OVERDOSE - Parte 05

Um conto erótico de Alê12
Categoria: Homossexual
Contém 1970 palavras
Data: 17/01/2013 15:43:15

Mais uma parte pra vocês queridos. Dedico sempre este conto aos meus leitores assíduos, e ao que apenas lêem sem comentar ou dar a nota, um grande beijo e obrigado pela atenção.

“O AMOR É O ARQUITETO DO UNIVERSO”

Boa leitura...

Ele pegou na mão do Guilherme, que de imediato o encarou fixamente. Suas mãos eram brancas feito neve, e logo ficaram vermelhas pela queimadura. O Andrey percorria os dedos em todo o contorno. O Gui passou a observar os dois tons que se formava. A pele negra do Andrey, sobre a sua pele branca; aquilo o deixou sem jeito e totalmente excitado.

- Não foi nada demais Andrey, é só uma queimadura. – ele olhava profundamente nos olhos dele.

- Me deixa ajudar você. – ele pegou pratos, copos e talher, distribui-os sobre a bancada de mármore.

- Você mora muito tempo no subúrbio? – perguntou Guilherme, tentando sair do transe de pensamentos que invadia sua cabeça.

- Sim, desde pequeno. Fui criado lá. Me lembro como se fosse hoje, eu soltando pipa e correndo pela rua. – por um momento ele ficou emocionado. – Todos os dias, o meu pai chegava do trabalho me gritando, aí eu vinha correndo e me jogava nos braços dele. Não me importava a sua roupa suja, ele era mecânico; sempre fui apegado a ele, e quando eu o perdi... – nesse momento Andrey não conseguiu mais segurar as lágrimas.

- Não fica assim não.

- Antes de ele morrer naquele chão... Eu prometi que iria cuidar da minha mãe e do meu irmão, e que daria muito orgulho pra ele. Fecho os meus olhos, e lembro as suas últimas palavras sussurradas em meu ouvido: eu tenho muito orgulho de você meu filho amado. O papai te ama e sempre vai estar com você. – ele não aguentou mais e desabou em choro, sendo amparado por Guilherme que também chorava muito, pois ele sabia que na relação com o seu pai, nunca existiu afeto.

- E eu tenho certeza de que você está cumprindo o prometido. – Guilherme tentou confortá-lo.

- Vamos parar com essa choradeira toda não é mesmo? – ele começou a secar as lágrimas. – Nosso lanche vai esfriar.

- É verdade. – Guilherme riu.

- Você tem quantos anos Guilherme?

- Vinte e dois.

- Nossa!

- Porque o espanto? Por acaso eu pareço ter mais? – ele fingiu ficar chateado.

- Claro que não. É porque você tem um rosto muito perfeito. – Guilherme no seu íntimo adorou o elogio feito por ele, mas não demonstrou nada.

- E você? Qual é a sua idade?

- Hummm... Será que eu digo?

- Assim não vale Andrey, eu te revelei a minha.

- Tenho vinte e seis.

- Você também não parece ter a idade que tem.

Logo eles começaram um papo animado. Cada vez que o Guilherme contava sobre suas loucuras feitas na vida, o Andrey caia na gargalhada. Ora ele ria ora ficava espantado com tamanha coragem do Gui. Falaram de sexo, educação, viagens, desilusões, enfim, via-se ali, nascer uma grande amizade.

- Eu preciso ir Guilherme. Obrigado por tudo.

- Eu que agradeço. Você é muito divertido. Não deixa de me ligar tá?

- Pode deixar. Se cuida rapaz.

- Você também. E dê um grande abraço em seu tio por mim.

Guilherme o levou até a porta, onde se cumprimentaram com um abraço e logo ele partiu.

Os dias seguiam tranqüilo. A amizade entre Guilherme e Andrey crescia cada vez mais. Marcavam sempre barzinhos, baladas... A Lívia e o Dinho, assim como outros amigos do Gui, passaram a ser amigos dele também. A única coisa que o Andrey desaprovava no Guilherme era o cigarro e a bebida exagerada, mas prometeu a si mesmo, que não se posicionaria nesses tipos de assuntos.

Mais um dia de faculdade, e chuvoso, diga-se de passagem, ele retornara para casa. Ia arrumar sua mochila, pois estava empolgadíssimo com a viagem. Toda a turma da facul combinou de alugar uma casa de praia na cidade de Búzios, para passarem uma semana inteira, já que naquele mês de Junho, a mesma entrava em recesso. Podia inclusive, cada pessoa levar um acompanhante. Chegando em casa, abriu a porta e deparou-se com Bernardo, o seu primo mais insuportável da face da terra.

