Dali em diante, eu teria que ser um bom ator, se ficasse estranho, Carla perceberia, aí começariam as DRs, acabaríamos ficando de cara feia um com o outro e isso foderia tudo, pois logo chegaria dezembro, festas, depois a viagem. Eu precisava passar a ideia de que aceitaria o que ela quisesse, até porque de que adiantaria bater o pé e dizer “Você não vai mais se encontrar com o Maike”? Ela poderia simplesmente dizer que iria e se separar de mim. O jeito era aguardar, sofrendo em silêncio, mas na hora certa, eu é quem daria o bote e teria ao menos o orgulho de ter dado um basta ao casamento, antes que ela o fizesse e fosse viver com seu príncipe.
Após ajudar Maisa na cozinha, comi pouco, sentei no sofá com eles para ver um episódio de série que o Diego gostava. Por volta das 21h30, já estava no quarto, deitado, e apaguei de verdade, estava exausto depois da tarde intensa de sexo.
Às 23h, ouvi a porta da frente abrindo. Pouco depois, Carla entrou no quarto, acendeu o abajur baixo, tirou a roupa, desfilou nua e foi para o banho. Fiquei de olhos fechados, fingindo dormir profundo. Dessa vez não senti o tesão de sempre, aquele fogo que subia só de saber que ela tinha acabado de ser fodida. Senti só tristeza.
No outro dia, durante o café da manhã. Carla falou baixo:
— Estranhei você ter ido transar justamente ontem… que é o dia que a gente vive bem… fazemos todas as loucuras… você sabe, de vídeos, fotos, você me esperar… o que houve?
Eu mastiguei o pão com calma, e respondi como se não fosse nada demais:
— Como disse antes, na terça houve um imprevisto e não rolou. Então marcamos para ontem à tarde.
Ela ficou em silêncio, olhando para azulejos, os dedos batendo levemente nervosos na xícara.
Depois perguntou:
— Você disse que ela é oriental, é isso?
— Sim, de um lado da família. Mas o tom de pele e do outro lado da família, digamos que é uma oriental meio bronzeada.
— Tem foto dela?
— Só a do perfil do WhatsApp, mas espera… ela tem Instagram.
Abri o celular, entrei no perfil dela e passei o aparelho.
Carla pegou, rolou as fotos devagar: Luiza numa festa, Luiza com o filho, Luiza de biquíni, Luiza na academia.
— Nossa… ela é bonita mesmo, geralmente, as orientais ou descendentes são mais magrinhas, mas essa tem um corpão.
Parou numa foto de mão e disse:
— Mas espera aí… tá com aliança no dedo. É casada?
Eu respirei fundo.
Expliquei que era um casamento de fachada, um não se metia na vida do outro, mas achei desnecessário revelar que o marido era gay e depois finalizei:
-Eles não transam mais há dois anos, mas por uma questão meio parecida com a que a gente viveu… não se separam.
Ela continuou rolando as fotos, depois devolveu o celular, voz calma, como quem não se importa:
— É bonita mesmo. Mas agora vocês vão se encontrar toda sexta?
— Creio que não. Só nessa.
Carla deu um leve sorriso:
— Ah, que bom. Porque eu quero curtir com você quando voltar do motel ou da chácara. E também não esqueci da sua promessa de ir mais uma vez para eu transar com você e com o Maike.
Eu forcei um sorriso.
— Vamos ver. Temos tempo. Uma hora combinamos.
À noite, acabamos transando, mas talvez por receio, Carla não citou o nome de Maike. Fodemos gostoso, verdade seja dita. Felizmente, na cama, eu conseguia esquecer da mágoa que estava sentndo.
Tive mais um encontro com Luiza na terça seguinte. Dessa vez foi simples, sem fantasias, apenas nos curtimos em uma bom quarto de motel.
Na sexta seguinte, voltei ao ritual com Carla. Ela saiu às 18h50 para se encontrar com Maike. Não houve fotos nem vídeos dessa vez porque o encontro foi na chácara, mas quando ela chegou, 23h20, acabamos nos pegando, beijei-a fundo, chupei seu corpo todo suado, vi sua boceta vermelha e trepamos com fúria. Ela gozou gritando, depois me chupou, eu meti de quatro, depois de lado, depois por cima, gozei duas vezes. Mas quando a adrenalina abaixou, voltei a pensar que o fim do nosso casamento estava próximo.
