Olá leitores, antes de mais nada gostaria de lembrá-los essa é uma série com 5 capítulos, ficou um pouco extensa, mas não dá pra diminuir o tamanho... Bem, esse primeiro capítulo não contém cena de sexo, então se estava procurando por isso, sinto muito...
Vocês podem assistir ao pequeno e singelo vídeo da minha série lá no youtube, principalmente você que ainda tem dúvidas, medos, sonhos, ou que está um pouco confuso sobre seu futuro...
Link: http://www.youtube.com/watch?v=M8yjKGYOFXQ
Finalmente, vamos ao Capítulo 1!!
Marcas da Vida
“O tempo é o melhor remédio”
• Capítulo I – Tempo! Rei do começo, meio e fim!
Desde criança eu sei que sou diferente dos outros da minha idade. Eu que ao invés de querer beijar as meninas, queria tê-las como amigas e os meninos ao invés de querer tê-los como amigos, queria beija-los.
Sempre foi difícil esconder isso das pessoas a minha volta, sempre sofri, chorava pelos cantos, me sentia um nada, um ninguém, um ser diferente. Diferente de todas as pessoas que viviam no meu meio. Por esses motivos, fui uma criança calada, quieta, restrita, sem amigos. Sempre afastava quem tentava se aproximar de mim. Mas com o passar dos anos fui aprendendo a lidar com os meus sentimentos, vontades e desejos. E repito, não foi fácil, mas com o tempo aprendi a minimizá-los.
Aos 12 anos, depois de dar meu primeiro beijo num outro garoto eu me senti mais leve, mais eu. Foi a partir dai que eu adquiri forças pra lutar contra meus problemas e contra a parte de mim que queria se esconder. Com o passar dos anos fui ganhando espaço no colégio, fui conquistando minha popularidade, construindo minha personalidade, mas sem mostrar meu verdadeiro eu.
Quando cheguei aos 17 anos, tudo estava diferente, tudo tinha mudado, eu tinha mudado. Estava mais maduro, mais consciente de mim, do que eu era.
Era sábado, meu último final de semana de férias, das quais não aproveitei muita coisa, apenas uma simples viagem de 10 dias em Nova Iorque, mas como sempre, eu queria mais... (Creio que terei problemas com isso, de sempre querer mais, no futuro).
Levantei-me, fiz minha higiene matinal e desci para o café da manhã, eram 8 horas. Como naquela época eu morava com meus pais em um lindo condomínio e meu irmão morava nos Estados Unidos, eu sentia filho único.
- Bom dia filho – falou minha mãe me dando um beijo no rosto.
- Bom dia mãe, pai... – falei já acenando pra ele. Eu sempre fui mais apegado a minha mãe, que sempre me apoiava e me dava razão.
- Bom dia filho – respondeu meu pai, seco, como sempre.
- Sente-se querido!
- Não mãe... Quero apenas uma maçã, estou atrasado!
- Mas hoje é sábado! E você está de férias...
- Preciso comprar algumas coisas pra escola que já começa na segunda! – disse pra não transparecer minha real vontade de ir ao shopping.
- Mas não acha que está cedo demais?
- Tenho que passar na casa da Talita antes – argumentei, mas realmente estava saindo muito cedo, pra quem queria apenas fazer compras, só não queria transparecer minhas reais intenções.
- Ah! Tudo bem então. Mas filho, seu pai e eu iremos almoçar fora, então se quiser juntar-se a nós...
- Não mãe, obrigado! Tenho companhia para o almoço já... – queria sair dali o mais rápido possível, mas ela me segurava...
- Tudo bem então filho...
- Preciso ir agora, beijos! – me despedi dos meus pais e sai em direção a mais um dia de compras e sentimentos a flor da pele.
Meu real motivo de querer sair o mais rápido possível daquela casa era meu estado emocional, que estava terrivelmente abalado, eu tentava não demonstrar, disfarçava bem – aprendi com o tempo – mas precisa de ar, precisava pensar!
- Bom dia Alfredo!
- Bom dia Senhor!
- Alfredo, já disse que não precisamos de formalidades enquanto estivermos apenas eu e você!
- Desculpe-me sen... Bernardo!
- Assim está melhor!
- Pra onde vamos hoje?
- Preciso ir ao shopping, mas como está muito cedo gostaria de ir à praia.
- Não se sente muito bem?
- Um pouco cansado da rotina diária.
- Seria muita ousadia da minha parte, perguntar o porquê?
