A nova faculdade da minha namorada - PARTE 1

Um conto erótico de Matheus
Categoria: Heterossexual
Contém 6003 palavras
Data: 17/12/2025 20:28:27

A gente sempre funcionou bem, mesmo estando em momentos diferentes da vida.

Eu me chamo Matheus, tenho 27 anos. Sou graduado em Engenharia da Computação, tenho pós-graduação, mestrado e sou concursado público como desenvolvedor de sistemas. Em outras palavras, tenho uma vida relativamente adiantada e estável. Trabalho em home office, em um horário extremamente regular, o que me permite planejar bem meus dias, ficar mais em casa e ter um tempo livre que muita gente da minha idade ainda não tem.

Fernanda, por outro lado, escolheu seguir a carreira de medicina, -mesmo sem vir daquele cenário familiar que normalmente se associa a esse curso. Não teve dinheiro para os melhores cursinhos, não pôde dedicar 100% do tempo apenas aos estudos, porque sempre precisou dividir a rotina com outros afazeres. Por isso, ela está no início da faculdade agora, aos 26 anos. E, sendo sincero, isso é bastante comum em uma universidade pública. Claro que existem pessoas que entram com 18 anos, mas muitas só conseguem passar com 24, 25, 26 ou até 27.

Além disso, medicina tem uma dinâmica bem diferente de outros cursos. A turma que entra junta tende a seguir praticamente inteira até o final da graduação. Foi algo completamente diferente do que vivi na engenharia, onde eu tinha uma disciplina com alunos de várias engenharias, outra com pessoal da administração, outra com gente da informática, e, ao fim do semestre, metade da turma ficava pelo caminho, deixando tudo descompassado.

Fernanda está exatamente nessa fase agora: se adaptando à turma, conhecendo pessoas, entendendo como funcionam os grupinhos, os ritmos, as relações. Tudo isso é muito recente e muito novo para ela.

Eu, por outro lado, tomei uma decisão que talvez não seja tão convencional. Estamos juntos há seis anos e, considerando que ela está apenas iniciando a carreira e não tem fonte de renda, já que o curso de medicina é integral, o assunto casamento acaba ficando mais distante. Não porque não exista vontade, mas porque nenhum dos dois quer cair naquele modelo clássico de “homem provedor” e mulher dependente financeiramente. A gente entende que nossos tempos são diferentes, e está tudo bem com isso.

Por esse motivo, decidi comprar meu primeiro apartamento para morar sozinho, mesmo sem estar me casando. A localização foi uma escolha que faria sentido independentemente dela estudar ali, mas o fato de ser perto da faculdade acabou tornando tudo ainda mais conveniente.

Na prática, não moramos oficialmente juntos. Não somos casados. Mas, com o passar do tempo, ficou cada vez mais natural para ela dormir aqui, principalmente nos dias em que tem aula cedo, já que a casa dela fica relativamente longe da faculdade.

Estamos nessa fase de adaptação. Tem dias em que ela volta para casa, outros em que fica aqui. Essa frequência vem aumentando aos poucos, e, da minha parte, nunca foi um problema. Pelo contrário.

Falando um pouco mais da nossa relação, a verdade é que sempre tivemos uma vida sexual muito ativa. Mesmo depois de seis anos juntos, fazemos sexo com uma frequência que considero excelente. Acho que isso acontece porque a gente sempre conversou muito, sempre foi parceiro de verdade, apoiando fetiches, ideias fora do comum e incentivando um ao outro a ser mais aberto na cama.

A gente gosta de explorar. Gosta de brincar. Gosta de testar. Temos até uma pequena maleta com brinquedos, fantasias e alguns apetrechos que viraram quase um símbolo nosso. Sempre rimos disso. A rotina, pelo menos nesse aspecto, nunca teve muito espaço entre a gente.

Posso dizer com tranquilidade que praticamente todos os nossos fetiches são bem vividos. BDSM, pequenas provocações em público, um certo nível de exibicionismo leve, assistir pornô juntos, comentar, rir, provocar, repetir. Tudo isso faz parte da nossa intimidade e acontece com bastante naturalidade. Existe apenas uma pequena exceção. Um fetiche que é exclusivamente meu e que, por isso mesmo, sempre deixou tudo um pouco mais delicado: a fantasia de compartilhar ela com outro homem.

Eu sei que não é algo exatamente tradicional ou simples. Mas é real. Sempre foi. Já conversamos sobre isso algumas vezes e, do jeito dela, Fernanda nunca reagiu com choque ou julgamento. Ela respeita. Ela entende. E, do jeito que só ela sabe fazer, acaba entrando no jogo da provocação. Conta histórias, faz comentários, me instiga quando percebe que isso me excita. A essa altura, confesso que às vezes já me perco entre o que é provocação calculada e o que é apenas sinceridade, fruto da liberdade que sempre dei a ela. Comentários como “nossa, que ator gostoso” durante um filme passaram a acontecer com uma naturalidade quase desconcertante.

Ainda assim, esse fetiche sempre ficou no mundo das ideias. A gente fala sobre ele, transa com ela me provocando em cima disso, existem frases, insinuações e situações que atiçam exatamente esse lado em mim. Mas, na prática, tudo sempre ficou no campo da imaginação.