Na terça seguinte, levei Luiza para a chácara no começo da noite. Transamos gostoso, em várias posições e já perto do final. Quando já tínhamos tomado banho, ela, pegou uma caixinha na bolsa e me entregou.
— Abre. Espero que goste.
Era um relógio. Caro, fino, marca boa, pulseira de couro preto, mostrador azul escuro. Não era Rolex, claro, mas era coisa de quem gasta bem.
— Quero te ver usando — disse ela, sorrindo. — Combina com você.
Claro que não contei a ela, mas nem gostava de relógio, porém agradeci, beijei-a e disse que usaria.
Mas já na estrada, levando-a para Atibaia, comecei a pensar:
Não era o primeiro presente. Antes tinham sido 3 camisas caras, que ela disse que “viu e lembrou de mim”. Agora o relógio. E no final da transa, enquanto alisava meu peito, perguntou baixo:
— Thiago… bem que a gente podia se ver mais de uma vez por semana. É muito tempo sem transar… e sem te ver.
Ela já tinha dito isso na semana anterior, mas agora soava diferente. Mais sério.
Tive um estalo, meu coração pulou e fiquei preocupado. Talvez, Luiza estivesse criando sentimentos por mim que iam além do sexo. Aquilo seria muito ruim. Muito ruim mesmo.
Mais duas semanas se passaram e a mesmas coisas se repetiram, terça fodia com Luiza, sexta esperava Carla voltar e a fodia depois de Maike. Claro, que também transava com minha esposa em outros dias.
Teve uma quinta que Luiza apareceu de surpresa na empresa, disfarcei e fiz de conta que era uma cliente, ela queria porque queira transar. Não resisti e a fodi, dessa vez, a japa quis fazer de conta que eu era um amigo do marido que vai passar uns dias na casa deles, mas começa a entrar em seu quarto à noite para boliná-la e ela para evitar confusão vai aceitando as investidas do hóspede. (de uma coisa eu não podia reclamar, minha vida não tinha rotina).
Luiza continuava mais doida para transar e me ver e aquilo estava me tirando o sono.
Certa noite, já no começo de dezembro, estava tomando um vinho com Carla. Eu esparramado no carpete da sala, e ela sentada no sofá. Conversávamos com naturalidade, apesar do fim iminente do nosso casamento (ainda que talvez ela não soubesse), eu gostava de conversar com minha esposa. Num dado momento, ela perguntou:
-E as coisas com a sua ficante como estão?
Creio que a bebida fez com que fosse sincero além da conta, virei mais uma taça e disse:
-Em termos de sexo, está fantástico, mas há algo me preocupando...
-O marido? Você não disse que eles têm um acordo?
-Não é isso. O problema é que pode ser que Luiza esteja se apegando demais a mim, isso seria péssimo e o pior que ela é tão legal.
Carla não era de demonstrar suas emoções com facilidade e soube jogar o jogo para obter mais informações:
-Mas por que você acha isso? Só porque ela goza muito, assim como eu com o Maike? Isso é bobagem, uma coisa é tesão na cama, outra é amar.
-Sim, mas ela vem falando umas coisas de nos vermos mais de uma vez por semana que não aguenta esperar e ainda passou a me dar uns presentes...
-Presentes?
-É primeiro foram umas camisas de grife caras para cacete e logo depois me deu um relógio de marca.
Carla franziu a testa, mas falou de maneira comedida:
-E onde estão esses presentinhos?
-As camisas estão no closet, ainda nem estreei, e o relógio numa das gavetas. Só o uso durante os encontros, nunca gostei.
Carla subiu calmamente ao nosso quarto, depois voltou com a caixinha na mão e disse séria:
-Thiago? Esse relógio custa uma nota, você deveria ter tido o bom senso de não aceita-lo.
-Seria uma tremenda desfeita, além disso, a Luiza tem grana, é dona de empresa de entregas, se fosse alguém mais humilde, claro que não aceitaria. Fiquei sem graça de cortar a alegria dela em me presentear
Carla aproveitou para comparar nossos relacionamentos, mas sempre num tom calmo, porém sério:
-Sabe, eu nunca ganhei um Sonho de Valsa do Maike, e também não dei nada, até parece que vou dar mimos, mas se desse, ah!!! Você ia fazer um drama danado, dizendo que não te amo mais e tome falação.
