Por trás daqueles olhos - 04

Um conto erótico de D.Tradutor
Categoria: Homossexual
Contém 5084 palavras
Data: 18/01/2012 23:41:27
Assuntos: Gay, Homossexual, Romance

Eu tinha recebido vários comentários sobre a minha animação, e me disseram algumas vezes, em cada aula, que eu parecia feliz durante os anúncios matinais. Estava começando a me perguntar o quão babaca eu geralmente era, já que eu tendo um sorriso no rosto e parecendo um pouco feliz tinha causado uma reação dessas. Acho que ser bem conhecido exigia um preço, sem chance de privacidade ou abrigo do olhar público.

Foi no meu quarto período, governo estudantil, que eu percebi que o próximo período era o almoço. Eu tinha visto Jesse de longe essa manhã e me perguntei como seriam as coisas hoje entre nós no almoço. Eu já tinha resolvido o conflito interior que estava tendo, decidindo que não deveria procurar confusão. Decidi não fazer nada que não fosse meu comportamento de costume, embora cada célula minha estivesse gritando o contrário.

O que eu queria era estar com ele, perto dele. Poder segurá-lo, beijá-lo, tocá-lo. Nós estando separados pela minha escolha de permanecer escondido da realidade de quem eu era, só me fazia perceber o grande impacto na minha capacidade de fazer tais coisas. Somado a esse fato, me impedia de receber tais coisas também.

Mesmo com tanto conforto quanto sentia apenas vendo seu rosto perfeito e seu sorriso, aquele que podia afugentar todos os meus medos, ainda assim não sabia se isso seria o bastante para me manter durante o dia. Depois de estar tão perto dele ontem, agora sentia desconforto na sua ausência. Meu corpo precisando estar perto do dele, sentir suas mãos carentes, e respirar seu cheiro, era um vazio que eu sentia fortemente.

O sol estava brilhando sobre mim, aquecendo meu corpo, enquanto eu andava até o refeitório para pegar meu almoço. Havia uma brisa suave soprando hoje enquanto eu aproveitava o ar fresco lá fora. Entrei no refeitório, vendo a linha de estudantes esperando para serem alimentados. Suspirei e, relutante, me juntei à massa.

Depois de esperar por alguns minutos a fila diminuir, estava ficando ansioso. Não tanto porque estava com fome quanto por querer sair logo do refeitório para vê-lo. Senti alguém colidir comigo por trás e então dizer, "Oh, foi mal cara, não te vi aí". Me virei, já me sentindo mais que um pouco inquieto por aquilo estar demorando tanto, para ver que o cara que esbarrou em mim era Jesse.

Seu sorriso imediatamente dissolveu qualquer sentimento incômodo que eu estava tendo, deixando apenas o puro prazer de estar perto dele. Se eu estivesse pensando claramente naquela hora, minha reação normal para este tipo de coisa teria sido dizer qualquer coisa estúpida para quem quer que tivesse pensado que estava tudo bem topar comigo, mas apenas vendo ele lá de pé na minha frente me fez reagir de uma forma completamente diferente.

Meu sorriso apareceu, de novo com vitalidade por trás, e eu estava perdido nos seus olhos, impotente para controlar eu mesmo e minhas respostas. Tudo que eu pude fazer foi responder, "Tá tudo bem, essas coisas acontecem", eu disse encolhendo os ombros tentando ficar calmo e agir tão normal quanto possível... e de repente me senti tão culpado. Mais que isso, tive nojo de mim mesmo. Que tipo de pessoa eu era, esperando que ele estivesse ok comigo tratando-o daquele jeito? Como se ele fosse apenas um outro cara qualquer, e eu só um idiota popular, como se ele estivesse abaixo de mim.

