houve?

- O Caio corre risco de vida. Você precisa me ajudar urgente, venha aqui com o seu carro agora mesmo.

FIM

P. S. : as 17 como prometido coloco a continuação.

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Comentários

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Já esperava por isso... Parabéns pelo trajeto até aqui. Tá incrível.

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E vai acabar que Dan vai cuidar e declarar para Caio. Vou esperar até lá!!!

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