Resolvi brincar com a situação para o clima não ficar sério:
-Eu acho que se o Maike te desse um Sonho de Valsa, era capaz de você se ofender com a pão-durice dele, porque vamos combinar, nem de bombom dá para chamar aquilo.
Carla me olhou por uns segundos e começou a gargalhar ao ponto de tombar o pescoço paratrás:
-Tem razão. O exemplo não foi bom, vamos trocar por pelo menos uma caixa de chocolates belga. Mas, falando sério, é estranho, ela ficar te dando presentes assim, sem contar a parte de querer mais de um encontro por semana.
-Só estou me abrindo com você, porque gosto de jogar limpo. Poderia nem falar nada, mas me preocupo com a Luiza, é uma pessoa muito bacana, já enfrentou algumas barras sérias e não quero que se apaixone por mim, mas também pode ser só encanação minha e ela só queira retribuir por estarmos nos dando tão bem na cama.
Carla pensou com um ar de desconfiada, mas concordou:
-Você tem razão. Gostei de ter me contado, isso é cumplicidade, só te peço que tire essa dúvida com ela e se for mesmo, o quanto antes cortar melhor para todos.
-Na próxima quinta vou com ela à chácara, vamos ver.
Notei que Carla ficou inquieta depois disso, tomou mais uma taça de vinho, caminhou pela sala. Às vezes, parecia que ia falar algo, mas desistia, até que me perguntou, como quem não quer nada:
-E sobre o meu caso com o Maike? Você não falou mais nada, não pediu para eu encerrar. Decidiu aceitar numa boa?
Eu virei o resto de vinho que estava na taça e suspirei já meio alto:
- O tesão de vê-la com outro foi algo que não imaginei ser possível sentir, mas a hipótese de te perder, me machucou muito, por isso, pedi tantas vezes para parar com ele, sair com outro ou voltamos a ser monogâmicos, mas vi que não adianta e não quero mais brigar...após as férias falamos sobre isso.
Carla engoliu seco e mudou levemente de semblante, mas para se sair por cima, disse:
-Que bom que aceitou, porque não tem nada a ver eu estar apaixonada por ele.
Levantei-me e avisei que iria me deitar.
Na quinta, no começo da noite, peguei Luiza e fomos para a chácara. Após a primeira trepada estávamos deitados, abraçados, falando sobre amenidades, até que ela voltou a dizer:
-Ai, Thiago, a gente precisa rever isso de só um encontro por semana. Para mim, seriam 2, 3, 5! Vontade ficar com você num lugar como esse uns 15 dias, só apreciando a natureza e transando, meu gostoso.
Luiza e eu passamos a nos beijar longamente até que ouvimos um estrondo pavoroso vindo da porta da sala. Era como se estivessem tentando arrombar ou explodido algo na varanda. Pulei assustado e Luiza gritou:
-O que é isso? Será que é ladrão?!
-Calma, pode ser um bicho que escapou de outro lugar e bateu ali sem querer.
Vesti a calça rapidamente, estava bem nervoso, pois o lugar era distante de tudo e se fosse mesmo ladrão, estaríamos enrascados. Caminhei até a porta me pelando de medo e ao olhar pela mesma janela vertical onde meses antes tinha visto Carla e Maike fodendo na sala, quem vejo? Exatamente a minha esposa com um olhar furioso, braços cruzados, usava uma blusa cacharrel preta. Não entendi absolutamente nada, naquele dia e horário, ela tinha aula à noite.
-Carla?!
-A-bre! -Disse num tom severo.
Vendo que hesitei por uns segundos, Carla bateu forte na porta. Abri e antes que conseguisse perguntar o que tinha ido fazer lá, vejo um vaso enorme e pesado, espatifado na varanda. Minha esposa tinha o atirado, daí aquele estrondo. Antes que pudesse perguntar o que significa aquilo, levei um empurrão forte no peito com as duas mãos para abrir caminho.
-Cadê ela?!
Carla se encaminhou para o quarto, eu fui atrás, ainda atordoado, sem entender nada. O salto da botinha dela batia forte. Antes que pudesse pará-la, minha esposa entrou no quarto e foi para cima de Luiza que estava nua, segurando a calcinha para vesti-la.
-O que é isso?!- Perguntou Luiza espantada.
-Vou te mostrar o que é isso. Quer ficar 15 dias com o meu marido, é? Uma lua de mel. Toma aqui tua lua de mel...