- Claro que não! Você é meu fiel escudeiro, mas hoje eu gostaria apenas de uma boa música.
- Tudo bem então...
Alfredo era motorista da nossa família há 10 anos, e eu o considerava meu grande amigo. Ele era um dos poucos que sabia a verdade sobre mim, e me dava ótimos conselhos. Ele tinha apenas 32 anos, veio do nordeste com um amigo quando tinha 20 anos e nunca mais quis voltar, aos 22 perdeu o emprego e precisava se sustentar, foi quando nosso antigo motorista se aposentou e ele ganhou a vaga.
Nossa diferença de idade de 15 anos não era grande coisa quando falávamos sobre o amor, ele ainda era solteiro e aqui entre a gente, era um homem bonito. Seus olhos verdes em contraste com sua pele morena, seus dentes brancos em sua boca carnuda, traços firmes, mas ao mesmo tempo leve, seu corpo malhado, mas não exageradamente, digamos, definido. Era um belo homem! Mas que não cogitava em dar em cima dele, nossa amizade era muito grande para isso.
Ao chegarmos à praia, pedi que viesse comigo, precisa de alguém ao meu lado... Estava despedaçado por dentro, como é difícil apaixonar-se e ser traído duramente.
- Pronto Bernardo, chegamos!
- Preciso que venha comigo.
- Claro...
Ele sabia que quando eu ia à praia a situação realmente não era boa, eu estava triste e inconsolável, nem uma conversa com minhas verdadeiras amigas, a Talita e Renata iria me deixar mais calmo. Seguimos pela areia daquela praia meio deserta. Apenas alguns poucos surfistas no mar, e uns quatro casais de namorados bem longe. Eu sentei na areia e ele sentou-se do meu lado.
- Está tão difícil assim? – ele perguntou.
- Muito...
- Quer dividir?
- Muito...
- Assim, respondendo apenas muito?
- Não, seu bobo!
Ele me olhou nos olhos e eu não resisti me entreguei às lágrimas...
- Porque Alfredo? Porque tem que ser assim? Ele dizia que me amava... Que ia ficar comigo, me proteger, me zelar, que me amava! E eu me entreguei... Como ele pôde? Machucou-me, me feriu, não respeitou meus sentimentos... Ele me magoou!
- Calma, Bernardo, calma criança!
- Alfredo eu me apaixonei por ele de verdade...
- Bernardo, às vezes na vida é necessário sofrer assim como você está sofrendo, pra no final você crescer, ficar mais forte. Veja tudo que você já passou tudo que você já viveu todas as suas alegrias, todos os bons momentos... Tudo aconteceu porque tinha que acontecer...
- Mas Alfredo, ele me traiu... Traiu-me por um cara que nem sequer tem estudo, é um vagabundo! Alguns até o acusam de ladrão...
- Bernardo seu mundo e o dele são completamente diferentes... Você tem tudo, já ele não tem nada. Posso até estar errado ou sendo preconceituoso, mas é a nossa realidade... Pode até ser que ele apenas sentiu-se atraído por você, não era paixão, nem amor verdadeiro...
- Porque isso sempre acontece comigo? Eu não posso ser simplesmente feliz? É só isso que eu quero ser feliz!
- Tudo tem seu momento Bernardo, tem seu tempo! Se você hoje está aqui nos meus braços chorando, sofrendo, amanhã você pode estar rindo, estar feliz. Meu pequeno olhe pra mim... – Eu soltei-me dos seus braços e olhei em seus olhos – Você vai encontrar a pessoa certa, logo mais. E será muito feliz!
- Mas como eu vou saber que é a pessoa certa?
- Isso a gente não sabe, a gente sente. Você vai acabar sentindo logo, e não vai nem se dar conta disso.
- Espero que você tenha razão...
- Confie em mim!
- Eu confio... Só tenho medo de não acontecer.
- Apenas acredite, um grande amor está a sua espera. Logo vocês vão se encontrar. O caminho de vocês está traçado, como dizem, está escrito nas estrelas.
- Muito obrigado Alfredo, você é realmente meu anjo da guarda! Não sei o que faria sem você!
- Nem eu sem você Bernardo!
Eu enxuguei as lágrimas que ainda caiam no meu rosto e abaixei a cabeça por alguns instantes...
- O que houve?
- Ainda dói um pouco aqui dentro – falei batendo no peito.
- São as feridas, logo vão cicatrizar.
- Mas as marcas vão ficar.
- É a vida, sempre deixando marcas, pra que você nunca se esqueça por tudo que você já passou e superou.
