Entrevista

Um conto erótico de youngdad
Categoria: Homossexual
Contém 6906 palavras
Data: 18/01/2011 11:52:08

Entrevista

Narrador:

A imagem é aquela comum em programas de entrevistas. Uma poltrona onde se senta o entrevistador e um sofá onde estão os entrevistados (atrás, invariavelmente, uma vista da Praia de Ipanema). O primeiro está de paletó e gravata enquanto que os entrevistados estão de jeans, camiseta com qualquer coisa estampada na frente e tênis. Ambos são jovens saudáveis, bonitos, mas nada de mais. Dois jovens comuns. O Pedro é louro de olhos azuis, cabelos lisos caindo nos olhos que ele a todo o momento ajeita com os dedos, jogando eles para trás, enquanto que o João é moreno, olhos castanhos e cabelos encaracolados.

Entrevistador (super sorridente):

Senhoras e senhores! Não. Errei. É o costume. Jovens! Errei de novo. Molecada! Agora sim. Essa é uma entrevista que tem como pano de fundo a homossexualidade. Vou conversar com dois jovens, um de 21 anos e outro com 22. Eles se chamam Pedro e João e são estudantes. Mantêm uma relação há três anos e moram juntos no campus da universidade onde estudam. Antes de começar a nossa conversa aviso aos espectadores que essa entrevista não é ao vivo, ela foi gravada há duas semanas atrás e foi editada em certos trechos onde foram faladas coisas mais pesadas, digamos assim. De qualquer forma a conversa completa pode ser vista em no site da nossa emissora na internet. Mas vamos lá. Boa noite, Pedro e João. Como vocês sabem, o que queremos aqui é mostrar como é uma relação gay, como ela começa, como se mantém. Comecemos pelo começo. Uma pergunta para os dois. O que vocês fazem, como se conheceram e como é vida de vocês no dia a dia?

Pedro:

Fala voce, João, que é melhor do que eu nessas coisas, afinal voce é estudante de direito e advogado fala melhor do que engenheiro.

João:

Não é nada disso porque voce fala muito bem, mas tudo bem, começo eu. Somos estudantes universitários, eu estou no sexto período e o Pedro no quinto período. Nos conhecemos desde que éramos molequinhos na escola ainda...

Entrevistador (interrompendo):

E já sentiam atração um pelo outro desde essa época?

João:

Não. Tá maluco? O Pedro era um nojo, o pirralho mais metido e marrento do mundo. Isso desde que ele começou a falar. Uma antipatia só. De qualquer forma não tínhamos idade para pensar em mais nada além de brincar com os nossos amigos. Não rolava sexo de forma alguma. Aliás, a gente pouco se via porque eu estava um ano na frente dele na escola. A única coisa é que a gente morava relativamente perto um do outro e mais tarde, quando a gente cresceu mais um pouco, passamos a jogar no mesmo time de futebol. Aliás, se o Pedro já era naturalmente nojento, mais nojento ficou porque ele jogava de atacante enquanto eu era beque. Assim ele fazia muito mais sucesso do que eu porque vivia fazendo gol...

Pedro (interrompendo):

E voce era um beque grosso pra caramba, vivia fazendo falta, deu pênalti de tudo o que é jeito para os adversários e toda a hora recebia cartão ou era expulso do jogo.

João (nem ligando para interrupção):

Com o futebol a gente começou a ficar mais próximo porque treinávamos depois da aula e voltávamos juntos para casa. Mesmo aí o Pedro mal abria a boca, não conversava. Resumindo, não tínhamos assunto um com o outro...

Entrevistador:

De qualquer forma, imagino eu, vocês já deviam ter alguma intimidade porque deviam trocar de roupa juntos no vestiário.

João:

Nada. Nem perto disso. Era um monte de moleque fazendo a mesma coisa ao mesmo tempo. Nem no verão, quando a gente tomava banho e ficava pelado, ninguém se olhava. Aliás, nem era o caso, todos molequinhos que nem pentelho tinham. Desculpa. Pode falar pentelho, não pode?

Entrevistador (ainda sorridente):

Pode, claro. Vocês podem falar qualquer coisa. Sem nenhum limite. Palavrão, gíria, o que vocês quiserem porque o programa vai ser editado.

João:

Então. Se alguém olhava para alguém era muito disfarçado porque ninguém notava. Claro que tinha moleque que falava alguma sacanagem. Invariavelmente aqueles que tinham irmãos mais velhos e, na verdade, as sacanagens que falavam eram mera repetição do que eles ouviam dos irmãos. Assim um falava a respeito de buceta sem ter a menor noção do que era uma buceta e, muito menos, o que se fazia com ela...

Pedro:

O João era um dos que mais falava, só para se mostrar, e fazia a descrição das sacanagens que o irmão mais velho dele contava e que ele conseguia ouvir nos papos dele com os amigos.

João:

Mas é isso o que eu estou falando. Eu sabia que buceta era uma rachinha e que nas meninas correspondia ao nosso pinto e onde os mais velhos enfiavam o pinto e o dedo. Mas não sabia mais nada: como enfiava, o que sentia, etc. etc. etc. Então eu ficava dizendo as coisas que eu ouvia sem ter a menor noção do que se tratava. E para dizer a verdade esse assunto tinha uma atenção muito relativa dos demais colegas, quando tinha alguma. Mais tarde, claro, eu fui aprendendo as coisas, até porque começaram as aulas de educação sexual. Mas aí contar as coisas não tinha mais graça porque as aulas de sexo davam muito mais tesão do que qualquer coisa que eu falasse ouvida do meu irmão.