Carla desferiu um tapa violentíssimo no rosto de Luiza e se preparou para lhe dar uma joelhada ou chute, mas eu a puxei para trás e a segurei.
-O que que é isso, Carla?
Ela não respondeu, apenas tentou acertar um chute em Luiza enquanto eu a puxava.
-Me solta!
Luiza gritou:
-Puta que pariu, Thiago! Você não disse que tinha um casamento aberto?
-E tenho! Amanhã mesmo, ela vai estar aqui com o amante dela!
-Então o que essa louca veio fazer aqui? – perguntou levando a mão no rosto um pouco abaixo do olho esquerdo.
-Boa pergunta! Que porra é essa, Carla?
Carla se debateu por um tempo, queria escapar para seguir agredindo Luiza. Ela era forte, mas eu mais. Minha esposa me deu uns tapas e socos, inclusive na cabeça. A japa assistia aquilo sem acreditar em nada e pedindo calma. Até que me enfezei, peguei-a no colo, mesmo se debatendo, levei-a para sala, coloquei-a no sofá e antes que a mesma tentasse levantar, dei uns berros fortes:
-Você vai parar com esse show sem sentido, agora! Chega! Chegaaaaaaaaaaa! Se acalma! Você tá louca, caralho!
Carla mudou de feição, ficou assustada ao me ver também transtornado, eu raramente explodia. Ela ficou calada ofegante como uma fera cansada, mas ainda não saciada, sua cara denotava muito raiva.
Esperei um pouco e lhe perguntei:
-Pode me dizer o que veio fazer aqui e por que bateu na Luiza?
-Tô sabendo de tudo, Thiago, corri atrás de provas e sei muito bem o que tá rolando.
Não acreditei no que acabara de ouvir:
-Mas que papo de maluca é esse? Que porra tinha para você descobrir? O meu caso com a Luiza é de conhecimento seu desde o começo, e antes dela, transei com várias do Tinder. Não, não, não, ou é um sonho daqueles sem pé nem cabeça ou você enlouqueceu.
-Você mesmo me contou que talvez, ela estivesse se apaixonando por você, contou dos presentes caros. Fiquei com a pulga atrás da orelha, até porque há pelo menos um mês, o mocinho anda bem diferente, meio aéreo, até pensei que fosse por causa do Maike, que nada! Estava pensando nela. Decidi fazer uma coisa que não gosto, mexi no teu celular, vi as mensagens melosas, o áudio da vagabunda dizendo o quanto tinha sido gostoso ser vendada e amarrada por você, que você era o caseiro rude dela. Olha o nível das mensagens! Foi aí que decidi checar melhor em que passo a coisa estava. Faltei hoje na universidade e cheguei um tempo depois de vocês aqui. No começo só ouvi os gemidos da puta, aliás como berra. Só que quando acabou, ouvi o papinho dela, tá na cara que essa bobalhona tá gamada em você e pelo jeito você nela, mas isso vai acabar hoje! Hoje!!
Fiquei boquiaberto com as revelações de Carla, nada mais fazia sentido dentro do contexto que pensei estar vivendo. Demorei a elaborar o que iria dizer. Nisso, Luiza aparece na sala, só usando a minha camisa e ainda com a mão no rosto, dizendo que estava ardendo. Minha esposa voltou a ficar atacada:
-E a putinha japonesa ainda coloca a sua camisa! Pode tacar fogo nessa camisa!
-Olha aqui, Carla, você precisa se acalmar e ir embora. Vou cuidar do rosto da Luiza, nem sei se tem algo para colocar aqui. Talvez gelo ajude.
-Ah! Mas não vou mesmo. Ela é quem vai pegar o rumo dela e você vai para casa.
-Eu não quero nem começar agora a conversa sobre o quão contraditória você está sendo sobre toda essa coisa de casamento aberto, mas aguarde que teremos muito o que acertar, só que agora, vou dar atenção à Luiza e você não vai se levantar daí. Chega de loucura!
Carla viu que eu estava realmente irritado e sossegou. Cruzou as pernas e os braços e ficou com um bico de emburrada. Peguei 3 pedras de gelo, embrulhei-as num pano e coloquei sobre o local do tapa.
-Toma, segura assim. Isso vai evitar que inche mais. Acho que não ficará roxo, mas se for é pouca coisa, uma base resolve.
Acariciei a cabeça de Luiza quase que instintivamente. Carla reclamou:
-Eiiiiiiii!
