Agarre-se aos 16 - 12

Um conto erótico de Walmir Paiva
Categoria: Homossexual
Contém 1106 palavras
Data: 29/08/2012 08:52:37

• 12 – A fera

Sou contra qualquer ato de violência, seja ela física ou psicológica. A cena: José batendo em Marcos, não me agradara nem um pouco.

...

Fomos para a minha casa depois do ocorrido. Eu precisava falar com José. Aproveitei que meu pai não estava em casa e pedi que fossemos para lá. Minha mãe não se importava com o fato de José estar ali. Talvez, ela fosse a única que aceitasse, de verdade, esse namoro.

José entrou pela garagem e subimos. Passamos pela sala, falei com minha mãe e o levei direto ao jardim. Eu não queria dar sermão no José. Sei que ele fez aquilo como um ato protetor; José sentou-se no balanço e Eu sentei-me no sofá ao lado. Quando comecei a falar:

– José... Sei que foi impensado, sei também que queria me defender daquele troglodita, mas... Violência não é o único meio de resolver as coisas.

José fitou-me com uma cara de raiva e disse:

– Da próxima Eu juro que bato menos...

– Próxima? – Perguntei furioso – Não haverá uma próxima. Estamos entendidos?

Ele nada falara; fiz beicinho como uma criança implorando por doce:

– Me promete?

Ele sorriu e respondeu:

– Sim! – Abriu mais o seu sorriso – Mas você é muito malicioso. Tinha que fazer esse beicinho?

Eu comecei a rir e começamos a conversar. Eu não sabia muito sobre José, mas Eu estava prestes a saber. Na conversa ele me disse várias coisas, como: Ele é atleta, 1,87 de altura, 94 quilos, adora todos os tipos de esportes, pratica hipismo, academia, adora trilha, suas músicas preferidas são as eletrônicas e ele sempre foi acostumado com tudo do bom e do melhor. Sua mãe morrera quando ele ainda era uma criança. José adora passear, ir a praias, shoppings e viajar. Além de português ele dominava duas línguas estrangeiras: O espanhol e o italiano e ainda consegue entender e se fazer entendido no inglês.

Nunca pensara que José fosse assim. Pensara que ele fosse mais um daqueles atletas sem cérebro.

No meio da conversa, José para e olha atentamente para mim e diz:

– Você...

– Você o que? – Falei sem entender.

– Você é tão misterioso. Tão pensativo. Às vezes me pergunto o que se passa em sua cabeça.

– Acredite... Você não vai gostar de saber – Eu ri e ele ainda me fitava.

– É serio amor! Você é muito pensativo. Às vezes tenho que te tirar de uns transes muito malucos. É muito engraçado ver você pensando. Mas sabe o que me intriga?

– Não! – Respondi desconfiado

– É que, geralmente, pessoas que pensam muito agem com a razão. Você não! Mesmo sendo esse meditador, você ainda age com o coração. Isso é que é engraçado. Você deixa as emoções te levarem – Ele riu consigo.

– Pare de rir da minha falta de Q.I.! – Rimos da minha piada.

José rindo era, com toda a certeza, uma das cenas mais bonitas que Eu já vira em minha vida. Eu não resistira ao seu sorriso. Fui ao balanço onde ele estava sentei em sua perna esquerda e dei-lhe um beijo, dessa vez bem demorado. Agarrei-o pela nuca numa tentativa frustrada de fazê-lo permanecer ali. Ele soltou-se do beijo e disse:

– Hora de irmos?

– Pra onde? – Perguntei rapidamente.

– Na boa, vem comigo e sem perguntas...

José me levara para um lugar que até então Eu não conhecera. Era um jardim enorme, tinha uma quadra de esportes pequena e uma piscina. Eu achara que ele iria fazer um piquenique ou algo do gênero. Mas não. Aquele jardim era na verdade apenas a entrada de uma casa. Eu ficara assustado com o tamanho da casa. José viu meu ar de preocupação e disse:

– Surpresa! – Viu minha reação; Eu nada falara. Então ele disse: Calma seu bobo! Eu não vou saquear essa casa. Essa é minha propriedade. Você vai conhecer seu sogro.

Na hora Eu gelei. Ele deveria ter me preparado para aquele momento. Foi golpe baixo!

Ele entrou pela porta dos fundos da casa, falou com os funcionários e dirigiu-se a sala. Chegando lá, ele avista seu pai e diz:

– Pai! Trouxe uma pessoa para o senhor conhecer.

Seu pai virou-se, olhou pra mim com uma cara nada satisfeita e disse:

– Quem é esse? Um dos amigos vagabundos seus?

– Não pai. Esse é meu namorado. – Disse José com a cara vermelha e agarrando minha mão.

O pai dele caiu na gargalhada e José nada falou. Ele vira pra mim e diz:

– Você só pode estar brincando não é meu filho? Você sabe o que pode acontecer se um dia você fizer uma coisa dessas, não sabe? Eu perco meus eleitores, minha dignidade, minha integridade, perdemos essa casa, perdemos dinheiro e você perde todos aqueles benefícios de finais de semanas. Quer comer ele? Coma! Divirta-se! Mas não invente uma palhaçada dessa – Na hora meus olhos encheram de lagrimas. Velho rabugento! – Me diga, você quer continuar sua aula na hípica? Quer ter seus amigos playboys perto de você? Ou quer ficar pobre de uma vez?

Eu esperei uma resposta de José, mas a resposta não veio. Então seu pai concluiu:

– Você realmente o ama? – José nada respondeu. E seu pai continuou – Eu sabia! Agora suba para o seu quarto, coma ou faça o que quiser com ele, pague-o e depois o mande vazar.

José não teve nenhuma reação. Eu, com grande esforço, soltei a minha mão da dele e fui em direção a saída daquela casa. Eu tinha nojo daquele homem. E tinha raiva daquele José que não se defendia e nem a mim defendia. Quando cheguei ao portão Eu ouço José me chamar desesperado:

– Walmir! Volta aqui! Precisamos conversar.

Eu parei e olhei friamente para ele. Ele disse:

– Me desculpe! Eu tenho um motivo pra não fazer aquilo...

– Motivo nenhum justifica seu silêncio. Vou para casa e... Por favor, não tente me seguir!

– Mas são mais de 30 minutos à pé daqui pra sua casa...

– Não importa. Poderia ser uma hora, Eu não me importaria. Agora, por favor, não me siga!

Dei as costas para ele e fui andando. Quando o sinto me puxar para perto de seu peito:

– Por favor, não faz assim! Eu te amo. Não faz isso!

– Você ama o seu dinheiro. Por favor, me solte!

Ao ouvir minhas palavras ele me soltou e começou a chorar. Era a primeira vez que Eu vira José chorando. Era de partir o coração. Eu estava com raiva dele naquela hora, mas Eu senti pena daquela cena. Olhei para ele e disse:

– Amanhã a gente conversa.

Dei as costas de vez para ele e fui andando na direção em minha casa. Nesse dia Eu chorei, chorei, chorei... Até dormir.

Eu estava arrasado, mais uma vez.

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Comentários

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Olá galera! Espero que gostem do episódio de hoje. Foi muito difícil para mim e para meu Baixinho (Walmir) lembrarmo-nos desses fatos. Fora algo realmente doloroso, mas Eu acho que vocês precisavam saber de toda a história.

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