Jogos de Adultos - Capítulo 2

Um conto erótico de valdenide
Categoria: Homossexual
Contém 9795 palavras
Data: 19/11/2008 20:44:10

RENAN

Após dez anos o trabalho de um delegado de polícia da narcóticos torna-se um verdadeiro marasmo. A excitação de prender traficantes, de tirar das ruas essa gente podre que torna o mundo um lugar pior para se viver acaba muito rápido.

Quatro anos depois eu já não me importava mais se quem eu prendia era um viciado mauricinho ou um aviãozinho que trabalha numa favela qualquer. Todos para mim, agora, têm a mesma importância, ou seja, nenhuma. Não me importo com quem vai chegar aqui algemado, preso em flagrante, acusado de vender maconha na porta de escolas, ou pastilhas em raves. Apenas mando o escrivão fazer o boletim de ocorrência e torço para que o maldito delinqüente suma da minha cadeia o mais rápido possível. Me tornei um mestre na arte de delegar, e meu trabalho vai muito bem. Passo a maior parte do meu dia focado em uma única investigação, aquela que unicamente me interessa e que pode ser fundamental para o meu futuro. E hoje, inesperadamente, as coisas começaram a caminhar.

18:00 PM.

Um casal entra na minha sala acompanhados de três policias da PM.

Os policiais foram chamados pelo dono de um motel, ele pedia ajuda porque o casalzinho em questão estava quebrando tudo o que havia dentro do quarto em uma discussão digna de celebridade hollywoodiana. Mas quando os policias invadiram o quarto, os pombinhos estavam nus, abraçados na cama e dividindo duas raias de cocaína.

Mais uma chateação no meu dia. A prisão de dois merdinhas que vai atrasar a minha ida para casa. Logo agora, que falta apenas quatro minutos para eu ir embora. Mas resolvo, vou fazer mais esse flagrante.

19:00 PM.

O rapaz, 27 anos. Chama-se Marcos. Distribuidor do maior traficante de drogas sintéticas do Brasil. O mesmo cara que investigo arduamente, que batalho feito louco para prendê-lo em flagrante e assim, finalmente, ser promovido à porcaria de Secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo.

A namoradinha cocainômana tem vinte anos. Chama-se Lívia. Ao que parece não sabe nada da profissão de seu namorado. E ao me dar o número do seu irmão para avisá-lo de sua prisão, quase caio duro, pois constato que essa piranha vadia é a irmã-problema do Leandro.

19:45 PM.

É a décima quarta chamada que faço para o celular do Leandro e pela décima quarta vez só dá caixa-postal.

Filho da puta de merda!

Por que não deixa essa porra de celular ligado?

19:49 PM.

Decido que vou para a casa do Leandro esperar por ele lá.

Depois de um ano que estávamos juntos eu mandei um chaveiro fazer uma cópia para mim da chave da casa dele, uma espécie de precaução para um dia se algo viesse a acontecer.

20:37 PM.

Entro na casa do Leandro. Tudo do mesmo jeito. Nada fora do seu lugar. Conheço este lugar tão bem quanto as pessoas que moram aqui. Só para ter certeza de que ele não está em casa vou até seu quarto e me deparo com ele vazio. Nem sinal daquele merda por aqui. Então vou ao quarto da piranha, para assim quem sabe descobrir algo mais sobre o seu namorado distribuidor de ICE.

O quarto dela, ao contrário do quarto do irmão, está quase inabitável tamanha a bagunça, mesmo assim remexo em algumas coisas, mas não encontro nada relevante. Só acho espalhado por todos os cantos pontas de cigarro. Além de piranha é também uma porca.

21:17 PM.

Um dos meus investigadores me telefona me dizendo que conseguiu persuadir o tal de Marcos e ele forneceu o número da placa do carro do seu patrão, além do modelo e cor do veículo, algo que eu já sei de cor há pelo menos quatro meses. Meu investigador diz ainda que ele está disposto a aceitar a delação premiada, que é aquela putaria que dá ao criminoso uma redução na sua pena caso ele colabore na investigação com informações sobre quem realmente quero prender.

22:25 PM.

No quarto do Leandro, ando de um lado para outro sem saber o fazer. Já liguei para ele mais umas nove vezes e continua dando na mesma merda de caixa-postal. Vejo pendurada em um cabide no canto do quarto a toalha dele, pego-a, cheiro e imediatamente meu pau fica duro. Abaixo minha calça e começo a bater uma punheta com muita vontade.

22:29 PM.

Gozo muito, e me limpo com a toalha daquele putinho de merda.

22: 58 PM.

Deitado na cama do Leandro, caio no sono.

03:29 AM.

Acordo subitamente. Ouço um barulho de carro vindo da rua. Deixo a luz apagada. Me levanto e abro a janela com cautela para não ser visto, e para minha surpresa vejo parado lá embaixo um carro que me é muito familiar. De repente, Leandro desce dele rapidamente e entra no prédio. Em choque, fecho a janela e deito-me na cama novamente fingindo dormir.

03:31 AM.

Leandro me balança e eu finjo acordar. Finjo que não reconheço onde estou e quem é ele. Mas segundos depois, ainda fingindo me recompor, me levanto da cama já gritando com ele:

__Será que você pode me dizer em que merda de lugar você se meteu?!!!!

Ele sem jeito e visivelmente com medo fala baixo:

__Eu fui à uma festa com o Rafael na casa do namorado dele.

Minha cabeça dá uma volta. Em segundos começo a ligar os pontos soltos e tudo faz um sentido absurdo. Sento-me na cama e olho para o chão, Leandro sem saber como agir e o que dizer me pede desculpas. Em seguida levanto-me e vou ao banheiro sem dizer nada, e ele senta-se onde eu estava.

03:36 AM.

Saio do banheiro com tudo já planejado.

Mas antes lavei o meu rosto e me olhei por quatro minutos no espelho, e nesses minutos tive uma revelação, entro no quarto pronto e acompanhado.

Eu e meu plano.

Um plano talvez ainda meio cru, mas tenho que iniciá-lo agora mesmo, caso o contrário pode ser que depois seja tarde.

Me preparo para ter a conversa mais difícil que já tive com Leandro.

Ele está ainda sentado na cama, com a televisão ligada em um volume baixo. Quando entro no quarto ele me olha com uma cara que me dá pena, pego o controle remoto da mão dele e desligo a TV. Ele não fala nada.

__Por que você tem celular se ele nunca está ligado?

__A bateria acabou quando eu estava na rua, eu não tenho culpa por isso.

__Sabe por que eu tentei te ligar por tantas vezes?

Ele balança a cabeça dizendo que não.

__Porque a sua irmãzinha problema está presa na minha delegacia.

Ele quase tem um troço. Se levanta fazendo inúmeras perguntas. Quer saber detalhes. Tudo o que aconteceu. E eu vou lhe dizendo aos poucos os motivos que levaram à prisão de Lívia.

__Mas agora vem a melhor parte.

__O que é, Renan?

__O namoradinho da sua irmãzinha com quem ela foi presa é simplesmente um dos distribuidores do maior traficante de drogas sintéticas do Brasil. Responsável inclusive pela distribuição daquela droga chamada ICE, aquela que tem vitimado várias pessoas ultimamente.

