Fúria Indomável

Um conto erótico de Kherr
Categoria: Homossexual
Contém 5565 palavras
Data: 18/07/2012 15:58:13
Assuntos: Gay, Homossexual

Fúria Indomável

Numa tarde quente de outono, eu havia terminado de digitar os relatórios, que o comandante da base me incumbira de enviar ao ministério da defesa, em nosso país, ainda naquele dia. Pela janela da antessala do comando, eu quase podia ver o mormaço lá fora, de tão denso, como se o calor brotasse do chão poeirento. O céu não estava límpido e azul, como nas minhas recordações dos outonos frios da minha cidade, nos quais o vento espalhava as folhas multicoloridas, de tons que iam do amarelo ouro ao marrom terroso e, deixavam as árvores parecendo esqueletos agonizantes. Nas colinas, ao longe, havia uma poeira no ar, que turvava o horizonte e, aumentava a secura nas narinas e na garganta. Já se passaram cinco meses, dos doze que eu tinha que completar, para cumprir o serviço militar e, ainda não havia me acostumado ao país. Creio que jamais me habituaria a morar aqui. Eu detestava tudo, o clima, árido e seco, as pessoas, de olhar traiçoeiro e enigmático, cobertas por vestimentas desestruturadas, as cidades em ruinas e, a situação na qual o país estava mergulhado, fruto de décadas de desmando.

A base militar estava instalada nos arredores da segunda maior cidade do país, a poucos quilômetros da costa, no que, um dia, havia sido um aeroporto. Era um oásis, se comparada com o que havia além das cercas e do bosque que a encampava. As instalações não eram tão precárias quanto às de um confronto bélico em curso; foram melhoradas e ampliadas, para acomodar o contingente que garantiria a transição, instalação e manutenção de um novo governo, o que ainda poderia levar alguns anos.

Numa rápida erguida de olhos, um corre-corre de soldados e suboficiais se emoldurou numa das janelas e, em seguida, um sargento, com a respiração ofegante e a testa destilando suor, abriu, abruptamente, a porta e, quase se atirou para dentro da sala, a procura do oficial de dia. Um soldado, que se encontrava de sentinela, numa guarita que dava para uma ruela secundária, numa das cercas laterais da base, havia abandonado o posto e, fora pego junto ao portão, com as calças arriadas, enquanto uma moça, pelo lado de fora, punhetava sua pica e, se preparava para sugar o néctar, despejado pelo êxtase, que a masturbação lhe causara. Flagrados pela ronda, a moça tentou a fuga, mas foi capturada numa das ruas próximas e, trazida para dentro da base, para ser interrogada e; o soldado, diante da voz de prisão do suboficial da ronda e, ciente de ter infringido as normas de segurança, pondo em risco o acesso à base, saiu correndo, sem rumo, por entre os pavilhões, gritando que abriria fogo contra quem o tentasse deter. Alguns rebeldes, inconformados com a presença militar estrangeira, que interferia em seus interesses, pela concretização de um governo democrático, usavam deste expediente, para praticar atentados, valendo-se de garotas que abordavam os militares da base.

Assim que o oficial de dia se inteirou da situação e, recebeu a informação, de que este soldado já cumpria punição por outra contravenção, determinou que mais homens fossem ao seu encalço e o capturassem, em qualquer circunstância, antes que ele pudesse disparar contra alguém. Como eu acabara de enviar os relatórios, me prontifiquei a acompanhar o oficial de dia. Pouco depois, entre o pavilhão que servia de almoxarifado para os veículos e tanques e, o que abrigava a lavanderia, o soldado foi encurralado e, a certa distância, via-se que entrara em pânico, ficando fora de si. Disposto a não se entregar, dizia coisas desconexas, entre ameaças e um choro infantil, de abandono. Aquele homem colossal, com quase 1,90 de altura, cento e tantos quilos, um tórax largo e musculoso, acuado e perdido, me comoveu a ponto de sugerir que me deixassem conversar com ele, sem ninguém para interferir. Após relutar por algum tempo, o oficial de dia me deixou a sós com ele, com a condição de eu levá-lo até o gabinete de comando.

A princípio ele se mostrou bastante arredio, continuava ameaçando e, irrequieto, seu olhar vagava perdido a procura de algum perigo a sua integridade. Procurei ganhar sua confiança e certificá-lo de que não representava uma ameaça. Lentamente, consegui me aproximar dele, quase podendo tocá-lo. Até que, por fim, esgotado e apático, ele apoiou sua cabeça em meu ombro e soluçava como uma criança que se perdera dos pais. Abracei-o carinhosamente e afaguei seu rosto, procurando dar-lhe a certeza de que tudo acabaria bem e, de que eu estava ali para ajudá-lo. Ele acabou aceitando meus argumentos e, depois de parcialmente refeito, me disse que seu nome era Joe e, me acompanhou até o gabinete do oficial de dia.