Fernanda é uma mulher mais reservada. Dá para chamar de tímida, mas só com quem não conhece. Depois que se sente à vontade, ela é extremamente divertida, solta, fala besteira sem esforço, sempre com bom humor e sem ultrapassar limites. Sobre a aparência, prefiro deixar muito à imaginação de quem lê. Mas o que importa saber é que ela é uma cacheada maravilhosa, com 1,60m de altura, e a mulher mais linda que eu já vi na vida.

E como alguém que sempre foi completamente fascinado por peitos, eu dei uma sorte absurda. Ela tem, sem exagero, os peitos mais bonitos que já vi. Grandes o suficiente para não caberem em uma mão só ou em uma boca só. Bonitos a ponto de qualquer decote que ela use conseguir apagar completamente o resto do mundo à minha volta, mas (não sei o quanto ela sabe) já vi diversas vezes outros homens também perdendo a atenção no mar dos peitos dela. Acho que no final das contas é isso: o que é bom, é para ser mostrado hahaha.

Depois de algumas semanas de aula, em um dos dias, ela chegou em casa largando a bolsa no sofá e respirando fundo, daquele jeito de quem finalmente desligou o dia. Eu ainda estava na cozinha, terminando o jantar.

— Cheiro bom… — ela disse, vindo por trás e me abraçando pela cintura. — Você fez exatamente o que eu gosto, né?

— Macarrão com molho branco, brócolis e frango grelhado — respondi. — Pensei que depois de aula puxada você merecia.

— Pensou certo — ela riu, dando um beijo rápido no meu ombro seguido de uma mordida no braço, um claro sinal de carinho que um beijo não era capaz de representar.

A gente se sentou à mesa, e enquanto comia, ela começou a contar do dia, reclamou de uma aula mais chata, riu de um professor exagerado, até que em algum momento mudou o tom.

— Ah, hoje aconteceu uma coisa diferente — ela disse, enrolando o macarrão no garfo. — Em uma das aulas a gente teve que formar grupo.

— Hm… grupo novo? — perguntei, casualmente.

— É. Acabou ficando eu e mais quatro pessoas. — Ela fez uma pausa curta, como se organizasse o pensamento e seguiu com empolgação. — E para ser sincera, vi pela primeira vez um grupo que me identifiquei mais, talvez a gente realmente se dê bem.

— Uhmmmm... olha ela, toda popularzinha! — Falo zoando dela enquanto ela fica tímida. — Não, mas falando sério, quem são eles?

— Tem um casal que se conheceu ainda no cursinho.

— Já imagino, aqueles que terminam a frase um do outro.

— Exatamente. — Ela riu. — A Lívia e o Rafael. Eles são legais, mas é engraçado porque às vezes parece que estão em uma bolha própria. Se você não conhece a história deles desde o cursinho, fica meio perdido nas piadas.

— Casal raiz — comentei. — Sobreviveram ao cursinho juntos, agora sobrevivem à faculdade.

— Total. — Ela concordou. — Aí tem a Camila…

Ela fez uma pausa dramática.

— Lá vem.

— Camila é… diferente — disse rindo. — Muito espontânea. Fala tudo o que pensa, sem filtro nenhum. Já chegou contando histórias de dates, reclamando de homens, elogiando outros, tudo na maior naturalidade.

— Imagino o caos.

— Um caos divertido — ela respondeu. — Ela é aquele tipo de pessoa que deixa todo mundo à vontade, mesmo falando besteira.

— E o último?

Ela sorriu antes de responder.

— O Lucas.

— Lucas — repeti, só pra ouvir o nome de novo.

— Isso. Ele não é do tipo espalhafatoso igual a Camila, mas também não é quietão estranho. Ele observa bastante, faz comentários engraçados na hora certa, divertido e parece extremamente amigável… parece seguro, sabe?

— Perigoso esse perfil — brinquei.

— Por quê? — ela perguntou, fingindo inocência.

— Esses são os que passam despercebidos no começo e vão comendo pelas beiradas.

Ela riu, empurrando meu braço de leve.

— Para de viajar. Tô só te contando quem é quem.

— Eu sei, eu sei. — Sorri. — Mas gostei do grupinho. Parece bem equilibrado.

— Eu também gostei — ela disse. — Me senti confortável. Não ficou aquela coisa forçada de trabalho em grupo.

Ela inclinou a cabeça, me observando.

— Você tá bem curioso hoje.

— Curioso não. Interessado na vida do meu amor.

— Hm… — ela respondeu, divertida. — Então se acostuma, porque acho que esse grupo ainda vai aparecer bastante.

— Inclusive o Lucas?

— Inclusive o Lucas — ela disse, rindo em um tom de deboche

Ela se levantou da mesa, pegou os pratos e passou por mim.

— Depois eu te conto mais — completou. — Tem detalhes engraçados.

— Detalhes? — provoquei.

— Detalhes — ela confirmou, piscando antes de ir pra cozinha.

Mais tarde, quando fomos deitar, ela me contou mais sobre a Camila, parece que é a que mais fala hahahaha, falando dos comentários que ela fez sobre as pessoas e as brincadeiras.

A semana passou e o contato com o grupo continuou, principalmente com a Camila.

Fernanda estava deitada de lado na cama, mexendo no celular, quando soltou uma risada curta, quase maldosa.

— Ih… — ela disse. — A Camila tá impossível hoje.

— Quando ela não tá? — respondi. — O que foi agora? Mais um TED Talk sobre homens interessantes?

— Pior — Fernanda riu. — Hoje o assunto foi o Lucas.

— Claro que foi — falei, fingindo normalidade. — Esse cara mal chegou e já virou pauta fixa.

