Gelo - Amizade

Um conto erótico de Ustir
Categoria: Homossexual
Contém 1558 palavras
Data: 19/03/2013 16:45:49
Assuntos: Gay, Homossexual

Anestesiado, desci a escada e sentei-me na sala encarando a janela-parede, não conseguia tirara a cabeça da manchete no jornal... Aquilo era muito estranho, não exatamente pelo fato do assassinato dos pais de Leo, mas principalmente por que agora o trecho de discussão que eu presenciara fazia mais sentido (bem, pelo menos o final), quando a mãe de Tiago entrou na história. Pensei em ler a matéria do recorte, mas preferi esperar, se ele quisesse me contar, contaria, mesmo por que percebi que a cada vez que eu tentava me colocar mais afundo nessa história mais magoava os envolvidos e a mim mesmo.

Leo saiu do quarto depois de quase meia hora, esfregando a toalha no cabelo e atirando-a a uma cadeira no canto.

. – Depois eu te estendo – falou para a toalha.

Levantei-me, mas ele fez sinal para que me sentasse de novo.

. – Desculpe – começou – Fiz uma cena ridícula agora.

. – Não, não – me aprecei em responder – É compreensível. Alguém mais sabe?

Recostou-se no sofá.

. – Só Sieg e o filho de Raquel.

. – Sieg?

. – Meu tutor.

Fiquei em silêncio por algum tempo, pensando no que perguntar.

. – Está com fome? – a pergunta foi de Gelo.

. – O que? – não havia reparado, já eram quase três horas da tarde e só havia tomado café da manhã, meu estômago deu sinal de vida – Acho que sim...

Fez um sinal e eu o segui até a cozinha no lado oeste do apartamento, tentando digerir toda a situação ainda, Leo abriu a geladeira e ficou olhando por alguns segundos.

. – Ah... Nada pronto. – fechou e abriu a parte de baixo do armário – Algum problema com pasta?

. – Não, não – na verdade, sempre adorei macarrão – Vai fazer?

O garoto fez uma careta “Você não está me perguntando isso” ela dizia. Retirou duas panelas e um escorredor do armário, virando-se para uma porta no canto e já dando ordens.

. – Coloque a água para ferver, por favor, Lucas.

Obediente, coloquei e fiquei observando-o voltar da porta com um pacote e três sacos. Abriu um dos sacos e retirou alguns tomates, colocando-os na água.

. – Pellato – disse retirando agora uma cebola do saco e pondo-se a cortá-la – Algum problema?

Encarei-o alguns segundos sem responder.

. – Não com a comida. – disse – Leo, posso te perguntar uma coisa sobre aquele artigo?

Ele continuou cortando a cebola normalmente.

. – O pior já aconteceu, então pergunte, não vai mudar nada.

. – Aquela mulher – apontei para a sala – Do recorte, a tal de Raquel.

. – O que tem ela?

. – Ela é mãe do Tiago, não é?

Gelo ficou em silêncio por um tempo, dando atenção ao corte, até que respondeu.

. – Sim, ela é – e depois de algum tempo – E você não devia ficar ouvindo a conversa alheia atrás das estantes.

Meu coração começou a bater mais rápido e meu estômago embrulhou. Ele sabia.

. – Como foi que...

Ele apontou a faca para mim de maneira despreocupada.

. – Você respira alto demais quando está nervoso – fez um gesto circular – Como agora, por exemplo.

Fiz cara de chateação.

. – Porque não me contou?

Ele retirou os tomates da água e começou a descascá-los, trocando a água e colocando o macarrão para cozinhar.

. – Não tive a oportunidade – continuava olhando para a faca – Você já sabia que nós tínhamos diferenças, e Tiago me atacaria fervorosamente se eu tentasse falar contigo.

. – Por quê?

Agarrou a segunda panela e jogou azeite e um tipo estranho de tempero, em seguida a cebola.

