Recomeçar [2x08]

Um conto erótico de Marcioads
Categoria: Homossexual
Contém 2285 palavras
Data: 04/08/2012 02:15:50
Assuntos: Gay, Homossexual

Continuando...

Ricardo estava aparentemente arrependido, me deixou em paz aquela noite, eu dormi gostoso, acordei meio dia do outro dia, tomei um susto, Lucas tava muito quieto. Quando levantei, ele estava no colo do Ricardo, quietinho enquanto Ricardo e Gabriel brincavam com ele, eu tava mais feliz que ele tinha parado de estranhá-los.

Meu humor era totalmente outro, eu me sentia renovado, Ricardo passou o dia brincando com o Lucas, a noite, eu resolvi recompensá-lo, fiz amor com ele do jeito que ele gostava, fiz tudo que ele gostava, não acabamos muito tarde, então dormi bem pro dia seguinte ficar com Lucas.

Gabriel: - Lindo, o que você acha da gente fazer uma orgia?! – Ele disse quando todos tomavam café.

Eu até engasguei.

Eu: - Como é?

Gabriel: - É lindo, somos todos adultos, gays, sabe?! Uma brincadeirinha, três ativos e três passivos, da pra brincar um pouco.

Sei que é criancisse da minha parte, mas eu não achava aquilo legal, eu não dividira meu Ricardo com eles, muito menos ele toparia uma coisa daquelas.

Ricardo: - Eu topo!

Esquece, ele topou. Mas eu não.

Eu: - Esquece Ga. Espero que seja brincadeira mesmo.

Gabriel: - Ah lindo, tá com medo de se apaixonar, é?

Eu: - Me respeita Ga, eu não quero, não achei a menor graça. Eu respeito meu relacionamento, diferente de vocês todos.

Todos se calaram, mas eu não gostei mesmo da historia, ainda mais do Ricardo concordar.

Bruno: - Quer saber Gabriel, eu também acho.

Gabriel: - Vocês são muito caretas meu.

Eu: - Você que não respeita nem seu amigo, muito menos seu namorado. E você Ricardo, ta na minha lista negra também viu?!

O resto do dia, eu e Bruno ficamos juntos, falando mal deles, eles tentavam se aproximar, mas a gente não gostava. Não é questão de ser careta, ah quer saber, sou careta sim. Pra mim aquilo era traição.

A noite, como ainda estávamos meio bravos, chamei Bruno pra dormir comigo, joguei, como sempre, os travesseiros e cobertas pro Ricardo e tranquei ele pra fora. No fundo eu achava engraçado fazer aquilo.

Eu e Bruno viramos cada um pra um lado e tentamos dormir, mas não conseguíamos dormir sem nossos parceiros. Conversamos muito a noite toda, sobre nossos relacionamentos, era incrível como o Gabriel tinha mudado por ele. Jogamos um baralho até cair no sono.

Na manhã seguinte, perdoamos os meninos.

Ricardo e Ga, eram muito lindos, eram tipo aqueles modelos fitness, mas eu achava o Ricardo muito mais gostoso, mas também, é como li em uma revista uma vez: cada um tem o abdômen que merece. Ricardo era muito dedicado, ele não comia gordura, se alimentava direito de 3 em 3 horas, malhava sério, ele era esforçado. Eu estava ficando preocupado porque eu estava comendo muita tranqueira e não ia mais na academia, então tava pensando em voltar.

O resto do feriado foi ótimo, fizemos muito churrasco lá, comemos fora, fizemos muito sexo, conversamos muito, nada como ficar com seus melhores amigos.

Quando cheguei em casa e olhei no calendário, eu lembrei o que aquele dia significava pra mim: 3 anos que meu amigo, Betinho, havia morrido. Ele era de mais, uma pessoa alto-astral, super inteligente, jovem, lindo, depois do Ga, era meu melhor amigo. Foi assassinado brutalmente por ser homossexual por um grupo de jovens de classe-média-alta, não aconteceu nada com eles se vocês querem saber, o pai juiz de um salvou todos, só fizeram serviço comunitário e ficou tudo certo. Até hoje, só de lembrar isso dói muito, ele tinha muito a viver, ele não tinha vergonha de ser gay e ser ele mesmo, foi uma dor enorme pra família e pra mim. Meus olhos enchem de lagrimas até hoje, mas sei que ele está bem melhor seja lá onde ele estiver. Aquele fato, deixou minha mãe morrendo de medo que algo acontecesse comigo, mas eu não fiquei com medo nem mais fraco com aquilo, ao contrario, fiquei mais forte, hoje em dia, tenho orgulho de mim.

Mas enfim, chega de tristeza, ainda dava tempo de ir ao cemitério, fui levar umas flores e lá estavam seus pais, eu os abracei e cai no choro, não aguentei segurar. Passei o resto daquele dia meio triste, só o meu filho pra me animar mesmo.

Mais alguns dias passados, todos já estavam trabalhando, eu e Denise ficávamos juntos muito tempo, Maria limpava a casa tão concentrada que muitas vezes ela era silenciosa, eu a chamava de ninja, pois não ouvia um barulho sequer, mas a casa ficava limpa sempre.