Me senti doente. Como é que eu tinha pensado que isso iria funcionar era algo que estava além de mim. Precisava sair daqui, agora. Seu rosto mostrou preocupação enquanto me assistia, as rodas girando dentro da minha cabeça, e vi culpa por trás dos seus olhos. Ele na verdade se sentiu culpado por tentar falar comigo, estar perto de mim, mesmo só por um segundo, de uma forma totalmente inofensiva. Ninguém teria suspeitado de qualquer coisa com a desculpa totalmente inocente que tinha tomado lugar e mesmo assim eu queria tanto poder agarrá-lo e abraçá-lo, dizer o quanto sentia muito, mas eu não podia e aquilo machucava muito mais.

Tentando me desculpar com meus olhos, me virei e corri para fora do refeitório indo para o banheiro mais próximo. Eu tinha de me afastar dele. Acho que nem mesmo podia aguentar me olhar nos olhos no espelho, que dizer olhar nos dele, aquilo doía. Eu estava uma bagunça, uma bagunça decepcionante, ridícula e egoísta. Graças a Deus o banheiro estava vazio porque caso contrário eu teria tido um momento infernal para explicar a um cara qualquer porque eu estava lá chorando, sem falar que já era a segunda vez essa semana.

Eu parecia ter percebido que mesmo querendo muito deixá-lo me proteger, que ele me permitia maltratá-lo para que eu pudesse ter a segurança e o tempo de que eu precisava, doía muito mais deixá-lo sofrer por algo que eu tinha dito ou feito. Eu não podia viver com aquilo, o pensamento de ter causado qualquer dor a ele era além de imperdoável aos meus olhos.

Eu não sabia como iria consertar isso, mas eu definitivamente iria. Ele era importante demais para mim para que eu deixasse ele se machucar pelo meu egoísmo. Eu estava tentando me recompor quando ouvi a porta abrir. Eu tinha ido para o boxe grande no fim do banheiro quando entrei, então achei que quem quer que fosse nem mesmo me notaria se eu ficasse quieto. Ele iria provavelmente cuidar de seus assuntos e então ir embora, me deixando na solidão que eu desejei.

A batida na porta do boxe em que eu estava era uma indicação clara de que eu não estava tão sozinho quanto queria estar. Tentei ignorar, talvez seja lá quem fosse iria apenas embora. Estava inclinado na parede, chafurdando eu acho. Talvez fosse pior que isso, talvez eu estivesse me repreendendo. De qualquer forma, ouvi outra batida e então silêncio, seguido por um suspiro alto, e então ele finalmente disse, "Stephen, abre a porta. Eu sei que você está aí. Você pode apenas falar comigo, por favor?".

"Não", eu disse enquanto destrancava a porta para deixá-lo entrar. Ele meio que riu daquilo, apenas por um segundo, até perceber meu rosto manchado de lágrimas. Sua expressão mudou rapidamente de uma de diversão sutil para uma de simpatia e compreensão. Mas eu não queria sua simpatia, eu não a merecia. O que eu merecia, porém, era que ele estivesse bravo comigo, ferido pelo meu comportamento egoísta e ingênuo.

Ele imediatamente me agarrou, me puxando ao seu corpo, me abraçando. Eu reagi pondo meus braços em volta dele e derretendo no conforto e segurança que ele me oferecia enquanto eu disse, "Não". De novo, meu corpo e minha mente brigando. Tentando protegê-lo, deixar ele sentir a dor e a raiva que eu tinha certeza que tinha causado, mas também precisando ser segurado e compreendido ao mesmo tempo.

Ele me segurou apertado, lá em pé no silêncio que nos rodeava, até que ele finalmente disse, "Sinto muito, tá bem? Eu não devia ter feito aquilo". Meu corpo ficou rígido; fiquei tenso quando ouvi aquelas palavras vindo dele, tentando se desculpar e eu recuei para longe dele deixando-o lá de pé franzindo a testa para mim. "Não faz isso", eu disse, "Não fique se sentindo culpado por mim quando fui quem foi um completo idiota com você".

"Como você pode ficar aí e se desculpar quando sou eu que está todo atrapalhado aqui?" perguntei a ele. Não realmente pretendendo ser respondido eu continuei, "Eu agi que nem um merda lá atrás e eu sei que te machuquei, que dói quando eu ajo com você daquele jeito, e eu não entendo como você pode pensar que é você quem precisa se desculpar...", eu enrolei, todos os pensamentos aleatório que entravam na minha cabeça vieram direto para a minha boca sem pensar duas vezes se era algo que devia ser dito ou não.