Deixei-o sentado numa cadeira, próximo a minha mesa de trabalho, e fui procurar amenizar a questão junto ao oficial de dia, intercedendo para que não o punisse com muita severidade. Felizmente ele me atendeu, em consideração ao comportamento exemplar e às atitudes, sempre justas, que norteavam meu caráter. No entanto, alertou-o, que se tratava de uma transgressão grave e, que a prisão era inevitável. Cabisbaixo, em pé diante do oficial, com as calças ainda molhadas de porra, Joe relatou o que havia acontecido e, não conseguiu justificar sua atitude, senão pela abstinência sexual, que lhe consumia a razão, desde que iniciara os quarenta dias de punição, que lhe haviam sido impostos, quando de seu último atraso, ao regressar embriagado à base, depois de uma folga, na qual também se envolvera numa discussão com outros soldados, numa casa noturna da cidade. A meu pedido, ele conseguiu adiar a decisão da punição que lhe seria imposta até o dia seguinte, quando o general, comandante da base, determinasse o que seria feito. Ainda sob o efeito da perseguição e, do novo castigo que lhe seria atribuído, Joe começou a se rebelar, alterando o tom da voz, se recusando a aceitar mais esse corretivo, que ele julgava cerceador da libertinagem que regrava sua vida. Voltei a acalmá-lo, lembrando-o de que essa atitude complicaria, ainda mais, sua situação já precária e, procurei tirá-lo dali.

Levei-o até meu quarto, que eu, por sorte, dividia com apenas outro soldado, uma vez que as acomodações na base eram bastante compartimentadas e, destinadas, no máximo, a seis militares; para que ele pudesse se limpar e descansar, após todo aquele estresse. Ele se enfiara sob a ducha, deixando a calça e a cueca esporradas sobre a cama. Enquanto ele tomava banho, resolvi lavar suas roupas no lavatório do banheiro, que a estas alturas estava carregado de densas nuvens de vapor, impedindo a visão de quem estava sob a ducha. Num ato impensado, instintivo e, quase automático, aproximei a cueca melada de porra do rosto, deixando que a essência máscula e viril do Joe, invadisse minhas narinas. Não sei por que fiz isso, mas uma inquietude se apoderou de mim e, por uns instantes, meus lábios esboçaram um tímido sorriso de satisfação. Um intrépido espasmo percorreu meu corpo, quando assustado, senti, às minhas costas, que estava sendo abraçado, por dois enormes braços peludos e molhados.

- Está gostando do cheiro de macho da minha porra? – sussurrou a voz grave do Joe colada ao meu rosto, deixando que o ar morno, que saía de sua boca, roçasse meu ouvido e, minha bunda fosse encoxada suavemente.

- Eu ia, bem! ... Quero dizer. Eu ia passar uma água nas suas roupas manchadas e, pô-las para secar. Achei que você se sentiria melhor. – expliquei constrangido, enquanto voltava à realidade.

- Te agradeço pela preocupação. Aliás, tenho que te agradecer por tudo que está fazendo por mim. Não está sendo um bom dia, creio que meti os pés pelas mãos e, me meti numa tremenda enrascada. – ele continuou, sem, no entanto, se afastar, um milímetro que fosse, da minha bunda, que continuava a encoxar.

- É, acho que você se complicou! Mas está tudo em ordem, não há o que agradecer. Apenas procure não piorar as coisas para o seu lado. – retorqui, sob o efeito inebriante de seu abraço.

- Você deveria procurar isso na fonte e não aí na cueca. – ele acrescentou, mais descontraído e com um sorriso safado.

- Engraçadinho! Não sei o que me deu para fazer isso. Devo estar ficando maluco! – revidei, sentindo meu rosto afoguear. – E vamos tirando as mãos daí, que você já deu vazão suficiente para sua tara, por hoje. – continuei, enquanto me desvencilhava dele.

- Aí é que você se engana! Continuo com um tesão danado. – ele falou, rindo.

