Recomeçar [11]

Um conto erótico de Marcioads
Categoria: Homossexual
Contém 2227 palavras
Data: 18/07/2012 19:14:00
Assuntos: Gay, Homossexual

Vamos lá...

Durante o caminho fui tentando pensar o que eu faria naquela situação, mas era difícil a minha relação com minha mãe sempre foi muito boa, o suficiente pra poder conversar com ela em uma situação delicada como aquela. Eu não queria que ele brigasse com a mãe, só queria que ele dissesse que precisava equilibrar o tempo, poxa um final de semana com ela de vez em quando não ia me magoar, mas todos os sábados, enxaquecas, quedas de pressão, mal estar, aquilo era muito forçado.

Eu não dava sorte, os pais do Victor também me odiavam, mas eu não tinha culpa ali se eles não eram pais o suficiente pra entender e aceitar que os filhos nascem assim, não tem a ver só com criação ou influências, não é só dar uma surra que resolve. Mas eu preferia o pai do Ricky por isso, pelo menos ele era transparente, eu sabia que o que incomodava não era eu em si, mas a orientação sexual do próprio filho.

Tinha decidido começar a fazer terapia, peguei o número de uma clínica com minha mãe, eu com certeza precisava, meu problema era disponibilidade de tempo, então faria aos sábados de manhã.

Então fui dormir, não tava bravo, era mais chateado, principalmente por ter que dormir sozinho. No dia seguinte de manhã, tomo um susto com Ricardo no meu quarto sentado, me olhando dormir. Fiz cara feia.

Ele sorriu e veio me beijar, eu virei o rosto e não deixei.

Ricardo: - Nossa, então é assim?

Eu: - É isso que você merece depois de ontem a noite, vir chamar minha atenção na frente da sua mãe como se eu fosse seu filho?

Ricardo: - Desculpa, é que eu fiquei nervoso, minha mãe doente e vocês discutindo.

Eu: - Você é ingênuo ou burro? – Perdi a paciência com ele na hora, não era possível.

Ricardo: - Nossa, não precisa falar assim comigo.

Eu: - Acho que preciso, se você soubesse o quanto eu to bravo agora não falava nada.

Ricardo: - O que você queria que eu fizesse? Deixasse minha mãe pior?

Eu: - Sua mãe não tem nada, todos os finais de semana é alguma coisa nova, to de saco cheio disso, quando eu vou poder curtir meu namorado sem um drama familiar?

Ele não falou nada, nem esboçou reação.

Eu: - Olha lindo, eu te amo, de verdade, mas isso é de mais pra mim, sinceramente, é sua mãe, é problema seu e não meu, mas vem como bagagem e eu não tenho que aturar isso.

Ricardo: - Você ta terminando comigo?

Eu: - Não, ainda não, mas nesse caminho que tá indo não vejo outro final na estrada.

Ao mesmo tempo que eu tava firme, tava com medo dele me deixar. Ele me surpreendeu, veio e me beijou, beijou com força, começou a tirar minha roupa e eu sucumbi a tentação a pegada e o corpo dele eram gostosos de mais pra lutar contra, deixei ele tomar as rédeas, ele foi logo tirando a roupa dele e a minha em seguida. Pegou lubrificante na mesinha de cabeceira, passou no pau e no meu ânus bem rapidamente e já veio me penetrando, sem preliminares, ele me pegou de frente mesmo, olho no olho como ele fazia, mas tava com uma cara de bravo e intensa até de mais. Tava muito selvagem, muito rápido e muito forte, eu não consegui conter os gemidos que saíram muito altos e intensos, ele o tempo todo ficava me olhando nos olhos, até que começou a beijar meu pescoço de um jeito muito selvagem, aquele dia nem tinha sentido dor, ele me pegou em todas as posições possíveis.

Aquilo não foi fazer amor, foi sexo selvagem mesmo, não posso negar que adorei, de vez em quando é sempre bom mesmo sair da rotina na cama. Quando terminamos, ninguém dizia nada, ele só ficava acariciando meu braço e dando beijos. De conchinha adormecemos.

Acordei sozinho, ele tava cozinhando pelo cheiro, aquilo tava sendo de mais, mas eu queria uma mudança de atitude dele em relação os pitis da mãe dele. Depois do almoço, transamos de novo bem selvagem, aquele dia fiquei exausto de novo, ele foi embora no fim da tarde pra ficar com a desequilibrada da mãe dele. Quando ele saiu pela porta, algo me veio em mente: Tinha muita coisa pra corrigir que tinha ficado de levar as notas no dia seguinte.

Corri contra o tempo e acabei tarde pra conferir tudo pra não ser injusto, fui dormir bem tarde, mas valia a pena não queria deixar meus alunos na mão. Aquela semana foi bem corrida, mas tudo nos trinques. No final de semana, Ricky me disse que conversou com a sua mãe, ela não embaçou aquele final de semana, saímos com os meninos numa boa.