Ele estava assistindo silenciosamente o acesso de mau humor que eu estava tendo, sentindo simpatia por mim, mais forte que isso, compaixão. Ele genuinamente sabia como eu estava me sentindo e aquilo era o único raio minúsculo de luz deste longo túnel escuro em que eu me encontrava. O que de maneira nenhuma me fez sentir melhor sobre como eu o tinha tratado, apesar disso. A conversa interior que estava tomando lugar na minha consciência era alta o bastante para me

distrair de perceber o que estava acontecendo.

Foi só quando eu o senti mordiscar o meu lábio superior que voltei à realidade. Não demorou muito para eu me perder no beijo dele. Ele me tinha pressionado contra os azulejos frios que se alinhavam na parede do banheiro. Era uma sensação estranha que eu estava sentindo lá, pressionado contra a parede, enquanto sua boca devorava a minha, o calor do seu corpo contra o meu de um lado e o frio nas minhas costas vindo da parede.

Meus pensamentos tinham retornado à noite anterior e ao orgasmo poderoso que eu tinha tido, o que deve ter sido o que me fez esticar o braço e agarrá-lo pelos quadris, puxando seu corpo firmemente contra o meu. Sua ereção pressionada contra a minha. Gemi na sua boca enquanto ele instintivamente se afundava em mim e minhas mãos o percorreram ainda mais para agarrar sua bunda firme puxando-o ainda para mais perto de mim, se é que isso era possível.

Ele se esticou para trás, agarrando minhas mãos, e trouxe meus braços para cima prendendo-os acima da minha cabeça contra a parede. Não que eu tivesse estado no controle da situação, mas qualquer controle que eu tinha se fora agora, e surpreendentemente, estava tudo bem para mim. Eu confiava nele. Eu sabia que ele me entendia e estava disposto a deixá-lo assumir a liderança, de fato eu quase preferia daquele jeito. Acho que ele instintivamente sabia aquilo, enquanto sua boca se moveu para fora da minha e para baixo no meu pescoço até aquele lugar onde as sensações que ele estava me causando me deixavam louco de desejo.

Perdido na paixão que estava sentindo, ouvi-o sussurrar no meu ouvido, "Está perdoado". Meus olhos estavam fechados e minha cabeça inclinada para cima contra a parede, quando ele soltou minhas mãos e começou a se afastar de mim. Não gostei daquilo. Precisava dele perto de mim agora, e sentia falta do contato que nossos corpos dividiam. Queria aquela sensação de volta e tentei agarrá-lo mas ele estava fora de alcance.

Seu sorriso e seu riso gentil me motivaram o bastante para me mover na sua direção. Pegando-o desprevenido, lhe dei um empurrão suave e ele aterrissou contra a parede do boxe em que ainda estávamos. Seu rosto mostrou surpresa primeiro, mas então ele percebeu que agora que eu tinha o controle, eu não tinha ideia do que fazer com ele. Segurei-o pressionado contra a parede, minhas mãos em cada lado da sua cabeça contra a parede, e ele estava esperando eu fazer meu movimento quando disse provocativamente, "Então, que vamos fazer agora?"

Me ocorreu que eu podia ter me pego numa situação com a qual eu não sabia realmente como lidar. Acho que ele viu isso nos meus olhos enquanto esperava expectativamente que eu fizesse algo, antes de me puxar para ele, me abraçando e deitando a cabeça no meu peito. Meus braços caíram em volta dele e tudo parecia tão certo com ele no meu abraço. Eu estava feliz que ele soubesse como eu estava me sentindo, então eu disse suavemente, "Obrigado Jess", enquanto o segurei perto de mim.