Pedro:

O irmão do João sempre foi um cara que adorava menina. Como ele é muito bonito sempre fez muito sucesso com elas. Hoje em dia está noivo e absolutamente apaixonado. Parece um cachorrinho seguindo a noiva dele...

João:

Isso de ficar apaixonado e parecer um cachorrinho atrás do amado é mal de família (risos).

Entrevistador:

Mas vocês não ficaram crianças sempre. Cresceram e as coisas necessariamente começaram a mudar.

Pedro:

Sim, isso foi acontecendo aos poucos. De qualquer forma antes mesmo da puberdade rolar já tinha colega que batia punheta e contava para os demais. Corria até o boato que rolavam uns amigos que batiam juntos, uns na frente dos outros, mas isso não era coisa confirmada, eram boatos sempre desmentidos, mas a gente sabia porque moleque nessas coisas é muito mais esperto do que se pensa. Mas a puberdade significou também diferenças. Se quando molequinhos éramos iguais, fomos ficando diferentes. O João, por exemplo, desandou a crescer, ficou alto, forte, o pau dele cresceu mais do que o meu e os pentelhos começaram a aparecer, enquanto que comigo nada, nem um só fiozinho. Isso me deixava puto da vida. Com isso ele vivia se mostrando para todos. Os nossos banhos eram verdadeiras sessões de exibição. Um dia eu notei que o Afonso, um colega nosso super estudioso, feio como um demônio, usando óculos que depois foram substituídos por lentes de contato, olhava para o João de uma forma diferente...

João:

Eu tinha percebido também e, na minha inocência, achava que era inveja somente, e aí me mostrava mais para ele...

Pedro:

A ponto de um dia ficar agarrando e puxando o pau e acabando com ele duro, na frente de todo o mundo, bem pertinho do Afonso que estava no chuveiro ao lado dele.

João:

Sim, é verdade, e o fato é que o Afonso ficou vermelho para caramba e, para a surpresa de todos, foi ficando de pau duro também. Aí eu saquei a coisa e perguntei para ele se ele estava com tesão. O moleque quase morreu de vergonha e se largou correndo do chuveiro, até com sabão no corpo. Muito engraçado.

Entrevistador (com uma certa impaciência):

Mas entre vocês dois? Como é que a coisa evoluiu?

João:

Evoluiu que ficamos cada vez mais amigos. Estávamos naquela fase da adolescência que a gente cria o nosso maior amigo, o cara que troca confidência com a gente, que dá força quando a gente está fodido e não nos largávamos, éramos juntos para todos os lugares. Cinema, futebol, papos intermináveis, festinhas (se um não era convidado o outro não ia). Tinha também que passávamos juntos muitas tardes porque eu que estava um ano na frente dele na escola ajudava ele nos estudos...

Pedro:

Eu era um péssimo aluno, não gostava de estudar, eu curtia mesmo era futebol. Em matemática eu não sabia onde começava e onde acabava e esse rapaz que está aqui do meu lado sabia tudo da porra. Então ele me ajudava.

João:

Mesmo quando não rolava estudo a gente sempre dava um jeito de ficar junto, na minha ou na casa dele durante as tardes. Mas nunca rolou sacanagem, nem uma insinuação sequer. Para dizer a verdade a gente geralmente nem contava para o outro as punhetas que a gente batia sozinho. A maior intimidade que rolava entre nós era mijar ou cagar sem fechar a porta do banheiro. Mas aí aconteceu com o Pedro uma coisa muito ruim: a mãe dele depois de uma doença super rápida faleceu. O Pedro ficou desesperado. Claro que eu nem quis saber, durante o enterro eu fiquei do lado dele o tempo todo e depois fui para a casa dele. Quando a gente chegou, ainda tentamos conversar um pouco mas numa hora ele, chorando feito um doido, se aninhou nos meus braços. Claro que eu retribuí o abraço e fiquei meio que ninando ele, como se faz com uma criancinha, até ele se acalmar. E isso se repetiu nos dias seguintes. Era só eu chegar e entrar no quarto do Pedro que ele se agarrava em mim.

Pedro:

Eu realmente estava doido. A minha mãe era a pessoa de quem eu mais gostava no mundo. Eu só ficava mais consolado quando estava abraçado com o João. Era como se ele estivesse passando uma força, uma energia, para mim. Não sei explicar direito, mas era isso que eu sentia.

João:

Aí começou a rolar uma coisa diferente. Descobri que gostava de ficar com o Pedro nos meus braços. Claro que eu fazia isso porque sabia que ele se sentia bem com o tal abraço. Mas era mais do que isso: eu curtia sentir ele, a musculatura dele, o corpo dele, mesmo a pele dele quando rolava da gente estar sem camisa. Assim logo que eu chegava nem esperava o Pedro se aproximar de mim, ia direto abraçar ele. Mas tudo sem malícia, eu nem tinha consciência do que estava se passando comigo. Outra coisa foi que o Pedro, que no princípio só ficava aninhado nos meus braços, passou a me abraçar também, a me apertar e eu gostei pra caramba.