. – Ele é tão louco quanto sua mãe – limitou-se a responder, jogando o tomate picado e um pouco de água na mesma panela, começando a mexer o conteúdo.

Pensei um pouco sobre o que havia acabado de descobrir e me recostei na bancada, percebendo um detalhe divertido.

. – Você é bem corajoso. – disse apontando para o detalhe me surpreendi de até então não ter percebido.

Ele não se virou e perguntou com um tom um pouco mais divertido.

. – Porque?

. – Cozinhando molho Sugo com uma camiseta branca.

Virou-se e me encarou, e durante o ato uma bolha de ar no molho estourou, respingando na camisa e deixando uma mancha muito grande.

Ouvi-o respirar fundo.

. – Você tinha que falar...

E tirou a camisa. Agora sim eu podia ver com perfeição os detalhes do corpo que contemplara ao luar, a pele branca, marmórea, os pelos curtos e claros e o peitoral bem-feito, sem muito exagero, parecia um deus que descia à terra. Abanei minha cabeça no mesmo momento em que me peguei pensando tais coisas “ Eu sou homem” falei para mim mesmo “ Não posso pensar esse tipo de coisa de outros homens”

. – Está... – Leo quebrou minha hipnose momentânea – Pronto.

Estendeu-me um prato e talheres e sem se preocupar em colocar outra camisa, me guiou até a sala, jogando-se no carpete e procurando alguma coisa com a mão no sofá. Quando achou, ligou a TV e colocou em algum canal de cartoons enquanto comíamos aquele que sem dúvida era a melhor pasta que eu já havia alguma vez provado.

Ao acabarmos, levamos nossos pratos para a cozinha e quando fiz menção de lavá-los Gelo me impediu.

. – Você já fez demais por hoje. – disse de maneira doce, quase agradecida e me levou outra vez para a sala – Posso te perguntar outra coisa que não essa que estou te perguntando agora?

Ri da frase.

. – Sim, claro.

. – Porque você me trouxe hoje? Por que não me deixou voltar sozinho?

Pensei um pouco sobre aquilo e resolvi ser sincero.

. – Olha, desde o primeiro dia de aula você me escorraça – disse com alguns gestos – Eu realmente te odiava, estava disposto a te destruir se fosse preciso – suspirei e apontei diretamente para a caixa torácica dele – Mas aconteceu aquilo na piscina, durante a viajem e então comecei a te querer como amigo, você estava como agora, sem aquela parede de – momento de súbita realização – Gelo... – acordei e continuei – Vi que nem tudo era realmente o que parecia, você me surpreendeu e ajudou ao Tiago a me surpreender – fiz um último movimento, estendendo os braços com as palmas para cima – Eu só quero ser seu amigo, só isso.

Leo me encarou por um minuto com aqueles dois abismos que chamava de olhos e respondeu finalmente.

. – Agradeço – a voz parecia embargada – Realmente agradeço.

E me abraçou forte.

Retribuí o abraço e senti seu corpo quente outra vez, mas um quente ameno, agradável. Deixei-me levar pela visão de “ Menino carente de colo” que estava tendo quando me lembrei de uma coisa importante que me deixou bem sem graça: O beijo. Tomei toda a coragem que pude e perguntei com cuidado.

. – Ah... Leo, você se lembra de alguma coisa antes de dormir?

Ele se afastou um pouco.

. – Me lembro de você cantando.

. – Mais nada?

. – Mais nada... Por que?

Enrubesci e desviei o olhar para o chão.

. – Nada, achei que talvez você tivesse alucinado com a febre.

. – Certo... – Ele não parecia convencido.

Para a salvação da pátria meu celular tocou, era minha mãe avisando que tinha chegado e perguntando se eu havia mentido ou um amigo meu realmente morava naquele prédio, ri e avisei que já ia descendo. Leo disse que ia me acompanhar, falou para esperar um instante e saiu, voltando pouco tempo depois com a mesma falta de camisa, só que usando o colar.

. – Vamos – disse.

