A HISTÓRIA DE NÓS TRÊS - 05X09 - "A CULPA QUE HÁ EM NÓS"

Um conto erótico de MY WAY
Categoria: Homossexual
Contém 2248 palavras
Data: 27/12/2012 23:34:36

Vermelho e branco... era tudo o que eu via... acordei na ambulância com dois paramédicos em cima de mim... um deles era gatinho... o outro... feioso... pensei comigo mesmo,na verdade nem sabia o que estava pensando. Estava tendo alucinações, acho que bati minha cabeça forte demais. Vi pequenos passáros dançando, peixes voadores, vi meu irmão novamente... quando senti uma forte dor no meu peito e fiquei sem ar...

- Carrega a pá!! – gritou um dos paramédicos, foi a última coisa que eu ouvi.

Meus filhos estavam na ambulância, na parte da frente. Paulinho e os gêmeos choravam bastante.

- Ei... olha para mim. – disse DJ limpando as lágrimas. – O papai vai ficar bem... vai dar tudo certo... vamos... vamos cantar uma música? – ele perguntou.

- Qual? – perguntou Patrick.

- Cinco macaquinhos pulavam na cama... um caiu com a cabeça no chão... – ele começou a cantar sendo acompanhados pelos irmãos. – sendo acompanhados pelos demais, até mesmo o motorista da ambulância.

Vinicius estava em frente ao hospital... aguardando a ambulância. Até que a enfermeira chegou com o prontuário.

- Homem branco, 29 anos, atropelado por um carro e arremessado em cima de outro. Sofreu vários cortes no rosto, tórax e quebrou um dos braços. – disse ela.

- Nossa cara de sorte. – falou Vinicius colocando a máscara de atendimento ao avistar a ambulância chegando.

Ele se posicionou atrás da ambulância. E um dos paramédicos saiu.

- Ele sofreu uma parada cardíaca, mas conseguimos estabilizar... os filhos dele estão na ambulância também.

Vinicius se esticou para ver quem eram as crianças. Ao ver DJ, o coração dele parou por poucos segundos.

- Doutor? Doutor? – perguntou um dos paramédicos.

- Desçam ele. – disse Vinicius com a voz trêmula e com os olhos marejados.

Aquele momento para ele foi um verdadeiro choque. Ele me viu ali deitado, coberto de sangue. E se sentiu impotente. Quando eu vi que era o Vinicius estiquei a minha mão... estava desesperado... sentia muita dor, mas queria saber onde estavam os meus filhos.. tentei dizer algumas palavras, mas o sangue não deixava... vi uma lágrima caindo do olho do Vinicius e me desesperei... “Vou morrer”, pensei.

Vinicius e equipe médica me levaram para um sala de exames... a única coisa que eu conseguia enxergar eram homens e mulheres com mascaras e as luzes da sala. Vinicius chamou a Dra. Alexis que ao me ver se assustou. Ela pegou duas luvas e vestiu.

- Vamos gente... vamos!!! – ela gritava.

- Tem muito sangue!! – disse Vinicius.

- Escuta Dr. Vinicius... está pessoa aqui na mesa... não é Pedro Soares... está me entendendo? – ela perguntou gritando novamente.

De novo a dor no meu peito e o maldito choque. Eu não sei o que doía mais... a ida ou a vinda.

- Vini... Vinicius.. meus... filho...filho. – falei segurando no braço do Vinicius, vomitando uma bola de sangue em seguida.

- Chamem a equipe de transfusão de sangue!! – gritou a Dra. Alexis.

- Eles estão bem... estão na sala do Mauricio... vai dar tudo certo.... ok!! – ele disse fazendo a maior força do mundo para não chorar.

Fiquei praticamente pelado na sala de exames. A equipe lutou primeiro para me fazerem conter o sangue. Havia um corte profundo nas minhas costas e outro também no meu braço. Sabia que a situação estava feia para o meu lado. Se fosse um super herói nada disso estaria acontecendo.

- Querido... isso vai fazer você dormir. – disse Alexis colocando alguma coisa na minha veia.

- Não... eu... – falei me perdendo no escuro.

- Dra... conseguimos estancar o sangue... e agora? – perguntou Vinicius chorando.

