O primeiro atrás (parte 1)

Um conto erótico de Cercei
Categoria: Heterossexual
Contém 1115 palavras
Data: 09/11/2011 00:26:52

Minha história começa na faculdade. Como tantos outros, deixei a cidade pequena de meus pais para estudar numa boa universidade. Foi uma época de experimentação ao máximo, conduzida por uma liberdade completamente nova pra quem antes só havia experimentado os confortos e controles da casa paterna. Beijos foram muitos, pegações perfeitas com quase desconhecidos, e com o tempo, passei também a vivenciar ótimas experiências sexuais com esses mesmos deliciosos estranhos. Porém, a mais marcante delas, e assunto desse conto, não foi com alguém assim tão estranho. Conto aqui como chegamos até lá e na próxima parte o que aconteceu.

Era o terceiro ano do curso de engenharia quando decidimos que precisávamos parar de estudar um pouco e curtir. Trabalhos e mais trabalhos e provas sem fim nos deixavam com o mente exausta e o corpo implorando por um pouco de farra. Uma festa a fantasia foi então a oportunidade perfeita para desligar de todo o resto. Escolhi para a ocasião uma fantasia de fada. Ela era composta de um vestidinho brilhante, levemente transparente, curto e decotado e asinhas cintilantes com tonalidade azulada. Me cobri de glitter para completar o visual e quando me dei por satisfeita com o resultado da maquiagem, partimos para a festa.

Minha companhia, na festa como quase sempre, era meu inseparável Hugo. Um ano mais velho do que eu e estudante de engenharia do mesmo ano, ele era alto, moreno e de envolventes olhos verdes. Para a noite, ele escolheu Peter Pan, com uma camisa larga meio aberta, colete e bermudas verdes, o que fez da minha fadinha a Sininho pra combinar. E assim, praticamente saídos da Terra do Nunca, dançamos, bebemos, curtimos a noite e nos apertamos loucamente a corpos e bocas estranhos.

- Ele é gay – declarou Hugo, certeiro, enquanto observávamos o dono de uma das mais populares fantasias da festa, uma Drag Queen, dançando como uma diva na pista.

- Você não pode ter tanta certeza –respondi – O prêmio do concurso de fantasias é bom o suficiente para ele estar se esforçando pra soltar a franga.

Fazendo jus a uma boa festa da faculdade, o concurso de fantasia oferecia um belo conjunto de bebidas ao vencedor.

- Você sabe que eu percebo muito melhor do que você.- Com um amigo gay, é difícil contrariar a percepção para opções sexuais. Com o Hugo, por exemplo, não desconfiava de nada até ele me contar, no final do primeiro ano.

- Quer apostar? – Ele falou provocativo.

Encarei o objeto da nossa discussão com atenção. Realmente, ele estava perfeito. A maquiagem, a roupa, os gestos e movimentos nada denunciavam que seria a primeira vez que ele agia assim. Mesmo os olhares atrevidos em direção a belos corpos masculinos estavam lá. Mas quando uma garota se aproximou, a forma como ele se aproximou para conversar com ela me deixou intrigada.

- E como é que a gente descobre a verdade? – respondi, começando a considerar a tal aposta.

Hugo tirou os olhinhos famintos do bartender descamisado mais próximo e virou-se para mim com um sorriso interessado no canto dos lábios. - Da forma mais divertida, tentação – disse ele com malícia latente – e por sorte temos a fada perfeita para a missão.

Tá certo que a minha produção da noite tinha valido a pena e eu era agora uma fadinha sensual de vestido um tanto revelador, mas eu tinha um pouco menos de confiança na minha capacidade de sedução. – Mas se estamos tentando descobrir se ele é gay ou não, porque não você?

- Por que ele é uma Drag Queen e um cara dando em cima seria a cereja da fantasia dele.

Justo, pensei. Ele ia ter mesmo que ser hétero pra ficar comigo daquele jeito. Mordi o lábio e cheguei a uma conclusão, por que não? – Mas o que nós vamos apostar?

- Quer apostar alto?

Ah, o álcool. Sem ele eu talvez tivesse dado confiança mais uma vez ao meu sentimento de insegurança. Com ele e aquela fantasia, eu estava me sentindo sexy e poderosa o suficiente pra seduzir um cara que eu tinha quase certeza que gostava da fruta. Abri meu sorriso malicioso e concordei.

- OK, se você não conseguir convencer ele a pelo menos beijar você, você vai parar de frescura e dar o cuzinho pro Fernando.

Por um momento vacilei. O Fernando era meu caso antigo, sem muita vocação pra virar namoro, mas com uma química fantástica na cama. E o Hugo sabia que ele era completamente tarado pra fazer anal comigo. Só que nesse departamento eu era virgem. Não é como se eu não quisesse, mas não confiava no Fernando pra fazer a experiência ser legal pra mim. Só que o Hugo ficava me dizendo pra parar de ser boba que eu ia ver como era bom.

Mas foi uma ideia maluca que eu tinha guardado no fundo da mente que me fez colocar a minha condição.

- E se eu conseguir, quem vai comer ele vai ser você. – Encarei o teto pra falar isso, mas depois juntei toda a minha coragem pra olhar pra ele de novo.

E naqueles olhos verdes toda a malícia sumiu por um momento e eles estamparam a mais pura surpresa. Não era tão difícil descobrir porque uma ideia assim tinha sido concebida. Apesar das provocações, o Hugo também entendia muito bem as dificuldades de se iniciar no sexo anal. Ele tinha a própria experiência no campo. Eu sabia muito bem que podia ser muito bom, só queria confiar em alguém pra isso. E confiava no Hugo mais do que em qualquer pessoa por ali. Talvez a ideia não tivesse saído sem a influência do álcool, sem que ele ter tocado no assunto primeiro. O medo de estragar nossa relação ainda estava lá, afinal sempre falamos muito sobre sexo, mas nunca sobre um fazer com o outro.

Não sei se ele pensou nisso tudo também, mas enfim ele sorriu e concordou com um leve aceno da cabeça.

Virei o resto do refrigerante com vodka do meu copo e parti na direção da pista. Não me lembro o que falei, mas sei que cheguei chegando na Drag. Descobri que era um aluno de artes cênicas também numa aposta com os amigos. Ele me contou depois de alguma insistência. Por sorte, a aposta só dizia respeito à personificação, sem restrições sobre ficar com pessoas de qualquer sexo. Pra ele não descer do salto ali mesmo, fomos pra um cantinho, nos pegamos gostoso. Trocamos telefones, afinal fiquei curiosa em vê-lo “desmontado”.

Quando voltei para perto do um Hugo um tanto atônito, contei a história toda. Ele ficou impressionado, pois ele raramente se enganava.

Não falamos mais na aposta aquela noite, ainda embriagados e eufóricos depois dela, mas ambos sabíamos o que estava por vir.

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