Antípoda - Parte 3

Um conto erótico de Hogu
Categoria: Homossexual
Contém 2635 palavras
Data: 09/05/2013 00:54:19
Última revisão: 09/05/2013 02:18:13
Assuntos: Gay, Homossexual, reação

Boa noite õ/, fico feliz que agradou a alguém os últimos *-*. Desculpe qualquer erro :D

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- Mas o que?... - Thales se situou no que estava acontecendo – Você me deu o maior susto, ficou maluco por acaso?

- Foi você não foi? - Não dando muita atenção – Viu que eu estava dando uma prensa no João e foi correndo fofocar pro Inspetor né?.

- Sim, fui eu por quê?

- Ainda me pergunta... Quem mandou você ser tão enxerido? Eu não estava fazendo nada demais com ele.

- Você tem algum problema na cabeça não é? Aquilo é bully que você estava fazendo!

- Blá, blá... cuida da sua vida! - gesticulei com a mão direita ele falando.

- Só porque você é grande e carente, não te dá o direito de agir feito um valentão por aí intimidando as outras pessoas!

- Carente? Não sou não... Não preciso da atenção de gente como o João e você. Valentão? Gostaria de dizer que sim, nerds como você tem que manter a cabeça baixa e dizer “sim senhor” e “não senhor”, porque se não tem o nariz quebrado. Mas é muito clichê - O diálogo mal começou e já começava a me cansar.

- Nerd? Depois não quer ser clichê... Obrigado eu sou sim, uso bem o meu tempo pra tantas coisas... Aproveito todas elas da melhor maneira possível. Mas é difícil pra quem perde tempo ameaçando alguém, por causa de uma camisa escolar, compreender... - E mantinha uma pose séria – Mas advinha só... Tem nerd que não teme ter o nariz quebrado, eu sou um deles... Não lhe devo obediência. Agora se me der licença, tenho muito o que fazer ainda... - Ele tentou passar por mim, agarrei sua camisa e choquei seu corpo contra a parede, o mantendo preso com uma mão. Ele se debatia inutilmente, era tão fraco que eu mal fazia esforço.

Segurando pelo colarinho, ergui seu corpo até que seus pés não tocassem mais o chão e pressionava seu corpo contra a parede. Sua expressão anterior de seriedade foi um pouco abalada, agora mistava um pouco de medo, raiva e irritação. A respiração ficou mais rápida e ele segurava o meu pulso na tentativa de se soltar.

- Quer me soltar imbecil? - Falava com certa dificuldade. - Ou você me solta ou eu grito até o professor vir aqui!

- Com medinho agora? Ele não vai te ouvir, ele já foi embora. Alias, se ainda conseguir levantar quando acabar com você, entrega as chaves na inspetoria - lançando um sorriso malicioso. Esperava a hora dele começar a chorar pedindo arrego, mas o cara era teimoso demais.

- Não vou deixar de ser a pessoa que eu sou, me calar pras coisas erradas que acontecem por ameaças alheias, eu nunca temi pela minha segurança por sua presença e não vai ser agora que temerei – Falou firme e acirrando o olhar.

Apesar de estar completamente vulnerável, continuava impassível e aparentemente destemido, isso me irritou profundamente... Imaginava que igual aos outros nerds e fracotes ele se encolheria num canto e esperaria a tortura terminar. Meu sorriso desapareceu, fecho meu punho e acerto em cheio seu rosto que vira para o lado.

- E ENTÃO? COM MEDO AGORA? – Em resposta ele apenas volta seu rosto para mim e volta a me olhar daquela maneira irritante.

Em represália acerto mais um soco, agora abrindo um pequeno corte no seu lábio inferior que começa a sangrar.

- Já vi que vai ter que apanhar muito pra deixar de ser valente, pois valentia é pra quem pode.

- Você tem razão... - Voltando-se para mim – Valentia é pra quem pode, mas a virtude da coragem e da bravura é pra poucos. É muito bom que ninguém possa nos escutar... - Não gostei desse tom de triunfo.

Ele fecha os olhos e começa a murmurar algo, não consigo ouvi-lo, deduzo que estava suplicando aos céus pra sair inteiro dali após me provocar mais uma vez. Agora extremamente irritado, acerto mais um em seu rosto e baixo seu corpo e começo a socá-lo na barriga.

