Tira o olho da xoxota

Um conto erótico de Rafael Celluss
Categoria: Heterossexual
Contém 736 palavras
Data: 11/07/2006 02:43:27
Assuntos: Heterossexual

Sibele ficou assustada com Junqueira. Desde que ela se mudou para o prédio, ele nunca a cumprimentou olhando-a nos olhos, mas sim nos peitos e na xoxota. Como se tivesse visão de raio-x. Nisso já se vão oito meses. Junqueira, cuja vida particular era desconhecida por todos do prédio, conseguia sempre estar por perto quando a mulher andava ou na área comum do prédio ou na rua, na quitanda, na padaria, na farmácia...

E que mulher... Sibele é uma jovem secretária de pernas longas e coxas grossas. Ela tem uma bunda dura e empinada, que aparece mesmo em calças mais folgadas. Seus peitos não são nem grandes nem pequenos, mas devido ao conjunto todo lânguido e bronzeado, chamam a atenção. Loira, bem loira, e natural, não é difícil imaginar aquela xoxota com uma pelugem bem clarinha.

Uma vez comentou com uma amiga.

- Eu tenho medo dele. Parece aqueles maníacos de filme. A qualquer momento ele pode me atacar.

- Deixa, faz tempo que você não é “atacada”, né?

- Tudo bem, mas não por este homem. Ele é muito esquisito.

Um dia, no elevador, Sibele descia para ir ao trabalho. Era sete e meia da manhã. De repente, o compartimento parou no sétimo andar. A porta abriu. Junqueira apareceu. Quinze segundos de silêncio e medo. Ele tentou dizer alguma coisa.

- Você... tem...

- Não, não tenho nadaPeito,... xoxota...

- Ai, meu Deus, por favor, deixa eu sair daqui. Fica longeTão bonitos.

Antes que Sibele começasse a gritar, o elevador chegou ao primeiro andar. Tobias e sua esposa entraram.

- Bom dia, disse a esposa.

- Ois pra vocês, disse Tobias.

- Bom dia, bom dia, bom dia, cumprimentou uma aflita Sibele.

Junqueira nada falou. Apenas olhou para a xoxota da esposa de Tobias, a comparou com a de Sibele, sorrindo timidamente para si mesmo. Tobias lia um jornal e não percebeu. A esposa ficou levemente ruborizada. Sibele queria pedir socorro.

Depois desse dia, sempre que a jovem secretária descia o elevador para ir ao trabalho, Junqueira entrava. Foi assim três dias consecutivos, sem que os dois abrissem a boca. E sem que ele deixasse de encarar os peitos e a xoxota dela. Na quarta vez, Sibele quase entrou no elevador, mas preferiu descer pela escada. Ela foi ao térreo correndo, para que Junqueira não a visse. Lá embaixo, mesmo meio esbaforida, ficou aliviada. E a partir daí começou a descer pelas escadas todos os dias.

Uma semana depois, quando Sibele passava pela escadaria no sétimo andar, Junqueira estava lá, sentado nos degraus, esperando. A secretária fingiu que não o viu e continuou descendo. Ele começou a segui-la. Ela, a andar mais rápido, e, logo, a correr. A escada era daquelas em zigue-zague e de vez em quando Sibele podia ver Junqueira, no lance de escadas imediatamente superior. Ele apenas sorria timidamente, olhando-a obsessivamente. Ela chegou ao térreo suada desta vez. A blusa estava molhada, o desodorante dava sinais de que não iria agüentar o tranco e a barra superior da calça estava úmida. Quando o zelador Jonisvaldo a cumprimentou, a secretária desabafou. “Vocês são todos iguais, dão medo.” Mesmo sem entender, Jonisvaldo concordou. Ele era apenas o zelador. Tinha de concordar.

Sibele começou a faltar no trabalho. Ou então chegava atrasada, porque só saía do apê ao mesmo tempo que os filhos do casal vizinho, quando eles iam à escola. Isso era meia hora depois do horário dela. Mas era melhor do que topar com Junqueira no prédio.

Um dia, quando Sibele abriu a porta para ir à casa de uma amiga, final de tarde, e encontrou um envelope lacrado em cima do carpete. Abriu. Era uma revista pornográfica. A secretária olhou assustada para os lados, teve medo do silêncio e do escuro ao redor, sentiu uma mão invisível e inexistente agarrando-a pelo pescoço. Voltou pra dentro, fechou a porta com todas as trancas e decidiu ficar em casa.

A secretária entrou correndo no quarto, trancou a porta e deitou na cama. Chorou um pouco. Gritou. Ficou com raiva do Junqueira, do Tobias, do Jonisvaldo. “Seus filhos duma puta de merda!” Contou até dez, onze. Olhou para o teto, observou de sua cama a janela e suspirou. Virou pro lado. Deu de cara com a revista. Sem alternativas melhores, passou a folheá-la. Encontrou mulheres com xoxotas depiladas, peludas, loiras, ruivas, morenas, e peitos enormes, pequenos, duros, caídos.

Sibele não tira o olho das xoxotas e dos peitos que encontra pela frente.

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Comentários

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ta quase la, so falta ter um meio e um final...

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