Percebo que ele quer chorar, mas se esforça para evitar que as lágrimas caiam.

__Lívia não sabe que o namorado é quem ele é. Ela apenas pensa que ele é um aviãozinho de um traficantezinho de merda qualquer, por isso, ela não está tão encrencada. Existe algo que pode ser feito.

__O quê, Renan? Me diz.

__Um acordo.

__Qual?

__Sente-se, Leandro.

Ele se senta e eu me sento ao lado dele. Seguro sua mão.

__Hoje tudo veio à tona, todas as verdades, e a prisão da Lívia de certo modo pode trazer alguns benefícios. O tal traficante para quem o namorado da sua irmã trabalha é simplesmente o mesmíssimo cara que namora seu amigo Rafael e que te trouxe em casa hoje à noite. Ele, Marcelo, que na verdade se chama Vicente, é o cara que tento incessantemente pegar há quase um ano. É o cara que se eu conseguir pegar será meu passaporte para o cargo de Secretário de Segurança Pública, e não só isso, será muito melhor ter esse cara preso do que solto por aí juntamente com as drogas dele. Eu vou precisar de você para conseguir pegar esse sujeito.

Percebo que Leandro está em choque, mas mesmo assim continuo minha fala, expondo para ele todos os detalhes do meu plano.

__Fiz um acordo com o Ministério Público, se você concordar em me ajudar vamos simplesmente arquivar o caso da Lívia e ela será liberada ainda amanhã. E para me ajudar você vai ter que fingir que nada sabe a respeito da verdadeira profissão do namorado do Rafael e se infiltrar o máximo possível na vida dele, para assim, você tentar descobrir o máximo de coisas possíveis a respeito desse cara. Preciso saber tudo. Tudo, porque minha intenção não é simplesmente prendê-lo. Eu quero um flagrante. Um super-flagrante, para atrair a atenção de toda a mídia. Eu preciso da sua ajuda, Leandro.

Ficamos em silêncio por uns dois minutos, até que ele diz:

__Por que você está fazendo isso comigo?

__Eu não estou te fazendo mal, Leandro. É você que tem a oportunidade de ajudar a fazer o bem para algumas pessoas. Se você decidir em fazer o que te peço, você não estará ajudando apenas sua irmã, mas o Rafael também, você vai afastar um bandido da vida dele, você vai ajudar a tirar esse cara da sociedade, você vai me ajudar a ser promovido e eu vou te assumir de uma vez se isso acontecer.

Ele não resiste e chora. Eu o abraço.

04:16 AM

Estamos deitados na sua cama. Abraçados. Vestidos. Não trepamos, apenas ficamos assim, abraçados e em silêncio.

__Eu tenho medo, Renan.

__Eu jamais te colocaria em uma situação de risco. E você só fará coisas que eu decidir que podem ser feitas. Você seguirá minhas instruções, e por enquanto, só terá que sair com eles, acompanhá-los aos lugares, só terá que fingir ser um amigo como outro qualquer.

__Eu preciso pensar melhor.

__Pois pense.

__Você não vai embora?

__Hoje eu vou ficar aqui com você.

Ele me abraça forte e eu retribuo.

07:23 AM.

Acordo com Leandro chupando meu pau. Estou nu e sei que ele me despiu. Ele também está nu e me chupa com uma vontade absurda. Suga meu pau como se fosse a última coisa a ser feita no mundo. Lambe minhas bolas, coloca-as em sua boca. Tenta enfiar todo o meu pau em sua boca, não consegue. Mas não desiste, continua tentando. Começa a me masturbar com seus lábios. Gozo.

Gozo na sua boca e ele engole tudo.

Ofegante, puxo-o para mim e o abraço. Beijo sua boca e sinto meu gosto. Por isso continuo excitado, sensação clichê, eu sei, mas ainda assim prazerosa. Continuamos a nos beijar. Vou chupando seu pescoço e chego aos seus mamilos que sugo um de cada vez. Ele delira. Meu pau continua duro, pulsando e por isso viro-o de costas. Ele fica de quatro e meto fundo. Forte. Rápido. Ele geme alto e pouco me importa se ele está pedindo para parar. Vou bombando com mais força a cada estocada. Seguro-o pelo cabelo e sigo metendo.

07:43 AM.

Gozo dentro dele e caio esgotado sobre seu corpo. Ficamos assim por um tempo, eu por cima dele e ainda com meu pau na sua bunda. Ele sentindo meu peso sobre suas costas.

08:56 AM.

Estou parado no meio da sala, Leandro em pé e abraçado à mim.

__Preciso saber o que você decidiu, Leandro.

Ele fica em silêncio por alguns segundos e enfim, para o meu alívio responde:

__Eu faço o que você me pediu. Mas por favor, Renan, não deixe nada me acontecer.

__Jamais deixaria. Eu agora preciso ir. Assim que Lívia for liberada eu lhe telefono para avisar. E eu venho aqui à noite para começarmos a decidir como agir.

Nos beijamos. Ficamos abraçados por um tempo. E então eu vou embora.

Desço as escadas rindo.

As coisas finalmente começam a dar certo para mim.

E tenho certeza que muito em breve não mais terei que ir todos os dias para aquela merda de delegacia.

RAFAEL.

É possível alguém estar apaixonado por uma pessoa em apenas três semanas de relacionamento?

Acho que sim.

Dizem até que a tal da paixão à primeira vista existe de verdade e que não é algo exclusivo nos enredos de novela das seis.

Eu duvido um pouco disso. Apaixonar-se por alguém na primeira vez em que o vê é no mínimo uma forçação de barra. É impossível. Acho sim, que é provável sentir uma atração súbita por alguém na primeira vez em que o vê, mas daí apaixonar-se...

O fato é que em três semanas, quase completando quatro, eu estou absolutamente apaixonado por Marcelo. Um sentimento tão forte que me dói às vezes, juro. E o pior de tudo é que esse sentimento me causa um medo absurdo quando sequer imagino a possibilidade do Marcelo, de repente, não querer mais nada comigo.

Às vezes sou um tanto patético.

O ser mais piegas do universo.

O último bastião do romantismo gay no planeta.

Talvez por ser canceriano, podem dizer. Só que não acredito nessas bobajadas astrais, mas confesso que sempre que posso leio meu signo no jornal.

Não sou um cara promíscuo, acho até que se um dia o matrimônio gay for aprovado no Brasil eu é quem vou inaugurá-lo. Quero alguém para amar. Amar para sempre.

Logo na primeira semana que comecei a sair com Marcelo ele se mostrou um cara interessante e interessado em mim. Saímos todos os dias, cada dia para um lugar diferente, lembro-me muito bem.

No primeiro dia fomos ao cinema assistir ao novo filme do Gus Van Sant.

No segundo dia fomos à um barzinho e depois trepamos no apartamento dele.

No terceiro dia fomos ao teatro ver um musical americano pessimamente adaptado com o Miguel Falabela.

No quarto dia fomos para à Blue Velvet e trepamos no escritório dele.

No quinto dia fomos jantar num japonês e depois fomos para minha casa trepar já que meus pais viajavam.

No sexto dia ficamos rodando de bar em bar até às quatro da manhã e depois trepamos dentro do carro no estacionamento do prédio dele.

No sétimo dia, bem, no sétimo eu fiquei em casa descansando, assim como fez Deus quando criou o mundo.