Faltavam três semanas pro meu aniversário, eu deixava bem claro pro Ricky o que queria que fosse meu presente, mas não falava diretamente. Eu estava de olho em uma SUV nova da Chevrolet, meio cara, mas eu merecia poxa. Então vivia deixando salvo no favoritos e no histórico do computador, tanto o meu quanto o dele. Tinha comprado a 4 rodas que saiu o carro de capa. Ficava admirando na rua quando estava com ele, tava confiante que tinha deixado bem claro.

Aquele escritório fazia tão bem pro Ricky, ele estava tão confiante e satisfeito, principalmente pelo dinheiro que rendia pra gente. Aquela semana, minha mãe me ligou me contando as novidades: ela adotaria um filho com Luís, um “irmão” pra mim. Eu fiquei super feliz por eles, eles queriam filhos e seria bom pra relação deles, principalmente pro Luís. Mas eles não adotariam criança, era um adolescente, 15 anos, menino.

Eu sempre fiquei impressionado com o preconceito das pessoas em relação a adotar adolescentes, como se eles já fossem monstros na sociedade que não tivessem mais jeito. Poxa, eles ainda estão em processo de formação de caráter e fisiológica, lógico que se pode mudar um adolescente com maus hábitos.

Ela queria ajuda pra montar o quarto pra ele, sabíamos que ele torcia pro mesmo time que o nosso e amava futebol, então eu comprei papel de parede do time pra ele, minha mãe adorou. Comprei mais umas coisas pra ajudar, não que minha mãe não pudesse, mas seria meu irmãozinho de certa forma. Compramos prateleiras, computador, jogo de cama do time e até uma camisa. Queríamos que ele começasse com o pé direito naquela casa.

Eu ainda morria de vontade de adotar, ter mais filhos, mas sabia que demorava, minha mãe estava na justiça há 2 anos pra conseguir adotar e tudo mais. Mas eu queria mais filhos, eu sabia que conseguiria, só não sabia que seria como foi, mas isso não vem ao caso agora.

Quando o rapazinho foi pra casa deles, minha mãe tinha nos chamado pois compraria umas pizzas pra comemorar. Chegando lá, conhecemos meu Irmão, Marcelo, ele era muito bonito, tinha cara de ser meio sofrido, era meio caladão, mas puxávamos muito assunto com ele. Ele tinha amado o quarto dele, eu sabia que ele gostaria. Eu disse a ele que Ricardo o levaria pra assistir um jogo do nosso time, assim que desse. Conversei com a minha mãe sobre colégio e tudo mais, ele estaria encaminhado.

Em casa, eu e Ricardo conversávamos.

Ricardo: - Bem legal o moleque né?

Eu: - Sim, parece ser meio sofrido e caladão.

Ricardo: - Vai ver é timidez, é tudo novo pra ele né?!

Eu: - É, pode ser.

Ricardo: - Gostei do que você fez por ele, você é de mais meu amor.

Eu: - Para lindo, é meu irmão, não fiz nada ainda. Mas então, leva ele no jogo quarta?

Ricardo: - Sim senhor.

Eu: - Sabe amor, eu queria mais filhos, casa cheia, essas coisas.

Ricardo: - Quem te viu, quem te vê. Não queria nenhum, agora quer vários.

Eu: - Mas eu quero.

Minha mãe me ligava todos os dias pra contar do Marcelo, disse que ele era muito inteligente, gostava de ler, estudar e etc. Ela estava preocupada porque trabalhava o dia todo e não tinha como busca-lo no colégio o tempo todo, dar almoço e essas coisas. Prontamente, eu sugeri que ele fosse de van e disse que o buscaria na volta, ele almoçaria na minha casa e depois ele faria curso de inglês, eu o deixaria lá, Ricardo ia levá-lo a academia depois e o deixaria em casa, essa seria a rotina dele. Minha mãe agradeceu mil vezes.

Dito e feito, durante a semana, eu o buscava no colégio e almoçávamos na minha casa enquanto Denise cuidava do Lucas. Mais tarde eu levaria ele no curso de inglês e a tardezinha Ricky ia com ele á academia, que era um desejo dele, e depois ele ia pra casa. Assim ele se cansava, aprendia, malhava e descansava. Naquela quarta Ricky não tinha conseguido ingressos pro jogo, então tinha comprado pra próxima quarta.

No sábado, como eu ainda estava em processo de pesquisa no Doc, fui com Marcelo no shopping, pra comprar roupas pra ele e material escolar, tênis, enfim tudo que precisasse.

Eu: - Então Celo, você tem 15 anos, certo?

Marcelo: - Aham, faço 16 no fim do ano.

Eu: Legal. Ta no primeiro colegial, certo?

Marcelo: - Sim, eu não repeti não viu?! Eu entrei atrasado.

Eu: - Tá pronto pra fazer um longo tour ao shopping?

Marcelo: - Eu nunca tinha vindo a um shopping antes, acredita?

