Fuga #02

Um conto erótico de Olavo A.
Categoria: Homossexual
Contém 1343 palavras
Data: 17/12/2012 14:49:19
Assuntos: Gay, Homossexual, Romance

“O último suspiro de cansaço pode ser o primeiro de alívio”Odeio o início do dia. Aquela luz forte nos olhos parece debochar de mim por ter que acordar cedo. Nem tão cedo assim, confesso. Contudo, não é só da luz do sol que tenho empatia ao acordar, minha segunda vida também me perturba.

Lembro-me de todos os problemas e mentiras assim que retomo a consciência. Por vezes chego a pensar que seria mais fácil nunca levantar desta cama. Morrer passa a ser uma ideia tentadora e confortável. E ainda é. Uma faca que roubei da cozinha continua escondida no meu quarto, em uma gaveta trancada da minha escrivaninha. Esse é o único segredo que escondo de Sarah, se ela soubesse disso, me mataria antes mesmo que eu o fizesse.

Mas, é preciso levantar e tentar sobreviver a mais um dia. Tentar não escutar os comentários cheios de indiretas do meu irmão, na mesa do café. Lúcio nunca foi uma pessoa ruim, mas suas atitudes e sua personalidade forte, o deixam desprezível. Eu sei que ele sabe sobre mim, no fundo todos sabem, ele tem raiva de mim por “ter” a Sarah. Eu vejo os olhares que ele atira sobre ela. Meu irmão está apaixonado, mesmo que jamais admita, e não consegue esconder isso. Ele e Sarah formariam um belo casal, se ele não fosse um bruto e ela gostasse de homens.

Não devo me preocupar com isso, tenho coisas demais a serem feitas hoje. Começo minha residência amanhã e ainda não sei qual o médico que me supervisionará. Quando escolhi essa carreira, já sabia da dificuldade de segui-la, mas não pensava que seria tento assim. Terminei o ensino médio aos 16 anos, pulei um ano. Logo entrei na universidade, junto com Sarah, ela com 17. E depois de seis anos de graduação, estamos os dois prestes a participar da rotina de um hospital, uma excitante experiência.

Quero seguir a carreira como cirurgião pediátrico. E por incrível que pareça, “minha futura esposa” divide a mesma opinião, ou seja, faremos residência juntos. Como se trata de um hospital-escola, serão dois alunos por cirurgião, mas não canso de ver minha amiga, então estou feliz com isso. Só preciso voltar à faculdade e checar o nome do meu supervisor.

Depois de arrumado desço as escadas. E graças a Deus, aparentemente não há ninguém. O Dr. Paulo deve estar no escritório, como sempre. Mamãe, nem desconfio onde esteja. O traste do Lúcio deve estar em aula, afinal são 10h00min. Ele faz direito (o orgulho de meu pai por causa disso e irritante) na mesma faculdade que eu. Ele é um traste, mas é um ótimo aluno e será um brilhante advogado, competente o bastante para tocar os negócios da família. Mesmo eu sendo o mais velho, eu tenho que reconhecer, ele é muito mais seguro, confiante e até mesmo forte do que eu, por vezes me pergunto se tenho 22 anos e ele 21. A diferença de idade é mínima, entretanto a de personalidade é gritante.

Termino meu café apreciando o silêncio da casa. Entro no carro e me sigo para a casa dos Toledo buscar Sarah, ela faz questão de ir comigo, não entendo o porquê, já que não vou demorar 10min lá dentro, enfim.

Depois de 5min recebo uma ligação de Sarah.

- Bom dia meu amor rs. – Diz ela.

- Fala logo o que você quer. Tanta alegria de manhã não é um bom sinal. Anda, fala logo! – conheço essa garota, lá vem bomba.

- Que isso amor... Fala bom dia pelo menos rs.

- Que seja, Bom dia, agora diz logo o que você quer. – odeio o tom de deboche que ela faz.

- Ygor, você já saiu de casa? – ela fala com a voz calma.

- Já sim. Por quê? – Já digo isso dando meia volta com o carro.

- Ai amigo, me desculpa, mas eu não vou poder ir com você. Tudo bem?

- Tudo bem, vou fazer o que né? Agora eu preciso desligar. Tchaw.

- Bye migo.

Eu sabia disso, é sempre assim, deixa para avisar em cima da hora.