- Vinicius... eu preciso que você seja forte... estamos com poucos médicos... e tenho certeza que vou perder outro... alguém já avisou ao doutor Mauricio? – ela perguntou.

- Ele e a Priscila estão em cirurgia agora... – disse um homem.

- Ninguém avisa nada... deixe ele terminar... – ela disse. – Quero raio x de cada osso dele e também uma tomografia... agora!! – ela gritou.

Phelip estava em seu grande dilena. Noites antes, ele havia sido cortejado pelo misterioso mascarado... e quando estava indo para uma aula... escutou o mesmo toque que ouviu no dia em que tal pessoa fugiu de sua vista.

- Fala Ezequias... você é o mascarado? – ele perguntou colocando o jovem contra parede.

- Eu... eu...

- Você disse que não podia... não curtia... o que significa? – perguntou Phelip nervoso.

- Eu... eu... gostei do nosso beijo... mas, olha para mim... eu sou um fracassado... que tem medo da sociedade... da igreja... eu não posso... eu tenho medo! – ele gritou chorando.

- Tento entender... mas não consigo...

- E outra... você já viu as meninas que você fica... olha para mim... você não teria coragem de ficar com alguém igual a mim... – ele disse virando de costa.

- Como? Alguém... meigo... bonito... inteligente... – disse Phelip pegando no ombro de Ezequias.

- Não faz isso... – ele disse virando e beijando lentamente a boca do meu irmão.

- Fala... fala que você não tem desejo... – disse Phelip beijando com intensidade a boca de Ezequias.

- Eu... não quero ser mais um na sua lista de conquista...

Fernanda entrou desesperada na sala e avisou Phelip sobre o acidente de Pedro. Judith, Bernardo, Isabel e Dora já estavam no hospital, mas não conseguia contato com o resto da família.

- Onde ele está? – perguntou Phelip. Acompanhado de Ezequias, Fernanda e Osvaldo.

- Ninguém sabe. – disse Dora chorando.

- Eu... eu tentei ligar para os meus pais, mas não consegui. – ele disse fazendo força para não chorar.

- O estado dele é delicado. – disse Judith chorando. – Ouvi o médico comentando.

- O pior de tudo é que as crianças viram.... – disse Dora chorando mais forte. – Eles viram senhor Phelip.

- Deus... onde estão eles? – perguntou Phelip.

- Com a psicóloga do hospital... – disse Bernardo com os olhos vermelhos.

- Para completar o meu pai e a tia Priscila estão operando... não podem avisa-los. – disse Judith.

No terceiro andar... Priscila e Mauricio terminavam uma cirurgia complicadíssima. Ao saírem da Sala de Operação, uma enfermeira os aguardava e os levou para a sala da Dra. Alexis.

- Bem... não tem outro jeito de falar isso... vou ser objetiva... o Pedro foi atropelado por um carro...

- Como assim? – disse Mauricio se levantando.

- É impossível... eu falei com o meu irmão faz duas horas... – disse Priscila pasma.

- Calma... ele já está sendo atendido...

- Onde está o meu marido... – disse Pedro indo em direção a porta.

- Dr. Elias... não adianta nada desespero... volte... – ordenou a médica.

Mauricio ficou parado próximo a porta, seu coração batia a mil por horas.

- Como ele está? – perguntou Mauricio.

- Ele foi lançado há mais ou menos sete metros... teve uma grande perfuração nas costas... fraturou um braço, a cabeça, as pernas... o estado é critico... os familiares de vocês estão lá em baixo.

A Dra. Alexis mal terminou de falar e os dois desceram correndo. Ao ver Judith sentada chorando, Mauricio não se conteve e abraçou a nossa filha. Phelip abraçou Priscila e ambos choravam.

- Quero saber como ele está? – perguntou Judith chorando.

- Eu não sei filha... temos que esperar.... – disse Mauricio. – Onde estão seus irmãos? – perguntou ele.

- Aiii pai.... – disse Judith chorando. – Eles viram tudo.... o acidente... a ambulância... eles estão na psicóloga.

- Gente... mas... como... o homem que ligou para casa... disse que um dos meninos correu para a rua e o seu Pedro..... – disse Dora chorando. – Seu Pedro pulou e o tirou da frente do carro, mas não conseguiu sair a tempo.