Passaram-se alguns minutos até cada um de nós se mover e falar de novo. "Então, acho que devíamos voltar pra lá, o almoço deve estar quase no fim agora", ele disse enquanto me soltava dos seus braços. Balancei a cabeça concordando, embora eu teria preferido muito mais ficar exatamente ali com ele, e disse, "É, você tá certo, devíamos ir".

"Então, como eu estou?" Perguntei, esperando que eu não tivesse que passar o resto do período de almoço explicando às pessoas porque eu parecia estar uma merda depois de uma manhã sendo todo alegre e sorridente. Ele apenas riu de novo dizendo, "Tá brincando né? Você sempre parece ótimo, na verdade é injusto. Sabe disse não sabe?" balançando sua cabeça em descrença.

Aquilo me fez corar, pensar que ele tinha me notado antes de nos conhecermos, e então fiquei curioso. Acho que nunca tinha pensado sobre garotos olhando pra mim já que eu estava sempre tentando parecer hétero, então eu realmente só notava quando garotas olhavam, e isso apenas porque era desconfortável. Perguntei, "Ah é? E quando é que eu pareço tão ótimo assim?" esperando que ele me contasse mais. Ele corou desta vez e desviou o olhar por um momento como se estivesse lembrando de algo.

Finalmente ele disse, "Bem, além de todas as vezes desde a dança, digamos que eu realmente amo como você fica no seu uniforme de baseball, aquilo é bem sexy Stephen". Foi minha vez de corar e meu sorriso tinha voltado, permanentemente eu acho, quando respondi, "Bem, eu nunca soube que você estava olhando, mas definitivamente eu já tinha te notado antes também". Peguei minha mochila e segui para fora do boxe com Jesse seguindo logo atrás.

Antes de deixarmos o porto seguro que o banheiro tinha se tornado, virei pra ele e disse, "Você vem para a biblioteca hoje depois da escola?" Ele apenas riu dizendo, "Se é lá que você vai estar então sim, vou estar lá". Saímos juntos e no fim do hall nos separamos, ele voltando ao seu lugar de costume e seus amigos e eu para os meus, apenas um olhar saudoso e um sorriso enquanto nos despedíamos.

Segui para nossa mesa de costume, ainda com fome já que não tinha comido nada devido ao colapso que eu tive, e sentei dizendo, "E aí galera, o que rola?" Todos eles olharam para mim como se eu fosse um desconhecido, possivelmente porque eu tinha estado ocupado lidando com outras coisas recentemente, e olhei de um rosto pro outro sentindo meu sorriso brincando nos meus lábios.

Estava começando a me sentir como se estivesse sob olhares examinadores, e era uma sensação peculiar, surreal na verdade. Finalmente perguntei a Sean depois do longo silêncio que tinha tomado lugar, "E então cara, que aconteceu com você ontem?" Ele girou os olhos, como se não quisesse reviver uma provação exaustiva, mas disse simplesmente, "Trabalho", enquanto parecia se livrar da memória do que quer que tivesse acontecido.

"Green apareceu, certo?" ele me perguntou, de repente parecendo preocupado. Assenti dizendo, "Sim cara, foi legal, ele fez um bom trabalho". O sinal tocou, finalizando o período de almoço, enquanto as pessoas se levantavam e serpenteavam em direção a seus respectivos destinos, sem muito entusiasmo. Me levantei levando a mochila por cima do ombro, e depois de abraçar Jules, fui até minha aula de Artes com Bobby.

O tempo parecia voar por mim despercebido quando eu estava desenhando, especialmente quando o assunto do meu desenho era Jesse. Estava completamente empenhado com o esboço em que estava trabalhando, e foi só quando Bobby disse, "Coop, ei cara, a aula acabou", enquanto ele riu da minha concentração toda e por eu estar totalmente alheio a qualquer outra coisa. Olhei para cima do meu caderno de rascunhos para ver que éramos os únicos estudantes restantes na sala.