Terminei de lavar suas roupas e as coloquei para secar. Preparei um café, na cafeteira sob o aparador e, estendi uma xícara fumegante em suas mãos. Enrolado apenas com a toalha, ele se ajeitou na minha cama e começou a contar a desventura que foi seu ingresso nas forças armadas. Muitos jovens como nós, não entendiam a razão pela qual precisávamos ser despachados para um país estrangeiro, cuja cultura e costumes, nada tinham em comum com nossa realidade, e supostamente, ajudar outro povo, a conseguir um governo que não os martirizasse. Eu era da opinião que, se os bilhões que estavam sendo gastos nessa tentativa, fossem aplicados na educação e formação de pessoas, pensantes por si só, e não pelas fanáticas lideranças religiosas, o estado de direito seria uma consequência natural e, esse povo viria suas condições de vida melhorar. Conversamos por horas, havia tempo que o lusco fusco do crepúsculo, deixara de emoldurar a ampla janela do quarto, e fora substituído por um céu negro, sem nenhum atrativo, além de algumas nuvens adensadas, prenunciando uma benvinda chuva, que lavaria o ar carregado. Fui até a lanchonete da base, buscar algo para jantarmos e, quando voltei, encontrei o Joe dormindo. Ele em nada lembrava o homem explosivo que conheci naquela tarde, parecia um garoto, que depois da travessura, encontrava o aconchego e a segurança de seu quarto.

Dispus os pratos sobre a pequena mesa encostada a um canto do quarto e, sentando na beira da cama, fui acordá-lo. Toquei suavemente seus cabelos e deixei que meus dedos deslizassem carinhosamente entre eles, sussurrei seu nome, sentindo culpa por tirá-lo, talvez, de um sonho no conforto de sua casa, ou com seus familiares. Ele demorou um pouco para acordar e, especialmente, para atinar com o que estava fazendo ali.

- Creio que estava mais cansado do que pensava! – ele comentou.

- Talvez fosse melhor deixar você dormir um pouco. Trouxe algo para comer, você também deve estar faminto? – indaguei, retirando a mão de sua cabeça.

- Estou com fome de tudo, inclusive de você! – ele retorquiu, enquanto segurava minha mão, impedindo que eu cessasse os afagos.

- Não fala bobagem! – respondi, deixando que ele reconduzisse minha mão até seu rosto.

Nos olhamos demoradamente, em silêncio. Senti uma vontade enorme de fazer algo por ele, para que soubesse que alguém se importava com seus sentimentos. A mão grande e pesada dele cobria a minha e, instantes depois ele desviava o olhar para o lençol, sob o qual, um volume se movimentava, erguendo-o como uma barraca. Puxei o lençol e, uma pica grossa, se empinava sob a ação do sangue que enchia as calibrosas veias que a circundavam. Uma glande saliente e arroxeada deixava escorrer as primeiras gotas de um líquido claro e viscoso, cujo cheiro delicioso, me remeteu ao cheiro que havia sentido em sua cueca. Timidamente, deslizei a ponta dos dedos por toda extensão de seu cacete, estava quente e pulsava de euforia. Com uma agilidade felina, ele se levantou deixando sua pica na altura do meu rosto. Segurou minha cabeça entre suas mãos e resvalou o membro molhado próximo a minha boca. Procurei seu olhar esperançoso e comecei a lamber a glande úmida, uma textura tenra e suculenta foi invadindo minha boca e, eu comecei a chupar o cacete. Ele liberou um grunhido de tesão, enchendo os pulmões numa inspiração profunda. A pica latejava na minha boca, enquanto eu, avidamente, sorvia o suco salgado que escorria na minha boca, se misturando a minha saliva. Minha coluna foi perpassada por um frêmito gelado e, uma sensação única, indescritível, de prazer tomou conta de meu corpo. Ele gemia, como se estivesse delirando, toda vez que meus lábios se fechavam em torno de seu membro e, a cada chupada que eu dava. Inicialmente preocupado, pela experiência inédita, fui tendo a certeza de estar me desempenhando a contento, quando via a expressão de satisfação estampada em seu rosto. Brinquei demoradamente com a jeba pesada, mordiscava-a entre as lambidas, que seguiam rumo ao sacão peludo e globoso, que pendia abaixo dela. Alguns pentelhos aderiram aos meus lábios, quando abocanhei uma das bolas consistentes e, minhas narinas experimentaram um perfume viril, exalado por aquela anatomia avantajada.

- Mama minha pica, mama!! Tesão do caralho! – ele murmurava, entre gemidos, cada vez mais audíveis.