- Foi bom mesmo te encontrar aqui.

- E aí? Beleza. – disse o Bernardo sorrindo.

Ele estava jogado no sofá, enquanto a sua mãe dava as ordens à Maria na cozinha.

- Beleza? Que história é essa de você invadir o meu quarto, mexer nas minhas coisas e colocar aquele monte de insultos no meu computador? – dizia ele com o rosto em fúria.

- Mas...

- Antes que você diga que não foi você, vou te dá um recadinho pra nunca mais esquecer. Dá próxima vez que você ousar entrar lá sem minha autorização... Eu juro que você vai se vê comigo!

- Ah é? E por acaso você vai me fazer o quê? – o Bernardo desafiou.

- Já ouviu falar naquele filme de terror, em que o assassino tortura as suas vítimas arrancando parte de seus corpos? Pois é, eu farei o mesmo, só que arrancarei os seus dedos.

- Tô morrendo de medo de você Guilherme...

- Pois devia. Eu não costumo brincar com as minhas ameaças, e fazer isso com você... Vai ser um prazer inquestionável. – ele olhava sério para o primo.

- Por acaso eu disse alguma mentira? Tudo que eu escrevi é a mais pura verdade. Você não tem vergonha não? Esfregar todos os dias um homem diferente na cara da tua mãe, só pra satisfazer o seu ego? Que espécie de viado é você? Garoto de programa?

Aquilo foi demais para o Guilherme. Até então havia suportado tudo calado, mas ser ofendido daquela maneira, ainda mais por uma pessoa que ele nunca suportou na vida? Realmente era demais... Não pensou duas vezes e num gesto rápido deu um soco na cara do Bernardo, que sangrou na hora. Ambos começaram o quebra pau ali mesmo na sala. Ele era mais alto que o Gui, porém não mais forte.

- Parem vocês dois – dona Sandra veio correndo da cozinha, após ouvir o barulho da confusão.

- Você é um desgraçado invejoso! Pensa que eu não sei que morre de inveja de mim, do meu dinheiro, da minha vida... Guilherme gritava.

- Eu? O louco aqui é você seu garoto de programa. Eu não preciso sair com uns e outros pra ser feliz... Já você né?

- E dái? Eu saio mesmo. A vida é minha, e faço o que quiser dela. Nem você, nem ninguém têm nada a ver com isso, seu imbecil.

- Seu pai tinha razão. Por isso que ninguém consegue gostar de você. Quem ia se interessar por um drogadinho que se acha o dono da verdade.

O Guilherme partiu pra cima dele novamente, desta vez a sua raiva era maior, derrubando-o no chão e socando o seu rosto com maior vontade.

- Pare Guilherme! Pare já com isso.

- Tira esse cara daqui mãe. Eu nunca mais em minha vida quero vê esse filho da puta aqui na minha casa.

- Essa casa não é sua!

- Chega Bernardo! Vai embora. – dona Sandra o expulsou, percebendo que o mesmo queria provocação.

Ele saiu com o rosto sangrando e jurando se vingar do primo. Guilherme foi para o quarto, mas ainda não tinha acabado; dona Sandra vinha logo atrás dele. Aquele assunto estava longe de acabar.

- O que deu em você Guilherme? Nunca agiu assim?

- Mãe, por favor! Eu quero ficar sozinho.

- Não, você vai me ouvir primeiro. – disse ela fora de controle. – Partir pra violência com o seu primo? Nunca te ensinei a ser assim.

- Vai ficar defendendo aquele otário é? O filho aqui sou eu, não ele.

- Não estou defendendo ninguém. Poxa Guilherme, sempre te apoio e é assim que você reage?

- Vai me dizer que a senhora não concorda com tudo que ele falou? – ele estava transtornado.

- Por acaso é mentira? – perguntou ele, com a voz mais branda.

- Eu já disse mãe, não curto relacionamento sério. Será que ninguém entende isso? E outra, se eu ando transando por aí, pelo menos eu me previno, não sou nenhuma criancinha.

- A questão não é se prevenir meu filho é a sua exposição. A sua família não fala em outra. É sempre o mesmo assunto, de que você bebe demais, fuma demais, sai com gente, que eu nem sei que espécie é. Você acha isso certo? Eu como sua mãe, não saber da vida do seu único filho?

Ele sentou-se na cama e baixou a cabeça, no meio daquelas palavras ditas por ela, sabia que existia verdade, que no fundo, no fundo, sua mãe tinha razão. Não se importava com o resto, apenas com ela. Não queria magoá-la, nem decepcioná-la.

