Primeiro Namorado - Parte 1 e 2

Um conto erótico de Dirtyboy
Categoria: Homossexual
Contém 2477 palavras
Data: 20/08/2012 22:29:01
Última revisão: 21/08/2012 20:45:06
Assuntos: Gay, Homossexual, Romance

Olá! : ) Sou Hugo e vou escrever um conto fictício, mas com um pouco da minha vida. Na verdade, eu fiz uma versão melhorada dela, com sonhos que nunca se realizaram. E sei que a história é clichê, mas fazer o que? Eu não tenho criatividade! Adoro ler o conto de todos, mas nunca tive coragem de postar aqui, porém a falta do que fazer me deu essa alternativa. Aceito criticas de todos! Podem escrever o que acharam, e ignorem os erros.

Enjoy it!

Parte 1 – A Chegada

Respirei fundo e larguei a ultima mala no meu novo quarto, que quase ficou idêntico ao meu antigo. Meu simples guarda-roupa branco, minha escrivaninha, minha cama, e uma prateleira com meus livros e CDs. Esse era meu quarto. Abro a janela para deixar um ar entrar, porque eu odeio me sentir sufocado. Minha vista da janela não era tão bonita quanto antes, o que nesse ponto, não fez diferença alguma, já que estava odiando me mudar, e ainda pior, para outro estado.

A primeira coisa que pensei quando cheguei aqui foi: Onde está o sol? Para uma pessoa que mora na Bahia seus 16 anos inteiros, quando se chega ao Rio Grande do Sul, é essa a pergunta. Além do sol, tive de dar adeus também para a praia, meus amigos e família, coisa que não foi fácil. Eu implorei para meus pais para a gente ficar lá, chorei (sou dramático em situações drásticas), mas, no final da contas, aqui estou eu.

Uma coisa me preocupava. Eu não sou uma pessoa que interage muito com outras pessoas. Sou calado, tímido e fechado. Não tenho, e nunca tive porte para ser popular, apesar de nunca querer isso. Sou magro, mas não tanto. Minha pele é branca apesar de gostar do sol, meu cabelo é negro e meio ondulado. Na verdade eu não tenho nada de atraente, só os meus olhos que são verdes e chamam a atenção. Já estava acostumado com elogios todo tempo. “Nossa, que olhos lindos você tem!”, “Meu Deus! Que olhos são esses?” Mas as pessoas nunca passam disso. Porém, eu não ligo. Então, voltando para minha preocupação, a conclusão é: Não vai ser fácil no colégio novo, eu tenho certeza disso. Ainda mais em uma cidade onde todos conhecem todos.

— Hugo! Desce aqui rapidinho! – gritou minha mãe, Ana.

Uma mulher com 38 anos e linda. Herdei meus olhos dela. Desci as escadas de madeira, e a encontrei com meu pai, organizando a sala.

— Sim? – perguntei esperando a resposta, parado no final da escada.

— Poderia ir a padaria comprar leite e pão, porque nessa bagunça, nunca vamos encontrar comida. – disse ela agora arrastando o sofá com meu pai, o Humberto.

Meu pai, depois que contei a ele e a minha mãe sobre minha sexualidade, não me tratava mais como antes. Ele ficou mais frio. Porém, segundo ele, nunca deixou de me amar.

Nós vivíamos felizes, quase nunca brigávamos. Meus pais às vezes discutiam, contudo, nada grave. Não somos pobres, mas também não somos ricos. Tínhamos dinheiro o suficiente para não morrermos de fome, e ter uma casa legal.

— Claro mãe. – respondi. Peguei o dinheiro e sai para rua, mas imediatamente voltei para pegar um casaco.

O frio incomodava muito, e eu não tenho casacos, acabei de lembrar disso quando abri o meu guarda-roupa. Apenas um estava no fundo, um branco e velho. Droga! Ia ter de comprar alguns depois. Peguei esse mesmo e sai.

Essa cidade não era grande como Salvador, na verdade não chegava nem a um centésimo, eu tinha esquecido até o nome daqui. Mas era uma cidade arrumada na medida do possível, cheia de árvores, praças, pontes, casas bonitas, ruas asfaltadas (pelo menos a maioria). Em compensação, eu tinha me livrado do movimento da cidade grande, aqui é mais calmo e tranqüilo, não ia ser tão ruim... Eu acho.