Passou dois meses sem grandes acontecimentos. Já estávamos em outubro, tudo ia bem, aos poucos sem me dar conta, tava caindo na rotina de novo. Mas até que tava bem como tava, de repente meu celular toca, um número que eu não tinha na agenda e nem era muito familiar, resolvi atender.

Eu: - Alô?!

Gustavo: - Marcio? Sou eu, Gustavo, pai do Ricardo.

Eu fiquei muito surpreso, imaginava que seria xingado e outras coisas, mas não foi o que aconteceu.

Eu: - Oi Sr. Gustavo, como o senhor está?

Gustavo: - To bem, pulando as cordialidades, você pode almoçar comigo hoje?

Eu: - Olha, eu até posso, mas eu só tenho 1 hora de almoço até ir pra escola.

Gustavo: - É mais que o suficiente, só te peço pra não falar nada pro Ricardo, tudo bem?

Eu: - Tudo bem, fica tranquilo.

Combinamos de almoçar em um restaurante próximo a escola que eu trabalhava a tarde, pois ficaria mais fácil pra mim e não teria de ficar tão preocupado com o tempo.

Eu tinha estranhado a ligação, mas devia ser algo importante, só tava torcendo pra não ser esculachado, nem humilhado, não queria passar nervoso e nem ter conflito.

Chegando lá, ele já me esperava, era meio-dia, muito cedo, mas era o meu horário de almoço, ele estava de terno e muito bonito, fui em direção a mesa e sentei. Ele me cumprimentou com um aperto de mão firme, pediu um vinho pra tomar e um refrigerante pra mim.

Gustavo: - Eu sei que você deve ter achado muito estranho eu ter te ligado e te chamado pra almoçar.

Eu: - É, isso é verdade.

Gustavo: - Você deve estar curioso, mas o que eu queria falar de primeira é que eu não te odeio, não tenho nada contra você, só é uma coisa minha, não consigo aceitar com naturalidade, mas também não interfiro na relação de vocês como minha mulher.

Fiquei quieto e ele continuou:

Gustavo: - Eu sempre tive muitos problemas com meu filho, hoje em dia, fizemos as pazes e não temos mais nada, eu precisava fazer aquilo, não queria que ele me odiasse a vida toda. Mas o que eu tenho mesmo pra te falar, é que eu to com câncer.

Fiquei extremamente chocado, sem reação na hora, essa era uma doença que eu sempre temi, mas que sempre me assombrou, meu avô paterno morreu com câncer na próstata, minha avó paterna teve câncer de mama, meu avô materno teve câncer no intestino. Tinha tanto medo de ter câncer que qualquer coisa eu já buscava na internet os sintomas.

Eu: - Nossa, eu nem sei o que te falar, eu sinto muito.

Gustavo: - Não sinta, eu sempre ouvi dos meus pais que tudo de ruim que a gente faz na vida volta, que é um efeito boomerang. Acho que toda a mágoa do meu pai que eu tive e transmiti pro meu filho tão fazendo efeito em mim. Você é a primeira pessoa que eu conto isso, porque? Exatamente eu não sei, mas não quero ser olhado como coitado por ninguém.

Gustavo: - Eu só queria que você soubesse que se eu morrer logo, se algo acontecer comigo, eu sempre amei meu filho independente da situação. Quero que ele dê continuidade com o meu trabalho e escritório, ele pode precisar da sua força e queria que você o ajudasse.

Eu respondi gaguejando: - Pode ficar tranquilo, eu vou sempre estar do lado dele e dar o apoio que ele precisar. Mas o que o senhor vai fazer? Não vai contar a ele e a dona Silvia?

Gustavo: - Não pretendo, vou fazer o que der pra não contar e te peço segredo dessa nossa conversa, só queria que você entendesse meus motivos pra ser assim e que eu amo meu filho. Apesar de ter sido um lixo de marido e pai.

Eu fiquei tocado com toda aquela situação, se antes eu tinha raiva dele agora eu entendia, fiz o possível pra não ter dó, ninguém merece a dó de ninguém. Almoçamos em silêncio, na hora de ir embora ele apertou minha mão e disse:

Gustavo: - Muito obrigado por ter vindo, você é um homem muito bom, sua mãe deve ter muito orgulho.

Eu: - Que isso! Olha, se o senhor precisar de alguma coisa, qualquer coisa, pode me ligar, pode contar comigo.

No fim daquele dia, quando Ricardo perguntou como tinha sido meu dia pelo telefone, eu não disse nada sobre o encontro com seu pai. Eu acreditava que ele tinha que saber, mas não da minha boca, que o Sr. Gustavo contasse quando achasse que deveria.