Meus pais viajaram e mais uma vez estou sozinho, coisa que quase nunca acontece, por isso, ligo para Marcelo com a intenção de convidá-lo para vir até aqui. Mas seu celular está desligado e na sua casa ninguém atende.

Por isso, apenas por isso começo a imaginar coisas que não gostaria de estar imaginando, como por exemplo, ele comendo alguém na sua king-size.

Merda.

Sentado no sofá resolvo tomar uma lata das várias cervejas que estão na geladeira. No som, só para me sentir um pouco pior do que já estou toca um cd do Lou Reed.

Satellite's gone up to the skies

Things like that drive me out of my mind

I watched it for a little while

I like to watch things on TV

BUM BUM BUM* Satellite of love

BUM BUM BUM* Satellite of love

BUM BUM BUM* Satellite of love

Satellite of...

Há um certo masoquismo nisso, querer ouvir música triste quando se está melancólico. O que faz as pessoas agirem assim? O que me faz ser parte dessa categoria deprimente de pessoas que querem ouvir mais uma vez a mesma música que há segundos quase me fez chorar?

E chorar por que, ora bolas?

Só por que o cara com quem eu tenho saído nas últimas semanas não atende a merda do telefone?

E se ele simplesmente não pode atender porque está em uma reunião de negócios já que ele é um empresário?

E se ele simplesmente não pode atender porque a bateria do seu celular acabou e ele está preso em um engarrafamento monstro na marginal?

E se ele simplesmente não pode atender porque foi vítima de um assalto e neste mesmo momento em que penso idiotices como esta ele agoniza jogado em uma calçada escura?

Então, só para me sentir um pouco pior do que já estou ligo mais uma vez.

Deixe sua mensagem após o sinal.

__Eu te amo. Onde você está? Me liga depois. Se possível ainda hoje. Tchau. Beijo.

E agora sim, sou uma triste figura.

Mas para dizer a verdade acho que nunca fui diferente disso que sou agora. Sempre fui isso, o que acontece é que nunca estive nesta situação, de gostar tanto de alguém, e agora me vendo assim com esse ineditismo todo, conhecendo essa minha faceta até então escondida em algum ponto obscuro da minha alma, aceito-me...

Estúpido.

Apaixonado.

Latino.

Patético.

Abro mais uma cerveja e aproveito esse meu impulso alcoólico que me tirou do sofá e troco o cd por algo mais animado. Algo que não me ajude a pensar em morrer só porque vou ficar um dia sem falar com o homem que eu amo. Então, à caça de algum cd que me tire dessa vigília amorosa remexo a estante onde estão os meus duzentos e quatro cd's. Cd's que comecei a comprar quando tinha catorze anos e que ao vê-los entre os cd's que comprei na semana passada me fazem ter vergonha de mim mesmo.

Quando vejo Britney Spears ao lado do Nirvana penso que desonrei a memória do Kurt Cobain por um longo tempo, mas corrijo esse erro e coloco ele ao lado do Pearl Jam. Já a pobre da Britney coloco em um lugar aonde ele já deveria estar há muito tempo: no lixo.

Continuo procurando algo para ouvir e ao mesmo tempo desfazendo injustiças. Outra grande foi ter colocado Celine Dion junto com Legião Urbana, os rapazes de Brasília não mereciam isso.

E o que dizer então de ter colocado Jota Quest junto do meu adorado White Stripes? Para reparar esse crime a banda brasileira terá de fazer companhia para Britney.

Continuo meu exercício de reparação de danos e vou separando duplas improváveis que não deveriam ter se cruzado nesta estante de jeito nenhum.

Cristina Aguilera e The Killers.

Avril Lavigne e Bjork.

Detonautas e Norah Jones.

Chiclete com Banana e Placebo.

Marjorie Estiano (juro que não comprei esse, me deram de presente) e Wilco.

Então, seguindo essa lógica de separar o que é bom do que é merda, continuo minha tarefa.

Ao final, percebo que mandei outros vinte e quatro "artistas" fazerem companhia para Britney Spears e Jota Quest no providencial cesto de lixo que temos perto do barzinho.

Abro outra cerveja, aquela vontade de chorar vai dando lugar para um outro tipo de sensação, uma que me acomete sempre que começo a ficar embriagado.

Tesão. Excitação. Pau duro.

Pego um cd do Duran Duran e coloco Come Undone para tocar.

Uma vez chupei um cara dentro do carro dele enquanto tocava essa música, e aquilo é uma das lembranças mais excitantes que tenho guardada até hoje na minha memória. Não sei se pela música, ou se pelo cara ser muito gostoso, ou se ainda pela sensação de perigo que a situação envolvia. Mas o fato é que sempre que quero me excitar de verdade basta eu me lembrar daquele dia que meu pau imediatamente dá sinal de vida. Agora, com o acompanhamento da música nos meus ouvidos e do álcool no meu sangue é só uma questão de tempo para eu gozar no tapete da sala.

Nu, inicio minha punheta e praticamente posso ver a cena: eu abaixado no carro do cara chupando o pau dele na porta da minha casa às quatro da manhã.

Gozo. Mas não no tapete, e sim na minha barriga, e isso me causa certa irritação, pois agora terei que tomar um banho.

Mas antes vou terminar minha cerveja, essa que está pela metade ainda.

Bebo um gole e decido que está na hora do Duran Duran dar lugar à outro artista, mas artista de verdade e não aquela turma da Britney Spears que foi dar uma volta e nunca mais vai voltar.

Marisa Monte, não.

Diana Krall, não.

Bebel Gilberto, não.

James Morrison, não.

Cardigans, não.

REM, sim.

Seleciono Everybody Hurts e percebo que passei catorze minutos sem pensar no Marcelo. Mas basta a voz do Michael Stipe soar nas caixas de som para meu coração apertar novamente e aquela vontade desgraçada de chorar, de morrer, de sumir voltar a me atacar sem piedade.

Entro no banheiro e ligo o chuveiro.

Talvez a água quente alivie um pouco a dor de amar tanto alguém.

MARCELO

Eu não sou apenas dono da Blue Velvet. Eu tenho também, digamos, uma outra profissão, mas isso não vem ao caso agora. Este é um assunto para outra hora.

Quando Leandro desceu do meu carro daquela maneira brusca e me deixou falando sozinho eu senti uma tremenda raiva dele. Até pensei em bater na porta de sua casa e obrigá-lo a me ouvir, porque, afinal de contas, eu não quis dizer aquilo que ele pensou que eu disse. Muito pelo contrário, jamais seria capaz de me desfazer de alguém assim, julgando-o pelo lugar onde vive. Fui pobre um dia, e comportamentos idiotas assim não fazem parte da minha natureza.

Mas Leandro não perde por esperar.

Ele vai ouvir o que eu tenho para lhe dizer. E vai ser ainda hoje.

Não compreendo muito bem o que comecei a sentir desde ontem à noite no Café Hollywood. Algo estranho o que sinto quando penso em Leandro e no seu mau-humor. Nas suas atitudes anti-sociais. Nas suas respostas antipáticas. E no seu sorriso falso. E o que sinto quando penso nele e nessas suas características é algo totalmente paradoxal ao o que eu realmente deveria sentir que é raiva, desprezo, indiferença. O correto neste caso seria eu simplesmente não querer vê-lo tão cedo novamente. Mas ao contrário disso, me dirijo neste exato momento até a livraria em que ele trabalha com a desculpa esfarrapada de comprar um livro.