O tesão, que eu sentia ao chupar aquela tora pulsátil, se apoderara de todo meu corpo. Ele a estocava em minha boca, fazendo com que ela atingisse minha garganta. Ficava difícil respirar e, de quando em quando, sentia engulhos ao ter a cabeçorra da pica atolada na faringe, enquanto minha cabeça era forçada contra sua virilha. Durante uma destas estocadas, os gemidos do Joe se transformaram num urro e, minha boca se encheu de jatos de porra. Engoli cada um deles, como quem prova uma rara safra de vinho. Degustava-os, aprendendo a saborear o âmago viril de um macho. Ele me olhava realizado e, a firmeza com que agarrara minha cabeça, deu lugar a afagos que desalinharam meus cabelos. Ao me colocar em pé, fui puxado contra seu peito e seus lábios procuraram os meus e, enquanto a língua dele invadia minha boca, sua saliva se mesclava à minha, numa cumplicidade improvável. Não resisti quando ele começou a me despir, peça por peça, com a facilidade e, num ritmo, com o qual ele parecia ter grande familiaridade. Quando estava nu, suas mãos desejosas percorreram minhas nádegas e, minha pele alva e lisa, incendiou seus instintos. Os bicos enrijecidos dos meus mamilos foram parar entre seus dentes, enquanto as auréolas eram chupadas com volúpia. Do arfar descontrolado, passei a gemer baixinho, ante os estímulos que meu corpo experimentava. Aos poucos, ele foi me reclinando sobre a cama, de bruços, e com ambas as mãos, meu rego foi aberto e inspecionado, antes da língua úmida começar um balé sobre as pregas rosadas e convidativas. Não me lembro de ter sentido nada parecido anteriormente. Eu agora conseguia compreender o pleno significado da palavra tesão, e era certamente isso que eu experimentava. Ele brincou com meu anelzinho, penetrou seu dedo nele, só para me ouvir gemer. A elasticidade dele era-lhe, deliciosamente, limitada. Ele queria ver minha expressão de êxtase, ao ser manipulado impunemente e, me virou de costas, abrindo minhas pernas e as apoiando sobre seus ombros largos. O cuzinho virginal piscava suas pregas rosadas para ele, quando começou a pincelar o caralho, tão duro que mal podia ser movido, sobre a entrada dele. Após quase uma dezena de tentativas, sempre procurando meu olhar expectante, ele forçou a jeba me penetrando descaradamente, alojando-a entre as minhas carnes feridas. O ar me faltara, um grito lancinante ecoou pelo quarto, e ele estava dentro mim. Uma lágrima rolou pelo canto do olho, enquanto eu sentia a dor, dar lugar ao desejo de tê-lo por inteiro em meu corpo. Quando a pica estava totalmente alojada em meu rabo, coloquei minhas mãos espalmadas sobre seu peito peludo e o acariciei. Simultaneamente, ele começou a movimentar a pica a intervalos largos, quase retirando-a do meu cuzinho, para tornar a introduzi-la, num golpe único, enquanto eu me contorcia entre gemidos. Ele me estocou o cú demoradamente, usufruindo a insuperável sensação, de ter seu cacete apertado pela minha mucosa anal morna e úmida, acalentando-o e, satisfazendo sua necessidade. Eu já estava completamente esfolado, quando jatos abundantes de porra cremosa, me umedeceram as entranhas, escorrendo para as profundezas do meu ser. Puxei-o sobre mim, e o envolvi em meus braços, afagando carinhosamente sua nuca e, cobrindo-o com a suavidade dos meus beijos.

Deixei que o Joe adormecesse em meus braços, como se o ninasse, pois sabia que não seríamos importunados, uma vez que, meu parceiro de dormitório, estava em patrulha do outro lado da cidade e, só voltaria ao amanhecer.

Acordamos ao som do toque de alvorada, que se espalhava pela base, todas as manhãs, como um vírus, que impregnava a todos com a mal grada realidade. Sob o chuveiro fui enrabado mais uma vez e, ainda úmido da porra da noite anterior, tive o cuzinho preenchido por mais um tanto de esperma. Deixei-o em mim, para alegria do Joe, assim, ele me acompanharia por todo o dia, impregnado nas minhas entranhas. A partir desse dia, passamos a nos encontrar com frequência cada vez maior, nos lugares mais insólitos e improváveis.

Eu estava diferente, era outro, meus dias passaram a ter mais sentido. Até a inutilidade do que fazia, pareceu-me mais necessária. Roger, meu parceiro de alojamento, foi o primeiro a tecer um comentário, sobre o que ele chamou de ‘comportamento novo’, e do qual se sentiu excluído, a contragosto. Ficou ainda mais contrariado, quando não me preocupei em dar uma resposta à sua observação. Eu e ele chegamos à base no mesmo grupo. Fomos instalados no mesmo alojamento e ao dividirmos acomodações comuns, iniciamos uma amizade. Durante as folgas, saíamos, numa turma animada, para os poucos locais onde havia alguma diversão na cidade. Ali, eu, frequentemente, recebia alguns olhares mais incisivos, inclusive de homens da própria base, com os quais não tinha contato. Alguns comentários, eventualmente, acompanhavam esses olhares, sem que eu me dignasse a registrá-los ofensivos, dada a condição na qual viviam aqueles homens; apartados de esposas, namoradas e mulheres em geral e, em franco jejum sexual. Eu sempre reputei estes olhares a uma peça publicitária, que havia feito um ano antes de ser enviado para cá. Era uma campanha publicitária para uma empresa de cosméticos. Nela, eu pousava nú, cabelos molhados e gotas dágua espalhadas sobre o corpo, totalmente liso. Eu segurava a ponta de uma toalha de banho entre os dentes, enquanto ela pendia ao longo do meu corpo, tapando o sexo. A tomada fotográfica havia sido feita de lado, de forma que minha bunda arrebitada e carnuda estava em evidência. A fotografia, em branco e preto, sob um fundo esfumaçado, tinha como destaque o vidro colorido de perfume, alvo da campanha, e apareceu, em página inteira, em inúmeras revistas pelo país.