- é... As marcas da vida!
- Mas fique calmo, deixe o tempo passar, siga seu caminho... O tempo é o melhor remédio! É o rei do começo, meio e fim!
- Espero que seja...
- Sempre é...
- Obrigado, mais uma vez!
- Não precisa agradecer... Você é muito importante pra mim, não posso vê-lo sofrendo e não fazer nada, conte sempre comigo. Sempre que precisar estarei a sua disposição! – Apenas sorri pra ele, um sorriso sincero.
Ele levantou-se e me deu a mão pra me ajudar a levantar...
- Não podemos ficar mais um pouco? – perguntei esperando por um sim.
- Claro que não, já ficamos aqui muito tempo, e, aliás, já são quase 10 horas...
- Nossa! Sério?
- Seríssimo. E você está todo sujo de areia... Quer ir ao shopping nesse estado?
- Não, com toda certeza, não!
- Então vamos, podemos passar no meu apartamento pra você se limpar...
- Claro... Nunca mais visitei sua casa...
- Realmente, ela está sentindo sua falta!
- Ah! Claro... Ela tem sentimentos também...
- Claro, a minha é diferente...
Nós entramos no carro e fomos pro seu apartamento, precisava tirar toda aquela areia que tinha entrado na minha roupa, me ajeitar, eu ligava muito pra minha aparência. Não demoramos muito e já estávamos no shopping.
- Alfredo muito obrigado, por tudo! Não sei o que seria de mim sem você...
- Que isso Bernardo... Agora vai logo, vou estacionar o carro e já te encontro.
- Tudo bem. Estarei naquela loja de sempre...
- Pode deixar...
Desci do carro e fui às compras, precisava relaxar ainda mais, e as compras eram meio que uma terapia pra mim, é sempre bom renovar o guarda roupa! Estava provando algumas roupas quando meu celular tocou, era a Talita.
- Inicio da Ligação -
- Oi Talita.
- Oi amor, tudo bem?
- Melhor agora meu amor, o que aconteceu?
- Quero saber se tem como marcar um almoço na sua casa hoje, sei que já está em cima da hora, mas eu acordei tarde hoje.
- Devia bater em você por não avisar antes, mas tem sim. Vou ligar lá pra casa e pedir pra colocarem mais água no feijão.
- Ei, eu odeio feijão!
- Eu sei... Minha intenção é deixa-la com fome!
- Retardado!
- Também gosto de você!
- Te Amo besta! Ah! E a Renata também vai tá, e tem um convidado especial também. Beijos!
- Talita, espera, que convidado especial?
- aguarde e verás!
- Fim da Ligação -
Antes mesmo de eu tentar argumentar ela já tinha desligado, eu tinha que esperar pra ver mesmo, liguei pra casa e avisei a Cida, nossa cozinheira pra ajeitar o almoço pra mais três pessoas e tinha que esperar pra ver o que aquela doida estava armando.
Eu realmente aproveitei meu sábado no shopping, comprei o que precisava o que não precisava e mais um pouco. O Alfredo me ajudava com as sacolas, mas realmente tinha comprado muita coisa. Mas sai mais alegre do que quando entrei.
Cheguei em casa, já era umas 12:30, como as meninas mandaram um torpedo avisando que chegariam as 13, corri pro meu quarto, me arrumei, alias tínhamos um convidado surpresa, precisava caprichar no visual. Fiquei muito lindo, uma calça skinning preta, uma camisa branca de gola v, pra não ficar muito exagerado, coloquei uma sandália, seria mais confortável que um tênis dentro de casa. Arrumei como cabelo e desci pra esperar minhas amigas e seu convidado especial. Logo o interfone tocou perguntando se podia deixar entrar, eu logo fui atender.
- Bom Dia meu amor! – falou Renata já entrando casa adentro quando abri a porta.
- Boa Tarde vida! Cadê a Talita? – perguntei.
- Ela disse que ia trazer uma pessoa especial pro nosso almoço!
- E você não sabe quem é?
- Não, até parece que você ainda não a conhece!
- É ela não mudou nada nesses cinco anos...
- Be? – era o apelido carinhoso do Bernardo.
- Oi meu amor...
- Você lembra, de como tudo começou? Muita coisa mudou nesses cinco anos que a gente se conhece, mas continuamos unidos como sempre...
- E espero que seja assim pra sempre né Re, porque sem vocês duas eu não sei viver...
- eu sei sim meu bebê! – Renata falou e já veio me abraçando e o meu celular alertou, um novo sms.
