Capítulo 9
Cíntia – E ai João? Não acha que esta na hora de se abrir? Confiar um pouco mas nas pessoas? Você não precisa me contar nada, mas eu sei muito bem o que você é e o que você sente, mas seria melhor se você se desse essa chance.
João já não tinah mais força spra tentar disfarçar algo, Cíntia sempre foi uma grande amiga, que mal teria em dvidir um pouco seus anseios com ela?
Cíntia – Eu sou...
A campainha tocou, informando que era hora de voltar pra sala.
João ia terminar sua frase, mas foi interrompido por Taís.
Taís – Pessoal vamos pra sala, quero terminar logo aquele trabalho e ir mais cedo pra casa.
Caminharam pela sala, mas Cíntia disse:
Cíntia – Você não me escapa, ainda hoje terminamos esse papo.
Na hora de ir embora Cíntia deu carona pra João se convidando para entrar em seu apartamento. Agora um pouco fora do calor da emoção, João pensou na merda que iria fazer em contar para Cíntia que era gay.
Cíntia – Vou pedir uma pizza pra nós. Dizia enquanto revirava a geladeira e armários.
Já mais descontraídos no apartamento de João, Cíntia retorna ao assunto que ficou pendente mais cedo. João já esperava por isso, e não cedia mais, estava apenas nervoso e desconfortável, mas não agüentava mais esconder seus sentimentos, ser o que não era.
Cíntia – Pronto, agora só esperamos entregarem a pizza para matarmos a fome.
Cíntia – Agora é com você. Você começou a me dizer algo, vou ficar aqui linda e maravilhosa, esperando você concluir.
João falava com o rosto abaixado, para ele era muito difícil dizer que era gay, pra quem quer seja.
João – Cíntia, foi por causa do Fernando sim, brigamos ontem. Ele é um cara legal, somos amigos, mas brigamos sem eu nem saber pq, quando percebo já estamos discutindo.
Cíntia sabia que João precisava de um empurrão.
Cíntia – João, você é gay né?
Ele apenas consentiu com a cabeça, confirmando o que sua amiga já sabia. Nesse momento ela se aproximou e segurou sua mão.
João contou toda sua vida a ela, contou da sua vida na cidade onde morava, seus problemas de relacionamento com a família, suas tentativas de relacionar-se com outros caras, até chegar ao ocorrido da noite anterior. Sentiu como se tivesse tirado uma tonelada da suas costas mas por nenhum instante, olhou nos olhos de Cíntia.
Cíntia segurou seu queixo olhando em seus olhos.
Cíntia – Qual o problema de tudo isso? Qual o motivo para vergonha? Entendo todos os seus motivos mas a vida é uma só. A vida é muita curta e todos nos estamos sempre em busca da felicidade. Ela esta passando por você e você esta a deixando escapar.
Você já se deu conta que esta completamente apaixonado pelo Fernando? Ele é um cara maravilhoso, o conheço a um bom tempo e posso te garantir que essas palavras que ele lhe disse, doeram tanto nele como em você, ele não é o tipo de pessoa que fere as outras pelo simples prazer de feria-las .
João, as pessoas que mais amamos, são as que mais machucamos, só sofremos por alguém que representa muito em nossa vida. Não se castigue tanto, permita-se ser feliz, você é o guia de sua vida, tem a chave para a felicidade, agora só depende de você.
Foram interrompidos apenas pela pizza que acabara de chegar.
Cíntia – Vou dormir aqui hoje.
João pouco se importou, aquele ar pesado que estava instalado em seu rosto, havia desaparecido, depois da conversa franca que teve com Cíntia.
Já no clima mais descontraído, Cíntia até ousou mais.
Cíntia – Muitas mulheres vão ficar loucas vendo dois homens maravilhosos juntos, esta tão difícil encontrar alguém, que elas não querem concorrência. Dizia rindo.
Cíntia – E outra, você tirou a sorte grande, o Fernando é uma delícia de homem né?
João já vermelho como um pimentão, recriminava a amiga.
João – Para com isso Cíntia, ele é só meu amigo, e nem sei o que ele sente por mim.
