A magia do Abaeté

Um conto erótico de Daniel71
Categoria: Heterossexual
Contém 1910 palavras
Data: 19/06/2007 19:43:48
Assuntos: Heterossexual

“...a lua se namorando nas águas do Abaeté”

Dorival Caymmi

A MAGIA DO ABAETÉ

By Daniel

Eu estava passando por Itapoã. Engraçado, o último lugar de que eu tinha consciência de ter estado era a av. Chile. Nos últimos quilômetros, eu estava em outro mundo. Não conseguia tirar da cabeça a sacana da Dorinha. Três anos de paquera, gentilezas, conversas e nada. De repente, meu melhor amigo vem me dizer: 'Sabe quem é que está comendo a Dorinha?'.

Não, não sei, nem quero saber. Vou pegar meu Fusquinha e sair por aí sem destino. Quem sabe, tomar um bom porre?

— É isso aí, garoto, um bom porre. Nada melhor que um bom porre. Cachaça de Santo Amaro e bolinho de acarajé. De repente, você até encontra uma piranha. Nada como uma puta para esquecer outra...

Quem falou isso? Olhei para o lado e lá estava ele sentado no meu ombro, um diabinho todo de vermelho, com um sorriso safado.

— Vai fundo, garoto, só se vive uma vez.

Estava chegando no Abaeté. Parei num barzinho rústico com teto de sapê, montado na areia. Estava vazio. Atrás do balcão, uma negra gorda abriu um sorriso de trinta e dois dentes.

— Que é que vai ser?

— Me dá uma cerveja. Melhor, uma cachaça de Santo Amaro e bolinho de acarajé.

Engasguei no primeiro gole, depois começou a descer redondo. Rapidinho o acarajé apimentado acumulou com a cachaça e eu comecei a sentir calor. Pedi mais uma cachaça e disse que ia tomar lá fora, estava mais fresco.

Saí andando pela areia, sem rumo. De repente, levantei vôo. Tinha tropeçado em alguma coisa. Aterrissei de cara na areia.

— Desculpa, moço, eu estava distraída, não te vi chegar. Machucou?

Na claridade da lua, vi que era uma mulher, recostada na duna.

— Não foi nada, só que a bebida entornou. Vou pegar outra. Vem comigo? Quer tomar alguma coisa?

Ela não disse nada. Levantou-se e caminhou a meu lado de volta para o bar. As mesas eram fixas no chão, um banco de dois lugares de cada lado. Ela sentou num banco, eu fiquei em frente, no outro. Aí é que eu a olhei direito: loura oxigenada, corpo bem feito, mais ou menos da minha idade, um sorriso acanhado no rostinho bonito.

A gorda chegou até nós.

— Que é que vai ser?

Olhei para a garota.

— Uma Coca. Eu... posso pedir um sanduíche?

— Claro.

— E você, meu rei?

— Ahh... dá outra daquela.

Ela se afastou. Olhei para a garota. Muito atraente, parecia um tanto desconfiada.

— Você está sozinha aqui? Está muito elegante para um lugar como esse.

Ela vestia um tubinho preto bem decotado, meias rendadas pretas e sapatos de salto alto.

— Tenho até vergonha de falar, mas você foi tão legal... Meu namorado me largou aqui. Bem, não é exatamente namorado. Nós nos conhecemos há três dias, ele se mostrou muito gentil e hoje me convidou para ir a uma festa. Me arrumei toda e quando chegamos aqui, ele parou o carro e mandou eu tirar a roupa. Eu mandei ele tirar a roupa da mãe dele, não sou nenhuma vagabunda. Ele me pôs pra fora do carro e sumiu. Levou até a minha bolsa...

— Mas que sujo! Fazer isso com uma moça...

— Olha, não vou enganar, não sou nenhuma santa. Tenho vinte e um anos, sou bem vivida. Mas não ando dando pro primeiro que aparece com um carro importado e uma boa conversa. Tem de me tratar como gente...

— É claro...

— Eu nem me apresentei, meu nome é...

— Marina.

— Como é que você adivinhou?

— Eu tenho uma certa sensibilidade. Faz parte da profissão, eu sou escritor - "ta escrito na medalhinha pendurada no seu pescoço, sua burra" - Eu me chamo Luciano, tenho vinte e dois anos. Quer outro sanduíche?

