A HISTÓRIA DE NÓS TRÊS - 05X13 - "A CARTA"

Um conto erótico de MY WAY
Categoria: Homossexual
Contém 2493 palavras
Data: 14/01/2013 22:44:06

Phelip... eu não sou essa pessoa sensata que você pensa... na verdade fiz algumas coisas ruins no passado. Durante toda a minha vida... menti... enganei... não só os meus pais, mas a mim mesmo. E ao te encontrar, todos os meus conceitos caíram por terra... você é meigo... bonito... tudo o que eu sempre busquei em alguém. E do outro lado... está a minha irmã... eu poderia largar tudo e deixa-la, mas não conseguiria... para não parecer injusto com você... vou te contar uma história...

2 anos atrás...

- Parabéns meu filho. – disse Eleonora abraçando Ezequias.

- Está de maior filho... já pode tirar sua carteira... servir em missões da igreja... – disse Luis abraçando o filho.

- Obrigado pai... não irei te decepcionar...

- Filho... hoje faremos uma festinha em sua homenagem... nada sofisticado... apenas o pessoal da igreja. – disse Eleonora.

- Sim... eu estou indo... tenho ensaio com o coral da igreja... – ele disse pegando o violão.

- Não se atrase. – disse Luis.

Verdade... fazia o papel do filho perfeito... não queria magoar ninguém... às vezes, ficava tão triste que chorava por horas... não podia contar com ninguém... me sentia um inútil... sempre pelos cantos... com medo... essa era a verdade... eu vivia com medo. Mas, a maior idade me trouxe esperanças... algo que nunca pensei em ter. De repente, pensei que poderia está dando certo... eu teria uma vida nova.

São Paulo – Atualidade.

- Pedro... acorda amor. – disse Mauricio.

- O que foi?! – perguntei assustado.

- Você... você... me chutou... – ele disse rindo.

- Eu o que? – perguntei limpando os olhos.

- Você me chutou... eu.. eu tenho certeza amor... – ele disse ligando a luz do quarto.

- Eu... deve... deve ter sido um reflexo... – falei me sentando na cama. – Ela não se mexe...

- Ei... isso é um sinal. – ele disse sentando ao meu lado e me beijando.

- Amor... eu... acho que não... – disse me rendendo aos beijos dele.

- Eu quero você... – ele disse tirando a minha cueca.

- E se não funcionar? E se eu o meu pinto também tiver paralisado? – perguntei.

- Então vamos tentar até ele endurecer. – ele disse me beijando.

Phelip continuava a ler a carta de Ezequias.

A esperança que existia no meu coração... me fez sonhar com um mundo melhor. Onde eu não escutaria mais – “Você vai para o inferno”. Naquele dia coloquei toda a minha energia no coral da igreja... após o ensaio decidimos sair... ir no cinema. Lá conheci um amigo do baterista da igreja, o Alessandro. Ele era um cara bacana, acabei o convidando para ir em minha casa naquele noite.

Meu aniversário de 18 anos, foi divertido. Meus amigos estavam todos lá. Meu pai orou por mim e tivemos uma rave gospel. Eu e Daniele dançamos bastante naquele dia. Decidi respirar um pouco e encontrei Alessandro na parte externa da minha casa. Conversamos um pouco e ele me desejou felicidades.

- Ei... você é um cara bacana... – disse Alexandre.

- Obrigado.. você também é...

A partir deste momento surgiu uma amizade enorme entre a gente. A ponto de algumas pessoas falarem mal de nós. Tudo aconteceu naturalmente... o primeiro beijo... mas, nunca chegamos de fato a consumar nada. Um dia, estávamos nos beijando em cima da cama. Quando a minha irmã chegou e me empurrou. Eu ia levantar e brigar com ela, quando eu vejo o pé do meu pai em frente a porta. Fiquei escondido de baixo da cama.

Escutei gritos e minha irmã levou algumas porradas. Tentei sair de baixo da cama, mas estava paralisado. Aquilo foi um escândalo. Todos da cidade ouviram o barraco do meu pai e minha mãe. Poderia ser pior... poderia ter sido eu...

Meu pai ficou tão envergonhado que decidiu mudar de cidade. Foi quando viemos parar aqui. Eu não quero mais esconder este desejo... eu quero viver o meu amor... quero viver o nosso amor... e espero que esteja querendo o mesmo.

Infelizmente, meus pais ficaram sabendo do Pedro e Mauricio, eles me proibiram de te ver... por causa do preconceito idiota... mas, não se preocupa... darei um jeito... estou com saudades... beijo.

