Antípoda - Parte 4

Um conto erótico de Hogu
Categoria: Homossexual
Contém 1545 palavras
Data: 10/05/2013 03:22:55
Última revisão: 10/05/2013 03:29:52

Boa Noite, a parte 4 õ/. Desculpe qualquer erro ^^

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Obviamente perguntaram sobre as agora pequenas marcas roxas nos pulsos e pescoço, fizeram brincadeiras a respeito de ter sido uma garota com fetiches malucos por algemas e coleiras. Pra versão oficial foi reação alérgica a um novo perfume, visto que convenientemente eram os locais que costumava usar.

Não vejo Thales no colégio antes da primeira aula que era de história, nos primeiros 20 min que havia começado alguém bate na porta, era ele. Seu rosto não possuía nenhuma marca ou inchaço, só um corte no lábio inferior.

- Desculpe professora, posso entrar por favor? - Parece que ele tinha acabado de correr uma maratona.

- Claro querido, problemas com o transito?

- Sim, obrigado por me deixar entrar – ele vem e se senta.

Após o fim da aula, ele desaparece no meio dos alunos. Deixo-o para lá e vou ao encontro do Diego, conversa vai conversa vem, acabo perguntando sobre o cabeça de mola.

- Não sei de muita coisa Erick, porque o interesse no nerd?

- Por nada não, só curiosidade mesmo. Você sabe de alguém que possa saber?

- Não, na verdade nunca o vejo andando com alguém, ele conversa com as pessoas normalmente, mas não costuma ficar em grupos.

Continuei minha pequena investigação, procurando informação com diferentes tipos de pessoas, mas nenhum parecia saber nada muito além do seu nome. Ele parecia não ter se enturmado com ninguém. Minha última esperança estava no grupo dos nerds e esquisitos. Foi até muito engraçado, vendo-os estremecidos por minha presença, finalmente consigo algo:

- E... Ele não é de andar com grupos por aí, na verdade ele se mantêm bem reservado. No intervalo ele costuma ficar na sala de aula, quando os inspetores deixam - Um garoto gordinho falava.

- Só isso? Sabe onde ele mora ou quem são os pais?

- Bem, ele mora em um bairro mais afastado daqui (anoto mentalmente o nome), o pai tem uma loja de artigos exotéricos no centro e a mãe é bibliotecária. Ele conseguiu uma bolsa parcial aqui por ter boas recomendações.

- Sabe me dizer onde exatamente ele mora ou algo mais?

- Não, isso ele não me disse.

- Ótimo, valeu aê gordinho. - pude vê-los soltando o ar preso pela tensão depois que me fui, era hilário.

De todo o modo não consegui nada de mais, seu comportamento antissocial estava me dando uma canseira. Então só há um modo de descobrir algo a respeito: Perguntando na fonte. Colocá-lo contra a parede parecia mais fácil do que fazer rodeios, mas o problema era que ele podia inverter os papéis... Literalmente. Poderia pedir ajuda a Diego, afinal Thales não parece querer se expor, porém não tinha coragem de contar algo tão embaraçoso para o meu melhor amigo, muito provavelmente ele riria de mim até a próxima encarnação.

Faltavam 20 minutos para regresso do recreio e tento ver se ele está na sala, um nervosismo atípico começa a me abater, nunca senti isso antes na vida. Seguro talvez de que ele não possa fazer nada de grande estardalhaço, reúno coragem e abro a porta da sala e entro... Estava vazia.

Enfadado com tamanha situação patética, dou meia volta e quando estou pra sair topo com alguém, prendi a respiração por alguns segundos ao perceber quem é. Ele estava com fones de ouvido e as mãos no bolso, o rosto estava um pouco sereno e neutro, pude ver o corte mais de perto. Nos olhamos por algum tempo, até que ele fala:

- Vai dar licença ou continuar a atrapalhar a passagem?

- … - Nesse momento eu contive um “desculpe”... Sério o que está acontecendo comigo? Abri passagem de cabeça baixa e ele passa por mim. Penso em falar algo e inspiro bem fundo... Sinto a olência dele ao passar por mim. Nisso as palavras se perdem no caminho enquanto observo numa espécie de transe ele se sentar e abrir um livro, quando recobro o estado de mobilidade, perdi a chance de se quer iniciar uma discussão pois os outros alunos já começaram a retornar para a sala. Desapontado apenas retorno para o meu lugar.

Passei o resto da segunda em um estado meio apático, o mesmo se segue pela terça-feira.

- Cara você está bem? - Pergunta Diego – Você parece meio distante.

- Não é nada cara.

- É o lance da sentença? - Verdade, esqueci a sentença, taí uma bela justificativa.

- Talvez...

- Relaxa, seu pai é um advogado de primeira, não duvido que o cara acabe pagando indenização pra vocês! - Rimos juntos, o coroa já estava com tudo encaminhado mesmoNa saída do colégio continuava pensativo, quando avisto a razão desse estado de suspensão andar a passos largos em direção as ruas residenciais paralelas à da escola. “Isso não pode continuar assim, vou acabar enlouquecendo!”. Resolvo segui-lo de longe pra tirar essa situação a limpo, pelo menos xingá-lo antes de ele tentar alguma coisa... Mas não seguiria sua ordem naquela situação ridícula (ou seria anormal ?) do vestiário.