Cíntia até então não havia contado sobre a sexualidade de Fernando, achava que isso deveria ser resolvido entre os dois, apenas estava dando os empurrões para João não deixar passar a chance de encontrar sua felicidade.
Cíntia – Vocês se acertando.. o que eu acho que irá acontecer... vão formar um casal lindo, duas belezas completamente diferente. Vou ser a madrinha desse namoro.
João já ria, só de pensar que aquelas palavras da Cíntia poderiam virar realidade, já sentia um entusiasmo dentro de si e decidiu que iria se arriscar, mesmo que estivesse se enganado em relação aos sentimentos que Fernando tinha por ele.
João – Cíntia, agora chega, vamos dormir.
No dia seguinte, despediram-se um do outro, mas uma vez Cíntia reforçou:
Cíntia - Vá em busca da sua felicidade. João apenas sorria.
Os dias foram se passando e João tentava imaginar uma maneira de chegar até Fernando. Devia desculpas ao seu amado, e já o tinha o perdoado pela briga, estava disposto a terminar aquele beijo, da maneira certa, da maneira como se deve terminar.
Era um sábado, João pensou:
João – É hoje.
João gostava de agir sempre medindo seus passos e as conseqüências de seus atos, mas as vezes tinha alguns rompantes de atitude a passava agir por impulso. Foi o que acontece nessa manhã.
João tomou um belo banho e ficou igual a um adolescente na frente do guarda-roupa, tentando escolher a roupa mais adequada, pensou em ir formal, mas lembrou-se que aquilo não era uma reunião com nenhum cliente, queria passar seriedade, mas ao mesmo tempo parecer descontraído. Também por isos pegou uma calça jeans e uma pólo vermelha, destacando ainda mais seus os traços masculinos do seu rosto, suas sobrancelhas grossas e seus lábios carnudos. Passou um perfume bem gostoso e foi para casa de Fernando.
João foi até a casa de Fernando, pensando em como falar, como deveria iniciar a conversa, mas chegou até sua residência sem definir qual o melhor discurso, tudo iria sair de improviso mesmo.
João – Boa tarde Dona Bete, queria falar com o Fernando.
Bete – O meu filho, ele saiu.
João – Será que ele demora, precisava falar com ele.
João não ligou avisando que iria até la, queria surpreendê-lo, deixar que as cosias acontecesse naturalmente.
Bete – Ele saiu faz tempo, deve ter ido a alguma festa, mas você não quer entrar?
Embora não fosse uma das características de João ser entrão, ele aceitou de imediato.
Sentado na sala de Dona Bete, conversava com sua, quem sabe, futura sogra e com Sr. Jair. Falou da sua vida no interior, da vida em São Paulo, num clima amistoso, torcia pra que Fernando chegasse logo ou que a conversa rendesse mais.
Bete – Felipe, onde seu irmão foi. Felipe entrava pela sala.
Felipe – Foi num churrasco, mas já deve ta chegando.
Seu Jair se recolheu e Bete foi preparar algo pra visita.
Bete – Felipe, fica la na sala, não vai deixar o rapaz sozinho.
Felipe – Taaaaaaaaaaaaaaaaa.
João – E ai Felipe, como esta? João notava que o garoto usava a bermuda que lhe deu de presente.
Felipe – Tranqüilo
João se esforçou mas ficou sem papo diante daquele garoto, na verdade não via a hora de Fernando chegar e finalmente esclarecer todo aquele mal entendido.
Passado alguns minutos..
Bete – Tem gente chegando, falei que ele não demorava.
João escutava a voz de Fernando conversando com alguém, estava ansioso para explicar-se a seu amado e declarar seu amor.
Fernando adentra a sala, com uma garota a tira-colo, pendurada em seu pescoço, beijando sua nuca, ambos riam. Era uma típica mistura de patricinha com piriguete, do tipo toda durinha e bonita.
Entrando mais a sala, Fernando fica paralisado ao dar de cara com João, que a essa altura já estava em pé, olhando com decepção em seus olhos.....
Continua..