Com amor... Ezequias.

Sim... meu irmão ficou preocupado. Ele queria saber como estava seu namorado. Ele foi até a minha casa e conversou com Mauricio. Escutei a conversa do meu quarto e decidi ajudar também, afinal de contas ele é meu irmão.

- Que situação chata... infelizmente existem milhares de jovens que levam a mesma vida... – disse meu esposo.

- Verdade... eu não quero que ele sofra... preciso tirar ele daquela vida. – falou Phelip.

Desci da cama. Chamei o elevador. Queria muito ajudar.

- Tem alguma coisa em mente? – perguntou Mauricio.

- Bem.... podemos falar com os pais dele e....

- Nossa intenção é evitar confusão, mas o que me diz se pudéssemos convida-los para jantar... com toda a nossa família... eles veriam como somos do bem... – disse meu esposo.

- Pode ser... verdade... vou falar com a minha mãe... obrigado Mauricio. – disse ele saindo em disparada pela porta.

- Onde está o Phelip? – perguntei.

- Já foi... – disse Mauricio lendo um livro.

- Ahhh... eu... vou até a cozinha. – falei chateado.

Fábio e Vinicius decidiram almoçar juntos. Eles entraram em um restaurante onde o ex de Fábio também estava almoçando com uma mulher.

- Agora ele deu de encontrar com mulheres. – disse Fábio.

- Xiii... vai ficar com ciúmes é? - perguntou Vinicius

- Tá vamos mudar de assunto... – ele disse.

- Bem... eu conversei com o Jean e queríamos que você fosse um dos padrinhos do nosso casamento.

- Sério?! – disse Fábio com um sorriso nos lábios.

- Fábio? – perguntou o homem do outro lado. O homem apenas desmaio... quebrando a cadeira onde estava sentado.

Todos correram para perto dele. Vinicius realizou os primeiros atendimentos ali.

- Ele teve uma parada cardíaca! – gritou Vinicius fazendo respiração boca a boca. – Liguem para o hospital agora.

- Estou tentando... – disse Fábio chorando. – Evandro!

- Vamos lá grandão! Aguenta! – disse Vinicius pressionando o peito de Evandro.

Não muito longe dali. Bernardo e Judith caminhavam de mãos dadas. Eles encontraram com Daniele sentada em uma mesa. Por educação, os dois foram até lá conversar com a moça.

- Oi Dani. – disse Judith.

- Olá... tudo bem? – ela perguntou sorrindo.

- Sim... podemos sentar? – perguntou Bernardo.

- Claro... podem sim...

- E ai? Curtindo a praça de alimentação. – perguntou Judith.

- Sim... é um dos poucos lugares que o meu pai deixa eu vir sozinha.

- Sério? – perguntou Bernardo surpreso.

- Sim, mas estou acostumada. – ela disse sorrindo.

- Que legal. – disse Judith.

- Olha... vamos ser francos... eu sei que não sou uma pessoa tão legal... e sei também que vocês tem um lance... e agora que o meu irmão está namorando o teu irmão... mesmo que os nossos pais não permitam... sinto na obrigação de ser legal com vocês... por isso abro mão de você Bernardo... você é bonitinho, mas vai ser da família...

Bernardo e Judith se olharam e tentaram não rir do argumento de Daniele. Afinal, ela podia ser chata, mas era uma boa amiga.

Phelip e Ezequias continuavam se encontrando sem segredo. Phelip havia ganhado de nosso pai um apartamento no Centro da cidade. Ele comprou alguns moveis e aquele se tornou o ninho de amor dos dois.

- Eu adoro transar com você. – disse Ezequias suado após outra transa.

- E eu não... fico louco quando estou perto de você. – falou meu irmão deitando ao lado dele.

- Que bom. Assim a concorrência padece. – brincou Ezequias.

- Amor... a minha família chamou a tua família para um jantar... para os teus pais verem que nós não somos um mal exemplo. – disse Phelip.

- Eu não sei... talvez... quer dizer acho melhor não...

- Precisamos... se não vamos ter que nós encontrar assim... escondidos...

- E não é bom para você? – perguntou Ezequias limpando o suor na testa de Phelip.

- É e não é... quero ter você para mim... – ele disse o beijando.

- Ok... vou falar com os meus pais.