Pela minha experiência andarilha na região ele só podia estar se dirigindo ao ponto de ônibus, cerca de umas 5 quadras um pouco longas do colégio, que levava para o bairro que morava. As ruas eram um pouco desertas, o abordaria na metade e veriamos no que vai dar.

Quer dizer, era um plano perfeito, quando alguém passa a minha frente e fecha a minha passagem:

- Meu saí d.. - Congelo ao ver um sujeito apontando uma faca pra mim. Ele parecia ter meia idade, tinha um pouco de barba negra e os olhos eram esverdeados.

- Perdeu passa tudo se não quiser morrer! - Ele agitava a faca e parecia muito nervoso – Rápido mermão.

- Calma – me afastei um pouco com as mãos pro alto – Vou te passar as coisas de vagar, relaxa só não me machuca.

- Calma o cacete! Vamo playboy!

- Aqui toma - Tirei minha carteira e entreguei pra ele.

- Celular, relógio a porra toda! - ele se aproximou mais com a faca, posição perfeita.

- Certo... - Tirei o celular e a coloco no alcance do assaltante, mas larguei no chão desviando o seu olhar por alguns instantes.

Agarro o braço da faca e entro num embate corporal com o sujeito conseguindo desarmá-lo. O imobilizava torcendo o seu braço, quando sinto um golpe na minha cabeça, soltei o cara e alguém segurou meus braços por trás. O bandido agora liberto pega a faca no chão e acerta no lado esquerdo do meu tórax, o cara que me segurava por trás me solta, pega o celular no chão e os dois correm. De relance só consegui ver que era um adolescente, devia estar a espreita vigiando quando viu seu parceiro levando a pior.

Segurava o ferimento que sangrava muito, começou a bater o pânico. Olhei para os lados pra pedir ajuda, mas não havia uma viva alma na rua. “Merda, to fudido”. Já desesperado toquei as campainhas das casas e gritei, mas ninguém aparecia, minha visão começou a ficar turva, começava a perder os sentidos. Dei alguns passos e minhas pernas falharam, caí de costas no chão, meus olhos ainda estavam abertos mas minha visão bem escurecida.

“Então é assim que termina?”

Ouvi passos apressados na minha direção e um agora borrão se abaixou sobre mim. Ouço-o gritar “ERICK ESTÁ ME OUVINDO? ACORDA!” seguido de umas batidas no meu rosto, em resposta apenas fecho e pressiono meus olhos, ela coloca a mão no meu ferimento e pressiona, talvez na tentativa de estancar o sangramento. Mais gritos pedindo por ajuda... em vão. Ela fala desesperada com alguém, possivelmente com a emergência no celular e cessa logo depois.

Estava no limite da consciência, devia ter perdido muito sangue, agora tudo estava perdido mesmo... Só sentia meu corpo imerso em dormência e mais nada. A pessoa mantinha a mão pressionada no ferimento, mas não adiantava muito, escuto palavras, talvez as últimas neste mundo:

"Abençoada, gentil mão de Deus...”

Ótimo, estava encomendando a minha alma, se bem que reconhecia... Iria direto para o colo do capeta. Ela continua:

“Respiração da Mãe Terra

Eu imploro que venha diante de mim

Mostre sua grande compaixão por essa pessoa

e entregue suas bençãos!"

Aos poucos sinto uma sensação quente no meu peito, ela o invadiu igual a faca me perfurando, mas de maneira mais lenta e sutil. Essa sensação quente incomodava, mas logo comecei a sentir um alívio, que logo virou um conforto, um sentimento muito gostoso. Quando começo a aproveitar, simplesmente para... Sobra apenas uma dorzinha chata, assim como a mão da pessoa ainda estava em mim, a dormência se foi.

Coloco minha mão direita na da pessoa e abro meus olhos, minha visão melhorou um pouco, apenas via um rosto conhecido: Thales. Ele me olhava com um rosto assustado, algumas lágrimas corriam dos seus olhos, em seguida vejo o que nunca esperei dele pra mim: Um sorriso de alegria... Algo dentro de mim ficou muito contente, mesmo nessa situação de terror, um sentimento único e inexplicável. Apenas sorrio de volta e toco seu rosto com as pontas dos dedos da mão esquerda, tento falar alguma coisa porém as palavras não saem... Finalmente caio num estado de inconsciência profunda.

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Esse ficou um pouco menor do que os outros =/. Isso que dá pular partes, escrever outras e esquecer que há um rombo kkk.

Respondendo a pergunta do Oliveira Dan, antípoda (oposição, contraste) não tem influência direta na história além do significado para batizar o conto =).

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Comentários

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Antípoda é um termo quase literário bem pouco usado. Gostei da escolha! Seu conto é maravilhoso. Estou muito ansioso para saber qual é o segredo do Thales! Continua logo.

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ahhh tá, brigado por esclarecer minha dúvida rs. Isso ae Thales, gostei da sua atitude. Mas senhor, essa oraçãozinha dele é melhor que merthiolate haha. Falando sério: estou bem intrigado pra saber o segredo deste menino

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