Andava pelas ruas, pedindo informações as pessoas para encontrar uma padaria. Elas eram educadas e respondiam varias opções. Andando por uma rua um pouco movimentada (onde uma senhora me indicou), vejo muitas lojas e mercados. Tinha até um grupo de jovens em uma praça, que me olharam e até apontam em minha direção. Claro, com certeza nunca me viram e estavam se perguntando quem era o otário. Mas eu continuei a andar. As luzes dos postes começam a acender, então olhei para meu relógio. Seis e cinco da tarde. E depois olhei para o céu, e não tinha estrelas, só as malditas nuvens cinza. Choveria, era óbvio.

Encontrei a bendita padaria e me senti confortável quando entrei lá. Quente e reconfortante. O cheiro de pão, assado na hora era muito gostoso e me deu água na boca. Fiz meu pedido, e ainda comprei um café para ir tomando. O café quente queimou minha língua, não era acostumado a tomar café, já que no calor de Salvador não me permitia.

Consegui chegar à minha casa – graças a Deus – porque eu quase me perdi. Terminei de arrumar minhas coisas e deitei na cama já me preparando para o primeiro dia de aula.

Quando acordei, eu estranhei o silencio e a paz. Eu acordei primeiro que minha mãe e meu pai. Olhei o relógio e vi que provavelmente eu não tinha acordado primeiro coisa nenhuma! Eu estava sozinho. P*RRA vou me atrasar! Eu tomei o banho mais rápido da minha vida, o meu café foi uma maçã que fui comendo no caminho do colégio, nem o uniforme tinha comprado ainda, passei 5 minutos só explicando o porquê de estar sem o uniforme. Quando a mulher me disse que eu poderia subir, virar à esquerda e teria uma placa com o nome “3º Ano”. Já tinha perdido os dois primeiros horários, eu olhei para o horário, e vi que o próximo era biologia, depois intervalo seria biologia de novo.

Respirei fundo, e abri a porta. O professor já tinha iniciado a aula. Ele era um coroa bem conservado.

— Antes tarde do que nunca, não é Hugo? – eu entreguei minha ficha para ele. Como ele já sabia meu nome? — Pode se sentar ali. – ele apontou para uma cadeira no fundo.

Obrigado senhor! Não tinha ninguém do lado. Andei e sentei. Eu sentia os olhares de todos mirados em minha direção.

— Ok Hugo, o que você estava aprendendo em biologia? – perguntou o professor.

— Embriologia – respondi depois de lembrar.

— Nós estamos revisando sistema endócrino, para uma prova na próxima semana, você já... – e ele fez outra serie de perguntas sobre meu antigo colégio, e depois voltou a dar a aula.

A aula de biologia estava cansativa, até porque eu já tinha estudado isso, e só tinha se passado dez minutos! Mas quando a porta se abre... Meu Deus, eu acho que eu parei de respirar. Que menino era aquele? Ele era lindo de mais! Tinha cabelos loiros escuros arrepiados sem auxilio de gel ou creme, pele branca levemente bronzeada, e olhos azuis (sim, deu para perceber de longe). Seu corpo era lindo, braços, tórax, ombros, tudo do seu lugar. Eu já tinha conhecido garotos bonitos e gostosos, mas esse...

— Boa noite, Henrique. – ironizou o professor. A turma toda riu, enquanto eu ainda parado que nem um idiota olhando para ele. — Olha, façam a atividade da página 150, quando voltar, quero todo mundo com ela feita! – disse saindo.

Ele sentou do lado de um cara na minha frente. Eles se cumprimentaram e conversavam baixinho, mas não o suficiente para eu não ouvir.

— Quem é o otário aqui atrás? – perguntou o Henrique. Não precisa nem comentar que eu já não tinha gostado disso.

— É aquele garoto que estava chegando da Bahia. – respondeu o amigo dele.

— O nordestino? – ele riu com o amigo depois da pergunta-piada dele. Toda a beleza que tinha visto nele se transformou em ódio. Eu criei coragem e disse:

— Eu acho que vocês poderiam ser mais discretos. – apenas Henrique se virou.

