Capítulo XXXI — Livre para amar!
Caio narrando...
Há dias que eu não via o rosto dele, desde nosso último encontro que foi intenso e cheio de conexão. Os dias pareciam meses e séculos. Desde aquela última visita, quando o toque das nossas mãos foi interrompido pelo som frio de uma chave girando na fechadura, o tempo simplesmente... parou.
Dizem que a saudade é uma ausência que grita, mas comigo ela se tornou um ruído constante, um som abafado dentro do peito, que machuca por dentro e não me deixa dormir. Rafael estava proibido de receber visitas íntimas, e nem mesmo os advogados entenderam direito o porquê. Alegaram protocolo interno, punição por comportamento indevido, burocracias sem alma. Mas a verdade é que, naquela cela, ele estava sozinho. E aqui fora, eu também estava.
Naquela noite, a cidade parecia dormir cedo demais. O som distante do trânsito misturava-se à respiração cansada da minha mãe, que dormia no quarto ao lado. Eu estava na cozinha, tentando encontrar algum consolo num copo de café frio. A luz amarela da luminária refletia na parede, criando sombras longas que pareciam me observar. Às vezes, eu me pegava falando com elas, como se fossem pedaços de mim espalhados pelo cômodo.
O relógio marcava quase meia-noite quando o silêncio se tornou pesado demais. Foi então que percebi que estava chorando. Não um choro súbito, mas aquele tipo de choro que nasce manso, silencioso, como se viesse do fundo da alma. O café esfriou entre meus dedos e eu só conseguia pensar em Rafael.
Na última vez que o vi, o sorriso dele ainda carregava força, mesmo preso entre grades e promessas quebradas. Eu me lembrava da voz dele dizendo para eu ter fé. Mas como é que a gente tem fé quando o amor da nossa vida tá lá dentro, pagando o preço por proteger você?
A dor da culpa era um animal selvagem dentro de mim. Eu sempre dizia que o amava, mas agora, olhando pra trás, parecia que eu vivia tentando provar o contrário. Ciúmes bobos, desconfianças, brigas sem motivo. Quantas vezes eu o fiz chorar? Quantas vezes eu o fiz sentir que ele não era suficiente, quando na verdade era eu quem não sabia amar direito?
Senti o chão sob meus pés parecer mais frio quando ouvi passos suaves vindo do corredor. Era minha mãe, que apareceu na cozinha, com o roupão branco apertado no corpo e o cabelo meio desgrenhado, como quem acordou preocupada. Ela me olhou por um instante, e aquele olhar bastou.
— Filho… — a voz dela saiu calma, mas firme — você tá chorando de novo, não é?
Eu tentei disfarçar, passei as mãos pelo rosto e desviei o olhar, mas a garganta travou.
— Mãe… — suspirei, com a voz trêmula — eu só… não aguento mais. Eu não sei o que fazer.
Ela se aproximou e colocou a mão sobre o meu ombro. O toque dela sempre teve o poder de desmontar qualquer armadura que eu tentasse vestir.
— É sobre o Rafael, não é? — ela perguntou, mesmo sabendo a resposta.
Eu balancei a cabeça, incapaz de conter as lágrimas.
— Eu sinto tanto, mãe… Eu sinto que tudo isso é culpa minha.
— Culpa sua? — ela arqueou as sobrancelhas, confusa.
— Sim… — engoli o choro, tentando organizar as palavras — se eu tivesse sido diferente… se eu não tivesse deixado o ciúme tomar conta… talvez ele não tivesse se metido em tanta confusão por mim. Tudo começou por minha causa. Ele só queria me proteger. E agora ele tá lá, pagando por algo que não devia.
Mamãe me observou com ternura, mas também com aquela firmeza serena que só as mães sabem ter.
— Caio, o amor de vocês não nasceu do erro. Ele nasceu da verdade. E quem ama de verdade, filho, não mede consequências. Rafael fez o que fez porque te ama.
— Mas eu devia ter feito mais, mãe! — interrompi, com a voz embargada. — Eu devia ter ficado mais perto, ter confiado mais nele, ter segurado a mão dele quando ele mais precisou. E ao invés disso, eu deixei o orgulho e o medo tomarem conta. Eu estraguei tudo.