— Não por minha causa — ela rebateu rápido. — A Camila simplesmente resolveu analisar o garoto inteiro.

— Inteiro como? — provoquei. — No sentido acadêmico ou no sentido… Camila?

Ela levantou o olhar pra mim, já sorrindo.

— Totalmente no sentido Camila. Ela soltou, do nada, que pelo menos o Lucas “distrai a vista” durante a aula.

— Elegante como um coice — comentei. — Imagino a sutileza.

— Zero — ela confirmou. — E não parou aí. Começou a falar do jeito dele sentar, da voz, da postura… disse que ele tem “cara de problema”.

— Ah… essa frase é clássica — falei. — Traduzindo: perigo delicioso.

Fernanda riu alto.

— Exatamente isso! Eu falei pra ela parar de viajar, mas ela só respondeu que homem bonito foi feito pra ser observado.

— Discordar seria hipocrisia — respondi, dando de ombros.

Ela arqueou a sobrancelha.

— Olha você todo moderno.

— Tô só acompanhando o nível da conversa — falei. — E o Lucas? Fingiu costume?

— Fingiu que não ouviu — ela disse. — Mas ficou vermelho. Muito vermelho.

— Tá vendo? — provoquei. — Camila não elogia, ela desestabiliza.

— Ela ainda completou dizendo que ele parece daqueles quietinhos que enganam — Fernanda continuou, claramente se divertindo. — Que no começo não dizem nada, mas depois surpreendem.

— A Camila tá escrevendo fanfic ao vivo — falei. — Mas confesso que ela sabe vender bem o personagem.

Ela me olhou de canto.

— Você tá gostando demais dessa história.

— Eu tô gostando é de você contando — respondi. — Do jeito que você ri quando fala dela.

— Hm… — ela murmurou, se aproximando um pouco mais. — Engraçado. Você presta atenção mesmo quando tenta fingir que não.

— Eu nunca fingi — sorri. — Você que me acostumou a ouvir tudo.

— Verdade — ela disse. — E, pra ser sincera… eu acho divertido.

— O quê exatamente?

— Ver você entrando no jogo sem ficar tenso — respondeu. — A Camila fala besteira, o Lucas vira assunto, e a gente fica aqui, rindo disso tudo.

— É — falei. — Tem coisa que é melhor comentar do que fingir que não existe.

Ela largou o celular e encostou a cabeça no meu ombro.

— Ainda bem que você pensa assim.

— Ainda bem que você conta — respondi.

Acho que algo nessa conversa, talvez a sinceridade e abertura que tivemos pra falar sobre essas coisas, deixou ela “animada”.

— Amanhã preciso acordar cedo, acho melhor irmos dormir. — Disse ela vindo me dar um beijo que eu acreditei ser de boa noite.

Mas o beijo foi de língua, intenso, longo. A mão que estava no meu peito foi descendo pela minha barriga, até chegar no meu short.

— Você me deixa confuso. — Falei rindo. — Não era pra descansarmos?

— Sim, por isso vou te dar um rápido agrado pra não ficar tarde. — Falava enquanto descia o rosto beijando meu peito e minha barriga, sempre sorrindo com cara de safada pra mim.

Enquanto ela colocava as duas mãos no elástico do meu short e posteriormente puxando ele pra baixo, falei:

— Acho que está sendo legal você andando com a Camila, está te deixando mais animada. — Quando acabo de falar, meu pau pula do short batendo na cara dela e dando um leve susto.

— Talvez não seja a Camilia que esteja me deixando animada. — Falou rindo, enquanto colocava meu pau inteiro na boca, parecendo que estava com pressa.

Ela olhava fixamente nos meus olhos enquanto fazia um boquete super babado e empolgado. O Boquete dela sempre foi ótimo, mas particularmente nesse dia estava mais sedento.

— O que você quis dizer? — Disse em meio aos gemidos

Ela retirou meu pau da boca, fazendo aquele barulho de quebra de vácuo, como se fosse uma bolha de ar estourando, começou a abaixar as alças do baby doll mostrando os peitos e colocando numa posição de espanhola e falou:

— Você sabe muito bem.

Então ela continuou me chupando enquanto eu puxava os peitos dela.

E não sei... talvez pelo teor da conversa e talvez pelo clima de imaginação, eu cheguei lá rápido demais. E ela sentiu isso, enterrou o meu pau o mais fundo que conseguiu na garganta dela enquanto eu gozava.

Depois abriu a boca, me mostrou que engoliu tudo, me deu um beijo na bochecha e disse:

— Boa noite, te amo! — virando de lado para dormir.

Em um dos dias seguintes... Eu estava trabalhando, fone de ouvido, código aberto na tela, quando o celular vibrou em cima da mesa. Olhei de canto, sem muita pressa. Era ela.

Fernanda:

“Amor, que horas você sai hoje?”

Pensei por dois segundos antes de responder.

Eu:

“Se nada explodir, no horário de sempre. Por quê?”

A resposta veio rápido demais pra ser casual.

Fernanda:

“O pessoal do grupo tá querendo ir numa hamburgueria hoje. Eu falei de você. Topa ir com a gente?”

Sorri sozinho. Aquela mensagem tinha mais coisa ali do que parecia.

Eu:

“Grupo novo já me incluindo assim? Tô me sentindo importante.”

“Quem vai?”

Ela demorou alguns segundos dessa vez.