E momentos depois...

Entro na livraria, que é muito grande por sinal, e disfarçadamente tento encontrá-lo.

Vejo-o parado atrás de um pequeno balcão vendo alguma coisa no computador. Aproveitando que ele se encontra sozinho, me aproximo. Sua surpresa ao me ver é tamanha que chego a pensar que ele vai ter um troço.

__Boa noite, Leandro!

Quase gaguejando ele responde:

__Boa noite!

__Você está ocupado ou pode me ajudar a encontrar um livro?

__Eu estou ocupado.

Digo à ele que o seu gerente mandou que eu pedisse sua ajuda. Ele olha para os lados desconfiando que esteja mentindo, o que é verdade, e depois de alguns segundos decide me atender.

__O que você procura?

__Na verdade eu não quero um livro específico. Quero a sua ajuda para encontrar algo bom. Um para mim e um outro para presentear uma pessoa.

Ele suspira e faz uma cara entediada. Minha vontade é de lhe dar uma porrada, mas nem em um milhão de anos eu teria coragem de fazer isso.

__E que tipo de literatura você prefere?

__Não tenho uma predileção específica. Estou aberto a todo tipo de sugestões.

Ele começa a andar por entre as prateleiras e eu o sigo. Seu mau-humor é visível para quem quiser ver. Eu tento não me estressar com essa sua atitude e continuo sorrindo, o que parece deixá-lo ainda mais puto.

Paramos diante de uma seção de Clássicos Estrangeiros.

Ele pega um livro e me mostra.

__Que tal A Metamorfose?

E antes que eu diga alguma coisa ele mesmo responde:

__Melhor não, Kafka pode ser uma leitura difícil para você.

__Já li, quando estava na sexta série. Sugira outro.

Ele põe Kafka na prateleira e continua procurando outro livro.

Sem olhar para mim ele continua com seus ataques verbais que já começam a ficar patéticos e suspeitos.

__Dostoievski? Cerebral demais, não é? Você deve estar querendo algo menos complicado, se possível com gravuras.

Rio, juro, achei isso muito engraçado.

__Que tal Virginia Woolf? Talvez muito intimista, melhor não.

Fico apenas observando-o. Sorrindo e notando que por eu não me irritar ele é quem fica irritado.

Ele pára de procurar livros na prateleira e olha para mim.

__Sinceramente Marcelo, não sei o que te sugerir. Talvez algo de gosto mais popular? Que tal Harry Potter? Eu sei, meio infantil. Então poderia ser um Paulo Coelho? Ou quem sabe a auto-biografia de alguma ex-prostituta? Me diz, o que prefere?

Observo-o por alguns segundos e digo:

__Você ganha comissão?

__Não é do seu interesse.

__Tudo bem, então busque para mim duas cópias do último livro da Fernanda Young que eu vou te esperar ali, naquele sofá. Ah, e peça para trazerem um café para mim, por favor.

Viro as costas para ele e me dirijo para o sofá.

Mas sei que ele me fuzila com os olhos.

Sei que às vezes sou meio escroto, como qualquer pessoa viva neste mundo, mas confirmar para mim mesmo que desejo Leandro não faz com que eu me sinta pior. O fato de ele ser o melhor amigo do Rafael pouco me importa, ainda mais agora, neste momento, em que constato que não desistirei do meu objetivo.

Uma moça bonita e simpática se aproxima e me serve um café ruim. Bebo apenas um gole e coloco a xícara na mesa que está diante de mim.

No som ambiente da loja começa a tocar uma música que tenho certeza estão tocando para mim. Parece até que foi selecionada para este meu momento, para me encorajar a seguir em frente neste meu plano que se resume em conquistar Leandro.

You Only Live Once do Strokes inunda o ambiente e em pensamento canto junto o refrão.

Oh don't don't don't

Get up

I can't see the sunshine

I'll be waiting for you baby

'Cause I'm through

Sit me down

Shut me up

I'll calm down

And I'll get along with you.

Ao final da música percebo o óbvio. Não quero apenas enrabar o Leandro. Quero-o para mim. Quero estar com ele. E mais uma vez na minha vida, me comportando feito um canalha, decido que Rafael será apenas uma boa lembrança. Um carinha muito bacana que eu conheci, mas que não me completou. Infelizmente.

Leandro se aproxima e me entrega os livros.

__Aqui estão! Mais alguma coisa?

__Na verdade sim. A que horas você sai?

Ele arregala os olhos, sem dúvida não esperava ouvir isso.

__Por quê?

__Leandro, eu até gosto de joguinhos, mas não estou disposto a continuar com esse que estamos jogando. Eu quero muito conversar com você, se possível ainda hoje.

Pela primeira vez hoje ele fala direto, sem pensar:

__Saio às vinte e uma horas.

__Eu vou te esperar na praça de alimentação.

Me levanto, deixo-o ali, e me dirijo para o caixa.

Às nove e quinze da noite estou no meu segundo chope quando Leandro se senta na cadeira diante de mim. Ele começa a falar que se atrasou um pouco por causa de um último cliente e eu lhe digo que tudo bem. Um garçom se aproxima e pergunta a ele se quer beber alguma coisa. Ele responde que não. Eu insisto para que ele beba algo.

Então ele resolve tomar um chope também. O garçom com uma competência extrema, em segundos traz o chope dele.

É então que ouço a pergunta que não gostaria de ouvir:

__Onde está o Rafael?

__Não sei. Não falei com ele hoje.

__Pensei que namorados se falassem todos os dias.

__Não somos namorados. E eu duvido que você fale todos os dias com o seu.

__Eu não tenho.

E eu sei que ele mente.

Uma estranha coincidência acontece e a mesmíssima música que eu ouvi há pouco toca novamente no som ambiente. Canto baixinho o refrão de You Only Live Once só para ele ouvir e ele reage assim:

__Você gosta do Strokes?

__Muito. E essa é minha música favorita deles, parece até que fizeram para mim.

__Eu também a adoro.

Começamos a conversar de uma maneira como nunca tínhamos conversado até então. Ele de repente se tornou o carinha mais gentil do mundo. Com um papo super-descontraído. Nem de longe parecendo aquele Leandro amargo de respostas secas.

Conversamos sobre amenidades. Ele sem perguntar o que eu realmente queria lhe dizer. Eu na minha insegurança quase adolescente, evitando o assunto, deixando-o para o final desse nosso momento único, em que cada sorriso dele me deixa ainda mais cheio de vontade e excitação.

Eu no auge dos meus trinta e cinco anos, com a mesma ansiedade de quando trepei pela primeira vez.

Uma coisa tão ridícula que quase rio disto.

Agora, dentro do meu carro.

Eu o levando para casa. Sua casa.

Eu tentando disfarçar minha ereção latente. Ele selecionando músicas no mp4 do meu carro.

A música escolhida: Everybodys Changing, do Keane.

Eu então sigo em baixa velocidade até que chegamos ao seu prédio juntamente com o final da música.

Ele olha para mim e sorri adivinhando o que eu quero:

__Eu sei que você ainda não me disse o que tem para me dizer. Então, se você quiser subir e tomar um copo dágua, porque é só isso o que tem na minha casa, por mim tudo bem.