Pedro:

Realmente foi isso o que aconteceu. Eu passei a ter vontade de apertar o João. No início eu achava que era uma forma de agradecer o carinho que ele estava tendo por mim. Mas depois de um tempo aconteceu uma coisa que me pegou completamente desprevenido. Estávamos assim abraçados, como já tinha quase um mês que a gente fazia, quando eu senti um calor nos culhões e o meu pau começar a inchar. Eu fiquei doido com aquilo. Escondi o troço e não disse nada para o João.

João:

Comigo já estava acontecendo igual, mas eu também não disse nada para o Pedro. Mas era inegável que eu gostei pra caramba...

Pedro:

Deixa eu interromper para dizer que nessa época a gente não era mais inocentezinho. Não tínhamos namorada mas saíamos com as garotas e sempre rolava uma sacanagem, mas foda mesmo nunca tinha rolado. Além disso, já sabíamos que rolava troço de cara que comia outro, de cara que fazia troca troca. Sabe como são essas coisas em colégio, acaba todo o mundo sabendo quem comia e quem dava. Já rolavam uns garotos afeminados que eram sacaneados o tempo inteiro e que “compravam” a paz de espírito deles dando o cu para os mais velhos. Mas entre nós isso nunca rolou, pelo contrário a gente achava esse troço muito nojento.

João:

Uma tarde, depois da nossa sessão de abraço nos separamos e o Pedro foi para o computador. Estava muito quente e tínhamos tirado as nossas camisetas. Não sei por que ele resolveu meter um site de sacanagem, sacanagem hetero. Tinham as fotos de uns caras comendo umas mulheres, closes de buceta, de caras esporrando na boca das mulheres, etc. Essas coisas que todo o mundo sabe que rolam na internet. O diferente foi que numa hora o Pedro se levantou da cadeira, se virou para mim e olhando na minha cara falou: “Olha como é que eu estou.” Ele estava era de pau duro, como eu podia ver pelo volume na bermuda dele. Aí eu nem pensei, levantei-me também e falei: “Estou igual, vê aí.” E comecei a rir. O Pedro riu também mas fez uma coisa que me pegou absolutamente desprevenido. Enganchando o dedo na cintura da bermuda arriou ela junto com a cueca. O pau dele saltou para fora, durão apontando para frente. Eu nunca tinha visto o Pedro de pau duro. Ou melhor, tinha visto meio duro no banho da escola, mas isso tinha muito tempo. Então estava lá, esse rapaz aqui do meu lado, mostrando o pau dele, empinadão. Eu nem pensei e fiz o mesmo e fiquei olhando para ele.

Pedro:

Eu também, mas diferente do João eu sabia que queria chegar perto dele. Não sabia mais nada. Nunca tinha visto pessoalmente o pau duro de ninguém...

João:

Eu já tinha visto o meu irmão de pau duro numa manhã em que eu entrei no quarto dele e ele estava se levantando para mijar. Mas foi uma visão de segundos e, de qualquer jeito, pau de irmão não vale (risos).

Pedro:

Me aproximei, dei um tempinho e esticando o braço passei os dedos no meio do peito dele. Senti um choque no saco ao sentir a pele do meu amigo que era delicada, lisa e quente.

João:

Eu senti o dedo do Pedro em mim. A sensação era esquisita mas boa, muito boa. A partir daquele momento a minha cabeça não comandava mais as minhas ações. Instintivamente eu estiquei o meu braço e passei o dedo nos lábios dele. Eram macios. O Pedro se aproximou mais e me abraçou, encostando o rosto no meu. Em seguida passou os braços pelas minhas costas e apertou o meu corpo contra o dele. Ficamos assim um tempão, de rosto e corpo colados. Eu sentia que o coração dele batia rápido. De repente me dei conta que os nossos paus estavam colados também. Foi aí...

Pedro:

Foi aí que eu afastei o meu corpo e segurei no pau do João. Foi uma sensação esquisita. Sentia na minha mão um pau duro que não era o meu. Na mesma hora perguntei para o João: “É isso o que voce quer?” Ele respondeu que era e imediatamente segurou o meu e apertou.

João:

Eu não sabia absolutamente o que era o ‘isso’ que o Pedro tinha perguntado. ‘Isso’ seria só ficar segurando um o pau do outro? De qualquer forma eu me aproximei mais dele e sem largar o pau dele dei um beijinho no rosto do Pedro. Foi mais esquisito ainda: senti a barba dele pinicar o meu lábio. Nunca tinha sentido barba na minha cara, mas eu gostei, sem duvida que eu gostei. Tudo bem que a gente já era grandinho e eu sabia muito bem que aquilo era o principio de uma sacanagem. Mas saber é uma coisa, fazer é outra muito diferente. O Pedro estava querendo foder, digo foder até a gente gozar? E como é que a gente ia fazer o outro gozar? Eu não sabia, não tinha noção. Então resolvi deixar que o Pedro comandasse a coisa, tendo a certeza de que eu faria o que ele quisesse ou mandasse...

