O começo

Um conto erótico de Julian
Categoria: Homossexual
Contém 1738 palavras
Data: 16/05/2010 03:31:39
Última revisão: 01/05/2013 14:30:53

Ser adolescente não é fácil, e escola é uma odisséia onde cada dia tem que ser sobrevivido. Agora some a isso ser gay, isso torna o fato de ser adolescente insuportável.

Chamo-me Julian e estou no 3º ano do ensino médio. Troquei de escola esse ano, está sendo difícil se vocês querem saber, mas vou sobreviver a mais isso.

Meus pais são separados, minha mãe é médica ginecologista e meu pai é gerente financeiro de uma metalúrgica, eu moro com ele. E essa e mais uma complicação na minha vida, vocês já imaginaram acordar de manhã e dar de cara com uma mulher estranha na cozinha? Pois é, isso acontece comigo quase todos os domingos, mas prefiro aturaras conquistas do meu pai, a aturar o marido chato e convencido da minha mãe.

Como disse antes, eu troquei de escola e foi ai que começaram os problemas para mim. Para começar me separei do meu melhor amigo, o Kauê, depois conheci o Pedro, que é o garoto de quem eu gosto desde o começo do ano letivo.

Só que para vocês entender isso, vou ter que contar a minha história, então ai vai:

Eu sempre soube da minha homossexualidade, acho estranhas as pessoas que dizem que descobriram aos 13, 14 ou 15 anos porque eu sempre soube, e acho que quem é gay sabe, pode não aceitar, mas sabe que é. Enfim, minha primeira relação aconteceu com o Kauê, sim ele foi o meu primeiro, e foi muito diferente do que eu leio nesses contos onde dizem que sentem um prazer absurdo e algo quente lá dentro. Eu não senti nada disso, senti foi muita dor, quase morri de dor, mas muita dor mesmo, tanto que nunca mais transei com o Kauê, hoje somos apenas amigos.

No fim do ano passado minha mãe resolveu ir morar com o então namorado dela, eu resolvi não ir, ela chorou, implorou, disse que se eu não fosse ela não iria. É claro que minha vontade era dizer “não vai então e eu fico”, mas eu não poderia fazer isso ele é um idiota completo, mas ele ama ela, e ela ama ele.

Então eu vim morar com meu pai, disse para a minha mãe que seria bom eu passar um tempo com ele, apesar de ter minhas duvidas se ele pensava da mesma forma. Ele me recebeu mesmo assim, e para ser sincero, hoje acho que ele, do jeito dele, gosta de eu estar aqui. Meu pai é o estereótipo do homem heterossexual, desorganizado, o que sabe de tudo, o machão que pega todas as mulheres.

Comecei a estudar na escola do bairro que meu pai mora. Como sempre trocar de escola é uma droga. No meu primeiro dia eu queria morrer, mas foi ai que conheci o Pedro. Eu estava sentado em um banco, durante a hora do recreio, sozinho e entediado torcendo para chegar a hora de ir para casa.

Havia crianças menores correndo e brincando e os maiores estavam jogando bola, o Pedro era um deles, as meninas conversavam em um canto, ou fingiam que conversavam, pois na verdade acho que estavam de olho nos garotos jogando bola, e eu estava lá, com aquela cara de taxo sem saber para onde ir, nem o que ou com quem falar. Quando de repente levo uma bolada em cheio na cara e um mar de sangue começa a jorrar do meu nariz, eu tento estancar o sangue com a mão, mas não consigo, nisso vem o Pedro pedindo desculpas, com uma cara de desesperado. Pegou a minha cabeça e ergue e estancou o meu nariz com sua camisa, eu sabia que não era correto erguer a cabeça, pois minha mãe é médica e uma vez ela me disse que o correto no caso de hemorragia nasal é apertar as narinas com os dedos polegar e indicador em forma de pinça. Nessa hora tinha umas 30 pessoas a minha volta, a inspetora veio e levou nós para a sala do diretor, eu afastei a mão do Pedro e fiz o que tinha aprendido com minha mãe e logo o sangramento diminuiu e parou de vez.

Estávamos Pedro e eu na sala do diretor, ele me olhou e perguntou se eu estava bem, se estava sentindo alguma dor, eu disse que estava bem, que não sentia nada demais. Então ele olhou para o Pedro e disse que ele já havia falado que não era permitido jogar bola no recreio pois poderia acontecer justamente o que aconteceu comigo, Pedro com a cabeça baixa pediu desculpas, mas mesmo assim o diretor colocou ele de castigo depois da aula, e eu me senti culpado, mesmo não tendo culpa nenhuma.

No outro dia fui caminhando para a escola, pois meu pai estava atrasado para o trabalho não pode me levar, então resolvi guardar o dinheiro do taxi que ele havia me dado e ir andando. Estava pensando no que havia acontecido no dia anterior, pensava como o Pedro foi gentil, como o rosto de preocupado dele era lindo e como teria sido o castigo.

Quando cheguei na escola vi que ele estava parado no portão, ele me encarou eu desviei o olhar e passei sem dizer nada, ele me chamou e pediu desculpas, na verdade ele disse “ ai cara, foi mal por ontem”, eu simplesmente fiz um sinal afirmativo com a cabeça e dei um “sorriso de Mona Lisa” e continuei o meu caminho.