Fernanda:

“Lívia e Rafael, claro.”

“A Camila.”

“E o Lucas.”

Fechei o notebook devagar, mesmo ainda faltando tempo.

Eu:

“E você quer que eu vá?”

Fernanda:

“Quero.”

“E acho que você vai gostar.”

Quando cheguei à hamburgueria, eles já estavam lá. Lívia e Rafael dividiam o mesmo lado do banco, como se fosse automático. Ela falava enquanto ele completava a história, rindo antes mesmo da piada acabar. Casal entrosado, daqueles que não precisam se olhar pra saber o que o outro tá pensando.

— Esse é o Matheus — Fernanda disse, me puxando pela mão. — O famoso cara da TI.

— Finalmente conhecendo o responsável pelos jantares pós aula — Lívia comentou, simpática.

— E pelo excelente humor da Fernanda — Rafael completou.

— Olha, isso eu não prometo — respondi. — Mas faço o possível.

Camila me analisou sem nenhum pudor.

— Gente… — ela disse, inclinando a cabeça. — Fernanda, você esconde bem, hein.

— O quê agora? — Fernanda perguntou, rindo.

— O namorado bonito, educado e que ainda cozinha. Isso devia ser avisado no começo do semestre.

— Viu só? — comentei. — Já valeu a vinda.

— Valeu mesmo — ela respondeu.

— Inclusive, bom te conhecer, Matheus. A Fernanda fala bastante de você. — Falou o Rafael tentando quebrar o clima assediador de Camila.

— Espero que bem — falei.

— Depende do dia — Fernanda respondeu, rindo.

Quando sentamos, Lucas acabou ficando do meu lado. A conversa começou solta, até que ele olhou pra minha camisa.

— Você joga CS? — perguntou.

— Jogo — respondi, interessado. — Desde sempre.

— Eu também. — Ele sorriu. — Não sou nenhum pro, mas me viro.

— Já é mais do que a maioria — comentei. — A gente podia jogar qualquer dia.

— Bora — ele respondeu, animado. — Rafael joga também?

— Só quando sobra tempo — Rafael disse. — Lívia não gosta muito quando eu fico xingando a tela.

— Eu só não gosto quando você perde — Lívia respondeu, beijando o rosto dele.

Camila observava tudo com atenção demais.

— Interessante — ela disse. — Temos um grupo nerd escondido aqui.

— E você, Camila? Joga alguma coisa? — perguntei.

— Jogo — ela respondeu. — O jogo de testar a paciência de vocês.

— Excelente — falei. — Parece que você tem talento.

Ela riu, satisfeita, e voltou a atenção pra Lucas.

— E você, quietinho… — disse ela. — É melhor no jogo ou fora dele?

— No jogo — Lucas respondeu rápido demais. — Fora dele eu prefiro observar.

Fernanda percebeu. Eu também.

Camila revirou os olhos.

— Nossa, que desperdício — comentou. — Mas tudo bem, eu insisto depois.

Lucas sorriu, educado, mas desviou o olhar… direto pra Fernanda, que estava rindo de alguma coisa que Lívia tinha falado.

Eu vi. Ela não percebeu. Ou fingiu não perceber.

Quando os lanches chegaram, a conversa continuou leve. Camila elogiava todo mundo sem critério, Rafael e Lívia seguiam na própria sintonia, e eu e Lucas já discutíamos mapas, armas e horários possíveis pra jogar juntos.

Em algum momento, Fernanda encostou a perna na minha por baixo da mesa.

— Gostou do convite? — ela perguntou baixo.

— Gostei — respondi. — Acho que você acertou em cheio.

Fernanda ainda estava com a perna encostada na minha por baixo da mesa quando a Camila resolveu se inclinar para frente, apoiando os cotovelos e olhando para todo mundo com aquele sorriso perigoso.

— Tá… — ela disse. — Agora que já comemos, posso fazer perguntas inconvenientes ou é cedo demais?

— Sempre é cedo demais pra você — Lívia respondeu, rindo.

— Ótimo, então é o momento ideal.

Ela virou primeiro pra mim.

— Matheus… posso te chamar assim ou você prefere “namorado perfeito que cozinha”?

— Matheus tá ótimo — respondi. — O outro cria expectativa demais.

— Hum… modesto — ela comentou. — Fernanda, você tem noção de como esse homem é um evento raro?

— Tenho — Fernanda respondeu tranquila. — Por isso eu fico com ele.

Lucas riu baixo do meu lado.

— Tá vendo? — falei. — Já fui devidamente avaliado.

Camila virou o rosto para o Lucas na mesma hora.

— E você, Lucas… — disse, analisando ele de cima a baixo sem nenhum pudor. — Já foi avaliado hoje?

— Depende… por quem? — ele respondeu, entrando no jogo, mas mantendo aquele tom controlado.

— Por mim, obviamente — ela sorriu. — E olha… você rende assunto.

— Camila… — Lívia tentou cortar.

— Relaxa, eu só observo — Camila continuou. — Aliás, Lucas, deixa eu te perguntar uma coisa.

— Lá vem — Rafael murmurou.

— Você é do tipo que namora ou do tipo que atrapalha relacionamento alheio sem querer?

A mesa inteira riu.

Lucas coçou a nuca, sem perder o sorriso.

— Acho que sou mais do tipo que conversa.

— Interessante — Camila respondeu. — Porque você conversa olhando bem nos olhos.

Eu percebi. Fernanda também.