Seus olhos, sua boca carnuda, seu nariz perfeito quase que me fizeram ter um ataque. Engoli seco.

— O quê? – perguntou ele incrédulo, como se não acreditasse que eu tivesse falando com ele.

— Eu disse, que você poderia ser mais educado, e não um idiota retardado. – eu não costumava ser grosso, mas ele pediu. Fez deboche por eu ser nordestino – nem sotaque eu tenho! Imagine o que ele vai fazer quando descobrir que sou gay?

Ele me olhou com raiva agora, e eu fiquei com medo, olhei rapidamente para a lousa e vi que o professor não tinha chegado, e depois voltei a olhá-lo. Ele se levantou – como ele era alto! – me pegou pela gola da camisa e me empurrou contra a parede.

— O que você disse? – ele gritou comigo. Nesse momento todos da sala já viraram para a gente. E eu tremendo e ofegando de medo. Com aquele braço, ele ia me partir ao meio!

— Henrique, não bate nele cara! - disse o amigo dele. Meu deus, que vergonha! Logo no meu primeiro dia, já achei alguém que me odeia. Ele me soltou e disse:

— Não agora. – ameaçou, e depois me soltou.

Parte 2 – Ódio e Dor

Pronto! Cavei minha cova.

Quando o sinal tocou, eu saio logo em direção ao banheiro, quer dizer, eu saio em PROCURA do banheiro! Eu não conhecia nada aqui ainda, apesar desse colégio não ser tão grande. Eu corri, virei, subi até que achei o banheiro, e fiquei ofegante lá. Molhei meu rosto e esperei sentado no banco que tinha no fundo perto de um espelho enorme. Quando eu escuto a porta abrindo eu levanto e me escondo atrás de uma paredinha longe do espelho para – se fosse ele – não ver meu reflexo.

— Para onde aquele filho da mãe foi? – era ele.

Eu tentei controlar minha respiração e fechei meus olhos. E ia enfrentá-lo, apesar dele ser três vezes meu tamanho. Nem precisou, ele sabia que eu estava aqui, porque ele viu meu maldito reflexo no espelho, droga. Sem saída, eu fiquei de frente para ele.

— Típico de um idiota! Banheiro? Sério? Onde está sua criatividade? – debochou de mim. Olhei por cima do seu ombro. Estava planejando fugir, mas o maldito do seu amigo estava de guarda.

Eu fiquei calado e respirava desreguladamente.

— Não quer me chamar de idiota ou retardado agora não? – continuei calado.

— Me desculpa. – disse ferindo meu orgulho. Ele abriu um sorriso irônico. Seus dentes eram brancos e alinhados. Lindos.

— Desculpas aceitas. – logo em seguida ele me deu um murro tão forte, que eu caio no chão gélido e sujo do banheiro. Depois ainda me deu dois chutes na barriga. Senti um gosto horrível de ferrugem na boca. Gritei, e depois coloquei minha mão na barriga. Como doía.

Espero que ele não tenha quebrado meus dentes! Levantei meio tonto, e o sangue escorreu pelo canto da minha boca e pingou no chão. Ele me olhou com menos raiva, agora estava sério.

— Não me bate mais, por favor - implorei baixinho. Ele me empurrou e bati contra o espelho.

— Então não me provoque. – depois disso ele saiu com o amigo.

Apoiei-me na pia do banheiro e me olhei no espelho. O lugar já estava vermelho. Olhei meus dentes e estavam todos no lugar. Eu chorei um pouco por causa da humilhação que passei e da dor. Lavei meu rosto, tirei meu único casaco que estava todo sujo, e fui para sala.

Acho que todos já sabiam o motivo do inchaço no meu rosto. Uma garota simpática me chamou para ficar ao seu lado e eu fui. O nome dela era Sara, e ela era linda! Ela me contou que Henrique era muito encrenqueiro, e era aconselhável eu não enfrentá-lo.

— Ele pode pegar no seu pé a partir de agora, só pelo fato de você tê-lo desafiado. – Sara me contava.

— Ele me ofendeu! – falei um pouco alto de mais.