O segundo dia já foi melhor, por causa da bolada que eu levei muitas pessoas vieram falar comigo, me perguntaram coisas e eu respondi e assim começou o meu novo circulo de amizades na nova escola.

Durante o recreio me afastei um pouco dos interrogatórios, queria ficar um pouco só, isso era algo bem característico de mim, o Kauê sempre diz que eu sou anti-social, não sei, talvez eu seja mesmo. Enquanto eu estava lá no meu tão esperado momento de solidão o Pedro chega sorrindo de forma desajeitada, me ofereceu um pouco de refrigerante que estava tomando, eu recusei dizendo que não tomava refrigerante, o que é uma verdade, nunca gostei. Ele me pergunta como estava o meu nariz, ele disse que na hora pensou que tinha até quebrado, eu disse que já estava tudo bem, me levantei e disse que tinha que ir, nisso o sinal do retorno as salas de aula soou e eu segui para dentro.

O Pedro havia me desconsertado, eu não sabia como falar com ele, tinha medo de deixar transparecer o sentimento que começava a crescer dentro de mim por ele, algo tão forte que sentia meu coração bater na garganta quando ele estava perto de mim, o jeito dele me encantava, ele não era lindo de morrer, não fazia o gênero modelo, mas estava longe de ser feio, tem 1.75 metros de altura eu creio, uns 6cm a mais que eu, e os olhos da mesma cor que os meus, castanhos. Acho que isso é a única coisa que temos em comum, ele tem a pele bronzeada de quem joga futebol, a minha é branca como leite, os cabelos dele são cacheados em um tom de castanho claro, os meus são liso e castanho escuro, ele tem um jeito expansivo e alegre, eu sou discreto e retraído, ele adora esportes, eu prefiro ler e navegar na rede, ele tem o rosto receptivo, iluminado e divertido que ficava ainda mais bonito quando ele sorri e mexe em seus cachos, o meu sempre com um aspecto de triste mesmo quando estou feliz, e com leves olheiras que dão um tom sombrio ao meu rosto. Mas o que eu não sabia é que tínhamos mais uma característica em comum, ou quase isso.

Na saída, para o meu espanto, lá estava ele no portão, parado. Perguntou-me se poderíamos ir juntos, pois o meu trajeto era o mesmo que o dele até certo ponto, fiz um sinal afirmativo com a cabeça e seguimos lado a lado.

Um silêncio constrangedor dominou os primeiros 20 minutos de caminhada, então do nada ele me pergunta a idade, com quem moro e se tinha namorada, respondi a todas de forma breve. Então me pergunta o que estava achando da escola, e assim foi nossa conversa, ele perguntando e eu respondendo até chegar ao ponto de nos separarmos. Ele me convida para ir a casa dele, eu fiquei assim, pois imaginei o que isso significaria. Então ele me olhou e disse “eu não mordo não cara, e não vai ter bola lá, [risos]”. Então fui.

Uma casa bonita a dele, nada de muito luxo, normal, mas muito bonita. Ele morava com os pais, ambos estavam trabalhando. Me ofereceu água, tomei, me ofereceu algo para comer, recusei. Ele era um garoto legal, sabia conversar, tinha algo a acrescentar, ao contrário de muitos por ai.

Conversamos, conversamos e conversamos, até chegar o pai dele, ele me apresentou como um colega de escola, e pai me cumprimentou de forma cordial. Eu resolvi ir para casa, disse que estava na minha hora, estávamos na sala e seu pai no banho, ele me disse que adorou a visita e disse que gostaria muito se repetisse. Eu fui para casa pisando nas nuvens de tanta felicidade.

Assim os dias se passaram, e eu e o Pedro nos tornamos amigos, ele já havia ido a minha casa, estávamos nos conhecendo. Num desses dias lá em casa, ele começou com uma conversa que eu achei que nunca iria acontecer, ele me perguntou se eu era virgem. E fingi não ouvir, ele insistiu, balancei a cabeça de forma negativa. Ele me perguntou de já havia transado com garotas, eu corei e não respondi nada, e ele riu e disse que sabia a resposta. Nessa hora eu gelei, pensei que ele iria me humilhar, pensei que iria me despreza. Ao invés disso ele sentou ao meu lado e disse que ele já havia transado com mulheres, e com um cara. Eu não acreditei, não sabia o que dizer, nem o que fazer, acho que amarelei, vermelhei e pretiei. Ele desajeitado e encabulado, me deu o meu 1º beijo de amor, eu já havia beijado o Kauê, mas entre nós nunca houve amor, respeito, amizade e sinceridade sim, mas amor nunca. Ficamos nos beijando e depois nos olhando, sabíamos que havíamos começado algo, mas não sabíamos bem o que, e nem no que isso implicaria...

Para quem quiser manter contato: yukito.tsu@hotmail.com

[continua]

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Comentários

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Obrigado, é ótimo saber que você gostou!!!

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Você escreve muito bem, cara! Parágrafos, acentuação,pontuação, tudo certinho e , além de tudo, muita imaginação e realismo misturados.

Dá gosto ler...

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Ótimo conto.... escreve super bem, e já que tem a continuação vou lah'' ler. 10

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maravilhoso gostei muito mesmo. parabens...

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Vc escreve bem, continue.....

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