Eu meio que corei enquanto percebia quanto envolvido eu tinha estado, quando ele disse, "Então, eu posso ver?", se referindo ao meu desenho. Balancei a cabeça enquanto respondia, "Não cara, não tá pronto. Você sabe como eu sou". Ele assentiu, rindo e dizendo, "É, infelizmente, sei. Agora junta suas coisas pra gente poder sair daqui logo". Arrumei rapidamente e enquanto nos separamos, nos cumprimentando, ficamos de nos ver a tarde no treino, como sempre.

Quando Jesse se juntou a mim aquela tarde no canto de trás da biblioteca, isolados de quase tudo, o único estudo que aconteceu foi cada um de nós estudando o outro. Cada um capturando plenamente a imagem de perfeição diante de nós, os toques sutis entre a gente, lentamente aprendendo as pequenas coisas sobre o outro.

"Eu tenho um treino longo hoje a noite", suspirei, vendo a hora no meu relógio. "Por quê?" ele perguntou curiosamente. "Bem, nós temos um jogo na sexta e eu tenho que lançar, então não posso lançar no treino de amanhã", expliquei pra ele. O raciocínio por trás disso lhe escapando, ele perguntou de novo, "Por quê?". Eu ri um pouco, não querendo fazê-lo se sentir mal por não saber muito sobre meu papel como lançador, antes de responder, "Tenho que ter um braço descansado na sexta para o jogo, então nada de lançar amanhã", expliquei.

Ele assentiu, finalmente entendendo, e então começou a dizer algo, mas se cortou, provavelmente esperando que eu não tivesse notado. "Jess, o que foi?" Perguntei enquanto ele olhava pra longe de mim, medo e tristeza no seu rosto. Ele ainda não tinha respondido e eu gentilmente tracei pequenos padrões na sua mão, que descansava na mesa na minha frente.

Ele sorriu e olhou pra baixo para ver meus dedos trabalhando na sua mão e suspirou. Gradualmente tomando coragem para soltar o que quer que estivesse o incomodando, me sentei quieto, esperando ele me contar o que estava acontecendo na sua cabeça. Finalmente depois de estudar os pequenos círculos que eu estava desenhando na sua palma por um momento ele disse, "Estaria tudo bem se eu fosse assistir seu jogo? É que eu não quero te distrair e definitivamente não quero causar nenhum problema com os caras", finalmente veio se atropelando para fora dele em um só fôlego, como se ele não fosse conseguir dizer tudo se não soltasse tudo de uma vez.

Imediatamente parei o que estava fazendo e agarrei sua mão. Olhando nos seus olhos para ter certeza de que minha resposta seria clara para ele, eu perguntei, "Você quer ir?". Ele assentiu e eu continuei, "Então eu te quero lá, mais que qualquer outra coisa", apertando sua mão para que ele soubesse que eu estava falando sério. Seu sorriso disse tudo enquanto ele apertava minha mão de volta.

"Olha, eu tenho que ir agora. Tenho treino, mas vou tentar te ver amanhã alguma hora, ok?", disse a ele, não querendo sair. Ele assentiu, e se levantou e eu segui para fora enquanto caminhávamos até o estacionamento juntos. Podia ver nos seus olhos, e tenho certeza de que ele podia ver nos meus, a necessidade de ficarmos juntos. Eu queria beijá-lo, ter seus braços em volta de mim, e me sentia deslocado quando ele não estava por perto.

Ele finalmente suspirou, perguntando, "Que horas você acha que vai estar em casa então?" Pensei por um minuto e então disse, "Não tenho certeza, mas provavelmente por volta de oito horas". Ele assentiu de novo, sem dizer nada. "Eu realmente tenho que ir. Queria poder ficar, mas o treinador me mataria se eu não aparecer, e não vai me deixar jogar na sexta." Contei a ele, esperando que ele ouvisse a sinceridade nas minhas palavras. "Eu sei", ele disse quase num sussurro. Enquanto se virava pra sair ele disse, "Tchau então. Acho que te vejo mais tarde".