__Ok.

É só isso o que eu consigo dizer.

LEANDRO

Renan me ligou à meia-hora dizendo que Lívia havia sido liberada e que mandaria um de seus policiais trazê-la para casa. A ansiedade começou a tomar conta de mim desde então, pensando em um milhão de coisas para lhe dizer. Mas quando ela entra pela porta da frente a única reação que tenho é partir para cima dela.

Agarro-a pelos cabelos e a jogo no sofá, em seguida começo a lhe esbofetear o rosto com uma vontade absurda.

__Sua vaca desgraçada!

São vários tapas, incontáveis.

E só depois de ver o sangue escorrendo no canto esquerdo da sua boca que minha fúria passa.

Chorando ela tenta entender o que acabou de acontecer.

__Sua estúpida! Idiota! Você é uma piranha idiota!

__Você ficou louco, Leandro?

Ela permanece acuada no sofá. Eu em pé diante dela, recuperando o fôlego que perdi com a seqüência de tapas que dei na sua cara.

__Você ficou louca! Mas eu só vou te dizer uma coisa. Tenha muito cuidado com o que você vai fazer da sua vida daqui para frente, porque da próxima vez eu não vou mover uma palha para te ajudar!

__E quem disse que você fez alguma coisa para me tirar de lá? Eu só saí porque o Marcos assumiu toda a culpa.

__Então é isso o que te disseram? Você não faz idéia do que eu estou tendo que fazer para que você saia livre dessa enrascada em que se meteu. Então tome muito cuidado daqui para frente porque eu estou lavando minhas mãos.

Pego minha mochila e saio, já estou atrasado para o trabalho. Mas uma coisa é certa, depois desses tapas que dei nela me sinto bem melhor. Pouco me importa se ela vai me odiar por isso, nossa relação já é a mais estranha possível, então, foda-se Lívia e todo o resto do mundo.

Um dia nunca é ruim o bastante, ele sempre pode se tornar pior. E o meu começa a dar sinais dessa transformação no momento em que vejo esse cara babaca, Marcelo, parado diante de mim justamente no meu trabalho.

O que diabos esse cara quer?

O que veio fazer aqui?

Depois de saber a verdade sobre sua pessoa chego a tremer por alguns segundos enquanto procuro uma merda de livro qualquer para ele.

Não sou idiota, por isso temo que sei muito bem o que ele quer. Ele quer me foder. Literalmente. Esse papo de comprar livro da Fernanda Young não me convence mesmo.

__Leandro, eu até gosto de joguinhos, mas não estou disposto a continuar com esse que estamos jogando. Eu quero muito conversar com você, se possível ainda hoje.

Ao ouvir isso, digo sem pensar que saio às vinte e uma horas. E eu não estou mentindo.

Antes de sair da loja entro no banheiro e pego meu celular. Ligo para Renan, ele precisa saber que esse cara me espera na praça de alimentação.

__Renan, apenas me escuta. O traficante, o tal Marcelo, está me esperando na praça de alimentação, ele quer conversar comigo. Eu estou um pouco nervoso, com um pouco de medo até.

Ele me diz que antes de tudo devo me acalmar e em seguida ir conversar com ele como se fosse uma conversa corriqueira, como se fôssemos amigos e nada de mais estivesse acontecendo. Ele ainda me diz que logo mais à noite me liga para saber como foi nosso papo.

Desligo e respiro fundo. Pego minha mochila e rumo para a praça de alimentação.

Bebo um chope e em seguida peço mais um.

No final do segundo, por talvez eu estar com o estômago vazio, e talvez também pela tensão que a situação me provoca, começo a sentir aquela agradável excitação que o álcool me causa. Neste momento, começo friamente a olhar Marcelo com outros olhos.

Reparo em sua beleza.

Na sua boca enquanto pronuncia cada palavra.

No seu cabelo cortado bem rente à cabeça.

Nas suas mãos grandes.

Na sua pele branca e levemente bronzeada.

Nos seus ombros largos e fortes.

Seus braços têm pêlos lisos e negros e por isso penso que talvez ele tenha o peito peludo também. Começo a imaginá-lo nu, é então que me flagro excitado.

Marcelo continua falando muito e eu perdido em meus próprios pensamentos.

E se eu de repente beijar esse cara? Só para provar para mim mesmo que não é só o Rafael que pode ficar com um cara desses. Eu também posso, isso é um fato. Ele está descaradamente a fim de mim, tentando me seduzir. E beijar esse cara, acho que pode ser no mínimo interessante.

Não sou hipócrita, sei que não devia sequer pensar isso, afinal, esse cara que está sentado na minha frente é o namorado do meu melhor amigo. Ao menos Rafael crê que o que eles têm é algo sério.

E esse cara, mega-traficante de drogas sintéticas. Eu sendo obrigado a fazer esse jogo duplo e perigoso que é me aproximar ao máximo do bandido para depois entregá-lo para a polícia.

Que loucura minha vida se tornou!

O efeito do terceiro chope começa a me fazer banalizar a delicada situação em que me encontro. O perigo iminente que corro. Penso que essa situação é quase novelística. Um perfeito enredo de novela da Globo, escrita pelo Gilberto Braga. Eu fazendo jogo duplo, sendo duas pessoas ao mesmo tempo, sendo o vilão e o mocinho, uma coisa meio Paula e Taís.

E ao me atentar para o absurdo das bobagens que estou pensando, não resisto, rio.

Marcelo não entende nada já que, creio eu, ele estava no meio de um assunto sério.

__Do que você está rindo?

Tento parar de rir, e só depois de um tempo consigo.

__Uma bobagem que estava pensando. Deixa pra lá.

__Adoro ouvir bobagens.

__Não essa.

__Ah, conta, vai.

__Uma outra hora.

No quarto chope percebo que já perdi o controle sobre minhas ações e minhas frases. Mas não consigo retomá-lo, então, deixo as coisas seguirem seu rumo.

__Eu sei que você ainda não me disse o que tem para me dizer. Então, se você quiser subir e tomar um copo dágua, porque é só isso o que tem na minha casa, por mim tudo bem.

Um beijo não é nada de mais. Um beijo apenas para provar para mim mesmo que também posso com um cara desses. Que ele não é exclusivo do merda do Rafael. Além do mais, eu amo o merda do Renan e não consigo esquecer isso nem com o meu atual estado etílico.

Abro a porta do meu apartamento e deixo ele entrar primeiro, em seguida entro e a fecho.

Jogo minha mochila num canto do sofá e me sento, ele se senta ao meu lado.

__Você mora sozinho?

__Não, com minha irmã, mas tenho certeza que ela não está em casa.

Silêncio constrangedor, mas eu o quebro:

__Marcelo, por que você não me diz o que tem para me dizer?

Ele me olha com profundidade e sorri.

__Eu quero muito você, Leandro. Sei que você pode pensar que isso não é certo já que eu estou saindo com o Rafael, mas o que ele e eu temos não é sério, ao menos não para mim. Então, bem, o que quero dizer de verdade é que quero ficar com você. É você que eu quero pra valer.

Eu fico perplexo, mas disfarço.