Ela se aproximou mais e me abraçou.
— Filho, ouvir você dizer isso já é prova de que o amor ainda vive. Rafael te entende e ele te perdoa.
Eu me desfiz no abraço dela. Um choro manso, mas doído, escapou do meu peito. Quando me afastei, ela enxugou minhas lágrimas com os polegares e, com um leve sorriso, disse:
— Eu tenho algo pra te mostrar.
— O quê? — perguntei, confuso.
Ela foi até o quarto e voltou segurando um envelope branco, dobrado e cuidadosamente lacrado.
— Rafael me pediu pra te entregar quando achasse que fosse o momento certo — disse ela, colocando a carta nas minhas mãos. — Acho que agora é.
Por alguns segundos, fiquei apenas olhando aquele envelope. O nome “Caio” estava escrito com a caligrafia firme de Rafael, e só de ver aquelas letras o coração pareceu parar de bater. Meus dedos tremiam quando rompi o lacre.
Abri o papel com cuidado, como se fosse feito de vidro. O cheiro do papel trazia o perfume suave dele, e isso foi suficiente pra me arrancar um soluço. Sentei à mesa, respirei fundo e comecei a ler.
“Meu amor,
Se você está lendo esta carta, é porque a vida resolveu nos testar de novo. Eu sei o quanto tudo isso tem sido difícil, e queria poder te abraçar agora, te envolver nos meus braços e dizer que vai passar.
Aqui dentro o tempo é diferente. Cada hora é uma eternidade, mas o que me mantém de pé é pensar em você. Fecho os olhos e vejo o teu sorriso, e isso basta pra eu lembrar do porquê de continuar lutando.
Eu sei que você se culpa. Conheço esse teu coração, Caio. Mas eu preciso te pedir uma coisa: se perdoe.
A gente errou, sim. Brigamos, dissemos coisas impensadas, deixamos o orgulho falar mais alto. Mas o amor que temos é maior do que isso. Eu te perdoo, meu amor. E quero que você se perdoe também.
O que aconteceu naquela noite foi um fim que eu jamais quis, mas também foi o começo de uma verdade: eu não sou mais prisioneiro do medo que meu pai me impôs. Eu sou livre, porque te amo!
Eu quero sair daqui e recomeçar do zero ao teu lado. Quero casar contigo, dividir o mesmo teto, acordar com o som da tua risada ecoando pela casa.
Mas, para isso, eu preciso que você esteja inteiro. Não carregue culpas que não são suas.
Perdoar o outro é lindo, mas perdoar a si mesmo é ainda mais libertador.
E quando eu voltar pra você, porque eu vou voltar, quero ver nos teus olhos o mesmo brilho de quando me disse ‘eu te amo’ pela primeira vez.
Amor, o perdão é o último passo da liberdade. Quando a gente aprende a se perdoar, o amor deixa de ser ferida e vira abrigo.
Eu te amo com todo meu coração e força, e quero que, quando eu sair daqui, a gente não carregue mais nenhuma culpa. Quero passar o resto da minha vida ao teu lado sem pesos, sem medos e sem passado. Só com o presente, e o futuro que a gente vai construir.
Te espero, sempre.
Teu pra sempre,
Rafael.”
As palavras dele foram como uma onda, primeiro suaves, depois devastadoras. Quando terminei a leitura, o papel estava molhado pelas minhas lágrimas. Eu o encostei no peito e o abracei como se fosse o próprio Rafael. Minha mãe, que observava tudo em silêncio, aproximou-se e colocou uma xícara de chá diante de mim.
— Ele te ama, filho, de um jeito que poucas pessoas são amadas nessa vida.
Eu assenti, ainda tremendo, com a voz falhando.
— Eu sei, mãe… e eu também amo ele. Mas dói tanto…
Ela segurou minha mão.
— Então, transforme essa dor em força, Caio. Ele precisa de você firme. Mostre pra ele, e pro mundo, que esse amor é mais forte do que qualquer prisão.