Eu ligava pro Gustavo com certa frequência pra saber do seu estado, ele sempre dizia estar bem, até o dia que me avisou que começaria a sessão de exames antes da cirurgia na manha seguinte, que iria de táxi pra não levantar suspeita. Fiquei pensativo, e tinha decidido: Eu o levaria.

Logo cedo me arrumei e cheguei bem cedo em frente a casa deles, torcendo pro Ricardo ou pra Silvia não me verem. Quando ele saiu de casa, dei uma buzinada, ele veio até meu carro.

Gustavo: - O que ta fazendo aqui? O Ricardo acorda bem mais tarde.

Eu: - Não vim pra ver o Ricardo, vim levar você no hospital.

Gustavo: - Sem essa, não precisa, eu vou de táxi fica tranquilo.

Eu: - Eu insisto, você pediu que eu não contasse e eu peço que me deixe fazer essa gentileza.

Ele parou pra pensar e entrou no carro, me deu a direção e fomos ao hospital em silencio durante o percurso, acho que ele não estava contente com a situação, assim como Ricardo, ele gostava de ser independente e não precisar de ninguém. Lá, ele fez alguns exames e não estava muito bem na volta, estava bem sonolento e tendo leves alucinações, o que a enfermeira disse ser normal. Ele veio o caminho todo contando histórias de infância, de seus pais, de sua cidade, das namoradas e tudo mais, estava adorando conhecê-lo melhor, aquilo mudaria totalmente meu julgamento sobre ele. Peguei um atestado de acompanhante no hospital para levar na faculdade.

O deixei em casa, fui pra faculdade levar o atestado, almocei e continuei a jornada de trabalho.

Estava com o papel da data pra voltar no hospital pra pegar o resultado dos exames. Por ai foi, sempre que ele tinha algum exame, eu o levava, não tinha nenhum interesse, só queria fazer algo de coração pra ele. Peguei os resultados e ele marcou a cirurgia para tirar o tumor antes que ele se espalhasse, assim como meu avô era no intestino. Ele me contou então que contaria a sua esposa e ao Ricardo. Já imaginava a reação do meu amor, mas tinha que deixar ele extravazar. Durante aquele tempo, Sr. Gustavo me tratava muito bem, estávamos próximos, ele me contava muitas histórias de sua vida e do Ricardo, que pena que foi preciso uma doença pra nos aproximarmos assim.

Quando eu via Ricardo tinha que tomar muito cuidado com o que falar, mas nossa relação estava boa também, vivamos saindo conhecendo São Paulo, cada barzinho e restaurante, fazíamos amor com frequência, íamos na minha mãe assistir aos jogos com o Luís e ela. Tava tudo bem, menos a situação com seu pai.

Num sábado, uma semana depois de marcar a cirurgia, com ela se aproximando, sabia que era questão de tempo até Ricky saber. Ricky então chega chorando no meu apartamento, me abraçando e caindo comigo no sofá em meio as lagrimas dele, deixei ele chorar o quanto ele quisesse, foi muito. Ele então me disse:

Ricardo: - Ele ta com câncer, ele ta mal e não me disse nada todo esse tempo. Disse chorando.

Ricardo: - Ele vai operar, quarta que vem.

Ele então olha minha cara, ele no mínimo esperava uma reação de surpresa, mas eu não era tão ator assim.

Ricardo: - Você sabia?! Como você não me contou nada? Achei que não tinha segredos e mentiras entre nós.

Eu tentei explicar:

Eu: - Ricardo, eu não tinha esse direito. – Disse tentando acariciar seu rosto com as mãos, ele então afastou minhas mãos e se levantou.

Ricardo: - Não acredito que você teve coragem de fazer isso comigo, eu sempre confiei em você, tudo.

Fui tentar falar, mas ele foi embora batendo a porta e tudo. Precisava dar um jeito na situação, queria explicar tudo pra ele, mas ia deixar ele esfriar a cabeça em casa.

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Ta aí mais uma parte, espero que gostem. Qualquer critica e sugestão são bem vindas. Queria agradecer as notas e os comentários que estão de mais, todos vocês!

E-mail pra contato: Marcio.casadoscontos@hotmail.com

Ps: se der posto mais uma parte hoje.

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Comentários

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Nossa, que situação. Fiquei preocupado achando que não postaria hoje.

Ta de parabéns, e eu tô torcendo pelo casal, e pelo Sr. Gustavo.

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que pena que apenas uma doença pra fazer vc se aproximar do pai do ricardo...isso acontece com mais frequência que imaginamos....demais sua história... aguardo a continuação!!

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lindo, ateh fikei preocupado pq quando entrei as 18 n tinha nada postado. amo vosso conto, obrigado por dar esse apoio. grato pela leitura.

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Seu conto é um daqueles que me deixa ansioso pela próxima parte, contando os minutos. Parabéns! 10

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