De repente minha embriaguez passa e eu fico completamente sóbrio. Eu queria dar um beijo no cara, pensando que ele queria apenas trepar comigo, e agora, bem, ele fala que me quer pra valer.

Algo sério.

Ele segura minha mão e eu tento dizer algo:

__Marcelo, eu não sei o que dizer. Tem o Rafael e eu me sinto mal quanto a isso.

Foda-se o Rafael, eu tenho é medo de me envolver com um cara como este. E só para reforçar mais uma vez para mim mesmo, lembro-me que amo o Renan.

__Mas Leandro, eu vou falar com o Rafael, amanhã. Deixa eu te mostrar...

Meu celular começa a tocar e eu peço um segundo para ele. Tiro o telefone do meu bolso e quando vejo o número do Renan no visor, fico apreensivo. Me levanto para me afastar um pouco de Marcelo e atendo:

__Alô!

__Beije ele!

__O quê?

Renan está sussurrando.

__Eu quero que você transe com este homem!

__Eu não estou entendendo.

__Leandro, eu quero que você transe com este homem hoje, agora!

Não posso acreditar nisto que o Renan está me dizendo. O que ele pensa que eu sou? Que porra está acontecendo? Como ele sabe que o Marcelo está na minha casa?

__Onde você está?

__Eu estou na porra do seu quarto, ouvindo toda a conversa de vocês. Você não pode perder esta oportunidade, o cara quer você. Vá com ele. Transem muito. Esta é a nossa grande chance, Leandro.

Me custa acreditar nisto tudo que estou ouvindo. Como pode estar isso acontecendo? Sinto uma vontade súbita de chorar. Desligo o telefone na cara deste imbecil que teimo continuar amando tanto.

Uma coisa é eu estar embriagado e dar um beijo no Marcelo, outra muito diferente é Renan me mandar trepar com ele.

Marcelo me olha sem entender o que aconteceu.

__Tudo bem?

Sem saber o que dizer balanço a cabeça dizendo que sim.

Mas daí então eu completo:

__Era a minha irmã. Ela está vindo para cá. E como ela é um tanto inconveniente, você não se importaria de irmos para outro lugar?

Marcelo sorri e eu quero morrer.

__Claro que não me importo. Vamos para minha casa.

Pego minha mochila e saímos do meu apartamento.

MARCELO

Agora sim começo a me comportar como um perfeito adolescente apaixonado.

Foi só o Leandro aceitar ir para minha casa comigo para eu ter a certeza de que a melhor coisa que eu podia ter feito, era realmente ter ido vê-lo na livraria.

Poucas, pouquíssimas vezes senti algo parecido por alguém na minha vida.

Não é paixão.

Claro que não! Não sou estúpido o bastante para acreditar em paixões à primeira vista. Esse é um tipo de coisa exclusiva para gente romântica, sonhadora, cancerianos e afins.

O que sinto, na verdade, é um prazer em ter a companhia dele. Uma empolgação por saber que ele irá comigo para minha casa. E quanto a transar, bem, transar será uma conseqüência da noite. Se rolar, perfeito. Se não, paciência.

Confesso, o que sinto por ele não é apenas tesão ou vontade de comê-lo, há muito mais aí, escondido, guardado dentro do meu peito. Mas sei que isso que sinto, sim, está muito perto de se tornar algo mais forte. Melhor dizendo, uma paixão.

Não tenho mais espaço para Rafael na minha vida, por isso faço questão de manter meu celular devidamente desligado, já que não quero estragar a noite com pesos de consciência tanto da minha parte quanto do Leandro. Sei que sou um canalha por isso, trocar um pelo melhor amigo do outro. Mas quem disse que é possível a gente controlar o que sentimos? Sei também que não sou um tipo de canalha premeditado, pelo contrário, sei que estou agindo de maneira desonesta para com o Rafael, que reitero mais uma vez é um carinha muito bacana e que em uma outra ocasião adoraria manter algo mais sério com ele. Mas a fascinação que Leandro me provoca me impede de seguir adiante com ele.

E tenho a plena certeza de que vou fazer de tudo para que Leandro fique comigo.

Ainda dentro do meu carro indo para minha casa noto que Leandro de repente ficou muito pensativo. Aquela sua desinibição de momentos atrás simplesmente desapareceu. Talvez ele esteja pensando em Rafael. Talvez esteja sentindo culpa por fazer o que está fazendo. Talvez. Mas não vou tocar neste assunto. Rafael neste momento é um tema broxante.

E para tentar afastar qualquer possibilidade de seu nome surgir em nossa conversa ligo o som e seleciono um cd que tem ao mesmo tempo a sensualidade e o romantismo que a situação exige.

Come Away With Me da Norah Jones.

É impressionante o poder dessa garota!

Já na primeira música, Don't Know Why, sinto que Leandro começa a se sentir melhor. Muito melhor, já que ele olha para mim e sorri. O sorriso mais lindo que alguém pode ter.

__Gosta de Norah Jones?

__É impressionante, Marcelo.

__O que é impressionante?

__Você sabe exatamente como seduzir alguém. Que música ouvir em que hora ouvir. Isso ajuda bastante e você sabe muito bem.

__Então você gosta de Norah Jones?

__Muito. Deste cd principalmente.

E agora sou eu que sorrio. O meu melhor sorriso.

Chegamos ao meu prédio.

Entro com o carro na garagem e o estaciono. Quando vou desligar o som ele pede:

__Me deixa ouvir essa primeiro.

__Eu tenho o cd lá em cima, podemos ouvir lá.

__Não, eu quero ouvir aqui.

Então Come Away With Me começa a tocar.

Ele não se mexe, apenas fica olhando para frente, concentrado, como se estivesse tento uma revelação ou algo parecido.

No som:

Come away with me in the night

Come away with me

And I will write you a song Come away with me on a bus

Come away where they cant tempt us

Eu olho para ele e seguro sua mão. Ele me surpreende se inclinando para o meu lado e me dando um beijo que eu retribuo.

O aperto contra meu peito.

O abraço com todo o carinho.

Ao final dou um leve beijo em seu pescoço. Ele me olha dentro dos meus olhos e sinto algo estranho com isso. Ficamos assim por uns trinta segundos, então, quebro o gelo.

__A música acabou. Vamos subir?

Ele apenas balança a cabeça. Saímos do carro e entramos no elevador. Por saber que ali há câmeras de segurança apenas seguro sua mão discretamente. Não dizemos nada. Parecemos dois estranhos, mas sei que ambos simplesmente não sabemos o que dizer neste momento.

Entramos no meu apartamento ainda de mãos dadas. Pego sua mochila e a coloco no sofá. Em seguida o abraço. Apenas o abraço. Ele retribui. Digo em seu ouvido:

__Quer beber algo?

__Quero. Mas eu mesmo vou preparar. E você põe uma música pra gente ouvir.

__Algo bom?

Ele ri e responde:

__Sim, algo bom. Mas não Charlotte Gainsbourg. Algo menos romântico e mais animado.

__Posso por minha nova paixão para tocar?

__E qual é sua nova paixão?

__Amy Winehouse.

__Boa pedida.

Ele me solta e caminha rumo ao barzinho para preparar sua bebida. Eu me dirijo rumo ao aparelho de som.

Enquanto seleciono Rehab, digo:

__Seja lá o que você estiver preparando, faça um para mim também.

Em seguida sento-me no sofá e em minutos ele vem com dois copos cheios.