— Prazer mesmo, Luciano. Não, obrigada, estou satisfeita. Mas se você quiser tomar outra, tudo bem.

Eu já ia dizer que ela devia estar cansada, eu a levaria para casa, quando senti um tapa no alto da cabeça. Era o diabinho. "Continuas um babaca, Luciano, com essa cara de bom moço. Como é que vais dispensar esse quindim? Come ela, otário. Senta do lado dela, cola nela, ela ta doida pra dar...".

— Não, acho que não vou pedir outra. Não sou muito de beber e, depois, a gente fica com um bafo de onça...

— Não estou sentindo nada...

— Deixa eu chegar perto.

Voei para o lado dela.

— Sopra pra ver se eu sinto... nada, não... chega mais perto... é, tem um cheirinho, mas quem disse que homem tem de ser perfumado? Homem que cheira muito bem, a gente desconfia... Chega mais perto, deixa eu cheirar de novo.

Minha boca estava a cinco centímetros da dela, ela sorriu e passou a língua nos lábios. Pousei a mão na sua nuca e nos beijamos. Que boca deliciosa ela tinha! Ficamos roçando língua durante muito tempo. Pus a mão no seu seio. Ela ameaçou puxar meu braço, mas desistiu. Era toda fofa, estava sem soutien e eu sentia o mamilo entre meus dedos. Não dava mais para a gente ficar ali...

— Dona, desculpe, não sei seu nome - falei à gorda no bar.

— Ana Maria, mas pode me chamar de Ana Preta. É assim que todos me chamam. Que é que vai ser agora? ta quente a coisa na tua mesa, não é? Fica à vontade, a casa ta vazia...

— Bem, é isso que eu vim falar... você não arruma um canto sossegado pra gente passar a noite?

— Tem meu barraco nos fundos do bar, com banheiro e tudo, mas você não vai querer que eu te dê a chave e ande três quilômetros na areia pra ir dormir na casa da minha filha, vai?

Botei duas notas de cinqüenta na mão dela.

— Vou.

— Olha o balcão pra mim, filho. Se entrar alguém, você atende. Vou lá atrás trocar a roupa de cama e arrumar toalhas limpas. Aquilo ta uma bagunçaO 'barraco' não era nenhum luxo, mas estava tudo muito limpo. Banheiro com chuveiro frio, vaso e bidê. No quarto, poucos móveis e uma cama de casal com lençóis limpos. Marina estava agarrada a mim o tempo todo, me bolinando. Pedi para me esperar, eu ia fazer xixi.

Na verdade, eu não estava com vontade de urinar, apenas queria um tempo para pôr as idéias em ordem. Ela era bonita, experiente e parecia muito excitada. Eu estava com medo. Chegar no quarto, encontrá-la nua, me chamando, me agarrando, com "aquela" cara de tesão. E se eu fracassasse? Não gosto de mulheres que tomam a iniciativa e essa menina estava pintando assim. Bom, o jeito é pagar pra ver.

Voltei ao quarto e ela estava sentada na beira da cama, ainda vestida, muito séria, com as mãos nos joelhos. Tive a impressão que ela estava tremendo. Será que ela estava arrependida? Eu ia perder aquela parada gostosa?

— Oi, Marina, alguma coisa errada?

— Sabe, Luciano, eu nunca vou para a cama na primeira vez que saio com um cara. Não é por frescura, não. É que primeiro eu quero saber com quem estou lidando, ter certeza de que não vou sofrer uma violência. Mesmo com essas precauções, você viu, hoje eu fiquei a pé...

— De repente foi pra melhor...

— É. Eu gostei muito de você, muito mesmo. E você beija tão gostoso, me deixou toda... você sabe como... você vai ser gentil comigo, não vai?

É, eu tinha mais é que cuidar dela, ela precisava confiar em mim. Meus medos desapareceram, puxei-a pelos ombros e nos abraçamos. Encostei a boca na sua orelha:

— Claro, amor. Não vai acontecer nada que você não deseje.

