Porcelana Branca

Um conto erótico de Adam
Categoria: Homossexual
Contém 765 palavras
Data: 06/05/2013 21:11:50
Assuntos: Gay, Homossexual

Era mais uma vez um típico dia russo, frio e nublado, céu prateado tanto refletindo o vazio da terra quanto as tristezas glaciais de quem a habita. Naquela manhã de quarta-feira, abril de algum ano do século XXI do calendário Cristão, havia algo de instigante no ar, como se acordar e viver por um momento parecesse tentador o suficiente para desencadear uma tragédia. Dimitri era jovem, não tinha muita beleza, nenhuma habilidade em especial, não se destacava em nada além de não se destacar nunca. Sabia exatamente que aquela seria mais uma das coisas corriqueiras que fazia em dias ordinários para sustentar seu ego, como nunca deixara se ser. 5h50, acordou, trabalho até as 16h00, chegando em casa uma taça de vinho tinto para relaxar, até que o vinho passasse ao Dry Martini e seu vício alcoólico se estendesse por toda a noite, essa era sua rotina, mas não hoje. Costuma substituir seu vício por outros vícios, como o sexo casual, foi diagnosticado como ninfomaníaco e alcoólatra em decorrência disso, quando não estava bêbado estava fodendo, quando não estava fodendo estava fodidamente bêbado. Em suma estava entorpecido por vícios e trabalho, levava uma vida vazia e melancólica, mas não se sentia tristonho, não se sentia com problemas, algo de sadomasoquista e sádico existia inegavelmente dentro dele. Como de costume saia às quartas, breves (ou longas) visitas às tortuosas ruas noturnas de Moscovo à procura de rapazes que pudessem curá-lo por alguns instantes lascivos.

Saiu do trabalho e foi direto à sua casa vermelha favorita, ao cruzar a esquina notou um pequeno gato, os olhos do homem e do animal se encontram, sentiu-se estranho. Assim que visualizou a porta do pequeno prédio alguém a abriu, era um pequeno homem, calvo, acima do peso, roupas de quem estava atrasado para algo, sem se importar com aquilo entrou. Assim que adentrou o local contemplou o rosto cruel, porém belo, daquela mulher que de costume o atendia, chamava-se Lucy, pele clara, sorriso fácil, decidiu que gostava dela. Sem qualquer cerimonia falou:

- Tristan já está a sua espera, suba logo, está atrasado.

Não falou nada, apesar de ter sido repreendido por uma cortesão apenas seguiu o conselho, não tinha dinheiro o suficiente para se dar ao luxo de delongas desnecessárias. Nunca tinha ouvido falar do rapaz Tristan, porém quando ligou de manhã Lucy fez a recomendação e garantiu que Tristan era um rapaz que valia cada centavo. Ao entrar no quarto, sem bater na porta, teve uma das visões mais extraordinariamente arrebatadoras de sua vida, a criatura deitada na cama a sua frente era belo como Dimitri nunca poderia ter imaginado, chegou ao ponto de se ofender com aquela beleza, foi como se seus doces sonhos adolescentes tivessem ganhado vida e se colocado em alguma forma bizarra.

Tristan tinha o rosto menos convencional imaginável. Seus cabelos eram negros, salpicados em tons de cianeto percebidos apenas a luz do sol, seus olhos eram cinzas, assim como o céu daquela tarde, sua pele comparava-se facilmente a leite derramado, suas feições eram melindrosas e assustadoras, tinha um corte sugestivo na bochecha esquerda, seus lábios eram rosados e pareciam batizados em fogo. Seu corpo estava delineado por fraca luz do sol da tarde, sol esse que já não era forte em seu apogeu ao meio-dia dirá a esse horário, tinha músculos pouco definidos e sua postura era inclinada, assim como sua alma. Seu corpo casava-se tão bem com sua pele que aquela simetria conjunta só poderia ser obra de algum cruel deus caído que se divertia ao humilhar toda a humanidade com apenas um ser vivo superior a todos. Estava vestindo apenas um breve lençol de seda vermelha, envolto de uma cama talhada magistralmente em detalhes de ouro e porcelana, não parecia com uma cama e o ambiente tão pouco um quarto, parecia um berço ritualístico, uma alvorada dos deuses e Tristan era o mensageiro e o prelúdio de tudo que pode ser belo. Era um quarto branco, e tudo ali parecia branco, nem mesmo o inverno ou legado dos czares poderia se comparar a aquele branco irremediavelmente fatal. Sentiu e achou que uma criatura tão bela não deveria se dar assim por dinheiro, ou pelo quer que fosse, não deveria sequer ser tocado, ninguém era digno de tal, nem mesmo ele, muito menos ele. Sentiu uma necessidade eloquente de possuí-lo mas por não se sentir merecedor (mesmo sabendo que estava ao seu alcance) ficou triste. Entendeu que ele não era perfeito como pensara de início, muito menos belo, não, não para o restante do mundo. Era belo para ele, perfeitamente feito para ele.

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Comentários

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Nossa muito bom a escrita e maravilhosa e to vendo que e vai ser muito bom.continua logo.

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Gostei, seu conto promete ser muito bom. Continua logo por favor ...

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