__O que é isso que você preparou?

Ele senta-se ao meu lado.

__Cuba Libre.

Ele me entrega o copo e bebo um gole. Está terrivelmente forte. E olha que gosto de bebidas fortes.

__O seu está tão forte quanto o meu?

__Está mais.

Só para constatar bebo um gole do seu copo e confirmo que o que ele disse é verdade.

__Pensei que você fosse fraco para bebidas, Leandro.

__Eu sou. Mas a situação exige uma boa e forte bebida.

__É tão difícil para você estar aqui comigo?

__Pelo contrário, é fácil demais. Prazeroso demais, melhor dizendo. E a bebida forte é só para ajudar afastar um pouco o sentimento de culpa.

Entendo perfeitamente o que ele quis dizer e me sinto um pouco envergonhado por isso.

__Amanhã mesmo eu vou falar com o Rafael. Explicar que o que há entre a gente não é sério. E que o que há, não haverá mais.

Ele bebe um gole e diz:

__Não vamos falar do Rafael.

Em seguida me beija.

Passo minha língua por toda sua boca explorando cada canto. Ele a suga e em seguida ele enfia a sua na minha boca. Apenas esse beijo me deixa já com o pau duro, pulsando dentro das calças.

__Marcelo, você se choca fácil?

Fico surpreso com essa pergunta. Muito surpreso.

__Depende. Por quê?

Ele bebe mais um gole da sua bebida e me olha.

__Para te dizer a verdade eu hoje tive um péssimo dia. Ao menos até o momento em que você apareceu naquela porcaria de lugar que é a livraria em que trabalho. Tive uma briga terrível com minha irmã por motivos que não vem ao caso. Mas de alguma maneira você me fez sair daquele clima em que eu estava. O que estou querendo dizer e que na verdade estou enrolando, mas que me deixa meio sem jeito para falar porque afinal de contas eu ainda estou te conhecendo e não sei como você encara essas questões...

Eu o interrompo:

__Estou ficando apreensivo.

Ele ri.

__Não fique. Eu vou perguntar de uma vez. Bem, será que você não teria pó?

Meu queixo cai no chão tamanha é minha surpresa.

Por isso preciso confirmar se ele realmente quis dizer o que eu acho que entendi:

__Pó?

__É, cocaína.

Eu poderia pensar que até o Papa cheira cocaína, mas não o Leandro. Não ele com esse seu jeitinho careta de ser. Tudo bem, ele fumou maconha ontem na festinha aqui em casa, mas pó é outra coisa.

__Tenho, você quer cheirar?

__Quero, mas olha só, eu quero cheirar não para me sentir melhor na sua companhia ou para me dar coragem para fazer o que eu não vejo a hora de fazer com você. Se é que você me entende.

Apenas balanço a cabeça concordando.

Ele continua:

__Eu quero cheirar porque há séculos não faço isso. Porque hoje tive um dia de merda. Porque vai me ajudar mais ainda afastar qualquer resquício de culpa por estar aqui. E porque quero muito trepar com você.

Ele fala isso tudo e me beija novamente.

Nos beijando coloco nossas bebidas sobre a mesa de centro e em seguida me deito por cima dele no sofá.

Sinto meu pau babar dentro da cueca tamanho o tesão que sinto. Esfrego nele e posso sentir que Leandro também está excitado.

Quatro minutos depois me levanto de cima dele.

__Vamos para o meu quarto. Cheiramos lá.

Seguro sua mão e vou levando-o para o meu quarto.

Ao entrarmos no quarto nos beijamos novamente e mais uma vez esfrego meu pau duro nele.

Em seguida...

Ele está sentado na cama enquanto preparo duas carreiras em um espelho especialmente feito para isso. Pego uma nota de cem reais na minha carteira e a transformo num canudo. Entrego para ele.

__Primeiro você.

Ele cheira com vontade as duas carreiras.

Prepara duas para mim também e as cheiro.

Coloco o espelhinho com a nota de cem reais no chão perto da cama e começo a tirar minha roupa. Ele sentado na cama faz o mesmo.

Nu, vou até o aparelho de som e coloco o primeiro cd que encontro para tocar, que acaba sendo Mind Body & Soul da Joss Stone. Quando me viro para voltar para a cama Leandro está deitado e sorrindo para mim. Meu pau está pulsando e babando de tesão. Deito-me por cima dele e começamos a nos beijar alucinadamente. Vou beijando seu pescoço até chegar aos seus mamilos, sugo-os. Volto a beijar sua boca e agora é ele quem vai descendo. Beija os pêlos do meu peito e vai descendo até chegar no meu pau. Ele o põe na boca e quase o devora. Quatro minutos depois puxo-o para mim e beijo sua boca novamente. Viro ele e beijo suas costas, sua bunda e seu pescoço. Ponho ele de quatro e apenas com a baba que escorre do meu pau meto nele. Vou enfiando até que entra tudo. Ele geme muito e pede para que eu acabe com ele. Começo a bombar cada vez mais e mais. Enquanto isso ele se masturba. Sem tirar meu pau de dentro dele viro-o novamente e o pego de frango assado. Enquanto vou metendo cada vez mais fundo eu o beijo. Não demora muito e gozo dentro dele enquanto ele goza na sua barriga e no meu peito. Mantenho meu pau dentro dele e nos beijamos.

Digo:

__Essa foi só a primeira.

Ele diz:

__Eu sei, mas antes eu quero cheirar mais.

RENAN

A verdade é que eu me sinto mal com tudo isso.

Não me agrada nem um pouco a idéia de ter o Leandro na mesma cama com aquele cara. Sinto com isso um ciúme desagradável que me causa certo mal estar. Uma sensação de perda, que de certa forma não deixa de ser verdade.

A partir do momento em que exigi essa atitude de Leandro eu de certa forma o perco também.

Agora, ele não é apenas meu. É também daquele cara.

Imaginá-lo sendo enrabado por aquele sujeito. Imaginar esse Marcelo metendo nele e gozando com isso, quase me faz chorar. Não apenas por ciúmes, mas por raiva também. E por isso minha vontade de prendê-lo aumenta mais ainda.

Quero matá-lo!

Filho da puta de merda!

Matá-lo de maneira ainda pior do que as drogas que ele vende matam as pessoas.

Minha vontade é de torturá-lo. Por tudo o que fez e faz.

Por levar Leandro para sua cama.

Por fazer com ele o que somente eu tenho o direito de fazer.

Juro que esse cara irá pagar por isso. Por me obrigar a exigir algo tão abominável de Leandro, pois sei que para ele está sendo ainda mais difícil. Mas acontece que toda essa situação é um mal necessário. Preciso que Leandro faça isso por mim. Necessito da sua ajuda ou nunca conseguirei prender este marginal da maneira que quero prendê-lo. Não basta colocá-lo atrás das grades. Preciso tirar proveito desta prisão, ou jamais conseguirei chegar aonde quero chegar. Este é justamente meu medo. Tenho medo de que Leandro não entenda que necessito prender esse filho da puta para conseguir assim, talvez, uma nomeação do Governador.

Como disse, um mal necessário.

Todas essas conclusões me fazem constatar que, sim, gosto muito de Leandro.

Amo-o até.