Não lhe dei ouvidos. Após o gelo derreter todo, Luiza disse que iria se trocar e ir embora. Perguntei várias vezes se ela estava em condições de pegar a estrada e sua resposta foi sim. No final, ainda disse:
-É melhor pegar a estrada do que ficar perto dessa girafa louca, vai que tem outra crise e começa a dar coices.
Carla se levantou feroz:
-Olha aqui, sua putinha romântica...
Cortei:
-Chega, chega...vou te levar até o carro, Luiza, e você fica aí – disse apontando para Carla.
Sentei-me no banco de carona e pedi mil desculpas a Luiza.
-Ela acha que você está gostando de mim e sei lá ou por um sentimento de posse ou talvez por me amar ainda, surtou.
Foi então que Luiza me deu uma resposta surpreendente:
-Mas isso é um absurdo. Claro que estou encantada com nossos encontros, mas é pelo sexo de qualidade, só que em nenhum momento cogitei ficar com você e atrapalhar seu casamento, queria sim, transar mais vezes, porque para ser sincera nunca transei tão gostoso como nesses últimos meses e eu sou assim, posso ficar um tempão sem transar, mas quando rola e é gostoso fico doida para repetir. Não estou apaixonada por você e espero nunca mais me apaixonar porque depois de tudo o que ocorreu com meu marido, tá louco...
-Vou ter uma boa conversa com a Carla, explicar tudo...
-Olha, Thiago, me desculpa, você sempre rasgou elogios à sua mulher, dizendo o quanto era equilibrada, culta, mas o que vi aqui, foi uma doida de pedra total. É melhor pararmos de nos ver, já pensou se ela arma um barraco na minha empresa ou na frente da minha casa?
Fiquei chateado com aquilo, mas um lado meu ficou leve por saber que Luiza não estava apaixonada por mim. Nos despedimos e voltei para dentro, não sem antes “admirar” o estrago na varanda, o vaso espatifado era muito pesado, nem sei como Carla aguentou levantá-lo, agora, só restavam cacos, uma planta morta e um monte de terra.
-Estou indo embora, amanhã nós teremos uma bela de uma conversa. – Eu disse.
-Eu vou no teu carro, vai saber se o mocinho e a japinha não acertaram de terminar o que começaram aqui. Ficaram muito tempo conversando.
-Tudo bem! Mas não quero ouvir sua voz daqui até em casa.
Não quis contar a Carla que Luiza terminou comigo, era bom deixa-la no escuro sobre isso, ademais, quem sabe quando a poeira baixasse, não poderia voltar a me encontrar com ela.
No meio do caminho da Fernão Dias, um caminhão tinha tombado e quando ocorria um acidente, ou ficava tudo parado ou se formava um congestionamento que obrigava a ir bem devagar. A minha cabeça tentava entender toda aquela insanidade. Estava puto, chateado por Luiza, até que olhei de rabo de olho para Carla que estava com a cara amarrada, olhar de brava e um leve bico. Não sei por quê, mas comecei a rir e mesmo tentando me conter não consegui parar.
-Tá rindo do quê, palhaço? Ahhh! Mas que palhaço ele é! Olha só! Vou comprar uma fantasia de Patati para você e uma de Patatá para a namoradinha, vão ficar lindos. Já consigo até ver os dois se casando fantasiados.
Eu tentava parar de rir, mas com Carla falando bobagens e bem diferente do estilo seguro dela, não conseguia e isso a deixou mais fula, tanto que me deu uns 4 socos no braço.
Quando finalmente chegamos em casa, Carla subiu furiosa e disse:
-Pode tomar banho se quiser se deitar na mesma cama e taca fogo nessa camisa.
Não conversamos mais naquela noite, mas Carla se mexeu o tempo todo, sinal de que estava nervosa.
No outro dia, não nos vimos durante o café, mas lhe mandei uma mensagem.
“Pode desmarcar o encontro com o Maikezinho porque após a janta teremos uma conversa”.
Um tempo depois, recebi um seco:
“Tudo bem”.
Por volta das 11h da manhã, me lembrei que com toda aquela confusão, me esqueci de separar uns documentos que estavam em meu escritório em casa. Decidi ir até lá.
Parei na rua mesmo, pois era coisa de pegar os documentos e sair, mas, no momento em que entrei, vi e ouvi uma conversa que mudaria tudo em minha vida.