— E você, Fernanda? — Camila virou rápido. — Já reparou nisso?

— No quê? — Fernanda perguntou, fingindo desinteresse.

— No jeito que ele presta atenção quando você fala.

Lucas desviou o olhar por um segundo, mas voltou.

— É difícil não prestar atenção — ele disse. — Ela explica as coisas bem.

— Olha só… — Camila abriu um sorriso malicioso. — Compatibilidade intelectual. Isso é quase pornografia acadêmica.

— Camila! — Lívia riu, dando um tapa leve no braço dela.

— O quê? Vocês são um casal certinho, aguentam.

Ela então virou para Lívia e Rafael.

— Inclusive… — disse. — Vocês que estão juntos desde o cursinho. Me digam uma coisa: quem se apaixonou primeiro?

— Ele — Lívia respondeu sem pensar.

— Mentira — Rafael rebateu. — Foi ela. Eu só demorei pra admitir.

— Clássico — Camila comentou. — E transam melhor hoje ou naquela época de cursinho?

— CAMILA! — Lívia falou alto demais.

— O quê? — ela respondeu, rindo. — Pergunta científica.

Rafael ergueu o copo.

— Hoje. Com certeza hoje.

— Obrigada — Camila respondeu. — Prova viva de que prática melhora desempenho.

Lucas riu de verdade agora.

— Você é impossível — ele disse.

— Mas você tá adorando — ela rebateu. — Não mente.

Ele deu de ombros.

— Eu disse que observo.

Fernanda se inclinou um pouco pra frente.

— Cuidado, Camila — ela disse, sorrindo. — Você provoca demais e depois finge surpresa quando alguém entra no jogo.

— Ah… — Camila respondeu. — Mas eu gosto quando alguém entra.

Lucas olhou pra Fernanda nesse momento.

— Você também parece gostar de provocar — ele comentou.

Ela sorriu, calma.

— Só quando o ambiente permite.

Eu senti a perna dela se mover um pouco mais perto da minha.

— Olha só — Camila bateu palmas baixinho. — Temos tensão no ar. Eu adoro quando isso acontece sem ninguém precisar fazer nada.

— Você transforma tudo nisso — eu disse.

— Porque tudo pode ser isso — ela respondeu. — Basta prestar atenção.

— Ela sempre é assim? — Lucas perguntou.

— Sempre — Fernanda respondeu. — Mas a gente se acostuma.

— Ou aprende a usar a favor — acrescentei.

Lucas sorriu, olhando pra Fernanda.

— Acho que sim.

Ela sustentou o olhar por um segundo a mais do que o necessário.

E, naquele momento, ficou claro que aquela noite tinha passado do ponto de ser só um jantar casual.

Camila se levantou.

— Vou ao banheiro — disse, olhando direto pra Fernanda. — Me acompanha?

— Vou — Fernanda respondeu sem pensar muito, largando o guardanapo na mesa.

As duas se afastaram rindo, conversando baixo, e sumiram pelo corredor da hamburgueria. Eu acompanhei com o olhar por um instante, até Rafael bater levemente no meu braço.

— Cara… — ele disse. — Essa dupla é perigosa.

— Nem me fala — respondi.

Lucas riu, mexendo no celular.

— A Camila é sempre assim?

— Sempre — eu e Rafael falamos juntos.

— Ela não respeita o conceito de limite — Lívia comentou. — Mas confesso que às vezes é divertido ver o caos.

— Ela faz perguntas que ninguém tem coragem — Rafael completou.

— E vocês respondem — Lívia rebateu, rindo.

Aproveitei o clima mais tranquilo, comecei a puxar o assunto sobre CS novamente para trocarmos nome e marcarmos algo mais definitivo para jogarmos.

— Fechou então — falei. — Eu jogo quase todo dia depois do trabalho.

— Eu topo também— Rafael entrou na conversa. — Só não prometo não tiltar.

— Promessa impossível — Lívia provocou. — Eu já ouvi esse discurso.

— Você exagera — Rafael respondeu.

— Eu já te vi xingar o monitor — ela rebateu.

Lucas riu alto.

— Tá decidido então — ele disse. — A gente marca qualquer dia desses.

— Passa teu nick depois — falei.

Enquanto a conversa fluía entre jogos, mapas e horários, eu percebi que as duas estavam demorando. Não era uma ida rápida ao banheiro. Era conversa. Daquelas longas.

— Elas tão filosofando lá dentro — Lívia comentou, olhando o relógio.

— Ou Camila tá implantando ideias perigosas — Rafael respondeu.

— Isso é certeza — falei.

Quando Fernanda e Camila voltaram, algo estava diferente. Nada escancarado, mas tinha uma energia nova ali. Camila vinha com aquele sorriso satisfeito demais. Fernanda parecia tranquila, mas rindo mais do que antes.

— Tudo certo? — perguntei.

— Tudo — Fernanda respondeu rápido demais.

Camila sentou e me olhou.

— Seu namorado é um ótimo observador — ela disse.

— Eu só reparo no que vocês deixam escapar — respondi.

— Interessante — ela comentou. — Bem interessante.

O jantar terminou pouco depois disso. Conversa leve, risadas, despedidas. Marcamos oficialmente de jogar juntos. Camila abraçou todo mundo. Forte demais. Demorado demais.

No caminho pra casa, Fernanda estava estranhamente silenciosa.

— Tá pensativa — comentei.

— Tô — ela respondeu. — Depois eu te conto.