- Calma... ele vai ficar bem... Priscila... fica aqui... vou ver as crianças. – disse Mauricio subindo.

A Dra. Catarine era uma mulher gentil, sua especialização era criança. Naquela tarde ela conversou com os meus filhos e cantou músicas. Mauricio entrou e viu os meninos sentados no chão. Os mais jovens estavam tranquilos, mas DJ parecia muito abalado. Ao ver Mauricio o menino correu e o abraçou.

- A culpa foi minha pai... ele pediu para eu cuidar das crianças... e não tinha... eu.... eu... a culpa foi minha – disse DJ chorando.

- Ei... para com isso... a culpa não é sua... ninguém tem culpa... foi um acidente... o seu pai vai ficar bem... nós vamos ficar bem. Eu te amo. – disse Mauricio o beijando na testa.

- Dr. Elias... o senhor que é pai dessas adoráveis crianças? – perguntou a Dra. Catarine.

- Sim... e como eles estão? – perguntou ele.

- Podemos começar em particular... – ela disse o levando para fora da sala.

- Como eles estão? – perguntou Mauricio.

- Para os menores é uma grande aventura... eles não entenderam direito, mas estou preocupado com o Dário... ele está abatido... triste... – disse ela.

- Deus! – disse Mauricio colocando a cabeça contra a parede. – Tudo é culpa minha.

- Dr. Elias... como o senhor mesmo disse... não existe culpado nessa situação... precisamos crer na melhora do seu esposo. – disse ela pegando no ombro dele.

- Eu posso levar eles? Está ficando tarde... quero que eles fiquem em casa. – pediu meu esposo.

- Claro, mas quero que o DJ volte amanhã... pode ser?

- Perfeito... mais uma vez obrigado.

Os menores foram para casa, Fernanda e Osvaldo os levaram. Ficaram apenas Bernardo, Judith, Phelip, Ezequias, Priscila e Mauricio. Depois de quase uma hora, Vinicius trouxe noticias.

- Como ele está? – perguntou Mauricio.

- Controlamos o sangramento... e controlamos a temperatura... mas... ele... ele... está mal... – disse Vinicius chorando. – Pedi afastamento... eu não podia... é muita responsabilidade.

- Qual leito ele está? – perguntou Mauricio.

- No apartamento 108. – disse Vinicius.

- Eu... eu preciso olhar para ele... eu volto daqui a pouco. – disse Mauricio.

- Deus... o que tem de errado com essa família... gente... e o papai e a mamãe.... – disse Priscila chorando e abraçando Phelip.

- Calma... quando eles voltarem... eu... eu falo com eles. – disse Phelip.

- Vamos orar... orar e esperar o melhor. – disse Bernardo.

Mauricio conseguiu convencer a enfermeira e entrou no meu quarto. A medida que ele ia se aproximando lágrimas iam escorrendo de seu rosto. Ele desabou quando viu o meu estado, realmente as coisas estavam feias para o meu lado.

- Deus... amor... o que aconteceu? – ele disse sentando próximo a mim. – O que fizeram com você?! Me perdoa... por favor... me perdoa...

- Acho que fui bem clara quando disse nada de visitas. – falou a Dra. Alexis assustando Mauricio.

- Perdão, mas... eu... eu... precisava vir... ele é tudo o que eu tenho...

- Não... você tem 5 filhos maravilhosos para cuidar... o Pedro não é tudo o que você tem... Mauricio... você precisa ser forte... e enfrentar o que vier de cabeça erguida... – disse a médica pegando no ombro do meu esposo.

- Eu sei, mas olha para ele... tão frágil... quantos dias? – perguntou ele.

- É difícil dizer... ele vai ter que passar por duas cirurgias... se ele não acordar durante essa semana... podemos nos preocupar... – ela falou. – Agora precisa deixa-lo descansar...

- Eu sei... posso... ficar mais 5 minutos com ele... por favor... – ele disse enxugando as lágrimas.

- Tudo bem... 5 minutos... – ela disse saindo.

