Reuniões, 10: Dor e falta de amor

Um conto erótico de Anjo
Categoria: Heterossexual
Contém 1052 palavras
Data: 12/05/2010 13:07:24
Última revisão: 12/05/2010 13:49:58

Continuação da série Reuniões e você somente o entenderá na íntegra se ler os anterioresREUNIÕES, SOB O LUAR DO SERTÃO - Dor e falta de amor

A bem da verdade devo confessar que não queria vir, mas a felicidade de Carmem era tamanha que fiquei com medo de estragar seus planos. As fazendas do papai são bem maiores e mais atrativas que essa, mas lá em Minas não existem os atrativos que encontrei cá. Sei que essas férias ficarão marcadas para sempre em nossas vidas...

(Impressões iniciais de João)

Angustias de Flávia

9º Dia

Meu sono tem atrapalhado o pessoal e a mim própria. Já perdi o banho na piscina da nascente, hoje não fui ver o Ataliba e o tio Julio tirar leite.

Estava deitada em uma rede na varanda da casa grande e quando o grupo chegou conversando animados e Isabelle correu ao me ver.

- Mana tu perdeu o passeio de novo – me abraçou e sinto o aroma de leite mugido – O tio Julio nos deu leite tirado na hora, é doce e não tem gosto de leite – sorria alegre por mais essa descoberta.

Larissa não está com o semblante pesado, como de costume. Também sorri e me abraça.

- Pôxa gente! Como é que vocês saem e me deixam aqui de castigo, sem fazer nada?

- Ora mana! Tu dormes mais que urso no inverno? – respondeu Isabelle.

- Menina! Tu perdeu a oportunidade de me ver ordenhando...

- E quase derramando o leite do canjirão – grita sorrindo Silvia que entra na casa abraçada com Cíntia. As duas estão cada vez mais ligadas.

Nat nos observa sorridente, para ele toda essa euforia é fruto do desconhecimento da vida no campo.

- Hei prima! Finalmente tu levantou... – acena para mim.

Acompanho o primo puxando dois cavalos para o estábulo onde retiramos as selas, os arreios e Nat monta a pêlo em Sarita, vou na garupa abraçada a ele.

- Passei a noite toda sonhando contigo, primo... – resolvo falar quando soltamos os animais na quinta, ele passa o braço por meu ombro e me puxa.

- Conta o sonho!

- Foram pesados – replicou com seriedade.

- E?

- Sonhei que tu me fodias de todas as maneiras possíveis...

- Pode ter sido por causa do que aconteceu na lagoa – fala baixo.

- É... Pode ter sido isso – falo sorrindo pensando se conto que estava acordada ontem, quando ele foi a minha cama de manhã. Resolvo não falar, outro dia talvez.

- Fui salva por um dedo... – dou um empurrão nele e saio correndo.

Ele me persegue e alcança no campinho de futebol. Atira-se em minha direção fazendo com que caísse na grama e rolamos abraçados rindo. Pára e deitado em cima dele, estamos ofegantes pela corrida e, quiçá, pelo contato de nossos corpos.

- E o que achou dos sonhos? – pergunta.

- Como assim?

- Assim mesmo! O que esses sonhos deixaram em tua mente! – saio de cima dele, deito de bruços pensativa e demoro bastante antes de voltar a falar.

- Primo eu não tenho boas recordações na seara do sexo... Não sou virgem, perdi minha virgindade quando tinha quatorze anos com um primo, sobrinho de mamãe – deixo escapar um suspiro forte. – Foi na casa dele em umas férias que passei em Salvador – paro e as imagens terríveis dançam em minha mente, Nat silencia me olhando nos olhos.

- Já devem ter te falado que tenho um sono muito pesado. Eu fiquei hospedada no quarto de minha prima, que é bem mais velha que eu. Naquele tempo ela tinha por volta de vinte e oito a vinte e nove anos e numa sexta feira saiu para uma festa com o namorado e eu fui dormir só – a lembrança daqueles momentos de desespero e dor me fazem parar de falar, faço uma longa pausa. – Acordei com uma dor infernal entre minhas pernas. Era ele que se aproveitou de meu sono e me estuprou – não suporto e de meus olhos saltam lágrimas, soluço. – Fiz o maior escândalo, gritei com todas minhas forças e meus tios vieram correndo e ainda viram o Gerson em cima de mim tentando tapar minha boca.

Sinto ainda a pressão desesperada de Gerson tentando abafar meu desespero, as lágrimas não são mais poucas, meu soluço impede que continue falar. Os gritos indignados do tio e da tia ainda ecoam em minha mente.

- O tio bateu muito nele e o denunciou para a delegacia da mulher e o expulsou de casa. Ele disse que não colocara um monstro no mundo, e que se o Gerson fizera isso comigo, bem poderia atacar qualquer pessoa da casa. Me levou para o hospital onde fiquei internada por dois dias com minha vagina dilacerada – choro forte com soluços convulsivos.

O primo senta e me abraça aninhando meu corpo ao seu. Apoio a cabeça no seu obro e continuou a chorar sem parar.

- Os médicos tiveram que reconstituir parte de minha vagina, pois a violência foi tão grande que me rasgou por completo – choro mais um pouco e endireito o corpo enxugando as lágrimas.

Nat estava chocado e não consegui falar nada.

- Fiquei traumatizada por muito tempo e mamãe me levou para um psicólogo amigo dela. Fiz tratamento até o ano passado, mas eu queria ser uma mulher normal e no carnaval voltei a fazer sexo, só que dessa vez porque eu queria. Foi com um amigo da escola que sabia do meu drama – olho em seus olhos tentando ler seus pensamentos. – Eu pedi a ele que mantivesse relação comigo, ele não queria, mas eu insisti e fizemos. Foi tudo normal, houve até sangramento com o rompimento do hímen – não sei porque falo tudo, mas tenho que me abrir com alguém e ninguém melhor que Nat que tem sido atencioso e carinhoso. – Ele foi muito legal e carinhoso comigo, continua sendo um grande amigo e não voltamos a nos relacionar...

- Puxa Flavinha... Eu não sabia disso... – fala consternado.

Fica abraçado a mim por muito tempo, suspiro com leveza e busco sua boca beijando docemente esse cara que tem sido a tábua de salvação de todas nos.

Nat sente o gosto salgado de suas lágrimas e o hálito doce de sua boca. Afasto o rosto e fixo sério dentro de seus olhos.

- E essa agora, querido primo...

- Que foi agora?

- Sentir o teu dedo em minha xoxota foi o máximo... – levanto correndo e vou direto para a casa grande, estão chamando para o almoço.

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