“Venha abrir a porta agora, não gosto de ficar esperando!” – era da Talita, que não sabia ter paciência.
- A sem noção tá chegando!
- Pediu pra abrir a porta?
- Como sempre né... Eu já tinha avisado na portaria que quando ela chegasse podia deixar entrar...
Levantei-me do sofá que estava com a Renata e fui abrir a porta pra Talita que já estava quase tocando a campainha, acompanhada daquele que era o garoto mais gato de todo o Colégio Master. O Bernardo que antes era magro, franzino, tinha se desenvolvido muito bem... Sua pele branca em contraste com seus olhos verdes, seu cabelo preto com franja, seu corpo moderadamente malhado, era o menino do sonho de qualquer menina, ou melhor, menino.
- Seu viado, você ia me deixar esperando?
- Claro que não meu amor... – falei dando um abraço nela e logo atrás estava ele, Leonardo, o cara que Bernardo achava mais gato. Seus olhos verdes, pele branca, com algumas poucas sardas no rosto, todo definido, barriga malhada pela academia nas segundas e sextas, suas pernas malhadas e bem definidas do futebol das terças e quintas e seus ombros largo e forte da natação da quarta, era definitivamente o gato dos sonhos de Bernardo.
- Oi Bernardo! – falou ele estendendo a mão a mim.
- Oi Leonardo! – respondi apertando sua mão.
- Meninos! Deixem de formalidade, Léo e Be, assim fica muito melhor! – falou Talita.
- É... É... Entre Léo, fique a vontade!
O Léo tirava toda a minha concentração sem fazer força nenhuma... Apenas um olhar dele para mim e eu já perdia o ar.
Nós almoçamos e depois induzidos pela Talita fomos brincar de verdade ou consequência, o que não terminaria lá muito bem, ou melhor, seria ótimo pro Be e pro Léo.
- Sua vez de rodar a garrafa Talita! – falou Léo.
Talita girou a garrafa. À medida que ia parando o Be ficava mais apreensivo, ele queria que parasse em todos menos nele... A garrafa já estava parando, mas pra sua sorte não caiu nele, porém foi certeira em Leonardo.
- Verdade ou consequência Léo?
-Consequência!
- Hum... Eu quero... Eu quero que você beije o Bernardo por pelo menos 30 segundos...
- Talita! – eu protestei na hora!
- Tudo bem pra mim – falou o Léo
- o que? – me assustei com as palavras dele...
- É Be, por mim tudo bem... Um beijo não tira pedaço de ninguém! Ainda mais sendo seu...
Nossa gente! Eu não sabia onde enfiar a cara de tanta vergonha... Mas eu, o guerreiro de sempre não fugi da luta, como todo brasileiro, e já que eu tinha que beijar o cara mais gato, que fosse logo...
- Tá, tudo bem então!
Eu estava morrendo de vergonha, mas no fundo eu queria aquilo, por mais vergonha que eu tivesse naquele momento era o que eu mais queria. E a Talita e a Renata doidas do jeito que são na maior torcida... Enquanto o Léo ia se aproximando cada vez mais do meu rosto, mais quieto e ansioso eu ficava... Os meus olhos que antes estavam fixos no de Léo agora estavam se fechando, o mesmo fazia Léo... E enfim nossos lábios se tocaram, o meu corpo estremeceu e Léo viu que eu estava em suas mãos e me puxou para perto de si, intensificando ainda mais aquele beijo...
Eu estava cada vez mais entregue aquele beijo e as meninas pensando em nos deixar mais a vontade saíram da sala e foram pra parte de trás da minha casa, onde ficava a piscina. Eu estava totalmente entregue a Léo, seu corpo colado no meu, nossas bocas numa sintonia perfeita, estávamos cada vez mais unidos, e um sentimento novo surgia no meu peito. Estava entregue a paixão.
Mas como nem tudo é perfeito, fomos interrompidos...
- O que é isso que está acontecendo aqui? – gritava minha mãe incrédula a me ver aos beijos com outro menino...
- Fim do Primeiro Capítulo -
Desculpem-me pelos erros ortográficos!!
Pode ter ficado meio chatinho, mas foi o primeiro, logo mais um novo capítulo pra vocês!
Gostaria de agradecer aos comentários, na prévia deste conto, quero agradecer também aos que viram o vídeo... =D
Bem, é isso... Uma ótima semana a todos!!
Beijos... Em breve o 2º capítulo por aqui...