O Roger e o grupo de colegas com os quais eu saía, começou a não me chamar mais, saindo sem mim ou, me isolando, quando eu me oferecia a acompanhá-los. Com o tempo isso foi me incomodando, até que deixei de sair com eles. Me pareceu que eles sentiam sua masculinidade colocada em cheque com a minha presença, muito embora nada justificasse esse sentimento, pois eu nunca tive alguma atitude ambígua. E, não via o fato de ser bonito, a ponto de ser escolhido para uma campanha publicitária, como indicativa de não ser homem. Acredito que a masculinidade e a feminilidade podem ser quantificadas nas pessoas, nem por isso deixam de ser homens, aqueles cujo teor de testosterona é menor. No entanto, o Roger começou a implicar com fato de alguém, que não ele, povoar meus pensamentos e, ser o objeto da minha atenção.

- O que rola entre esse cara e você? – me inquiriu desafiador.

- Nada! Uma amizade, eu diria. – respondi, sem me importar com a credibilidade das minhas palavras.

- Uma amizade bastante próxima e que faz você ficar desaparecido durante horas. Nunca te vi tão preocupado e ocupado com outro amigo antes. – proclamou com mais ênfase e com ares de inquisidor.

- Não estou entendendo essa sua atitude. Por que está me aporrinhando por eu ter um amigo e sair com ele de vez em quando? – respondi, com irritação.

- Não é o que parece! Ele te procura com muita frequência. Vocês parecem que vivem colados. – ele insistia, contestando meus argumentos, enquanto eu me recusava a dar continuidade a essa conversa inútil.

Como o Joe veio para cá meses antes de mim, seu tempo de serviço militar estava chegando ao fim e, em poucas semanas ele retornaria para casa. Estávamos vivendo momentos de intensa felicidade e entrosamento, e a dúvida, sobre a continuidade destes momentos, pairava como uma tormenta sob nossas cabeças.

- Nunca me senti tão amado! – ele confessou, com a cabeça sobre meu colo e, meus dedos acariciando seu rosto. – Estou apreensivo com o nosso afastamento. Vou sentir muito a sua falta, os teus beijos, as suas carícias, a sua bundinha. – ele dizia sorrindo.

- Também vou sentir saudades suas. Já vejo meus dias vazios, sem o calor desse peito peludo pra me encostar. – acrescentei amuado.

Fizemos todo tipo de estripulia, de arranjos estapafúrdios, de contorcionismo em nossas tarefas para ficarmos um com o outro pelo maior tempo possível. Transamos loucamente em cada brecha que o tempo nos permitiu, até o momento em que, embarcado no avião que o levaria para casa, vi seu sorriso tristonho, pela pequena janela oval da fuselagem e, engoli o nó que se formara em minha garganta. Um pressentimento estranho me dizia que aquela seria a última vez que o via.

As semanas que se seguiram foram dolorosamente difíceis. Eu me apegara ao Joe com mais intensidade do que supunha e, ele deixou um vazio em mim, como quando sacava a jeba do meu cuzinho e, por instantes, antes das minhas preguinhas voltarem a se fechar, meu introito estava oco.

- Essa cara amarrada e, prestes a se debulhar em lágrimas, é por causa daquele cara? – perguntou o Roger, depois de alguns dias.

- Acho que perdi um amigo. – retorqui, divagando.

- Você chama aquele marginal de amigo? – continuou ele, aludindo ao passado do Joe, antes dele engajar no serviço militar. – Você sabia que ele foi expulso de dois colégios e quase foi parar num reformatório, tendo sua punição sido transformada em trabalhos sociais? É esse seu, tão amado, amigo? – ele tornou furioso, me encarando como se eu tivesse cometido algum delito.

- Não foi a sua mãe, que te deixou com o pai, e se perdeu no mundo, sem dar explicações! – exclamei irritado. – Você sabe o que é crescer sozinho, com um pai vivendo para sua carreira e, te dando um ‘oi’ de vez em quando? – questionei, com os olhos úmidos e a voz embargada.