Pedro:

A minha confusão não era menor, mas de uma coisa eu tinha certeza: eu queria o João, queria muito, mas o que era ‘querer’? De qualquer forma eu vi que se ia rolar troço, em pé é que não ia ser. Assim peguei o João pelos ombros e fiz ele sentar-se na beira da cama e me sentei do lado. Nessa hora tínhamos largado os nossos paus e ficamos olhando um para o outro, paradões. Aí o João falou para mim: “Faz como voce quiser que eu vou topar tudo”. Quando eu ouvi isso mandei: “Posso beijar voce?” A razão da pergunta foi que com as meninas o troço sempre começava com beijo.

João:

Eu aproximei o meu rosto do dele e fiquei esperando. Ele veio e encostou os lábios dele no meu. Eu senti esses lábios macios que me deixam doido até hoje. Mas o Pedro encostou os lábios e não fez mais nada. Eu aí resolvi enfiar a língua. Era isso o que eu sabia que rolava em beijo de sacanagem. O Pedro imediatamente abriu a boca, deixando a minha língua entrar...

Pedro:

Eu sabia que era aquilo que o João esperava de mim. A boca do meu amigo. Há, há, ha. Até aquele momento éramos os amigos como sempre tinha sido com a gente. Mas a boca do João era quente, tinha um gosto legal e era molhadinha. A sensação que eu senti foi diferente da que eu esperava. O que me veio na cabeça era que naquele momento o João tinha “entrado” em mim. Assim resolvi “entrar nele” e enfiei a língua na boca dele. Ao mesmo tempo abracei ele, passando o meu braço pela nuca do João. Movimentávamos as nossas línguas. Tentávamos adivinhar como era a boca do outro.

Narrador:

Nessa hora a atitude dos garotos mudou. A forma de falar que até aquele momento tinha sido fria e distante, quase como se estivessem lendo um relatório, mudou. Eles passaram a falar baixo, de maneira quase sussurrante e deixaram de olhar para a câmera, ficaram se olhando nos olhos e se deram as mãos.

Pedro:

Eu que estava com um braço passado pela nuca do João aí passei o outro pela cintura dele e puxei o corpo dele pra junto de mim. Ele fez o mesmo com um braço enquanto que com o outro enfiou a mão nos meus cabelos. Eu aí deixei o meu corpo pesar e fomos nos abaixando e deitando na cama, ainda com as pernas para fora. As nossas bermudas e cuecas continuavam no meio das nossas pernas. Eu aí me afastei e disse: “Vamos tirar a nossa roupa toda”. E fizemos, ao mesmo tempo que nos deitamos inteiramente na cama. Eu estava por cima e o João por baixo...

João:

Eu sentia o pau do Pedro na minha barriga e sentia o meu na barriga dele. O beijo continuou, não terminava, nem a gente queria que terminasse. De repente o Pedro largou a minha boca e perguntou: “Posso por o meu pau no meio das suas coxas?” Uma explicação. Apesar de sermos magros tínhamos as coxas grossas, musculosas, devido ao futebol que a gente jogava há séculos. Eu respondi que sim mas que antes queria olhar o pau dele de perto. Ele deu um risinho e afastou o corpo. Eu aproximei a cara do pau dele. Para minha surpresa vi que parecia que eu estava olhando para o meu próprio pau. Nós temos os paus iguaiszinhos. Moles eu já sabia, mas duros eram a mesma coisa: o mesmo tamanho, a mesma grossura, a mesma pele na frente que cobria a cabeça. Aí pegando nele com dois dedos puxei a pele para trás. Fiz desajeitadamente, com força e rápido de modo que quando a pele descolou machucou o Pedro que disse um ‘ai’. Eu parei imediatamente e fiquei olhando. Vi então que da fendazinha da cabeça estava saindo uma aguinha. Eu sabia o que era aquilo. Do meu saía também quando eu estava batendo punheta, não era sempre mas saía, e invariavelmente quando eu voltava de alguma sacanagem com as meninas a minha cueca estava molhada. De qualquer forma eu fiquei ali parado, olhando para a pica dele, segurando ela com dois dedos. O Pedro então falou: “Dá um beijinho nele.”

Pedro:

Aquilo me deu um susto. Imagina eu beijar a pica de um macho. Aquilo contrariava tudo o que passava na minha cabeça. Demorei um pouco, mas fiz. E fiz mais, abocanhei a cabeça do pau dele. O Pedro deu um suspiro. Eu senti então uma necessidade de chupar, como se faz com um picolé. E suguei. Só suguei, não fiz nenhum movimento e agarrei no meu próprio pau e comecei a fazer um vai e vem nele...

Narrador:

Nesse momento estava o maior silêncio no estúdio. Todos: câmeras, seguradores de cabo, funcionários, absolutamente calados olhando para os garotões. O entrevistador visivelmente sem jeito, se mexia na poltrona dele.

Entrevistador:

A partir daí aconteceu o que se sabe: vocês começaram a transar e foram até o fim. Queria saber como isso se transformou em amor.

Narrador:

Nessa hora o João largou a mão do Pedro e olhando para o entrevistador quase com raiva mandou:

João:

Não foi assim, porra! Nada disso! E se não se entender o que estava se passando com a gente não vai se entender tudo o que veio depois!

Entrevistador:

Tudo bem, conta do jeito que voce acha que deve.