Fiquei lá por um momento observando ele se afastar de mim e eu tinha de dizer algo. Se ele se sentisse como eu me sentia, eu sabia que se sentia sozinho, então eu disse, "Jess, eu te vejo em breve ok?", e lhe dei um sorriso reconfortante, deixando-o saber que eu entendia. E eu entendia, porque era apenas com ele por perto que eu podia ser eu mesmo.

O treino foi longo. Não havia outra maneira de descrevê-lo, longo e cansativo. Meu braço e ombro doíam, minhas costas estavam machucadas, e eu estava com fome. Tinha perdido o almoço e agora já era quase oito horas e eu ainda não tinha comido nada. Quando cheguei em casa me sentei no balcão da cozinha para comer o jantar que meu pai tinha preparado enquanto conversávamos sobre o jogo na sexta.

Quando terminei de comer, pedi licença e segui direto para o banheiro. Deixei a água tão quente quanto podia suportar e então entrei. O calor era relaxante e calmante para os meus músculos doloridos, e eu apenas me inclinei na parede, deixando a água quente levar embora qualquer desconforto que eu sentia.

Tinha acabado de subir na cama, feliz de poder me deitar e relaxar, quando meu celular tocou. Eu gemi enquanto me arrastava na cama para alcança-lo onde o tinha deixado na escrivaninha. Caí para trás na cama e atendi. "Alô", eu disse. "Oi", respondeu, e eu sorri ouvindo a voz de Jesse.

"Tá ocupado?", ele me perguntou e eu disse, "Não, na verdade eu acabei de me deitar".

"Oh, sério?" ele perguntou. "Sim, o treino foi realmente difícil hoje", contei a ele enquanto tentava me virar e no processo acabei gemendo de novo.

"O que foi?", ele perguntou, "Você tá machucado ou alguma coisa assim?", preocupação evidente na voz dele.

"Não. Na verdade não, só dolorido. É por isso que eu não lanço amanhã, para poder me recuperar e estar pronto para sexta", expliquei.

"Oh, que chato",ele disse. "Então, estou realmente animado para sexta, ir ver meu namorado jogar, no seu uniforme de baseball sexy", ele continuou. Sorri quando o ouvi dizer aquilo, me perguntando silenciosamente se eu seria capaz de me concentrar com ele lá me assistindo.

"Você vai com amigos, ou o que?", perguntei a ele.

"Eu ainda não sei", ele respondeu, "Não falei com eles ainda. Por quê?"

"Só pra saber, não queria que você ficasse lá sozinho, só isso", afirmei.

"Bem, não sei ainda, mas não se preocupe com isso, eu vou ficar bem de qualquer jeito", ele disse confiante.

"Então, o que você vai fazer amanhã depois da aula?", perguntei a ele, já que não tinha treino.

"Não sei, provavelmente o mesmo que qualquer outro dia", ele riu. "Provavelmente apenas ficar em casa e tocar guitarra ou outra coisa qualquer".

"Bem, eu não tenho treino, então estava pensando que talvez a gente pudesse sair junto", eu disse, jogando a ideia.

"Sair?" ele me perguntou. "Pra onde? Digo, o que você quer fazer?"

"Não sei", eu ri, "Acho que não pensei muito sobre isso na verdade, só sei que eu quero te ver", contei a ele.

"Quer mesmo ir a algum lugar? Quer dizer, acha que é uma boa ideia?" ele me perguntou.

"Bem, talvez você pudesse vir pra cá, ou eu poderia ir para a sua casa, seja qual for, não importa realmente pra mim", sugeri.

Ele pareceu pensar por um minuto e então disse, "Acho que gostaria de ir aí, se você está me convidando", ele disse hesitante.

"Sim, eu estou te convidando, acabei de dizer isso", eu disse, percebendo que ele tinha preocupações e eu não tinha certeza de quais eram. "Tá tudo bem assim?" perguntei a ele.

"Seu pai vai estar aí?" ele me perguntou, parecendo preocupado, e rapidamente descobri onde isso ia dar.

"Provavelmente", respondi, "Ele geralmente fica por aqui. Por quê?" perguntei logo, esperando que ele soltasse logo o que quer que estivesse na sua mente.