— Então Hugo, poderia me dizer o nome da glândula que produz o hormônio somatotrófico? – o professor interrompeu a minha conversa. E eu de forma tímida, respondi:

— Hipófise.

— Está certo, mas, por favor, preste mais atenção na aula. – eu obedeci e me calei.

Na saída, me despedi de Sara e vi Henrique indo para o seu carro – a maioria dos jovens andavam de carro aqui, já que a policia não é tão presente no trânsito. Ele ficou mais gostoso ainda naquele carro. Que droga de gostoso o que! Ele me bateu!

Quando cheguei a minha casa, dei uma desculpa – que eu sei que nem meu pai, muito menos minha mãe engoliram – mas, mesmo assim disse. Não tive uma noite boa, e dessa vez eu coloquei meu despertador do meu lado.

Acordei sem um pingo de vontade de ir para o colégio, temia apanhar de novo. Segundo Sara, ele poderia me atormentar a partir de agora. Não foi isso que pedi para Deus!

Quando cheguei ao colégio, fiquei no refeitório em uma mesa sozinho lendo um livro, esperando o sinal tocar. Quando eu o vejo vindo em minha direção com a turma dele. Eu fico tenso. Não sei se eu saio, ou finjo que não o vi. Mas quando ele está chegando mais perto, eu levanto e tento sair só que sua voz me fez parar.

— Ei! Aonde você pensa que vai? – perguntou ele. Eu virei lentamente, e perguntei:

— Tá falando comigo? – eu sabia que sim, mas queria confirmar.

— Não, com a minha vovozinha! – ele e o resto que estava com ele riam. Até eu responder:

— Boa sorte então. – me virei, esperando que ele me batesse, mas ele fez pior. Ele me segurou pelo braço e me fez sentar na cadeira, em seguida todos se sentam à mesa também.

— Que tal você se sentar conosco hoje amigo? – o sarcasmo na sua voz era visível.

Eu sentei e olhei para baixo.

— O que foi princesa? Não gosta da nossa companhia? – ele ria da piada do amigo, enquanto eu pedia para Deus para o sinal tocar logo.

— Pobre coitado, não aguenta um murrinho e já fica todo roxo! – ele deu um tapinha no lugar do murro. Nossa como isso doeu!

— Por favor Henrique, me deixa em paz! Eu prometo que nem mais olho para você! – quase implorei.

— Huguinho, mas a brincadeira só começou agora! – revelou ele.

Então foi ai que eu vacilei, e deixei uma lagrima correr pelo meu rosto, eu não aguentaria ele me atormentando esse ano inteiro. Ele engoliu seco e ficou sério. O sinal tocou e ele me olhava sério ainda.

— Vamos gente, deixa esse idiota ai! – ele e a turma dele saíram. Sara veio logo depois me apoiar, ela era uma pessoa muito gentil e boa.

— Hugo... – ela passou a mão no meu cabelo. — O que ele fez com você? – eu não respondi, só chorei no seu ombro, e pedi que ela me levasse para sala.

Henrique, não me bateu, nem se quer falou mais comigo nos outros dias. Eu fiquei em paz. A marca do meu rosto sumiu, e ele também sumia dos meus pensamentos junto. Eu o odiava, por tudo que ele me fez.

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Comentários

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Adorei sua maneira de escrever, muito bom mesmo. Parabens!

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O conto está realmente bom. Para mim, o que importa é ter uma boa escrita e saber dar detalhes; clichês existem pelo fato de nossas vidas não serem tão diferentes. Espero, apenas, que você esteja sempre presente e que não demore para postar, pois, assim fica chato.

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Um comeco muito bom... Cliches exitem em tudo meu caro, mas sao os que de fato acontecem. Apanhar e ser humilhado por um valentao, eu tambem fui. Os detalhes que vc da, eh o que faz a diferenca. Vc fez uma estreia bastante interessante. Aguardo cobtinuacao... Vejo que pode chegar longe com essa historia. Ta de parabens. Rafaeubsb@live.com

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prefeita, ta muito boa sua historia ja vai ficar nos meu favoritos continua logo!

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seu conto me conquistou agardo a continuação

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tb gostei muito e to ansioso pelo proximo

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Muito bom. Aguardo a continuação.

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