João:

Numa hora o Pedro largou do meu pau e mandou: “Deita de costas e abre a perna para eu poder encaixar o meu pau entre as suas coxas.” Eu afastei as pernas e ele meteu o pau no meio. Aí eu apertei as coxas, com força. Sentia o pausão agasalhado pelos meus músculos. Era estranho porque não tínhamos usado, até porque não tínhamos, nenhum lubrificante. Nem cuspe o Pedro se lembrou de passar. A única coisa era umidade que saia do pau dele e que eu sentia. Ele imediatamente começou um vai e vem...

Pedro:

Estava áspero mesmo, quase me machucando, mas eu não me importei. Queria gozar, queria muito e queria que fosse assim, eu em cima do João. Passei os braços por debaixo das costas dele e enfiei a minha cara no pescoço dele.

João:

O Pedro respirava forte no meu pescoço, suspirava e eu sentia o quente da respiração dele. Naquele momento ele era o macho possuindo a fêmea, com a força de macho, largando todo o peso dele sobre o meu corpo. Mas eu não me sentia fêmea, não queria me entregar a ele de uma forma passiva, mas queria que ele me possuísse como o macho que eu era. Numa hora eu peguei na bunda dele e fiquei apertando as nádegas. Sentia aqueles músculos rígidos que comandavam o vai e vem que ele estava fazendo. Sem saber por que, no puro instinto, enfiei a minha mão no meio da racha do Pedro. Ele enrijeceu mais a bunda, como que querendo prender a minha mão ali. De repente o Pedro deu um grito. Grito mesmo. E eu senti uma molhação danada inundar as minhas pernas. Ele apertava o pau cada vez mais fundo, gritando sempre umas coisas que eu não entendia...

Pedro:

Quando o gozo chegou o que eu senti nunca tinha sentido antes em nenhuma punheta. Era uma coisa do meu corpo todo. Sentia a mão do João no meio da minha bunda. Sentia o meu esperma sair do meu pau como se eu estivesse mijando, porque parecia que ele vinha todo da minha bexiga. Sentia que o João era meu, mas ao mesmo tempo que eu era do João. Assim que eu acabei de gozar levantei o meu corpo e pus o pau do João na minha boca. Mas aí não foi só a cabecinha, foi o pau inteiro, o mais que eu pude e fiquei balançando a minha cabeça para frente e para trás. Ele gemia e ajudava o movimento com as mãos agarradas no meu cabelo. Numa hora ele falou alto: “O gozo está chegando!” Eu aí tirei o pau dele da boca e punhetei ele rápido. Numa hora ele começou a falar: “Ai meu Deus! Ai meu Deus!” e começou a esporrar. Eu dirigi os jatos dele para o lençol. Numa hora ele parou de esporrar e afrouxou o corpo.

João:

Ficamos parados, ambos ofegantes. O final do meu gozo tinha melado a mão do Pedro que mantinha ela aberta com os dedos afastados, com um nojo evidente, até que ele limpou a mão no lençol. Eu também não tinha coragem de mover as minhas pernas e sentir a porra dele que tinha me melado todo. Eu aí olhei para baixo e vi a sujeirada que o meu gozo tinha deixado no lençol. O Pedro afastou o meu corpo me deixando de lado e de costas para ele e viu que ele tinha sujado o lençol também e sujado muito. Aí começou a rir dizendo: “Melamos tanto a cama que além de botar o lençol para lavar vamos ter que virar o colchão.” Eu comecei a rir também. Ficamos assim feito bobos, rindo pra caramba. Numa hora o Pedro parou de rir e olhando sério para a minha cara falou: “A gente acabou de foder que nem viado.” Eu imediatamente retruquei: “A gente não fodeu, a gente fez apenas o outro gozar. E a gente não é viado, nunca foi e continua não sendo.”

Pedro:

Eu imediatamente saquei que a minha frase tinha sido mais do que idiota e resolvi emendar perguntando ao João: “Gostou?” A resposta dele foi dada de uma forma que não deixava dúvida sobre os sentimentos dele: “Pra caralho!” E imediatamente começou a rir: “Tinha que ser pra caralho, afinal usamos ele.” E ria de arrebentar. Eu aí perguntei: “Vai ter mais?” Ele respondeu: “Vai, eu quero que nunca mais acabe. Mas a gente tem de pensar um pouco nas coisas e pensar sozinho no que aconteceu, até para entender porque aconteceu e porque a gente está feliz. Voce está feliz, não está?” E eu respondi, tendo certeza do que estava dizendo: “Como se estivesse no Paraíso.”