"Bem, ele não sabe sobre nós, nem mesmo sobre você, então só estou preocupado, é tudo", ele disse, fazendo todo o sentido.

"Não, você tá certo, ele não sabe de nada disso", eu disse, "mas ele é um cara bem legal e eu quero que você o conheça".

"Tudo bem então, eu acho, se é o que você quer", ele disse ainda parecendo inseguro.

"É sim", afirmei, "e vai ficar tudo bem, eu prometo Jess".

"Bem, é melhor eu deixar você descansar", ele brincou. "Não posso deixar a estrela do time cansado para o grande jogo".

"É, realmente estou cansado", eu disse bocejando.

"É, acho que sim", ele riu.

"Bem, boa noite Jess", eu disse. "Te vejo amanhã, ok?"

"Ok, noite Stephen." Ele disse rindo, e desligou.

Joguei meu telefone na mesinha de cabeceira próximo ao meu alarme antes de prontamente adormecer pelo resto da noite. Não vi o Jesse de novo até o outro dia no almoço. Estava sentado na minha mesa de costume quando o vi com seus amigos além do pátio.

Seus olhos capturaram os meus enquanto eu olhava na sua direção e ele sorriu pra mim. Sorri de volta brilhantemente e ele começou a se levantar. Assisti enquanto ele se movia na minha direção e quando ele passou por mim, me pediu silenciosamente para acompanhá-lo, então me levantei agarrando minha mochila e disse tchau para todo mundo. Não tinha a menor ideia de onde estávamos indo.

Eu o segui de uma distância segura com ele olhando por cima do ombro para ter certeza de que eu estava ali. Ele sorriu largamente quando me viu atrás dele e eu meio que dei de ombros para ele me perguntando onde nós estávamos indo e ele apenas piscou para mim. Balancei minha cabeça e ri, mas continuei seguindo-o o tempo todo, tomando essa oportunidade para olhar para ele. Ele definitivamente era ótimo de se olhar por trás.

Nós tínhamos estado andando por um minuto quando ele desapareceu em algum canto. Quando me virei no mesmo canto ele não estava em nenhum lugar visível. Havia várias portas no pátio de entrada e eu fiquei lá me perguntando onde ele tinha ido, mas não sabia em qual ele tinha entrado. Depois de só um minuto uma porta à esquerda abriu e eu o vi aparecer de novo acenando para que eu me juntasse a ele.

Olhei em volta antes de rapidamente andar até onde ele estava e então através da porta que ele segurava aberta. Ele me seguiu para dentro e fechou a porta atrás dele. Dei uma olhada em volta e percebi que eu estava numa sala em que nunca tinha estado antes. Depois de olhar em volta por um minuto, surpreso por haver uma parte desta escola que eu não tinha visto, me virei e perguntei a ele, "Onde nós estamos Jess?"

"Você nunca viu isto antes?" ele me perguntou, andando na minha direção. Balancei minha cabeça enquanto começava a dizer, "Não, eu pensei que tinha visto a escola inteira mas...", minhas palavras foram esquecidas quando senti seus braços me envolverem. Meu corpo derretendo no seu abraço, enterrei meu rosto no seu pescoço, satisfeito de estar em seus braços.

"Você está bem?" ele me perguntou depois de eu não ter dito nada. Assenti e disse, "Sim, estou realmente ótimo agora". Ele riu e disse, "É bom ouvir isso". Me afastei do único lugar onde me sentia feliz de verdade, preocupado com onde estávamos ou quem poderia nos ver e então perguntei de novo, "Então onde nós estamos exatamente?"

"Esta é a sala de arquivo para o jornal da escola", ele explicou. "Nós temos uma cópia de cada edição que já foi publicada aqui." Aquilo fazia sentido já que havia prateleiras em cada espaço disponível na parede, que continham nada além de papel e estavam categorizadas por data. "Wow", foi tudo que eu disse enquanto olhava em volta da sala com admiração.