- Melhor rezar mesmo... - Falava entre os movimentos -Vai precisar de toda ajuda...

Ele soltava o ar a cada golpe dado em expressão de dor, enquanto ainda tentava entre dentes falar alguma coisa, mas não escutava nada. Meu ódio agora atingia o ponto crítico, parecia que ele estava aguentando apanhar bravamente, nesse ritmo só pararia com ele desacordado... Quando finalmente o escuto falar um pouco mais rápido, como se terminasse o que estava falando:

-...Que os tolos sucumbam perante a fúria do Insano!

Imediatamente ele solta um gemido alto de dor e segura o pulso do braço que estou usando para prendê-lo na parede, sinto como se estivesse sendo esmagado, tamanha a força que ele apresentava ao apertar. Largo seu colarinho e tento soltar o meu pulso com a outra mão, mas ele agarra o outro pulso também e aperta com mesma intensidade. Ele me empurra contra os armários, eu me recupero do impacto e invisto contra, tento acertar um soco, mas ele segura meu punho num ato digno de cinema e me puxa pra mais próximo, segurando e apertando o meu pescoço. Sou forçado a me abaixar até o nível dele, alinhando nossos rostos, o vejo com uma expressão irada. Thales:

-Escuta bem o que eu vou te dizer: Quero que você me deixe em paz! Está me ouvindo!? - Gritou para mim, enquanto me olhava no fundo dos olhos. Podia ver seu rosto com o lado direito inchado, boca sangrando – Estamos entendidos!? -Apertando mais o meu pescoço me sufocando. Tentava em vão me soltar batendo nele, mas era inútil, parece que de um rato ele passou a um gorila em alguns instantes.

Sinto que o ar começa a faltar, o pânico e o... medo... começam a tomar conta de mim, pela primeira vez na vida teria que engolir o meu orgulho (pelo menos pra voltar a engolir algo) e admitir: Eu Perdi. Sob aquele olhar que não mudou em nenhum momento desde que adentrei o vestiário, falei sufocado:

-S..si..sim.

Thales me solta e caio de joelhos no chão, respirando de maneira sofrida como se buscasse todo o ar do ambiente, tentando manter a ligação visual. Ele me observa no chão com um ar de desprezo e começa a se afastar em direção a saída, parando no último armário antes da porta, de costa para mim, apoiando-se um pouco com o cotovelo direito.

- Espero que isso te sirva de lição, ninguém tem culpa dos seus problemas, é obrigado a aturar sua revolta ou sofrer... Por mais fraco que seja... Com sua covardia. - Dando uma pancada na porta do armário com o lado da mão fechada e se retira do recinto.

Eu fico no chão, pensamentos a mil, com meus pulsos e pescoço doendo. Pior do que eles, meu orgulho doía, por ser totalmente subjugado por uma coisinha daquelas. Não conseguia raciocinar, que paradoxo era esse? Era ele pra estar assim numa realidade corretaMe recompus, lavei o rosto e sai do vestiário. Meus braços brancos agora exibiam marcas vermelhas, o mesmo com meu pescoço, estavam doloridos e eu imaginava que pioraria mais tarde. O pátio estava com poucas pessoas, eram 14:40 e a maioria dos alunos que o apinhavam já se fora. Chegando em casa, vou direto a cozinha a procura da empregada.

- Sônia, me vê umas bolsas com gelo? - Falo para ela que se vira da pia.

- Por quê? Aconteceu algo? O senhor se machucou? - Ela fala reparando nas marcas.

- Prefiro não falar sobre isso – Desviando o olhar – Meus pais onde estão?

- Sua mãe foi almoçar na casa de amigos e seu pai ligou dizendo que não vai almoçar em casa.

- Vou para o meu quarto tomar um banho e espero lá, não demora se não vão ficar roxas.

- Ok seu Erick, não prefere almoçar antes de aplicar as bolsas?

- Não obrigado, não estou com apetite hoje. - minha garganta doía pra falar a verdade.