- Porque a vida tem que ser assim? Hoje... você estava tão bem... é tudo culpa minha amor... me perdoa... me perdoa... – ele disse pegando a minha mão e a beijando. – Eu preciso ir... mas eu só vou sair deste hospital quando você estiver bom... eu prometo...

Na mesma noite, Luciana e Carlos chegaram da Bahia diretamente para o hospital. Eles haviam ficados alguns dias a mais.

- Gente... que horrível... eu... eu... – disse Luciana chorando.

- Essas primeiras horas são cruciais para ele... o corpo precisa se acostumar com o sangue novo... – disse Vinicius sentado próximo a ela.

- Ele vai se recuperar... – disse Judith sendo abraçada por Bernardo.

No refeitório, Phelip se martirizava por não ter atendido ao telefonema do sobrinho. Sozinho ele chorava copiosamente.

- Ei... – disse Ezequias se aproximando.

- O que você ainda está fazendo aqui? – ele perguntou limpando as lágrimas.

- Quero estar aqui com você... não posso? – ele perguntou sentando ao lado do Phelip.

- E os teus pais? – ele perguntou.

- Eles sabem que eu estou no hospital... sendo solidário a você...

Algumas luzes foram apagadas. Eram 3h da manhã e estavam todos esperando eu dar sinal de vida.

- E se ele não acordar? – perguntou Phelip.

- Ele vai acordar... precisamos ter fé. – disse Ezequias segurando na mão do meu irmão.

- Fé é a última coisa que eu tenho no momento. – Phelip disse virando o rosto em direção a Ezequias.

- Ei... para com isso... precisamos ter fé... eu... eu... – disse ele beijando Phelip.

- Eu adoro o seu beijo. – disse Phelip sorrindo.

- Ei... isso é meio novo para mim... vamos devagar... mas, nunca desista de ter fé. – disse Ezequias limpando as lágrimas de Phelip.

- Obrigado... obrigado mesmo... – disse meu irmão sorrindo pela primeira vez em muito tempo.

- E outra... você não tem culpa... era para acontecer... tudo na vida está predestinado... – disse Ezequias o abraçando.

Caleb chegou ainda de madrugada e encontrou a minha irmã abatida sentada em uma parte longe.

- Ei... vem cá. – ele disse a aparando.

- Vou perder meu irmão... – ela disse chorando.

- Não, não vai... o Pedro é forte... ele vai conseguir sair dessa...

- É tudo culpa minha... ele pediu para eu ir pegar os meninos na escola, pois, ele teria que ir na faculdade... é tudo culpa minha...

- Para amor... ninguém tem culpa... calma...

Mauricio sentou transtornado perto de Judith. A menina pegou em sua mão e ficou acariciando seu peito. Ele mais do que ninguém se sentia culpado. Mas, a única coisa que ele fazia era chorar... não reclamava ou perguntava o motivo... apenas chorava.

Sim... aquela seria uma madrugada longa para os meus familiares e amigos. Todos sentiam culpa de alguma forma. Mas, nem tudo é ruim... essas coisas unem as pessoas de uma forma inimaginável. Às 5h da manhã, o salão principal do hospital estava lotado de amigos e conhecidos... todos rezando para que o pior não acontecesse.

MSN - contosaki@hotmail.com

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive My Way a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

Estou decidindo se te amo ou se te odeio. Por favor publica logo o próximo post.

0 0
Foto de perfil genérica

Não estou rezando par ao pior não acontecer,as, sinceramente, gostaria de que VOCÊ não fizesse o pior acontecer. Entendo perfeitamente o estado de espírito de cada um para o qual ele telefonou e não atendeu ao telefone, mas isto é superável. Portanto, por favor, Deixe o Pedro continuar com os 5 filhos dele.Um abraço carinhoso e votos de Feliz Ano Novo

0 0
Foto de perfil genérica

O Pedroé forte ele vai se recuperar.

0 0
Foto de perfil genérica

Tomara que o pedro saia logo dessa, ameii.

0 0
Foto de perfil genérica

maravilhoso como sempre ,emocionante e não tem como não chora, e com certeza a nota não pode ser outra a não ser 10.te desejo um feliz ano novo cheio de vitorias e conquistas,para você e sua família.

0 0
Foto de perfil genérica

Como sempre, 10! Incrível. Parábéns.

0 0