- Uma infância tumultuada nunca foi passaporte para o crime! – ele revidou.

- Mas uma sem amor, afeto e proteção, pode modificar a sua percepção de valores. E eu só estava querendo dar um pouco disso a ele. – concluí, sem poder controlar o primeiro soluço que sacudiu meu peito.

Ele se calou e, me apertou em seus braços musculosos. Trouxe minha cabeça para seu ombro, e me deixou ali, até eu me abrandar. Passado o rompante de tristeza, não só pela partida do Joe, mas por estar distante de meus familiares, ele tomou meu rosto em suas mãos e secou, com o polegar, uma derradeira lágrima que aflorou num canto de olho.

- Você é muito sensível, e isso não combina com a situação que estamos vivendo aqui. – ele disse, depois de olhar demoradamente nos meus olhos.

Naquela noite demorei a conciliar o sono. Rearranjava o travesseiro, reposicionava o cobertor, mudava frequentemente de posição e, continuava enxergando a escuridão da noite se infiltrando pela janela. Virei mais uma vez de lado e, de repente, senti que o Roger se enfiou sob o cobertor, às minhas costas. Um braço peludo passou por cima de mim e se apoiou sobre a cama. Os pelos de seu peito resvalavam nas minhas costas nuas e, sua pica tentou se insinuar entre as minhas coxas. Ele estava nú e explodindo de tesão. Petrificado, não me movi, nem protestei, apenas deixei que sua mão baixasse minha cueca, até os joelhos. O sibilar doce de sua respiração em minha nuca, atuava como um sedativo e, eu me entreguei ao seu desejo. Eu sentia a rigidez de seu cacete pressionando meu rego. Sabia que, em breve, seria enrabado. Não quis que fosse diferente, e esperei que ele me penetrasse. Eu podia sentir a urgência da sua necessidade, pela respiração acelerada e, pela força que aplicava para me conter. Ele me segurou pelo tórax num abraço apertado. Instintivamente, eu me posicionei de tal forma, que minha bunda roliça se empinou em sua direção. Foi o suficiente para que ele direcionasse a pica contra meu anelzinho, forçasse meu esfíncter anal e, distendesse minhas preguinhas até a dor me fazer soltar um grito, contido pelo dedo que ele enfiava, simultaneamente, em minha boca. A jeba morna pulsava na minha ampola retal como um animal enjaulado. Minhas carnes demoraram a se acostumar com o volume que as distendia, enquanto ele esperava, pacientemente, para iniciar uma longa sequência de estocadas, que acabaram por me esfolar, machucando minha mucosa anal; a roupa de cama se maculou com algumas gotas de sangue. Eu gemia de dor e prazer, alimentando o tesão, que ele manifestava por meio de urros guturais. Os dedos das minhas mãos crispadas agarravam o lençol, como uma espécie de tabua de salvação. O limiar das minhas forças parecia estar próximo quando jatos de porra, quase contínuos, encheram meu cuzinho e, vazaram sobre o lençol. Eu aproximei seu braço contra meu peito e comecei a beijar carinhosamente sua mão. Ele saboreou esse afeto e deixou que sua pica amolecesse, lentamente, no meu cuzinho, não intencionando retirá-lo dali tão cedo. Adormeci, embalado por seu corpo quente, atrelado ao meu.

Na manhã seguinte, fiquei meio tímido, quando ele entrou nú no banheiro, enquanto eu tomava meu banho. Com os cabelos em desalinho, cara amassada e, caralho à meia bomba, ele se aproximou do vaso sanitário e urinou, ruidosamente, flertando ao mesmo tempo comigo.

- É bom te ver assim de perto, quase como nas fotos das revistas, todo molhadinho e com essa bundinha tesuda me convidando. – ele provocou sorridente.

- Bom dia pra você também! – respondi brincando.

- Não me conformo de ter deixado um gaiato se aproximar de você, bem debaixo das minhas barbas. Eu, é de deveria ter feito a sua estreia! – comentou contrariado.

- Isso lá é jeito de falar? Não sou objeto ou espetáculo para ser estreado. – repliquei.