Em 15min chego à faculdade e me encaminho até a reitoria. Peço para secretária o nome do médico, informo meus dados ela. A moça confirma que eu e Sarah ficaremos sob os olhos do mesma pessoa. E me entrega um papel com o nome “Dr. Otto Devesa”. Esse nome é muito familiar, mas não o relaciono a ninguém, não que eu me lembre. Coloco o papel no bolso da calça e assim que saio da sala, só fecho meus olhos e sinto um forte impacto massacrando meu corpo franzino, bato com minhas costas na porta da reitoria, o que me impede de ir ao chão.

- Me desculp... Ah tinha que ser o viadinho, não olha mais por onde anda?! – uma voz rouca e grossa me despertava do susto. - Eae Ygor, cadê a minha cunhadinha gostosa? – Lúcio era um porco. Mas confesso, era lindo. Cabelos negros como os meus. Olhos verdes, herança de meu pai. Era alto ao contrário de mim, ele tinha um 1,83m, e eu, modestos 1,70m.

- Não enche Lúcio! Vai procurar o que fazer. – Sai de lá antes que ele dissesse algo a mais. Como se adiantasse.

- Tchaw maninha, dá um beijo na boca da Sarah por mim... Ah eu esqueci que você não gosta da fruta kkkkkk – ele gritou essa frase no meio do corredor. Nem dei atenção e sai de lá.

Voltei pra casa, eu precisa organizar meu quarto deixar tudo pronto para amanhã, tenho que estar cedo no hospital.

Às 14h00min o quarto está decente de novo. O dia termina tedioso, sem nada de interessante. Vou para a cama cedo a fim de descansar para o dia de amanhã. Nem vejo meus pais ou o Lúcio chegarem, ele nunca vem pra casa cedo mesmo. Adormeço.

Acordo com o alarme do celular ao som de Attesa - Sarah Brightman, ela tem uma voz incrível e essa música me deixa bem calmo. Levanto, tomo um banho, me visto e desço. Encontro toda a família reunida tomando café. Mas ainda bem que nós não temos o hábito de conversar muito entre nós, não às 06h00min. Termino meu café, pego minhas coisas e ligo o carro. Vejo uma mensagem de Sarah na tela, ela diz não querer carona que sua mãe vai deixa-la, o que eu achei muito estranho, minha adorável sogrinha jamais fez isso, que dirá hoje.

Em 30 minutos chego ao hospital, caminho até a recepção e uma moça me cumprimenta.

- Bom dia senhor, em que posso ajudá-lo?

- Eu estou procurando o Dr. Otto Devesa. – digo a ela.

- Você deve ser um dos novos residentes, correto?

- Sim.

- Bom, o Dr. Devesa está cuidando dos seus pós-operatórios agora, mas ele pediu que você e a outra moça o aguardassem em sua sala. Fica no 2° andar, ala B, sala 7.

- Obrigado.

E depois de quase 15min andando pelos corredores, subindo e descendo escadas, encontro a sala entro na sala e dou de cara com um homem sentado atrás da mesa. “Nossa que gafe entrar na sala sem bater”, penso.

- Bom dia Dr. Otto, me desculpe entrar assim. – tento me retratar.

- Sem problema rapaz. Você deve ser o Ygor Andrada, estou certo? – diz ele se levantando. Só assim noto, o quão lindo ele é. Um homem maduro, mas em forma.

- Sim. – Digo desviando o olhar. Eu já estava nervoso pela situação em si, agora fiquei mais ainda.

- Sente-se Ygor, só precisamos esperar minha sobrinha chegar. – um minuto ele disse “sobrinha”?

- Sobrinha? – eu perguntei tentando entender. Contudo, antes que ele abrisse a boca para responder, a porta é aberta de supetão e Sarah atravessa a sala correndo e pulando no colo do Dr. Otto, acabando por responder minha perguntaOlá!

Mais uma parte postada, espero que gostem. Adorei os comentários no conto anterior. Queria agradecer à todos. Prof(a)_Dina, obrigado. Caco, José Otávio e Realginário fiquei honrado com os coments de vcs. Luke15 e Sam, fico feliz que vcs tenham gostado.

olavoandrade@live.com

(Contato para dúvidas, sugestões, amizade, ameaças só no último capítulo kkk)

bjs

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Comentários

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Realmente sua escrita é ótima... o enredo parece surpreendente, algo diferente dos contos atuais. Muito legal, espero que você consiga postar frequentemente pra empolgar mais rápido no clímax. Nota 10!

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Meu lindo, fikou perfeita beijus de sua amiga......

ha continua logooo...

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Nossa sua escrita é ótima Olavo, eu simplesmente adorei seu conto. Esse capítulo foi mais explicativo que o anterior, agora sim estou compreendendo a incrível estória que você narra.

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