"Então, como você está?" ele me perguntou. Voltei minha atenção de volta para ele dizendo, "É seguro pra nós estarmos aqui?" a preocupação na minha voz evidente. Ele suspirou quase tristemente e disse, "Stephen, eu não faria nada que desse a alguém uma chance de descobrir. É da sua conta contar quando você estiver pronto para contar".

Me senti mal por duvidar dele, eu sabia que ele se preocupava comigo e respeitava minha decisão de esperar para me assumir. Eu não sabia porque eu tinha pensado que ele não tinha pensado sobre isto no caminho. "Olha Jess, me desculpa. Eu sei que você nunca faria algo deste tipo, é só que eu fico assustado algumas vezes", eu disse, quase envergonhado por estar mais preocupado sobre manter o fato de que eu era gay um segredo do que estar feliz por ele ter achado um jeito de estarmos juntos, mesmo que por pouco tempo.

"Você ainda vai vir hoje a noite?" perguntei a ele, pensando que agora ele podia não querer ir. "Ainda estou convidado?" ele me perguntou parecendo um pouco ferido pela coisa toda. Eu assenti e fui até onde ele estava de pé. Pegando sua mão na minha, olhei nos seus olhos, então ele iria entender que era sério o que eu estava falando e que eu confiava nele, e disse, "Jess, não tem nada que eu queira mais do que passar minha noite com você. Por favor, você vai?" Perguntei a ele, esperando que ele não estivesse bravo comigo por ter arruinado nosso tempo juntos, por duvidar dele.

"Eu vou", ele disse sorrindo de novo. "Que horas eu devo ir?" ele perguntou. Eu pensei por um momento e então perguntei a ele, "Bem, você vai na biblioteca hoje depois da escola?" Ele assentiu e eu continuei, "Por que você não vem comigo então, já que eu não tenho treino mesmo?"

Ele pareceu animado com a ideia já que seu sorriso tinha reaparecido, fazendo o meu voltar também. "Tem certeza?" ele me perguntou, talvez tentando me dar uma outra escolha. "Digo, você não tem que fazer isso, eu posso apenas ir eu mesmo até lá mais tarde", ele sugeriu. Franzi um pouco a testa para a ideia, mas percebi que ele estava apenas tentando me proteger. "Sim, eu tenho certeza. Caso contrário eu não teria oferecido" eu disse, e falava sério.

"Ok, se você tem certeza", ele riu. "Eu tenho", respondi, genuinamente animado por passar algum tempo junto com ele finalmente, se pudéssemos aguentar até o fim do dia na escola. "É melhor irmos, o almoço está quase acabando", ele disse me fazendo olhar no relógio. Assenti concordando e então perguntei, "Então, estamos realmente seguros aqui?" com um olhar de canto no rosto. Ele assentiu perguntando, "Por que, o que você quer?"

"Isto...", foi tudo que eu disse antes de me inclinar e beijá-lo. Não um beijo caloroso e apaixonado na verdade, apenas uma demonstração de afeto, e ele sorriu contra os meus lábios. "Vamos, vamos logo", ele disse me empurrando em direção à porta. Eu disse, "Obrigado Jess, isso foi realmente doce da sua parte", apertando sua mão gentilmente. Ele deu de ombros dizendo, "Eu sei", provocativamente.

"Te vejo depois da escola então", ele disse antes de me empurrar para fora da porta, sozinho. Estava um pouco confuso primeiro, mas então percebi que ele estava apenas tentando me proteger, então sorri e fui para a minha aula de Artes, decidindo que iria perguntar a ele mais tarde a respeito daquilo.

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Comentários

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Olha admiro o q vc está fazendo traduzindo esses contos pq eles realmente são lindos. eu li todos eles em inglês e a história é perfeita. pena que acaba né? mas é MUITO bom, e é um verdadeiro romance digno de livro, inclusive o modo q é escrito.

Perfeito. continue q aposto q todos irão amar assim como eu.

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Que conto mais agradavel de ler , eto esperando pelo proximo

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Que leitura mais prazerosa... Muitooooooo bom mesmo!! ContInua que esta fodasticoooo!!!

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