João:

Eu aí falei: “Então tá. Vai pegar um lençol limpo e vamos trocar porque está um cheiro de porra muito pior do que o do meu banheiro quando eu bato punheta e esporro no chão.” O momento mágico tinha passado. Estavam ali de volta apenas os amigos João e Pedro como sempre tinha sido. Vestimos nossas cuecas e bermudas esquecendo de limpar os nossos paus, coisa que eu só fui me dar conta quando cheguei em casa. Tomei um banho longo, com água bem quente para relaxar. Sentia que estava tenso pra caramba porque sentia os meus músculos tremerem no meu corpo todo. De qualquer forma me deitei e fiquei pensando. Aí foi muito interessante porque as idéias vieram super claro na minha cabeça. Aquilo não tinha acontecido a toa. Tudo bem que tudo tinha começado com os abraços que eu saquei que ultimamente eram diferentes dos primeiros que a gente se dava logo após a morte da mãe do Pedro. Depois aquela maluquice de ver foto de foda na internet e o Pedro arriar a bermuda e me mostrar o pau duro dele. Eu vi então que aquilo não tinha sido um episódio. Era a realização de alguma coisa muito mais antiga. A gente se curtia desde que a gente era molequinho. Me lembrei de vários sentimentos meus em relação ao meu amigo. Alguns nitidamente sexuais, se bem que disfarçados, como, por exemplo, a imensa admiração que eu tinha pelos pentelhos dele no começo da nossa adolescência e pela bunda dele que ia ficando cada vez mais bonita na medida em que os músculos começaram a se definir nos nossos corpos. Outros eram momentos da imensa ternura que eu tinha por ele como, por exemplo, quando ele me dava presente no dia do meu aniversário. E muito mais coisa. Fui pensando em tudo. Numa hora eu passei a pensar no Pedro, na cara do Pedro, no corpo do Pedro, no pau do Pedro, tão igual ao meu. E fui ficando de pau duro. Numa hora ele estava tão duro que chegava a doer. Aí não tive dúvida, fui no banheiro e bati uma punheta pensando no meu amigo. Gozei como um cavalo. Quando eu acabei telefonei para ele.

Pedro:

No telefone o João falou tudo isso que ele acabou de falar. Eu tinha pensado mais ou menos a mesma coisa, só que sem os detalhes que ele estava falando agora, mas concordei com tudo. Uma coisa engraçada é que no fim esse carinha que está aqui do meu lado mandou, falando baixinho para ninguém ouvir: “Acabei de bater uma punheta pensando em voce, só em voce, principalmente na minha mão na racha da sua bunda. Desculpa. Não fica puto comigo.” Eu respondi rindo: “Não estou puto, estou honrado.” E desliguei o telefone.

João:

Os tempos que vieram depois foram tempos de descobertas, de saber como foder e, principalmente, como foder um com o outro. Primeiro filmes de sacanagem hetero cujas coisas nós nos esforçávamos em imitar com a gente. Até que eu tive a idéia óbvia: ver filme de foda gay. Claro que aí um mundo inteiramente novo se abriu para a gente. Aprendemos a curtir os nossos corpos de uma forma que a gente nunca imaginou que pudesse. Começamos a entrar em sites onde a homossexualidade era discutida. Ficamos sabendo as coisas que os caras sentiam e como sentiam. Descobrimos a sensibilidade dos nossos peitinhos, descobrimos a maravilha que é o beijo, descobrimos que as nossas barbas tinham um valor erótico tremendo. Víamos ou líamos alguma coisa e imediatamente fazíamos um com o outro. Uma coisa que foi muito legal é que um dia entramos num site onde um cara explicava como era meter o pau na bunda do outro com a menor dor possível. Claro que foi a primeira coisa que experimentamos depois...

Pedro:

Eu acho até hoje que o cara que escreveu sobre a porra tinha o cu arrombado e mentiu direto porque a primeira vez que nós nos penetramos doeu pra caramba e continuou doendo um tempão.

João:

É verdade, mas hoje não dói mais. Hoje a gente se conhece pra caramba. Física e psicologicamente. Eu sei o corpo do Pedro mais do que ele, e ele afirma que sabe o meu. Em qualquer assunto a gente advinha o pensamento do outro, nem precisa falar nada, é só um olhar para o outro que a gente saca. E conhecemos os nossos cheiros, a nossa pele, os nossos músculos. Claro que de vez em quando rola da gente ficar puto um com o outro por qualquer motivo, mas a gente combinou que quando isso acontece a gente tem que dar um jeito de nunca dormir zangado um com o outro.

Entrevistador:

Vocês falaram e explicaram tudo o que vocês quiseram, do jeito, até um pouco cru, que vocês acharam que tinham de falar. Então ficamos por aqui, agradecendo...

João:

Que ficamos por aqui nada. Está faltando o principal e que eu acho que se esse programa pode ser legal para alguém, principalmente para os jovens como nós, deve ser falado. Trata-se do nosso amor.

Entrevistador:

Voce tem razão, João. Essa é uma parte importante porque diz respeito aos sentimentos, à parte afetiva da relação homossexual. De qualquer forma talvez a gente tenha que cortar alguma coisa para não estourar o tempo do programa, mas se voce puder ser bem objetivo eu agradeceria.

Pedro:

Agora eu vou falar mais do que o João, porque eu sou mais sentimental do que ele, segundo ele vive dizendo, o que é uma puta mentira porque ele é o cara mais meloso que eu conheço...

João:

Voce conhece algum outro cara meloso? Se conhece me apresenta. Se ele for mais bonitinho do que voce, vai ser festa.

Pedro:

Ha, ha, ha. Fazendo o gênero ciuminho na televisão? Fica frio, não existe ninguém mais para mim, nunca existiu nem vai existir. Mas vamos à história. Em matéria de tesão não tem nenhum maior do que o que rola com a gente. Em matéria de carinho também não. Nós nunca fomos de agarramento na frente dos outros, de ninguém, gay ou hetero. Temos uma porção de amigos. Têm alguns que sabem do nosso caso, outros que sabem mais ou menos mas não perguntam nada e, finalmente, outros que não sabem de nada.

