Laços II

Um conto erótico de Julian
Categoria: Homossexual
Contém 1243 palavras
Data: 26/04/2013 22:12:21
Última revisão: 01/05/2013 14:35:18
Assuntos: Gay, Homossexual

Laços II

[Passei algum tempo sem escrever, mas resolvi voltar. Espero que gostem.]

Os dias corriam de forma monótona, eu estava deitado em minha cama, sem pensar em nada muito importante. Apenas deitado, deixando a mente vagar pelos muitos pensamentos que me acometem. Pedro. Sim eu pensava nele também, tínhamos nos afastado tanto. Na verdade nos afastamos na mesma velocidade que nos aproximamos. A vida é algo complicado, e não tinha tempo para devaneios sobre essa questão filosófica, tinha que ir para aula.

Na escola tudo girava em torno de um passeio que faríamos. Um professor tem uma chácara, no interior do estado, e a minha turma ia passar um fim de semana lá, eu não estava eufórico pelo passeio, mas também não estava indiferente. Acho que iria gostar de ir para um lugar diferente, quase como uma aventura.

Naquela manhã levantei atrasado, não pude tomar café e sai correndo para não chegar muito tarde à escola, enquanto caminhava fui pensando em tudo que me aconteceu até esse momento, meu relacionamento complicado com o Pedro, o relacionamento curto, porém intenso com o Caio, minha atual solidão. As vezes parece incrível como a vida é complexa, cheia de surpresas e peças. Eu e o Pedro nos amávamos, porém não conseguíamos nos entender, nos aproximar e a constante presença da Mariana ainda tornava nossa relação mais complicada.

O Pedro e a Mariana ficaram juntos por um tempo, porém atualmente eles são só amigos, e eu desconfio que não partiu dela essa ideia de amizade. Ela ainda gostava dele e entre as minhas desconfianças com relação à Mariana é que ela sabe sobre mim e ele muito mais do que eu gostaria que soubesse.

Passei pelo portão da escola e o sinal soou, apressei ainda mais o passo para não chegar à aula após o professor, ao entras na sala percebo que uma aglomeração ao redor da mesa do Pedro, e me aproximo para ver o que acontecia, quando me aproximei suficiente percebi que o Pedro contava animado de como avia caído de bike e machucado todo o braço, quando o olhei para o baço dele me assustei, estava todo esfolado, um ferimento muito grande.

Mariana percebeu minha expressão de espanto passou a mão pelo ombro dele e disse olhando para mim: “Não se assusta não Julian, o gatinho tá interinho”. Eu ri e respondi simplesmente: “Que ótimo!”, e abri caminho até minha classe que era na frente da do Pedro. Não consegui entender se ela estava sendo irônica ou se estava simplesmente fazendo graça, mas não era hora para pensar nisso, pois a aula estava começando e era dia de aula de física. Eu nunca fui um gênio nas ciências exatas, e não podia me dar ao luxo de me entregar aos devaneios em uma aula dessas.

Após explicar o conteúdo da aula o professor passou exercícios e disse para que nos sentássemos em duplas para resolvê-los e os mesmos deveriam ser entregues no final da aula. O Pedro me cutucou e perguntou se já tinha um par, eu respondi que sim, faria com o Frederico. Ele era simplesmente um gênio em cálculos, e havia me convidado, por mais que eu quisesse fazer com o Pedro, sabia que ele falaria de tudo , menos dos exercícios que deveríamos fazer. Então o Fred [assim que chamávamos o Frederico] veio se sentar ao meu lado e começamos a resolver os problemas, além de ter facilidade para entender física e matemática, ele era um ótimo professor.

Enquanto tentava me concentrar nos estudos, o Pedro a Mariana riam e cochichavam, eles apesar de tecnicamente não estarem mais juntos, ainda tinham uma relação muito próxima, e eu acredita eram muito mais próximos do que apenas amigos, muito mais do que eu gostaria que fosse.

O tempo para resolver os exercícios estava se esgotando, eu e o Fred já estávamos revisando as nossas respostas, quando aparece a Mariana e o Pedro pedindo para que nos passássemos as respostas de várias questões que eles não haviam resolvido. O Pedro pôs a mão no ombro do Fred e disse: “Pow Fredinho dá uma força ai cara!” o Fred como é uma pessoa naturalmente boa estava entregando nossos rascunhos para eles, e aquilo me irritou muito. O Pedro nunca foi um CDF, muito longe disse, mas ele sempre teve responsabilidade, sempre estuo levava os estudos com relativa responsabilidade. Eu simplesmente tirei os papéis da mão do Fred e disse que eles não poderiam copiar nossas respostas.

Ao falar, me virei para frente, não quis ver a cara deles, o Pedro me perguntou: “Então é desse jeito? Tem certeza que é assim?”, não respondi nada, permaneci firme olhando para frente, e o pobre do Fred simplesmente não sabia o que fazer ou falar, e o Pedro disse “Beleza” e voltou para o lugar dele com a Mariana. Não achei justo o que ele queria, eu e o Fred havíamos trabalhado duro para resolver aqueles exercícios, e eles ficaram conversando o tempo todo e quando o tempo estava se esgotando simplesmente acharam que poderiam desfrutar do trabalho dos outros.

No recreio tomei meu suco e me esquivei do Pedro, eu sabia que ele queria tirar satisfações e isso era algo que eu não queria dar. A minha persistência surtiu efeito, não encontrei ele durante o recreio e o restante da manhã correu muito bem, e ao dar o sinal da saída eu peguei minhas coisas o mais rápido possível e saí da escola, não queria encontrar ele na saída, andei rápido, e quando percebi que ele não vinha atrás relaxei e pode ver quão estúpida era a situação, eu não ia poder me esconder e fugir dele o resto da vida, porém estava feliz de não precisar falar com ele naquela hora.

Nem bem esse pensamento tinha se acabado de passar em minha mente eu percebo uma fisionomia escorada no muro, sim, era ele. Estava com o rosto fechado me encarando de forma firme e persistente. Bem, eu não tinha saída, tinha que passar por ali para ir para casa, então segui com passos firmes, ao menos tentando demonstrar firmeza. Quando me aproximei dele ele de desencostou da parede e se interpôs no mais caminho, eu o olhei nos olhos, olhos lindos, mas estavam emoldurados por sobrancelhas cerradas, “Por que fez aquilo?”, me perguntou ele. Naquele momento, qualquer coisa que eu dissesse ele não entenderia, mas eu tenha que dizer algo, então arrisquei e tentei explicar a ele o meu ponto de vista, arrisquei e perdi. “Tu ta loco meo? Só pode s isso1 tu me ferro, aquilo valia nota” ele me disse, erguendo os braços e gesticulando.

Eu não sabia o que dizer ele passou o tempo que foi dado para fazer o trabalho de gracinha e agora eu era o culpado por ele não ter conseguido acabar! Simplesmente não respondi e isso o irritou, me olhou e me disse: “Tu tá de vingançinha né? To ligado, mas tu tem que lembrar quem foi que não quis quem!”, e ao dizer isso virou as costas e foi .

O que ele disse me deixou abalado, pois até então eu acreditava que a minha atitude tinha sido movida por sentimento de justiça, mas será? Será que não agi tomado por sentimentos de ciúmes e vingança? Bem, mas seja como for, o que eu fiz foi certo, não era justo eles se aproveitarem do nosso trabalho. Ao menos eu achava.

Para quem quiser manter contato: yukito.tsu@hotmail.com

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