- Eu te amo tanto Guilherme. Eu só queria que você se abrisse mais comigo, eu quero ser a sua amiga. Saiba que pode contar comigo meu filho.

Ele não disse uma palavra, apenas se jogou no colo dela e chorou feito criança. Ela alisou os cabelos do filho, beijando a sua cabeça.

- Eu vou estar sempre aqui meu filho, nunca vou abandonar você.

- Eu te amo mãe, me perdoa se eu não sou o filho que a senhora sempre quis. Eu tenho os meus defeitos, mas prometo que vou mudar. – disse ele com os olhos em lágrimas.

Ela saiu do quarto, cobrindo o filho com um lençol. Depositou um beijo em sua testa e fechou a porta.

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O Andrey estava reunido à mesa com a mãe, a Sra. Joana, de quarenta e cinco anos, e o seu irmão mais novo, o André de apenas cinco anos. O lanche ocorria divertido. Ele adorava passar o dia com a família, mas naquela reunião, ele estava disposto a contar o fim do seu namoro com Alice.

- Mãe, eu e a Alice, nós terminamos.

- Mas porque meu filho? Vocês faziam um casal tão lindo. – perguntou dona Joana surpresa.

A Alice era negra assim como ele. Tinha vinte anos e fazia faculdade de contabilidade. Ambos se conheceram no aniversário do Otávio, e engataram um namoro que duraram cinco meses. Ele não a amava apenas se relacionou porque se sentia muito sozinho, mas não achou justo ficar com alguém que não amasse.

- Eu e a Alice mãe, nos gostamos, apenas isso. Ele entendeu e ficou tudo bem.

- Eu confio em você meu filho, sem que tem juízo e sabe o que faz.

Nesse instante, o seu celular toca. Era o Guilherme.

- Oi Andrey, tudo bem?

- Fala aí meu querido, como você está?

- Vou indo. Andrey, eu to te ligando pra te fazer um convite.

- Não é mais uma de suas loucuras não né? – disse ele rindo.

- Não seu bobo, é que a galera da faculdade ta indo pra Búzios, daí eu queria que você fosse com a gente.

O Andrey não sabia explicar, mas toda vez que falava com ele, sentia algo diferente. Nesses últimos dias, passou a pensar sempre no Guilherme, em vê-lo novamente. Aquilo tava ficando fora de controle e ele precisava desabafar. Não sabia o que estava sentido, mas a voz do Gui lhe transmitia um desejo incontrolável.

- Bom Gui... É que eu to meio sem grana este mês. Tive que comprar uns remédios da minha mãe, um computador novo pra mim.

- Eu não estou mandando você pagar nada mocinho, estou lhe convidando.

- Eu não posso aceitar. Não gosto que paguem nada pra mim. – disse ele com orgulho.

- Eu pensei com tanto carinho em convidar você, e vou ouvir um não? Por favor? Eu juro que da próxima vez aceito um convite seu e daí você paga, e ficamos kits!

- Tá bom seu chato. Pelo menos minhas férias do trabalho não passarão em branco.

- Viu? Parece que eu estava adivinhando. Você pode passar aqui em casa amanhã de manhã? Vamos sair cedinho.

- Pode deixar. Um abraço, e obrigado pelo convite.

- De nada. Outro pra você.

- Porque esse rapaz ta deixando você assim hein Andrey? Será? – Não, não pode ser. Eu nunca serei isso, eu não sou isso. – ele questionava a si mesmo.

CONTINUA...

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Comentários

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Pow, já peguei o vício de acompanhar tua série (: Não costumo comentar, mas ta me agradando. Só espero que o Guilherme mantenha sua essência e personalidade, msm n aprovada por alguns õ/

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Eu não sei se esse primo do guilherme o Bernardo sente inveja dela ou se é amor, e essas férias em Búzios vai dar no que falar em.

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Tadinho do Andrey, tão responsável, humilde e ainda hetero. Não bastasse tudo isso, acho que a familia arrogante do Gui terá preconceito pelo fato dele ser negro, ainda acho o Gui mimado demais, mas to adorando o Andrey. Beijao rapaz.

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nota 10 e com certeza esse primo do gui e um babaca

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Ótimo conto, mas me deixa ser só um pouquinho chato, e não me leve a mal, se não vou aí e te dou uma palmadas, meu querido. Cuidado pra não trocar os personagens, as vezes, no texto de hoje, fico sem saber o quem fala direito, só isso. No resto, 10. Perfeito. E só tem um defeito, tá me deixando muito curioso.

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