João:

Mas que depois desse programa vão ficar sabendo.

Pedro:

Entre eles o seu irmão que finge há anos que não sabe de nada, apesar de já nos ter visto abraçados no seu quarto. Mas que eles se danem. Se não nos agarramos na frente de ninguém, nem nos damos as mãos nem mesmo em festa gay, quando estamos sozinhos nos agarramos muito, o tempo todo, fodendo ou não fodendo. Um dia o João me fez uma pergunta que eu de cara não saquei o sentido. Depois de uma foda especialmente gostosa e tesuda, quando estávamos deitados de mãos dadas recuperando o fôlego, o João me perguntou: “Pedro, o que é que voce sente quando goza?” Eu não entendi e respondi: “Um troço muito gostoso, como não tem nada parecido no mundo. Por que voce está perguntando isso?” Ele me respondeu: “Eu não estou falando de troço gostoso, claro que gozar é gostoso. Eu estou perguntando se voce não sente mais alguma coisa, principalmente em relação a mim. Com voce é só gozo, esporrada legal e pronto?” Eu aí entendi e falei para ele: “Quando eu gozo, especialmente quando eu estou metendo e mesmo quando eu estou dando para voce e me punhetando, eu sinto vontade de te abraçar, de guardar voce dentro de mim. É isso o que eu sinto. Aliás isso foi ficando cada vez mais forte. Hoje em dia é só eu me lembrar de voce, esteja eu em qualquer lugar, até em jogo de futebol, que eu sinto a mesma coisa.” Ele retrucou: “É isso o que eu sinto, por isso que eu perguntei. Antes eu queria te apertar quando gozava, mas isso agora é o tempo todo. Eu acho que rolou amor entre a gente. Amor mesmo, de verdade. Aliás eu acho que a gente sempre se amou, desde garotinho, mas só agora é que a ficha caiu.” Quando o João falou isso eu senti uma coisa esquisita. Voei nele e abracei e, pela primeira vez, chamei o João de ‘meu amor”. Não conseguimos foder mais naquele dia porque já tínhamos gozado nem sei o numero de vezes, tínhamos feito tudo um com o outro, mas ficamos abraçados, eu sentindo o corpo do João grudado no meu, sentindo ele como se fizesse parte de mim. A partir desse dia a nossa atitude, um em relação ao outro, mudou um pouco. Passou a haver entre nós uma ânsia que não rolava antes, tínhamos uma fome e uma sede um pelo outro que não passava nunca. Aliás não passava está errado, o certo é não passa. É tesão, claro, mas é mais alguma coisa. Não queríamos ficar um longe do outro. Isso era foda porque a gente não morava junto, dormíamos nas nossas casas porque morávamos com as nossas famílias. Mesmo assim tinha noite que eu acordava doidão de saudades e telefonava para o João, só para ouvir a voz dele. Até que entramos na faculdade, o João um ano antes do que eu. Posso dizer que esse ano foi foda. Ele na faculdade e eu no colégio. Claro que a gente continuava transando como antes, mas a maior parte do dia a gente não se via e isso era duro, muito duro. Quando eu começei o meu curso dei a idéia da gente morar junto. Digo morar mesmo, termos a nossa casa. Isso não seria problema porque apesar da gente ainda não trabalhar, como ainda não trabalhamos, eu herdei uma boa grana da minha mãe o que me dá uma vida bastante confortável se eu não fizer besteira. Aliás tenho que fazer uma correção. No começo do programa voce disse que a gente morava no campus. Isso não é correto, a gente mora perto da faculdade.

João:

É verdade. Eu ia corrigir, mas acabei esquecendo. Moramos perto da faculdade, até porque nossa faculdade não tem campus. È meio longe para se ir a pé da nossa casa até lá, mas de metro é rapidinho, cinco minutos, no máximo.

Pedro:

