A Mulher Impossível - Conclusão

Um conto erótico de Sátiro
Categoria: Heterossexual
Contém 1125 palavras
Data: 15/01/2009 18:42:52

Aguardei com apreensão o retorno de Daisy, das férias, pois, sendo colega de trabalho e superior a mim, não sabia qual seria sua reação. Pois ela retornou no dia marcado,saudou a todos com “ bom dia”, abraçou e beijou todo mundo, aquela alegria que ocorre nos locais de trabalho, que é no mais das vezes, algo formal. Estava bronzeada. Me cumprimentou discretamente como sempre fazia, apesar de perceber algo no olhar. Também pudera, mas isso só foi perceptível por reparar bem e estar atento. Ninguém mais percebeu nada. Trouxe um álbum de fotos das férias que circulou entre os colegas. Como sempre, ela jamais aparecia sequer de maiô. Suas vestes mais ousadas eram bermudas, mesmo nas praias do nordeste!

Imaginei quando ela falaria comigo, se falaria. Talvez fizesse de conta que nada havia acontecido e eu quase desejava isso. Mas num momento, no retorno do almoço, em que haviam poucas pessoas no setor, ela me chamou a sua mesa. Sentei-me a sua frente e começamos a conversar, em voz baixa e discreta, como se eu fizesse um relatório normal de minhas atividades enquanto ela estivera fora. Então, empertigada, queixo erguido, de modo profissional, colocando as duas mãos sobre a mesa, ela começou a falar:

- Sabe "seo" H. Acordei naquela manhã com o toque do celular. Estranhei, pois não me lembrava de ter posto para despertar. Então me dei conta de que estava vestindo apenas uma calcinha e isso nunca me acontece... Então vagamente me dei conta de alguma coisa que havia ocorrido.. Tinha dor de cabeça, a boca amarga... certas partes de meu corpo estavam pegajosas e percebi um certo cheiro... Também notei uma ardência em certa parte de meu corpo...lembrei-me vagamente do sr., que levara minhas malas até o hotel e, tudo me fugiu.. Percebi o que havia acontecido e me desesperei! Tive uma crise de choro e odiei o sr.! Meu primeiro impulso foi contar tudo pra meu marido! Depois pensei em denunciá-lo por abuso! Mas, felizmente, me dei conta que nada daquilo resolveria ou teria eficácia.. Aliás, só complicaria. Felizmente, sou centrada nesse aspecto.. Afinal, tudo estava feito e eu tinha de decidir o que fazer para não me complicar mais ainda...

- O sr. sabe que sou casada com meu primeiro homem, que sequer tive outros namorados... Após a primeira crise, corri ao banheiro e tomei um longo banho e então me surpreendi que gostara muito, que aquilo tinha sido algo muito prazeroso e que o sr. não era culpado. Não me forçara, apenas me induziu a beber, o que qualquer homem sedutor faria.. E o sr. foi muito cuidadoso, apesar de eu achar que não me ama, que apenas quis efetuar uma conquista amorosa e teve méritos ao conseguir.. o sr. é homem inteligente e educado e não forçou, apenas me seduziu e eu me deixei seduzir, inconscientemente....

Fez uma pausa, como se pensasse no que dizer, juntando palavras. Prosseguiu:

- Seo. H: O sr. realizou uma fantasia de adolescência, que jamais pensei que viesse a ocorrer... Se o sr. reparar em minhas mãos, vai notar que minhas unhas são grande, com exceção do dedo médio.. Desde pequena tenho uma sensação estranha ao tocar “aquela” parte de meu corpo. Me deixa tonta, fora de si! Quando “faço” com meu marido – é sempre no escuro e semi-vestida, de camisola - , fico por cima e sem que ele veja, manipulo “lá atrás”! Isso não ocorre sempre, pois ele gosta de ficar sempre por cima. E ele odeia que eu faça isso, pois, segundo ele, é coisa de puta, de mulher à toa... A razão de ele não querer que eu beba, é que sempre que isso ocorreu, eu ficava insistindo pra ele por “lᔠe ele ficava furioso.. Por isso, me proibiu de beber, no que acho que ele está certo, pois deseja o melhor pra mim.. É um bom homem, honesto. E o sexo não é a coisa mais importante, é só um detalhe e o que tenho me satisfaz, não completamente, mas me basta, pois muito disso é só fantasia.. E eu sonho, satisfaço minhas fantasias... Uso o dedo médio e me basta!....

- Por isso, ali no banho, eu pensei tudo isso e também pensei que foi muito gostoso o que o sr. me proporcionou. Ainda sinto arrepios reais quando me recordo do seu beijo “naquele” lugar! Uma sensação nunca sentida! Arrebatador, eu ouso dizer. Mas foi uma experiência única. E justamente por ter sido única, jamais voltara a acontecer! Não sei como consegui disfarçar para meu marido não perceber nada. Tomei um longo banho, escovei muito a boca, chupei balas e drops... Mas o mais dificil foi ocultar a ardência que ficara lá “atrás”... Doía, mas era uma dor gostosa.. Mas já era uma coisa saudosa, como se tivesse sido um sonho...

- Sendo assim, sr. H., quero vos dizer que gostaria que fizéssemos de conta que nada aconteceu.. Sei que o sr. é homem educado e discreto, que jamais abrirá a boca para ninguém. Foi duro pra me conter, mas aprendi que certas coisas a gente deve guardar a sete chaves dentro de nós!

- ...quero que saiba que não guardo nenhuma mágoa do sr.... Me proporcionou algo que no fundo foi bom.. O sr. foi generoso e cuidadoso.. Fez bem em ter saído. Não consigo imaginar minha reação se tivesse acordado e o tivesse a meu lado! Provavelmente faria um escândalo, acordaria o hotel inteiro – nesse momento abriu um sorriso irônico.

- Mas, voltemos a ser os colegas que sempre fomos, ok?

Eu estava meio pasmo com tudo aquilo, mas resolvi fazer o jogo dela, por segurança e minha própria proteção, quiçá dela própria. Tinha sido muito bom foder aquela mulher inacessível por muitas razões, mas creio que o revival talvez já não fosse tão interessante. Eu agira como um cafajeste, isso é certo. Porém, não lhe queria mal e se fiz o que fiz, foi porque lhe deu prazer. Aliás, quando me refiro às mulheres, me conta mais o prazer delas que o meu.... Ou: o prazer delas é o meu, que se torna apenas um acessório na relação. Forçando uma certa timidez, que ela encarou com o mesmo sorriso irônico, pedi “desculpas” pelo incomodo causado e voltei para minha mesa de trabalho, que fica diante da dela.

Dali por diante, evitava encara-la diretamente, mas quando o fazia, pensava o que ocultava toda aquela roupa fechada, todo aquele formalismo.... E por vezes, vislumbrava uma ironia em seu rosto, que jamais percebera antes... Ou será que existia e eu que não via? Por vezes, tenho a sensação de que aquela polidez toda era somente a máscara que tentava cobrir o verdadeiro vulcão que aquela quase beata carrega dentro de si, que basta um sopro – no caso um copo de bebida, para explodir.

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Comentários

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Gostei, muito bem escrito!

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