Me esforçava ao máximo nas aulas de fisioterapia, mas estava difícil. As minhas pernas estavam lá... eu não as sentia ou tinha domínio sobre elas. Na piscina, eu usava apenas os meus braços e cansava muito rápido. Rogério não me deixava em nenhum momento durante as semanas, ia me apegando mais a ele. Afinal havíamos passado por traumas parecidos.

Agarrei no pescoço dele e fomos nadando lentamente pela água. Me sentia protegido com ele.

- Obrigado pela força. – falei sorrindo.

- É um prazer... fico feliz...- ele disse se aproximando de mim.

- Eu duvido... duvido você me pegar! – gritei mergulhando.

Rogério mergulhou e me perseguiu durante um bom tempo. De repente senti algo diferente, minha perna tremeu. Parei e me assustei, gritei para ele.

- Minha perna mexeu!!!

- Como assim... - ele disse me tirando da água.

- Ela mexeu... ontem a noite o Mauricio disse que eu havia o chutado. – comentei.

- E foi a mesma perna? – ele perguntou.

- Sim.. foi sim! – gritei emocionado.

Ele me pegou no colo e me abraçou. Estavamos felizes afinal era um trabalho em conjunto. Mauricio entrou no ginásio e nos viu abraçado.

- Acho que eu posso continuar daqui. – ele disse com uma fisionomia séria.

- Ok. – ele disse me entregando nos braços do meu marido.

A situação poderia ser constrangedora se não fosse o fato de eu estar começando a mostrar melhoras. O Mauricio me sentou em um banco e começou a me enxugar.

- Que bom... está melhorando... – ele disse passando a toalha no meu cabelo.

- Sim... graças ao Rogério... ele é incrível. – falei sem me tocar na besteira.

- É... ele é... vamos? – perguntou Mauricio me segurando no colo novamente.

- Eii... – falei olhando nos olhos dele. – Eu te amo. – o beijando em seguida.

- Eu também te amo... desculpa não ser incrível... mas eu estou tentando. – ele disse.

- Para de ser idiota... você não é incrível... é maravilhoso... é o meu ar... – disse o beijando novamente.

- Você também... você também... eu te amo.

- Agora vamos... estou morrendo de frio e de fome! – gritei rindo.

Luis, Eleonora, Daniele e Ezequias estavam jantando quando a notícia chegou como uma bomba.

- Pai... os Soares nos convidaram para um jantar amanhã a noite.

- Como assim? Ainda está falando com aqueles pervertidos? – perguntou Luís.

- Eles não são pervertidos... são nossos vizinhos... e o Phelip é meu amigo.

- Assim como o drogado... – perguntou Eleonora.

- Gente... parem com isso... uma coisa não tem nada haver com as outras. – ele tentou argumentar.

- E você acha que o mal liga para isso? Satanás quer te iludir meu filho... sai fora dessa...

- Mãe... pai... é um jantar... – pediu o jovem.

- Eu não sei... – falou Luís.

- Querido... eles são nossos vizinhos. – disse Eleonora.

- Ok... diga que eu aceito o convite. – falou o pai de Ezequias.

- Legal pai. – disse ele sorrindo.

- Deus nos ajude! – pediu Eleonora olhando para os céus.

Priscila e Luciana se encontraram para ver alguns vestidos de noivas minha irmã tinha muitas qualidades, mas se vestir bem não era uma delas. Passaram horas e horas apenas experimentando vestidos e mais vestidos.

- Me sinto uma traíra. – reclamou a minha irmã.

- Porque? – questionou Luciana ajudando Priscila a tirar o vestido.

- Era para o Pedro está aqui conosco.

- Eu sei, mas ele está na fisioterapia... não podemos fazer muito... que tal a gente chamar ele para quinta-feira? Será a prova final... – disse Luciana.

- Verdade... verdade... por isso que eu te amo. – disse minha irmã a abraçando praticamente pelada.

Toda a minha família foi avisada do grande jantar... tentamos parecer uma família normal na frente dos pais de Ezequias. Nos vestimos para a ocasião. Minha mãe que fez cada prata servido. Sorrisos... e mais sorrisos...

- Então... Sr. Luís... a igreja realmente da lucros? – perguntou meu pai puxando assunto.

- Depende do ponto de vista... – respondeu ele secamente.

- Nossa... essa torta de maça está realmente adorável. – disse Eleonora tentando reverter a situação.

- É uma receita minha... te passo depois... – disse a minha mãe sorrindo.

- Tio Phelip.. – gritou Patrick.

- Fala meu filho...