Calcei e segui para o elevador, onde o fiz prometer que não iria mais me escorraçar. Ele concordou, sorriu e me deu um beijo na bochecha. Fiquei vermelho na hora.

. – Por que você...

Ele só ria.

Os cumprimentos foram rápidos, apresentei minha mãe e ele explicou que era órfão e o tutor não poderia buscá-lo na hora. Dona Laura foi simpática ao extremo e disse que da próxima vez que ele adoecesse levaria-o para casa, pois era uma gracinha. Leo enrubesceu de uma maneira que considero até hoje humanamente impossível e entrou, me dando um abraço antes. A máscara da minha mãe quebrou ao entrar no carro.

. – Lucas – ela não parecia nervosa – Preciso que me faça um favor.

Sabia que ia me arrepender, mas mesmo assim concordei.

. – Preciso que você leve esse Leo lá para casa – ela continuava com aquele tom estranho que parecia... excitação – Preciso ter uma conversa com ele.

E o colar foi a única coisa que passou por minha cabeça.

Pessoal, desculpem-me por demorar tanto, mas ando sem tempo e entalado até o escalpo com tantos problemas, lamento não responder aos comentários de todos hoje e preciso avisar: Os nomes eu mantive, mas os sobrenomes dos personagens foram alterados ^^

. Srtª K. Amane – Misa, se importaria se eu te dissesse o nome real do L ou você já se lembrou?

. Luke17 – Relaxa, espera só até o Regra número 2 aparecer, aí sim fica mais confuso^^

. Realginário – Caro amigo meu, se continuares com tais gostos musicais ficarei tentado a te pedir em casamento... E bem, me expressei mal, Ustir não é exatamente “Sorte” literalmente falando, mas “Fortuna” como Moros, filho de Nix. Bene, não sei se existe sorte no conjunto de infinito em que vivemos, mas quem sabe em um menor, ou em um maior... E sei como se sente, adoraria ser abraçado por Azrael, mas ele me rejeita...

Meus amados, como falei, lamento não responder todos, mas posso dar um pequeno spoiler de compensação: Daqui a dois capítulos tem personagem novo^^

Bene, não tenho muito tempo então as datas vão variar, mas juro pelos deuses que o máximo de espera entre os capítulos será de cinco dias. Um abraço gelado e um beijo caloroso a todos.

Gratzie.

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Comentários

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Ai esta história esta muito Kawaii, tá tão linda... Kawaii, Kawaii.

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Muito interessante o sua história, nem sei como não tinha percebido-a mais cedo '-' . Aguardo ansioso os próximos capítulos, principalmente sobre essa tal "Verdade".

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Ae mto bom, to ancioso pelo próximo, to vendo q eles estão se dando mto bem hehe.

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Começei a ler seu conto ontem, e estou amando. Que bom que alguém está transformando o Leo. Abraços

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Rsrs. Eu não continuo com esses gostos... Tenho-os presos a mim. Ultimamente tenho recebido muitos pedidos de casamento. Rsrs. Léo e Lucas, são: fofos! Realmente a atitude da mãe de Lucas deve ter algo haver com o colar-símbolo de Leo e projeto da mãe de Lucas... Misterioso... Moros deus da "sorte" ou "fortuna" assim como Tique e até as deusas Nornes, que são minhas protetoras. São tantos deuses... Esse papo de deuses pagãos fascina-me. Somos dois! Azrael também me rejeita... Continue este conto.

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Pensei que tivesse desistido de continuar com o conto.Muito bom!

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Meu lindo esava com saudades e eu ama cada. Vez mais sua historia

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Own está muito bom teu conto! Estou louca pra saber o resto, e o que a mãe dele quer com o Gelo.

Não intendi sua pergunta?

10 concerteza!

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qual a historia atrás co cola? super curiosa e empolgada com o conto. BJS QTNHOS.

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Quando os dois vao ficar juntos? Kkkkk eles sao tao lindos! Tomara q esse personagem novo nao se meta entre os dois!!

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