Vou para o meu quarto, tiro a roupa e entro no chuveiro, a água passando pela minha cabeça alivia toda a minha tensão. Durante o banho começo a pensar com mais clareza no que aconteceu: “Quem ele pensa que é?”, “Afinal quem ele é?” e “De onde ele tirou aquela força toda??”. Minhas conclusões passavam por diversas teorias, várias delas fantasiosas como Alienígena, filho do Superman e demônios. Ao mesmo tempo sentia raiva, dele guardar alguma espécie de trunfo desde o princípio, era por isso que era mais ousado do que os outros, tão valente. Já vestido escuto as batidas na porta e abro para receber as bolsas.

- Aqui estão seu Erick.

- Ótimo, acho que terei que encontrar um modo de equilibrar essas 3 bolsas... - O filho da puta ainda me causa mais essa dificuldade.

- Se o senhor quer uma sugestão, deite na cama com as bolsas em cima, só não se mexer e vai fazer efeito.

Aceito sua sugestão, ela me ajuda a posicionar as bolsas em cima dos pulsos e sinto um arrepio no pescoço. Embora fosse gelado no início, trouxe um alívio um pouco para a dor que estava nos locais.

- Marcas esquisitas seu Erick, foi uma garota que fez isso ou alguma espécie de briga estranha?

- Já disse que não é nada demais Sônia, não quero falar sobre isso, não me enche mais. Pega o controle da televisão e me deixa sozinho, quero descansar. - falo com leve irritação

- Está certo, não está mais aqui quem perguntou. - Ela pega controle liga a TV e se retira.

Começo a assistir a algum programa qualquer, sem dedicar muita atenção. Como o tempo estava um pouco quente e o ar-condicionado desligado, as bolsas estavam gerando um ótimo conforto térmico. Meus pensamentos anuviaram um pouco, a única coisa que pensava eram olhos castanhos corajosos e depois ameaçadores... Adormeço logo em seguida.

Caminho pelo colégio no intervalo entre as aulas, vejo um grupo de conhecidos meus e vou em direção. Chegando próximo, vejo que todos riam em volta de alguém. Começo cumprimentando todos:

- Eae, como vão?

Todos param com as risadas e se viram pra mim com caras estranhas, como se o motivo da piada tivesse chegado.

- Marcelo! Que bom te ver – Fala Diego – Temos uma pessoa aqui que estava nos contando algo muito engraçado.

Eles abrem o cerco e vejo o garoto moreno de cabelos encaracolados, Thales sorria de maneira maliciosa. Surpreso:

- Contou... O quê exatamente?

- Não se faça de desentendido Erick, do sacode que você tomou dele no vestiário ué! - Todos soltaram a risada contida, inclusive pessoas que passavam no corredor.

Começo a dar passos para trás, as coisas começavam a ficar um pouco psicodélicas.

Acordo no meu quarto quase todo escuro, levanto derrubando uma das bolsas, que agora continha água, no chão. A televisão continuava ligada, agora passava o jornal das 19h, confirmo no relógio 19:12. Espero me recuperar um pouco e reúno as bolsas para esvaziar na pia do banheiro.

- Não é possível... Cena de filme de escolinha americana? Devo assistir menos Sessão da Tarde. - Abrindo a tampa das bolsas.

Reparo no espelho que as marcas estavam bem mais suaves, claro que o que sobrou ficaria roxo no dia seguinte, mas com a ajuda do fim de semana, já podia usar a desculpa que era alguma alergia ou irritação. Continuava dolorido, realmente foi muita força... Meu estômago reclamava de fome, almoçar realmente era algo vital pra mim.

Descendo as escadas vejo minha mãe na sala lendo uma revista, Sônia passava pelo corredor e aproveito pra entregar as bolsas pra ela.

- O jantar já está pronto?

- Sim está, vejo que as marcas diminuíram bastante.

- Shiii! Não quero preocupar ninguém aqui em casa com isso! Vai ser nosso segredinho, beleza? Pode servir um prato caprichado, estou cheio de fome.

- Certo, venho lhe chamar quando terminar – Ela se retira com certo ar de riso.

Vou em direção ao sofá e me sento em frente a minha mãe.

- Boa noite mãe.

- Boa noite filho, como foi o seu dia? - Ela fala desviando por breves instantes o olhar da revista.

- Normal mãe e o seu?