Olhei pra ela e vi nos olhos da minha mãe o mesmo brilho de fé que um dia vi nos olhos de Rafael. Um brilho que dizia, sem precisar de palavras, que o amor ainda tinha salvação.
Naquela noite, adormeci no sofá com a carta no peito. E antes de fechar os olhos, fiz uma promessa silenciosa: que, acontecesse o que acontecesse, eu esperaria por ele. Porque amor, o nosso tipo de amor, não se mede pelo tempo que se passa junto, mas pela força que sobrevive mesmo quando o mundo inteiro tenta separar.
E ali, entre o som distante da chuva e o cheiro do papel envelhecido nas minhas mãos, eu senti Rafael perto de novo.
Como se cada palavra dele fosse uma âncora me puxando de volta à vida. E pela primeira vez em muitos dias… eu respirei sem dor.
Acordei com o coração leve, mas inquieto. Era como se a carta que li na noite anterior ainda vibrasse dentro de mim, sussurrando as palavras de Rafael entre os espaços do meu silêncio. Dormi mal, entre lágrimas e lembranças, mas algo em mim havia mudado. Talvez fosse o início do perdão — aquele que ele dizia ser o mais difícil de todos: o de mim mesmo.
A luz da manhã atravessava as cortinas e repousava sobre a mesa, onde a carta ainda estava aberta. O papel parecia vivo, pulsando, como se o próprio Rafa estivesse ali, deitado sobre ela, sorrindo daquele jeito que só ele sabia, com os olhos.
Passei os dedos sobre as linhas e, por um instante, fechei os olhos. Senti o perfume que ele usava, a textura da pele quente contra a minha, o riso abafado que sempre escapava quando eu o abraçava por trás. Doía, mas era uma dor bonita, que me lembrava o quanto ele foi real, o quanto ele ainda era.
Minha mãe entrou devagar, com um olhar cuidadoso.
— Vai sair, filho? — perguntou, com aquele tom que misturava medo e ternura.
— Vou, mãe. Preciso... ir a um lugar. — respondi, dobrando a carta com cuidado.
— Quer que eu vá com você?
— Não, dessa vez eu preciso ir sozinho.
Ela entendeu, sempre entende.
Peguei no armário a blusa azul que Rafa usava no dia em que nos conhecemos. Ela ainda tinha o cheiro dele, um misto de sabonete e verão. Aquela tarde ficou gravada em mim: o sol se deitava sobre o horizonte, e ele sorria de um jeito que parecia parar o tempo.
Aquela blusa era quase um relicário. Vesti-a, respirando fundo, como se abraçasse a própria lembrança.
Saí caminhando devagar pelas ruas que pareciam diferentes desde que ele se foi. As pessoas passavam apressadas, carros buzinavam, o mundo seguia, mas dentro de mim, tudo estava suspenso, quieto, flutuando entre o que foi e o que ainda seria.
O mirante não ficava longe. Era o mesmo onde ele me levou, ou melhor, onde eu o levei. Lembro até hoje: ele queria conhecer o ponto mais alto da cidade, e eu insisti que era aquele o lugar perfeito. Era verão, e o vento carregava o cheiro doce das árvores e o calor das pedras que refletiam o sol.
Aquele dia, o mundo parecia feito para nós dois.
Quando cheguei ao mirante, o sol estava exatamente como naquela tarde, forte, dourado, abraçando o horizonte. Sentei no mesmo ponto, o mesmo onde ficamos lado a lado, com as pernas pendendo sobre o vazio, enquanto ele falava sobre o medo e a coragem de amar alguém de verdade.
Fechei os olhos e o ouvi.
A voz de Rafael parecia atravessar o tempo:
— O amor, Caio, é quando a gente escolhe ficar, mesmo quando tudo dentro da gente quer fugir.
Sorri, e as lágrimas vieram sem pedir licença. Eu lembrava de cada toque, de cada riso, de cada silêncio. Da primeira vez que o beijei, com o coração descompassado. Da primeira vez que nos beijamos, ali mesmo, sob a tarde que parecia se estender para sempre, como se o mundo inteiro coubesse dentro de nós dois.