Em casa, largamos as coisas e fomos direto pro sofá. Ela se jogou ao meu lado e riu sozinha.

— O que foi aquilo no banheiro? — perguntei.

— A Camila — ela respondeu. — Aquela mulher é impossível.

— Imagino.

— Ela começou falando do Lucas.

— Claro que começou.

— Disse que talvez ele não dê tanta bola pra ela.

— Milagre — falei.

Fernanda riu.

— Pois é. Aí ela falou que acha que ele tá mais interessado em mim.

— E você respondeu o quê?

— Que ela tava viajando — disse. — Falei que eu namoro, que você tava ali do lado, que não tinha nada a ver.

— E ela aceitou?

— Óbvio que não — Fernanda respondeu, rindo mais ainda. — Ela começou a listar coisas. Disse que ele presta atenção demais quando eu falo, que responde olhando nos olhos, que ignora as provocações dela mas reage quando eu entro na conversa.

— Camila é quase um radar.

— Foi exatamente o que eu falei — Fernanda disse. — Mas ela só riu e disse pra eu ficar de olho.

— E você?

— Eu ri — respondeu. — Falei que ela assiste série demais.

Ela virou o rosto pra mim.

— Mas confesso que foi engraçado ouvir.

— Engraçado como? — provoquei.

— Engraçado porque você tava lá, tranquilo. Porque não tinha clima pesado. Porque era só conversa… e porque, no fundo, a Camila adora criar história onde ainda não existe nada.

— Ainda — repeti, sorrindo.

Ela me deu um tapa leve na perna.

— Para.

Depois se aproximou mais.

— Mas eu te conto tudo — completou. — Sempre.

E naquele momento, mais do que qualquer provocação da noite, foi isso que ficou claro.

Nos dias seguintes, como combinado, o Lucas criou um grupo no WhatsApp.

Lucas:

“CS hoje à noite? Eu, Matheus e Rafael.”

Rafael:

“Se não tiver bronca da patroa, tô dentro.”

Eu:

“Hoje tá tranquilo. Depois das 20 eu entro.”

A conversa começou técnica. Mapas, horário, quem chamava quem. Até que, como sempre, desviou.

Rafael:

“Só avisando: se eu jogar mal, a culpa é da Lívia. Ela fica passando atrás da cadeira.”

Eu:

“Fiscalização constante.”

Lucas:

“Motivação visual ajuda ou atrapalha?”

Rafael:

“Depende do foco.”

Foi aí que a coisa mudou de tom.

Lucas:

“Falando em foco… essa turma de vocês é perigosa.”

Eu:

“Perigosa como?”

Lucas:

“Concentração zero em algumas aulas.”

Rafael:

“Camila?”

Lucas:

“Camila.”

Eu:

“Ela não deixa ninguém em paz.”

Lucas:

“Não deixa mesmo.”

A mensagem demorou um pouco mais a vir. Quando veio, já não era sobre o jogo.

Lucas:

“Mas não é só ela.”

Rafael:

“Lá vem.”

Lucas:

“Tem gente que provoca sem perceber.”

Eu sabia exatamente de quem ele estava falando.

Eu:

“Tem gente que percebe demais.”

Rafael:

“Vocês estão falando da Fernanda, né?”

Silêncio por alguns segundos.

Lucas:

“Ela é diferente.”

Rafael:

“Cuidado com o que escreve, cara.”

Lucas:

“Calma. Diferente no bom sentido.”

Eu olhei pro celular, sentindo aquele aperto bom no estômago.

Eu:

“Ela sabe conversar.”

Lucas:

“E escuta.”

Rafael:

“E é bonita.”

Lucas:

“Também.”

Nesse momento, Fernanda estava sentada no sofá, mexendo no tablet. Ela olhou pra mim, curiosa.

— O que foi? — perguntou.

— Nada — respondi rápido demais.

Ela se aproximou, se apoiando no encosto do sofá, e olhou a tela de relance. Não deu pra ler tudo, mas deu pra entender o clima.

— Vocês tão falando besteira, né? — ela perguntou, com um sorriso contido.

— Um pouco — admiti.

No grupo, a conversa continuava.

Entramos no jogo e, logo depois, no Discord. O som dos microfones abrindo veio quase junto.

— Tá me ouvindo? — Lucas perguntou.

— Alto e claro — respondi. — Rafael?

— Presente — ele disse. — Avisando que se eu morrer muito, a culpa não é minha.

— Já começou — murmurei.

Fernanda passou atrás da minha cadeira nesse momento, apoiou as mãos nos meus ombros e deu um beijo rápido no meu rosto antes de ir sentar no sofá.

— Boa sorte — ela disse. — Tentem não xingar muito.

— Tentaremos — falei, sorrindo.

No Discord, houve um pequeno silêncio.

— Ela tá aí? — Lucas perguntou.

— Tá — respondi. — Em casa.

— Sorte a sua — Rafael comentou. — A Lívia fica me julgando em silêncio quando eu jogo.

— Eu não julgo em silêncio — a voz da Lívia apareceu de fundo no microfone dele. — Eu julgo em voz alta mesmo.

Rimos.

— Cara… — Lucas disse depois de alguns segundos. — Posso falar uma coisa?

— Lá vem — Rafael respondeu.

— Desculpa por qualquer incomodo que rolou aquele dia na hamburgueria por conta da Camilia.