Passei a língua sobre seus lábios, que foram se abrindo e começamos a nos beijar, a principio com carinho e depois com luxúria. Num piscar de olhos, estávamos nus e enroscados na cama, as línguas passeando por onde alcançassem.

Ela me puxou para cima do seu corpo e abriu as pernas.

— Vem, amor, me come, assim, assim mesmo, eu quero tudo, ai, que bom, ai ai ai... pára... não, não pára não... Céus, que loucura, Luciano gostoso, eu já gozei duas vezes, você não quer? Goza, meu amor, goza dentro de mim, me encharca, assim... mmmmmmm que gostoso... aaaaaaaai...

E eu gozei.

Depois, abracei-a com muita força, beijei seu olhos, seus cabelos, seus lábios e ficamos colados. Ela mantinha as pernas cruzadas por trás de mim. Entre nós não passava nem pensamento.

Eu estava zonzo, de olhos fechados e Marina não parava de falar besteira no meu ouvido. Em baixo, sua vagina contraída aplicava uma massagem no meu pênis ainda semi-rígido.

— Que gostoso, meu amor, quando eu te vi, achei que você era o homem certo, mas não pensei que fosse tanto... mmmmmm... tem alguma coisa crescendo dentro de mim, acho que alguém quer me comer de novo, só de pensar já to gozando, mexe meu bem, mexe, me machuca, machuca mesmo, não tem pena da tua loura não...

Dez minutos depois, tentei me levantar.

— Vou tomar um banho, quer?

— Vamos não, amor. ta tão gostoso a gente assim melado...

Sem dúvida, eu precisava mudar um pouco meus conceitos de higiene. Ela tinha razão. Onde estava a sujeira? Não havia nada que precisasse ser lavado. Nós não estávamos sujos... Deitei a cabeça sobre seu ombro, a mão acariciando o seio. Senti os dedos dela afundando nos meus cabelos.

— Sabe, Marina, eu preciso te confessar, eu andei mentindo pra você.

— Não importa, vale é o que você mostrou, não o que disse...

— Bem mas eu tenho de contar. Eu não sou escritor coisa nenhuma, trabalho com eletrônica. Teu nome eu não adivinhei, li na tua medalhinha e... bem, sou um pouco mais novo do que te falei... eu... eu tenho dezenove anos. Marina... Meu bem, ficou brava comigo?

Ela tinha parado de acariciar meus cabelos. Devia estar zangada. Levantei a cabeça: ela estava dormindo, com um sorriso nos lábios. Sem dúvida, estava tudo bemAcordei dia claro. Pulei da cama e entrei debaixo do chuveiro e ela apareceu. Estava linda, não tinha aquela cara de mulher que acabou de sair da cama. Acho que eu estava ligeiramente apaixonado...

— Tem vaga pra uma nesse chuveiro?

Entrou, me abraçou e me sapecou um chupão na boca.

— To roxo de fome. E você?

— Também. Deixa eu te ensaboar... Levanta o braço, isso... vira de costas... pode desvirar... o umbigo, o peru... quanta espuma, ele gosta, ta se agitando...

— Mmmmmm...

— Meu gostoso, tem certeza que quer tomar café agora?Só entramos no bar duas horas depois. Tinha bastante gente. Ana Preta mostrou todos o dentes.

— E aí, meu rei? Gostou do barraco? Vocês devem estar com fome. Senta lá, esse problema Ana Preta resolve.

Estávamos indo para a mesma mesa de ontem quando ouvi chamarem meu nome. Olhei em volta. Nada mais nada menos que Dorinha, com seu namorado e mais um casal. Fiz um alô com a mão e seguimos em frente.

Ana Preta nos serviu um café que era mais um almoço. Depois, Marina se levantou para ir ao banheiro. Ela ainda não tinha entrado no toalete e Dorinha já estava de pé, a meu lado.

— Namorada nova, hein? Bonita... Pela roupa dela, vocês viraram a noite. Dormiram juntos?

— Pra te dizer a verdade, não deu pra dormir muito não...

Ela não perdeu a pose.

— Que bom pra você! Foi um prazer te ver, Luciano. Tchauzinho...

Virou as costas, deu três passos e olhou para trás:

— Tem tempo que a gente não sai junto. Liga pra mim amanhã?

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