Mas antes de tudo, penso no meu bem estar. No que me convém. Não posso por tudo a perder me expondo numa relação homossexual. Isso definitivamente não irá acontecer.

Assim que Leandro sai do seu apartamento com esse desgraçado do Marcelo eu espero cinco minutos e saio também. Sua irmã ainda não chegou. Ao que parece a piranha não aprendeu a lição.

Entro no meu carro sentindo uma grande angústia e em vão tento deixar de imaginar Leandro com aquele cara ligando o som, tentando assim, o consolo imediato de uma música qualquer.

Nada de cd's ou MP3.

Sintonizo em uma rádio qualquer que toca somente músicas de MPB.

Uma música do Milton Nascimento que não sei o nome toca.

Mas daí no momento do refrão dela eu me lembro do seu nome.

Caçador de Mim.

Arranco com o carro e rumo em direção à minha casa.

Dezoito minutos depois entro na sala e já sei onde Márcia está.

Vou até o quarto e abro a porta só para confirmar que ela está dormindo, devidamente sob o efeito do seu Lexotan. Fico olhando para ela por alguns segundos e pensando até quando isso vai durar. O pior é que não faço a mínima idéia. Fecho a porta e volto para a sala.

Olho no relógio e já passa da meia-noite.

Sento-me no sofá e ligo a TV. Enquanto assisto o jornal, fumo um cigarro e decido tomar uma dose de uísque puro sem gelo.

Fumo, bebo meu uísque e assisto a esta porra de jornal que não me distrai, pois continuo pensando no Leandro e naquele filho da puta que a esta hora deve estar enrabando ele.

Termino meu cigarro e o apago no cinzeiro. Decido tomar outra dose de uísque.

O jornal acaba e anunciam um filme que já assisti.

Um em que Charles Bronson vai em busca de vingança. Na verdade acho que todos os filmes dele são assim, por isso não sei se o que assisti foi realmente este.

Não tenho vontade de assistí-lo, por isso desligo a TV.

Acabo com o uísque e decidido vou para o meu escritório. Sei perfeitamente o preciso fazer para tirar, ao menos momentaneamente, Leandro e o filho da puta da minha cabeça.

Sento-me à minha mesa e ligo o computador.

Em minutos estou em um chat de sacanagens na internet.

Meu nick, bem, é o mesmo de sempre: MACHO CASADO.

Começo a teclar com um carinha que tem o nick GATINHO TEEN.

Em pouco mais de dez minutos combinamos tudo. Vou pegá-lo na esquina da sua casa em quinze minutos para que, como ele mesmo disse, "me fazer gozar como nunca".

Saio de casa tranqüilamente, já que Márcia nem sequer me viu chegar. E saio sem peso algum na consciência já, que minha esposa está dormindo dopada e Leandro dando a bunda para um filho da puta de merda. Acho que por isso, estou perdoado, se bem que pouco me importa questões como estas, ao menos enquanto meu pau estiver duro.

Pego GATINHO TEEN, que na verdade se chama Bruno, ao menos é o nome que ele me deu, e enquanto ando um pouco sem destino vamos conversando e chegando a um consenso do que realmente vamos fazer e para onde ir.

Bruno sem cerimônia muda a sintonia do rádio do meu carro, tirando da rádio que só toca MPB e colocando em uma que toca música eletrônica durante as vinte e quatro horas do dia. Um verdadeiro pesadelo. Não entendo como existem pessoas que dançam ao som de sirenes de incêndio achando que isso na verdade é música.

Assim que ele troca de estação eu seguro sua mão e a coloco sobre o meu pau. Entendendo o que quero, ele começa a massageá-lo.

Bruno não tem local, e eu não quero ir a um motel já que não quero demorar muito.

Vamos para o Autorama no Parque do Ibirapuera.

Paro o carro em um local tranqüilo. Desligo o motor, os faróis, e vejo vários outros carros que estão aqui pelo mesmo motivo. Abro minha calça e tiro meu pau duro, Bruno o segura e começa a me masturbar. Ele tenta me dar um beijo, mas eu desvencilho o meu rosto e apenas mando ele me chupar. Ele prontamente obedece.

Bruno deve ter no máximo dezenove anos e eu penso no que seus pais devem estar fazendo neste exato instante. Ele continua engolindo meu pau. Sugando a cabeça. Lambendo minhas bolas. Começo a gemer devido ao tesão que sinto. Ele não chupa igual ao Leandro. Ninguém chupa igual ao Leandro, mas ainda assim ele saber fazer a coisa.

Enquanto ele me engole todo eu enfio minha mão por dentro da sua bermuda e meto um dedo no seu cu. Ele parece gostar e geme também. Digo que quero comê-lo e ele fala que vai adorar.

Sento-me no banco do carona e abaixo minhas calças até os joelhos. Ele tira por completo sua bermuda e sua cueca. Bruno pergunta se não tenho camisinha e digo que não. Ele diz que também não e que tem receio por isso. De maneira firme digo a ele que sou casado e que não há com o que se preocupar.

Até parece!

Ele parece não se importar já que senta no meu pau e eu enterro tudo nele.

Bruno começa a cavalgar e eu mordo seu pescoço.

Gozo.

Gozo muito e dentro dele.

Permaneço um tempo com o pau dentro dele e ele fica abraçado a mim. Imediatamente lembro-me de Leandro e sinto algo estranho. Tiro Bruno de cima de mim e visto minhas calças. Ele tenta puxar conversa perguntando coisas triviais enquanto veste sua bermuda e eu sou monossilábico, pois a única coisa que quero neste momento é estar na minha casa.

Dirijo em direção à casa dele e parece que a mesma música toca desde que ele mudou de estação. É impressionante como essas músicas sempre parecem a mesmas.

Paro no mesmo local em que o peguei, mas antes dele descer eu o puxo para mim e lhe dou um beijo na boca. Enquanto faço isso penso em Leandro e imagino ele fazendo o mesmo com o desgraçado. Bruno satisfeito com o beijo desce do carro e eu imediatamente troco novamente a estação.

Uma música cantada por aquela menina, filha da Elis, toca e eu fico pensando que ela é tão talentosa quanto a mãe.

A música é um samba e ele faz com que eu me sinta um pouco melhor.

Entro em casa e a primeira coisa que faço é preparar outra dose de uísque, puro e quente. Sento-me no sofá e tiro a camisa. Sinto cheiro de porra vindo de dentro da minha calça e então acendo um cigarro.

Subo para o quarto e Márcia ainda está dormindo. Parece que está na mesma posição que estava da outra vez que entrei no quarto. Sei que ela não está morta, pois ainda respira.

Talvez fosse melhor se tivesse morrido. Talvez sim. Talvez não.

Entro no banheiro e tiro minhas calças e cueca.

Ligo o chuveiro e tomo um banho rápido.

Me seco.

Visto apenas uma cueca e deito-me na cama. Márcia permanece na mesma posição e isso me incomoda, não sei por quê.

Apago a luz do abajur e viro-me para o canto.

Não consigo deixar de pensar em Leandro.

É então que sinto uma vontade de chorar. Mas não vou fazer isso.

Não posso ser tão ridículo a ponto de chorar por outro homem.

valdenide

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive VALDENIDE a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

o texto é sensacional...pena que não consigo achar a continuação em lugar algum...

0 0