— Não cara, relaxa, tranquilo. Ela é assim mesmo. — Falei tentando relaxar o ambiente, mas continuei. — Ela as vezes foca em uns assuntos hahahaha.

— É que quando o semestre começou, umas das primeiras pessoas que conheci foi a Camilia. Ela me perguntou sobre meu tipo de mulher, quem eu achava bonita e várias outras perguntas tipo Camila. — Disse rindo. — E coincidentemente, mesmo nem sabendo que éramos da mesma turma, a Fernanda passou na minha frente e eu falei que ela era muito bonita, só isso.

O silêncio durou menos de um segundo, mas existiu.

— Concordo — Rafael disse. — Totalmente fora da curva.

— Vocês não prestam — respondi, rindo. — Mas obrigado pela sinceridade, agora sei de onde vem o hiperfoco dela.

— Tô falando sério — Lucas continuou. — E o pior é que ela é bonita sem esforço. Isso é perigoso.

Fernanda riu do sofá.

— Olha o respeito, hein —pelo visto meu headset estava alto o suficiente pra ela escutar nossa conversa.

— Sempre — Lucas respondeu rápido. — Mas não dá pra fingir que não é.

— Matheus é tranquilo com isso — Rafael comentou. — Né?

— Sou — respondi. — Se não fosse, metade dessas conversas nem existiria.

— Isso é raro — Lucas disse. — A maioria dos caras fecha a cara só de alguém comentar.

— Ciúme não combina muito com a gente — falei. — A gente conversa.

— Eu sou um pouco ciumento — Rafael admitiu. — Mas com a Lívia funciona assim… eu confio, mas gosto de saber onde tô pisando.

— Ele finge controle — Lívia gritou de fundo. — Mas fica me mandando mensagem se eu demoro cinco minutos.

— Isso é amor — Rafael respondeu.

— Ou ansiedade — ela rebateu.

Lucas riu.

— E você, Fernanda? — ele perguntou, sabendo que talvez ela fosse escutar. — Pode responder se quiser.

Ela se levantou do sofá e veio até perto de mim.

— Ele não é ciumento — ela disse. — Ele é curioso.

— Ótima definição — Rafael comentou.

— Curioso como? — Lucas perguntou.

Fernanda sorriu antes de responder.

— Ele gosta de ouvir. Gosta de saber. Gosta de entender como as pessoas pensam.

— Faz sentido — Lucas disse. — Tem gente que prefere controlar. Tem gente que prefere observar.

— E tem gente que provoca — Lívia completou.

— A Camila — falamos quase juntos.

— Aquela mulher não tem limites — Rafael disse. — Mas confesso que ela anima o ambiente.

— Ela testa todo mundo — Lucas comentou. — Mas não reage bem quando não recebe atenção de volta.

— Verdade — falei. — Ela se alimenta da reação.

— Então temos que reagir menos, estamos caindo muito na pilha dela hahaha — Lucas constatou

Houve uma pausa curta. O jogo continuava, mas a conversa já tinha ido pra outro lugar.

— Enfim — Lucas disse. — Se eu falar demais, me corta. Mas é bom estar num ambiente assim… leve.

— Leve é a palavra — respondi.

Fernanda apertou meu ombro de leve antes de voltar pro sofá.

— Bom jogo, meninos — ela disse. — Se comportem… ou não.

No Discord, Lucas riu baixo.

— Cara… — ele disse. — Vocês dois funcionam bem.

— A gente sabe — respondi.

E naquele momento, mais do que o jogo, era isso que estava em disputa: atenção, limites e o prazer silencioso de saber exatamente onde cada um estava pisando.

Nos dias seguintes, eu estava trabalhando quando o celular vibrou.

Fernanda:

“Amor, a apresentação do trabalho foi um sucesso 😌”

Sorri antes mesmo de responder.

Eu:

“Eu sabia. Doutora desde já.”

Fernanda:

“Nem brinca.”

“Então… a gente tava pensando em comemorar depois da aula.”

Eu:

“Como assim?”

Fernanda:

“Algo simples. Aqui em casa.”

“Video game, pizza, nada demais.”

Ela demorou alguns segundos e completou:

Fernanda:

“Posso chamar o pessoal do grupo?”

Eu já sabia quem era “o pessoal”.

Eu:

“Claro. Vai ser legal.”

Na sexta-feira, a casa estava arrumada do jeito que sempre ficava quando recebíamos amigos. Nada formal. Pizza na mesa, controles espalhados, música baixa no fundo.

Lívia e Rafael chegaram primeiro, como esperado, já discutindo onde iam sentar. Logo depois, Lucas apareceu, meio tímido, mas sorrindo fácil. Camila foi a última.

E chegou diferente.

— Trouxe contribuição — ela disse, levantando uma garrafa de vodka como se fosse um troféu.

— Camila… — Fernanda riu. — A ideia era algo tranquilo.

— Vodka também é tranquila — ela respondeu. — Depende da quantidade.

O clima começou leve. Jogo, conversa, risadas. Lucas se soltando mais, Rafael competitivo demais, Lívia provocando, Fernanda confortável, em casa.

Até Camila abrir a garrafa.

— Já que estamos comemorando… — ela disse. — Vamos fazer direito.

— Lá vem — Rafael murmurou.

— Jogo simples — Camila continuou. — Verdade ou consequência.

— Sem exageros — Fernanda alertou.

— Relaxa — Camila respondeu rápido demais. — Regras claras.

Ela levantou o copo.

— Quem cair escolhe.