Isso. Nosso apartamento é velhinho e pequeno: uma sala e um quarto conjugado. Na sala a gente tem duas escrivaninhas onde estão os computadores e o nosso material de estudo. Depois o nosso quarto. Aliás escrivaninha e computador é única coisa que não temos em comum, fizemos assim porque os nossos horários de estudo são completamente diferentes e assim um não incomoda o outro. O nosso quarto é uma graça. Para aproveitar espaço e não gastar o dinheiro que a gente não tem, fizemos uma decoração japonesa, vale dizer ele é todo forrado de tatame, esse de luta de judô, e a nossa cama é um colchão forrado. Nada mais. O armário embutido já tinha. Quando a gente se mudou eu pensei que aí sim, a gente ia poder mostrar um para o outro o quanto a gente se amava, sem nada para atrapalhar. Isso aconteceu de fato, como acontece até hoje, ficamos agarrados o tempo todo. Mas o nosso amor se revelou também de outras formas. Primeiro a questão da roupa. Nós tínhamos dito um para o outro que a gente sentia que punha um ao outro dentro da gente, ou seja, a gente fazia de jeito que a gente era uma só pessoa. Baseado nisso no dia em que levamos as nossas roupas, quando o João me perguntou que lado do armário eu preferia eu não respondi. Abri as minhas malas e as malas do João e tirei as nossas roupas de dentro, empilhando elas no chão. Misturei tudo e expliquei: “A partir de hoje ninguém vai ter roupa. Nós dois vamos ter uma roupa só.” É claro que isso só é possível porque a gente tem o corpo igual. Mas o fato é que eu não tenho uma camisa minha, ou uma calça, uma bermuda, um jeans, uma cueca, uma meia ou um tênis. É tudo nosso. Tudo muito arrumadinho, até porque o João tem psicose de arrumação. Mas é tudo nosso. Mesmo quando um de nós compra um troço novo, uma camisa por exemplo, quando eu chega em casa usa ela, mas só uma vez, depois ela entra para o nosso “acervo” comum. Já cansamos de usar uma mesma cueca, uma vez o João e outra vez eu, sem lavar. Quando isso acontece o João brinca comigo dizendo que está ‘usando’ o meu cheiro. Ia esquecendo. Tem uma coisa que a gente não divide: são os nossos uniformes do time de futebol porque os números são diferentes. Mesmo assim já cansei de chegar em casa e vestir a camisa suada do João. Adoro sentir em mim o suor dele, com o respectivo cheiro. Quando fazemos comida em casa - é raro, mas acontece - comemos num mesmo prato, com o mesmo talher, uma vez cada um. Dormimos abraçados todas as noites menos no verão porque é muito quente, mas isso a gente está quase resolvendo porque quase temos todo o dinheiro necessário para comprar um ar condicionado e aí vamos dormir abraçados o ano todo.

João:

Mas já cansamos de tomar suadouro porque a vontade de sentir um ao outro é maior do que o calor.

Entrevistador:

O tempo acabou, tem só mais um minuto de programa.

Pedro:

Tudo bem. Já estou acabando. Mas o troço que a gente mais curte é ouvir e ver o outro dentro da nossa casa. Eu explico o que é isso. Quando estamos em casa não ficamos pelados o tempo todo, mas dormimos invariavelmente pelados. Então não existe coisa mais do caralho quando a gente acorda de manhã. O que acorda primeiro se levanta com o maior cuidado para não acordar o outro, mas isso nunca acontece. Aí vai fazer café e traz para o outro, porque dividimos a mesma xícara. Eu ouço o João mexendo na cozinha, esquentando a água. Enquanto a água esquenta ele vai até o banheiro mijar. Então eu ouço o barulho do mijo dele. Aí eu não penso ‘o João está mijando” o que me vem na cabeça é: ‘ta saindo a primeira parte do nosso mijo’. Depois ele, ou eu, vai escovar os dentes, fazer a barba, tomar banho. Nessa hora ou eu espero na cama ou vou no banheiro e enquanto ele faz uma coisa eu faço outra. Normalmente é isso o que acontece porque a gente quase sempre acorda atrasado para ir para a aula, mas nos fins de semana eu espero ele acabar. Então é isso o que eu quero explicar. Quando o amor atinge o nível que o da gente atingiu, não nos amamos só fodendo, ou se abraçando, ou nos beijando ou nos dando as mãos. Nos amamos também nesses pequenos gestos, nesses pequenos ruídos que fazemos, os quais dividimos que nem dividimos os nossos corações. Obrigado.

Entrevistador:

Então ficamos por aqui. Agradeço a vocês dois o depoimento que vocês deram. Boa noite.

Narrador:

Quando acabou teve uma surpresa: todos no estúdio aplaudiram. Teve mesmo um cameraman (gay, claro) que enxugou uma lágrima.

Nota:

Esse programa nunca foi ao ar. Quando acabamos eles nos deram um DVD com o programa. É a única cópia que existe e é ela que eu transcrevi acima. Eu sabia que o programa nunca iria ao ar com toda aquela sacanagem que eu tinha falado. Eu fiz de propósito, porque eu não ia confessar aquilo tudo ao vivo e a cores. Apesar de ser gay e amar o Pedro com toda a força do meu coração, eu não sou burro. João.

FIM

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Comentários

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Ciano. Gostaria de trocar uma idéia com voce. O meu endereço é youngdad@terra.com.br

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Comecei a ler seus contos semana passada. Já li todos. Esse aqui é o último. Espero que você não demore muito a publicar o próximo.

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Este ó tipo de relacionamento homoafetivo que a maioria de nós, homossexuais, desejamos. Quisera todos pudéssemos usufruir um relacionamento assim. Embora fictício, o conto é de uma belza e de um realismo a toda prova. Parabéns!

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bom, acho q não preciso dizer que sou um fã seu, porquê já devo ter dito antes.... (não me lembro exatamente) srsr, mais eu adooorei esse! seria muito feliz se tivesse um irmão como você ou como o guto, mesmo que não transássemos. o carinho entre vocês é algo extraordinário! nota 1000000000000!

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Ainda bem que você voltou...

P.S.: Se sumir de novo eu me suicido, viu?

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mandei o link do conto para o tweeter, para os tuiteiros ver que vc arrasa!

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Otimo, some de novo não tá?

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Muito bom o conto, está de parabéns.

Continue escrevendo contos como esse, pois vai seguir um caminho muito bom.

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