Enquanto eu estava no ônibus, no caminho de volta pra casa, Gustavo já estava me fazendo tanta falta que eu precisei ligar pra ele. Só pra ouvir a voz dele. Engraçado como quando duas pessoas são certas uma pra outra, o carinho nasce tão rápido.
Por falar em carinho, enquanto o telefone chamava, eu pensava em como ele tinha sido super carinhoso comigo, e logo em seguida durante o sexo, ele se virou todo bruto, selvagem, arrombador. Eu tinha adorado aquilo, experimentar os dois lados da moeda.
Ele atendeu o telefone e eu não sabia exatamente o que dizer.
- Oi, o que você tá fazendo? - eu perguntei.
- Vendo as suas fotos - ele respondeu.
Naquela hora, acho que o efeito do álcool passou, e aí eu comecei a sentir meu rosto corar ao lembrar do tipo de fotos que ele tinha tirado de mim. Fiquei envergonhado e sem palavras por alguns instantes. Mas ele cortou o silêncio:
- Você vai na facul amanhã?
- Vou sim - respondi.
- Você quer vir pra minha casa de novo na hora do trote?
- Quero sim.
- Você pode passar a noite aqui se quiser.
Eu fiquei intrigado com aquela possibilidade. Se aquele dia que a gente tinha passado juntos tinha sido tão gostoso, eu imaginava como seria passar a noite com ele!
Eu disse que ia pensar e dar a resposta pra ele amanhã. Mas na verdade, eu já estava decidido a dormir na casa dele.
De noite, já em casa e deitado na minha cama, tive muita dificuldade pra pegar no sono. Lembrei de tudo que tinha acontecido naquele dia. Depois pensei em tudo o que poderia acontecer no dia seguinte e na noite também! Era um misto de excitação, expectativa, felicidade, tudo junto.
Eu me masturbei na cama, mas mesmo assim não consegui dormir. Eram muitos pensamentos passando pela minha mente, não dava pra desligar!
Eu acabei pegando no sono no meio da madrugada. Deviam ser 4:00 eu acho. No dia seguinte, acordei meio-dia e meia. Não ia dar tempo pra chegar na faculdade pra primeira aula. Talvez desse se eu saísse correndo, sem tomar banho e sem me arrumar e ainda desse sorte de o trânsito estar livre, o que era quase impossível. Mas mesmo que não tivesse nenhum carro na rua, eu não ia sair pra passar a noite na casa do Gustavo sem tomar banho nem me perfumar.
Mas por outro lado, fiquei com medo que ele achasse que eu estava furando o nosso encontro quando ele chegasse na faculdade e não me visse. Por isso, liguei pra ele e sugeri ir direto pra casa dele.
- Você nunca mais vai pra aula? - ele perguntou.
- É só hoje, porque acordei tarde. Além disso, você falou que ia ter trote mesmo, então não tô perdendo nada.
Combinamos aquilo então, que eu ia direto pra casa dele.
Enquanto eu tomava banho, cheguei à conclusão de que se eu tivesse ido à aula, eu não ia conseguir prestar atenção em nada mesmo, sabendo o que me esperava, então não fazia diferença.
Liguei pra minha mãe e disse que eu ia a uma festa da faculdade na zona sul e dormir na casa de um amigo que morava perto. Só metade daquela informação era verdade.
Quando cheguei no prédio de Gustavo, apesar da minha demora, ele ainda não estava em casa. O porteiro interfonou, e depois disse que eu podia esperar no sofá da portaria.
Mandei uma mensagem de texto pra ele "To esperando na portaria". Ele respondeu "To de carro chego logo".
Ele levou pouco mais de 10 minutos pra chegar, mas olhando pra hora o tempo todo, aquilo pareceu uma eternidade pra mim.
Vi a porta do elevador se abrir e Gustavo acenar lá de dentro pra eu entrar com ele. Quando eu passei pelo porteiro, senti uma paranoia, pensando que ele sabia pra que eu estava ali. Era o mesmo porteiro do dia anterior.
Como se não bastasse, Gustavo ainda deu um tapa firme na minha bunda assim que entrei no elevador.
Enquanto a gente subia até a cobertura, perguntei porque ele tinha demorado tanto. Ele disse:
- No primeiro tempo tive aula, e no segundo tempo fui ajudar no trote.
Comecei a sentir uma ponta de ciúme, imaginando se ele estava flertando e passando a mão nos outros calouros, assim como ele tinha feito comigo no primeiro dia.
Acho que ele percebeu isso só de ler meu rosto, porque logo em seguida ele falou:
- Só ajudei a recolher com as mochilas e conferir a presença.
Gostei de ele ter me dado uma satisfação. Mesmo que fosse mentira, pelo menos ele se importava.
- Perguntaram de você lá, quando viram que já é o quarto dia de trote que você falta... - ele continuou.
- E o que você disse? - perguntei.
- Que eu tô te comendo e por isso você tá liberado do trote!
Eu fiquei chocado que ele tinha falado aquilo, fiquei completamente sem palavras. Não sabia o que dizer pra demonstrar minha indignação, então comecei a dar tapas nos braços e no peito dele.
Ele começou a rir, segurou firme meus braços, me agarrou forte por trás e disse:
- Haha calma, é brincadeira! Só falei que você tava liberado e pronto!
- Mas assim, sem dar nenhuma desculpa?
- Sem dar desculpa mesmo.
- Mas então eles devem desconfiar!
- Pois é. Especialmente porque mostrei pra eles suas fotos no meu celular...
Eu tentei olhar pra trás nessa hora, mas não conseguia, com ele me abraçando forte.
- Calma, tô brincando de novo! - ele falou enquanto beijava meu pescoço.
Eu tinha muito medo que descobrissem que eu era gay, mas por outro lado, eu estava dando pro cara mais gostoso que eu já tinha visto, e não tinha pra quem contar. Começou a me dar uma vontade de que alguém soubesse...
Depois comecei a imaginar o perigo que eu estava correndo de algum outro garoto querer roubar Gustavo de mim. Do jeito que ele era lindo, sarado, pauzudo e rico, podia aparecer algum interesseiro e começar a dar mole pra ele. Eu cheguei à conclusão que ia ter que dar o melhor de mim (literalmente e figuradamente) pra segurar ele. Infelizmente, eu era inexperiente e não sabia muito o que fazer. Por outro lado, eu podia compensar com tesão e entusiasmo. Eu ia mostrar pra ele uma fome de pau que ele nunca tinha visto.
Como a gente ia passar a tarde toda e a noite toda juntos, aquela era a minha oportunidade de garantir que ele ia ser só meu.