- O mesmo de sempre – Retorna a ler a revista – Visitando amigos,

Ela me relata algo pouquíssimo interessante sobre problemas de pessoas que eu não conheço. Já começava a me arrepender de não ter dado um simples cumprimento e ligar a TV da sala, quando sou salvo por Sônia:

- Está pronto seu Erick. - Ela fala de brevemente.

- Ótimo já estou indo – Fazendo menção de me levantar.

- Está pronto o que?

- Vou jantar mais cedo hoje, não almocei por estar me sentindo um pouco mal. Acho que é alergia – Aproveitando o gancho pra justificar as marcas.

- Alergia? A quê? Deixa eu ver – analisando mais de perto – Tadinho, não quer ir ao médico amanhã?

- Não precisa já estou melhor... Deixa eu ir antes que a comida esfrie. - Me retirando da sala para a cozinha.

Janto e quando estava quase terminando, meu pai chega em casa com cara de poucos amigos, abre a geladeira e serve um copo de água gelada. Depois de beber, se dirige a mim.

- Consegui um acordo com a promotoria pro seu caso, falta acertar os detalhes da indenização e dos seus serviços prestados pra próxima quarta. - Saindo logo em seguida.

Volto meu rosto para ao prato, ele ainda estava bravo comigo por causa da ação que moveram contra mim, por uma briga na saída de uma boate no semestre passado. No caso eu e mais uns conhecidos, cercamos um folgado que assediava a garota que estava comigo e eu apliquei um corretivo. A polícia foi chamada e só eu fui responsabilizado pela agressão, não me arrependo por ter arrancado muitos dentes do maluco, como também confiava na capacidade do meu pai de.. Tirar-me de mais uma dessas.

Volto pro meu quarto ligo o note e vejo algumas coisas no facebook pra me distrair. Passava das 22h, não encontrando mais o que fazer... Meus amigos deviam estar todos na rua em festas, já que era plena sexta-feira a noite. Não me importo muito pois hoje não tinha ânimo pra absolutamente nada, estava um pouco confuso pelos acontecimentos de mais cedo.

Resolvo fazer uma pequena pesquisa sobre “efeitos da adrenalina no corpo”, pra passar o tempo e tentar decifrar o que ocorrera mais cedo. Não encontro nenhum embasamento teórico que explicasse o que tinha acontecido, o que aprendi é que a adrenalina pode sim aumentar muito o desempenho físico, mas é muito instantânea pro tempo que durou e a intensidade. Então pesquiso sobre as palavras proferidas por ele um pouco antes de tudo mudar, nada esclarecedor... Frustrante de fato. Mas o engraçado era que ele conseguiu capturar a minha atenção, tinha enorme curiosidade pra saber o que tinha de tão especial naquele moleque pra conseguir subjugar um cara no mínimo duas vezes mais forte e preparado fisicamente do que ele.

Diego ligou me chamando pra uma festa, mas não estava afim nem de sair do quarto. Resolvo colocar um filme no DVD, Minority Report, um dos meus preferidos. Consigo me distrair um pouco e durmo finalmente. Passei o resto do fim de semana em casa também, no sábado consegui uma dor de garganta pra completar, mas a ação rápida de Sônia consegue eliminar o problema até o fim do domingo.

Eu tinha alguns planos especiais pra esta segunda, agir com a inteligência ao invés do impulso. Observaria o filhote de Superman, descobriria mais sobre ele antes de tomar qualquer atitude, pois até agora não sabia muita coisa ao seu respeito além das impressões.

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Bem, falando sobre a personalidade do Erick, ele é sim uma péssima pessoa (falta de limites acaba nisso), mas um bom personagem é aquele que evoluí e/ou luta por suas convicções. No caso a maioria das histórias costumam abordar o lado da pessoa que sofreu o bully, eu quis escrever sob o angulo de quem bate (não, nunca estive desse lado '-', então só suponho), e meu maior desejo da vítima de reagir... Espero estar agradando =).

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Comentários

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Perfeito. O Thales é incrível! Estou ansioso pela continuação.

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realmente o Thales é realmente intrigante. Mas sabe, eu gosto do Erick haha (mesmo ele sendo malvado). O significado do título vai ter alguma influência na história?

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