Eu: - Caramba Celo, mas aqui está bem vindo ao paraíso do consumismo e capitalismo.

Ele ficava com os olhos brilhando, comprei três pares de tênis pra ele, varias peças de roupa, tanto de sair quanto de malhar, material escolar, até um celular novo eu dei pra ele, já que minha mãe era meio por fora dessas coisas. Depois fizemos um lanche e fui levá-lo pra casa, cheio de sacolas. Quando chegamos:

Eu: - Eai, gostou de fazer compras?

Marcelo: - Muito, eu nunca achei que isso fosse acontecer comigo sabe? Pais legais, que fossem me querer, um irmão legal, e que eu fosse ter tudo isso... uma casa, um colégio particular, curso, academia... pra mim era só um sonho distante, então, obrigado.

Dei um beijo nele de despedida e esperei ele entrar em casa, ai eu desabei, como sempre, eu chorei. Era um choque enorme de realidade, um jovem sem oportunidades, mas que mesmo assim era decente, tudo que ele precisava era de amor e uma família. Meu filho de 4 meses, já tinha mais brinquedos que Marcelo teve durante toda a vida.

Chegando em casa, contei tudo ao Ricardo.

Ricardo: - Você é maravilhoso sabia? Tudo isso que você faz, só me faz te admirar mais ainda.

Eu: - Ah lindo, não acho que seja tanta coisa, fiquei muito feliz de ver ele feliz e fico muito feliz de você estar feliz com a felicidade de fazer ele feliz.

Ricardo: - Nossa, quanta felicidade em uma frase só. – e rimos juntos.

Eu: - Que bom que você gostou, porque paguei tudo com seu cartão.

Ricardo: - Que bom então, porque assim também sinto que faço parte desse ato de generosidade. Mas porque não usa seu dinheiro? Sabe, eu não me importo, mas você também tem metade de todo o lucro na conta, você ta melhor que eu se duvidar.

Eu: - Ah seu dinheiro tava mais fácil.

Ricardo: - Seu bobão, vem cá.

Aproveitamos o sono do Lucas pra fazer amor. No domingo, fomos almoçar na minha mãe. Ela me agradeceu por tudo que eu comprei pro Celo e por tudo que eu faria por ele. Ficamos lá o dia todo, todo mundo assistindo o jogo do nosso time e vibrando, até que saiu o gol e o Ricardo idiota gritou e assustou o Lucas que chorou muito.

Naquela semana, dei uns bonés do Ricardo pro Celo, os que eu não gostava e estavam em bom estado. Na quarta, foram todos ao estádio menos eu que tinha que cuidar do meu filho. Quando digo todos foram, digo: Otávio, Luan, Bruno, Gabriel, Ricardo, Marcelo, minha mãe, Luís, Gustavo e até a Silvia. Eu era o forever alone com o neném em casa.

Na quinta, eu resolvi dar meu notebook ao Marcelo, ele tinha computador em casa, mas não notebook e sei que os jovens (até parece que eu sou velho) adoram isso. Então dei o meu, também com o pretexto de comprar um novo e melhor pra mim. Ricardo dizia que eu era muito generoso mas que as vezes minha generosidade era sempre que convinha pra mim.

Marcelo era muito esforçado. Na sexta feira, ele me disse estar com saudades do orfanato, do lugar onde vivia, então resolvi levá-lo lá pra rever os amigos queridos, lá eu fiquei mais chocado ainda, com aquelas crianças tão simples, muitas crianças lindas, porém todos largados lá, não digo que passavam fome e apanhavam, mas não tinham uma família de verdade. Não tinham todo o amor que precisavam. Aquilo me revoltava mais ainda com as complicações pra adotar.

Se bem, que quanto a adoção, Ricardo tinha me dito que seu pai, agora juiz, com certeza podia dar uma boa adiantada em tudo que precisávamos, então se resolvêssemos adotar, no máximo em um mês, Gustavo conseguia o que fosse preciso pra dar certo.

Eu não queria adotar uma criança muito pequena porque Lucas já dava muito trabalho, mas também eu ficava preocupado com adolescentes, principalmente porque eu tinha 27 anos, faria 28. Dependendo da idade, eu acabaria adotando um irmão mais novo e eu queria um filho, então ainda era um questão a ser trabalhada. Mas uma coisa era certa: Teríamos outro filho.

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Gente, ta aí mais uma parte, como eu tava muito inspirado e com pique pra escrever, resolvi postar 3 mesmo, espero que vocês tenham saco pra ler todos. Espero que gostem. Muito obrigado a todos pelo carinho, vocês são foda. Qualquer critica e sugestão são bem vindas.

E-mail para contato: Marcio.casadoscontos@hotmail.com

Ps: Bernardo, muito obrigado pelo carinho, sou um grande fã dos seus contos, apesar de não ter comentado, sempre leio e voto. Sua historia é de mais.

Até a próxima.

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Comentários

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A história de vocês é muito linda!!! =]

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Ah cara, seu conto é fantástico. Fico até sem ter o que dizer sobre tudo. Parabéns!

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