- Você vai pedir o tio Ezequias em casamento?

Todos se olharam em silêncio. Daniele fez força para não rir, mas ao mesmo tempo sabia qual era a reação do pai.

- Isso é alguma brincadeira? – perguntou Luís se levantando.

- Calma... – Mauricio disse se levantando também.

- Que história é essa Ezequias?! – ele gritou dando um tapa no jovem e assustando as crianças.

Judith e Bernardo levaram meus filhos para o quarto. Na sala de janta as coisas pegavam fogo.

- É isso que você aprende com esses depravados? – perguntou ele.

- Me respeite! – gritou Mauricio. – Queremos que você veja... somos uma família normal... como qualquer outra... damos amor e carinho para os nossos filhos...

- Vamos para casa. – pediu Eleonora.

Estávamos todos em choque. Na verdade nem saí da cozinha... estava com medo... sabia que ouviria coisas horríveis... ainda mais sobre a minha situação atual. Ouvi a minha irmã tentando fazer a barraqueira.

- Então o Senhor pega essa sua bunda branca e cristã... e vá tentar ganhar mais dinheiro dos pobres coitados da sua igreja!!! – ela disse sendo repreendida em seguida pelo meu pai.

- Não queremos confusão... os nossos filhos se gostam... e a única coisa que podemos fazer é apoia-los. – disse meu pai.

- Isso é um absurdo... dos meus filhos cuido eu!!! – gritou ele levando Ezequias a força.

- Desculpem... – disse Eleonora chorando e levando Daniele.

Phelip tentou reagir ao ver a cena, mas foi impedido por Mauricio. Ele se manteve forte a todo momento. Ele pensou em várias maneiras de bater em Luís.

- Não podemos perder a razão... – disse Mauricio.

- Ele vai matar o Ezequias. – falou meu irmão sentando no sofá.

- Não vai não... – disse meu pai.

- Como o senhor tem tanta certeza? – perguntou Phelip desolado.

- Porque ele teve a oportunidade de fazer isso comigo e não fez. – falei entrando na sala com a minha cadeira de rodas.

- Como assim? – perguntaram todos em coro.

Olhei para o meu pai e ele fez sinal de positivo com a cabeça antes de sair da sala.

- Bem... quando eu me assumi gay... vocês dois pararam de falar comigo. – falei olhando para a minha mãe.

- Sim... – ela disse chorando. - Eu me lembro.

- Certa vez... não havia ninguém em casa... e o meu pai chegou bêbado... transtornado...

São Paulo – 13 anos antes....

Era um dia tipicamente comum... comecei a estudar para uma prova de biologia e fiquei com fome. Desci e encontrei ele sentado com uma garrafa de Whisky. Tentei voltar, mas...

- Vem cá... vem cá meu filho... – ele ordenou.

- Fala pai? – perguntei.

- Toma essa delicia aqui comigo. – ele disse pegando um copo e me servindo.

- Pai... eu... eu... não bebo... não tenho idade... – falei me afastando.

- Para beber você não tem idade... para ficar com os machos você tem!! – ele gritou me assustando.

- Pai... – disse chorando.

- Você é uma vergonha. – ele disse se aproximando e apertando o meu pescoço.

- Pai!

- Você é uma aberração... como você pode fazer isso comigo. – ele disse chorando.

Todos da minha casa ficaram impressionados. Mas, levei a conversa para o lado positivo.

- Mano... tudo tem seu tempo... eles vão ficar chateados... porém bater ou matar... não seriam tão louco...

- Eu espero... eu espero... – disse Phelip fechando os olhos e encostando a cabeça no sofá.

A noite prometia muito... Ezequias começará naquela noite um calvário.. infelizmente... não seria nada comparado ao que eu passei.

MSN - contosaki@hotmail.com

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Comentários

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Sem palavras!!! Unica palavra que posso definir e PERFEITO!!!

Meus parabens!!!!Meu contista favorito!!!

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Fanatismo, de qualqluer espécie, não é bom. Basta lembrarmos do talibã, do nazismo e outros.Até onde sei, os evangélicos não aceitam o homossexualismo, mas respeitam a pessoa do homossexual.

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Meu deus o pai do Ezequias é um louco.

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que maravilha, vc é nota 10, quer dizer o máximo.

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Tô sem elogios já... Nota 10. Parabéns!

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maravilhosa como sempre fiquei muito feliz em saber que você gostou da tatoo nota 10 como sempre e ansiosa pelos próximos cap

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