Desde então, nossa intimidade se aprofundou. O inverno transcorria lá fora, enquanto as paredes do nosso dormitório vivenciavam tórridas noites de sexo e paixão. O silêncio, entre nós, dos primeiros meses, deu lugar a confidências e descobertas, muito embora, às vezes, eu sentia que o conhecia desde a muito. Apenas me surpreendi com sua reação, no dia em que recebi uma correspondência do Joe. Quando regressei ao quarto, no final do expediente, o envelope estava sobre a mesa. O Roger já havia chegado antes de mim, a fisionomia carrancuda, que aprendi a distinguir, quando estava aborrecido comigo, desenhava sua face. A carta contava como havia sido o regresso do Joe, à sua cidade natal, da recepção dos antigos amigos, de como as coisas podiam se modificar depois de apenas um ano de ausência, da difícil procura por um emprego e, finalmente, das possibilidades que engatinhavam, para um novo trabalho na transportadora do pai.

... se você fosse um peixe, eu queria ser o oceano; se você fosse um pássaro, eu queria ser o céu; mas como sou apenas um homem, te ofereço meus braços e meu peito para te abrigar. Pensando em você fiz esta foto, para te mostrar o que você faz comigo.

Sempre seu, Joe

Este era o último parágrafo da carta e, na foto que a acompanhava, ele aparecia nú, com a jeba dura em close. Nem preciso dizer qual foi a reação do Roger ao ver a foto.

- Você ainda mantem contato com esse ......, esse sujeito? Qual é a dele te mandando uma merda destas? Vai me dizer que você curte esse tipo de baixaria? – ele perguntava, numa avalanche de palavras enfurecidas.

- É a primeira, e única, notícia que tenho dele desde que partiu. – respondi, tentando aplacar sua raiva. Mas ele mal ouviu minhas palavras. Bateu a porta e saiu.

Era madrugada quando ele retornou, caminhando a passos de gato, para não me acordar. Entrou no banheiro e se enfiou sob a ducha. Ao regressar ao quarto, entrou em sua cama, onde há tempos ele não dormia. Deixei que se ajeitasse e levantei. Aqueci uma caneca de leite e dissolvi o cacau nela. Sentei na beira de sua cama e afagando seu rosto lhe estendi a caneca fumegante. Era assim que sua mãe o colocava para dormir, com os outros dois irmãos, todas as noites. Ele aprumou-se e sorveu o líquido quente e doce, me olhando de soslaio.

- Amo você! Não há nenhum motivo para você sentir ciúmes de alguém que eu resolvi ajudar, que mexeu com minhas convicções e, foi um excelente companheiro. Mas, que eu nem sei se vou voltar a ver algum dia. E que, certamente, nunca ocupou o espaço que você ocupa em meus sentimentos. – declarei, apaziguador.

- Ciúmes? Não estou com ciúmes! – declarou enfático. Respirou profundamente, e continuou. - Vacilei! E sei que cheguei atrasado. Mas, não quero saber de ninguém ciscando no meu terreiro. – ele retorquiu, como um menininho emburrado.

- Você chegou no momento certo. Chegou, quando eu era capaz de não mais confundir apego com amor. Porque é isso que sinto por você. – continuei, me esforçando para não rir da carinha de amuado que ele fazia.

- Tem certeza? – ele inquiriu, sem esperar pela minha resposta, me puxando para si e me beijando vorazmente, antes de cravar a pica carente no meu cuzinho.

A primavera já estava terminando. Se não fosse pelo calendário, não seria capaz de dizer em que estação estávamos. A paisagem tinha sempre a mesma monotonia. Tão diferente da minha cidade, onde a primavera era saudada pelos canteiros de íris, que minha mãe cultivava todos os anos e, cujas flores contrastavam com as da tília, ao lado do acesso a garagem, enchendo nosso jardim de vida. Começava a se aproximar a data de nossa partida. O Roger e eu ansiávamos por esse dia, quando, finalmente, voltaríamos aos nossos lares. Nós, e mais algumas centenas de soldados, vivíamos a mesma expectativa. A última semana foi a mais atribulada. Tínhamos que preparar nossas coisas e nosso espírito, para a desconfortável viagem de regresso. Por fim, o dia chegou, e partimos.

Eu ainda não havia me acostumado com o silêncio e a tranquilidade da minha casa. Nem durante a noite a base era tão quieta. Dois meses em casa se passaram como os caças que, em voos rasantes, faziam tremer as edificações da base. Em algumas semanas retomaria meu curso na faculdade, por isso aproveitava cada instante para estar com o Roger. Nossos bairros ficavam próximos, numa região, eminentemente, residencial da cidade. Num início de semana, estávamos na casa dele, navegando na internet, pesquisando um destino para uma curta viagem, durante um importante feriado nacional, onde poderíamos ficar novamente juntos, sem interferências. Em destaque, numa página recém aberta, uma notícia sobre a prisão de traficantes, junto a fronteira sul, exibia a imagem de quatro jovens, entre eles o Joe. Antes que o Roger pudesse tirar a imagem da tela, eu me pus a ler a notícia e, quando terminei, me recusava a acreditar naquilo.