— Se a pergunta for pessoal demais, pode beber.

— Se a consequência for absurda demais, pode beber.

— E ninguém é obrigado a nada.

— Ou seja — eu comentei — quem bebe mais é quem foge mais.

— Exatamente — Camila sorriu. — Democracia alcoólica.

Ela girou a garrafa pela primeira vez.

Caiu em Rafael.

— Verdade ou consequência? — Camila perguntou.

— Verdade.

— Qual de nós aqui você acha mais insuportável?

— Fácil — ele respondeu, apontando. — Você.

Camila levou a mão ao peito, teatral.

— Que absurdo! — disse.

Fernanda girou a garrafa. Caiu em Lívia.

— Verdade — Lívia disse rápido demais.

— Você já pensou em terminar com o Rafael alguma vez? — Fernanda perguntou, sem nem piscar.

— FERNANDA — Rafael falou ao mesmo tempo.

Lívia pegou o copo.

— Vou beber — disse. — Não porque pensei… mas porque você não merece essa resposta.

— Justo — Camila respondeu. — Pontos por maturidade.

— Saiba que só perguntei pra fazer você beber hahaha — Fernanda assumiu. — Invasiva demais.

Lucas girou a garrafa. Caiu em mim.

— Verdade ou consequência? — ele perguntou.

— Verdade.

Camila se inclinou pra frente.

— Você já sentiu tesão em alguém sabendo que não devia?

Fernanda olhou pra mim imediatamente.

Eu sorri, peguei o copo.

— Vou beber.

— Covarde — Camila disse, satisfeita. — Mas sincero o suficiente.

— Amor! — Fernanda fingiu indignação.

Rafael girou a garrafa. Caiu em Lucas.

— Verdade ou consequência? — ela perguntou, com um sorriso tranquilo demais.

— Verdade.

Rafael não perdeu tempo.

— Quem aqui você beijaria se não tivesse ninguém olhando?

Lucas riu, passou a mão no rosto.

— Essa é armadilha.

— Todas são — Camila respondeu.

Ele pegou o copo.

— Vou beber.

— Interessante — Camila comentou. — Você bebe muito fácil.

— Ou escolhe bem o silêncio — eu disse.

Ela me olhou como quem arquiva a informação.

A bebida começou a fazer efeito de verdade. As respostas ficaram mais lentas, as risadas mais altas, as pessoas mais próximas no sofá.

— Minha vez — Camila disse, girando a garrafa.

Caiu nela mesma.

— Droga — ela riu. — Verdade.

— Então responde — Lívia disse. — Quem aqui você acha mais bonito?

Camila olhou em volta sem pressa.

— Hoje? — ela disse. — Rafael é bonito, Matheus é elegante, Lucas é perigoso… e Fernanda é injusta.

— Injusta? — Fernanda riu.

— Sim — Camila respondeu. — Porque desequilibra o ambiente.

— Isso não é resposta — Rafael reclamou.

— Então eu bebo — Camila disse, bebendo sem reclamar.

O próximo giro caiu novamente em Lucas.

— Verdade — ele respondeu.

— Quem aqui você acha mais bonito?

Silêncio.

— Camila… — Lívia tentou cortar.

— Verdade é verdade.

Lucas respirou fundo.

— A Fernanda.

O silêncio dessa vez foi diferente, parecia que o álcool já fazia efeito e existia menos pudor.

Fernanda riu.

— Vocês são impossíveis — ela disse.

— Viu? — Camila comentou. — Eu falei.

— Próximo — Lucas tentou desviar.

A garrafa parou em mim, então Lívia perguntou:

— Verdade ou consequência?

— Verdade.

— Você é ciumento?

— Não muito — respondi. — Se fosse, já tinha raspado a cabeça do Lucas hahahaha.

— Interessante — ela disse. — Então você não se incomoda de ouvir isso.

— Não — falei. — Desde que se mantenha o respeito.

Lívia ergueu o copo.

— Brinde à maturidade emocional.

Com o tempo, o jogo começou a ficar mais ousado.

— Rafael —Falei.

— Verdade.

— Conta a coisa mais ciumenta que você já fez.

— Não — ele respondeu na hora.

— Então bebe.

Ele bebeu.

— Fernanda — Lucas virou. — Verdade ou consequência?

— Verdade.

— Você percebe quando alguém tá interessado em você?

Fernanda olhou pra mim antes de responder.

— Às vezes.

— E percebeu alguém aqui hoje?

Fernanda riu.

— Ai já são duas perguntas.

A bebida já estava fazendo todo mundo rir mais alto, sentar mais perto, falar menos filtrado.

— Próxima consequência — Camila anunciou. — Alguém vai ter que fazer algo… que provavelmente não vai querer fazer.

— Então já sabemos que vai rolar bebida — Lucas comentou.

— Exato — ela respondeu. — Mas o importante é a intenção.

Ela olhou em volta, demoradamente.

— Lucas, você que vai fazer a consequência.

— Ue, não vai nem girar a garrafa? E eu não posso escolher verdade?

— Não, quero sua consequência! — Falou Camila rindo e alterada.

Todos riram e concordaram, enquanto Lucas fingia estar inconformado.

E, naquele momento, ficou claro que a noite ainda estava longe de acabar, e que, mais cedo ou mais tarde, alguém ia sugerir uma consequência que ninguém tinha previsto.

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Comentários

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conto muito bem escrito... história interessante, cheia de suspenses

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