- Ele não é culpado! Deve ter havido alguma confusão! – exclamei incrédulo.

- A verdade está aí. É só ver. – retorquiu o Roger.

- Sei que não é verdade. Existe uma explicação para isso, com certeza. – continuei insistente.

- Ele é um marginal! Ou se tornou um agora. - ele persistiu.

- Vou até lá e, dizer que acredito nele! Gostaria que você viesse comigo. – declarei decidido.

- Você deve estar maluco! Viajar quase dois mil quilômetros para constatar o óbvio. E esse interesse por ele não está exagerado, não? – inquiriu, aborrecido.

- Vem comigo! Vamos pegar um avião amanhã pela manhã, por favor? – continuei, sem atentar para sua contrariedade.

- De jeito nenhum. Não vou fazer uma maluquice destas. – respondeu.

Na manhã seguinte eu aguardava no saguão de embarque do aeroporto, decidido a visitar o Joe na prisão onde aguardava a instauração de um processo. Olhava o movimento dos aviões na pista, pelos enormes janelões de vidro do saguão, quando o Roger tocou meu ombro e, com um sorriso nos lábios, passagem na mão, me perguntou se eu ainda queria sua companhia.

- Sempre! – respondi aliviado e receptivo.

Tivemos autorização para ver o Joe por alguns minutos. Eles foram suficientes para que seus olhos me dissessem a verdade.

- Acredito em você! Eu sei que está falando a verdade, e ela vai ser provada! Acredite nisso. – declarei encarando-o com um sorriso de esperança.

Quando estávamos saindo, cruzamos com o advogado que cuidava do caso. Num breve relato ele me disse que já estava com a ordem de soltura do Joe em mãos. Havia mesmo sido um engano. Uma das carretas, de um pelotão de quatro, propriedade da empresa do pai do Joe, fora propositalmente carregada com um container, cujo fundo falso, estava abarrotado de drogas. O proprietário da carga fora identificado e preso. Durante o interrogatório confessou que tencionava comercializá-la na capital do estado e, declarara que a transportadora fora enganada, quanto ao seu conteúdo exato.

- Eu sabia! Ele não mentiu! – murmurei aliviado e, me dirigindo ao Roger: Podemos ir! Eu já fiz o que havia me proposto a fazer.

Segurei na mão do Roger e, assim que passamos por trás de uma das enormes colunas que sustentavam o edifício, roubei-lhe um beijo suave, que só resvalou seus lábios, mas fez seu olhar se iluminar como nunca.

- Amo você! – disse sorrindo.

- E, eu, você, ... cada dia mais intensamente – ele retribuiu.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 36 estrelas.
Incentive kherr a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

Joe e Roger entraram na vida do protagonista no momento certo.

E a química foi perfeita, em suas situações específicas.

0 0
Foto de perfil de Amandha CD Putinha

Que delícia... sentir-se amado é muito bom... aumenta o tesão...

Adorei cada detalhe

0 0
Foto de perfil genérica

Sem dúvida Amandha, amor e sexo juntos fazem tudo ficar melhor. Abraço!

1 0
Foto de perfil genérica

Já disse que estou viciado em seus contos!? Sim, e torno a repetir, estou viciado demais!

2 0
Foto de perfil genérica

Estou lendo seus contos agora, não comento em todos por que: o que mais eu poderia dizer que ainda não foi dito? Cara demais!

2 0
Foto de perfil genérica

Adoro seus contos e vc comentou um conto meu um tempo atrás... me manda seu msn pra gente trocar uma ideia...

2 0
Este comentário não está disponível
Foto de perfil genérica

amei seu conto do começo ao fim. continue escrevendo. nota 10

1 0
Foto de perfil genérica

Muito tesão! Vc é um ótimo escritor... às vezes, abusa dos adjetivos, na descrição dos ambientes... mas o clima de tesão está ótimo.

0 0
Este comentário não está disponível
Foto de perfil genérica

A única palavra q posso utilizar para tamanha grandeza é PERFEITO!

0 0
Foto de perfil genérica

Cara.....vc eh demais.....conseguiu o impensavel....arrancar lagrimas minhas na despedida deles.....o olhar pela janela do aviao.....e tudo mais. Tua narrativa e intensa e poetica....parabens! Abs, e se possivel, continue....vou estar aqui....te esperando....

1 0
Foto de perfil genérica

nada mais, nada menos, que, peeeeeeeeeeeeeeeerfeito, foda, maravilhoso, tudo de bom, sem mais palavras kra, muito foda mesmo mano, quem quiser m add... lucas_sopragalera@hotmail.com

1 0
Foto de perfil genérica

Perfeito! Vc tem q continuar!

1 0