As roupas caindo devagar, o vento leve brincando com a pele, o calor das mãos, o tremor da entrega... Tudo parecia tão vivo. E foi ali que entendi o que era amor: a soma das pequenas coragens que se tem ao olhar o outro e dizer “fica”.
Passei os dedos pela blusa azul e sussurrei:
— Eu ainda sinto você aqui, Rafa.
O vento soprou forte, como se respondesse.
Era a mesma brisa quente de verão, mas agora havia nela uma paz diferente, como se o tempo finalmente tivesse perdoado o que fomos.
Olhei o horizonte e falei em voz alta, para ele, para mim, para tudo:
— Eu me perdoo, Rafa. Por todas as vezes que deixei o medo falar mais alto. Por ter te amado do meu jeito torto, com ciúmes, com falhas, mas com verdade. Eu me perdoo, porque aprendi que o amor também é se permitir errar e ainda assim continuar amando.
As palavras saíam entre soluços, mas era um choro limpo, sereno, como chuva que lava o coração.
Peguei a carta novamente, aquela que minha mãe me entregou, e reli em voz alta, deixando que cada palavra ecoasse no vento:
“Caio, o perdão é o último passo da liberdade.
Quando a gente aprende a se perdoar, o amor deixa de ser ferida e vira abrigo.
Eu te amo com todo meu coração e força, e quero que, quando eu sair daqui, a gente não carregue mais nenhuma culpa. Quero passar o resto da minha vida ao teu lado sem pesos, sem medos e sem passado. Só com o presente, e o futuro que a gente vai construir."
Minhas mãos tremiam. Eu lia e sentia cada sílaba como se ele estivesse ali, ao meu lado, dizendo tudo com aquele olhar cheio de vida.
— Você sempre soube o que dizer... — murmurei, enxugando os olhos. — Mesmo preso, você ainda me liberta.
O sol começava a descer, espalhando tons de laranja e rosa pelo céu. Respirei fundo e fechei os olhos, deixando que a brisa me envolvesse.
Naquele instante, não havia culpa, nem distância, nem dor. Havia apenas amor... puro, maduro, infinito.
Pensei em como tudo começou, no primeiro olhar, no primeiro toque, no primeiro medo. E sorri. Porque, apesar de tudo, eu não trocaria nada. Cada lágrima, cada discussão, cada reconciliação... tudo fez sentido, tudo construiu o que somos.
Olhei para o horizonte e falei baixinho, como uma prece:
— Eu te espero, Rafa. Quantos verões forem necessários.
O vento soprou novamente, e juro que senti, por um breve segundo, o toque dele nos meus ombros, leve, quente e familiar.
Sorri, de olhos fechados, e deixei o tempo passar.
O sol se despediu devagar, e eu fiquei ali, com a blusa azul, o coração em paz e a certeza de que o amor, quando é verdadeiro, não precisa de lugar para existir.
Ele vive onde sempre deve viver: dentro da gente.
Quando o sol começou a se esconder por completo, senti que era hora de ir. Fiquei em silêncio por alguns minutos, apenas ouvindo o som do vento passando pelas folhas e o murmúrio distante da cidade lá embaixo.
Peguei a blusa azul que estava sobre meus joelhos e a abracei contra o peito, respirando fundo, como se tentasse guardar nela tudo o que vivi naquele instante: o cheiro do verão, o calor da lembrança, a paz que finalmente se assentava dentro de mim.
Levantei-me devagar. Meus passos eram firmes, mas havia algo suave neles, como se eu estivesse aprendendo a caminhar de novo, sem o peso da culpa, sem as correntes que me prendiam ao que já passou.
Desci o caminho de pedras do mirante e segui a estrada que levava até a praia. O ar era quente, mas o vento começava a ficar úmido, trazendo consigo o sal do mar e um cheiro de começo.
Era o mesmo caminho que percorremos um ano e meio atrás, quando ele me fez rir por besteiras, quando disse que queria tatuar meu nome no coração, mesmo que fosse só em pensamento.
Enquanto caminhava, a lembrança daquele dia voltava como uma projeção viva diante dos meus olhos. A blusa azul, o sorriso dele, o toque suave nas minhas mãos, o beijo que começou tímido e terminou cheio de promessas.
— Você é meu lar, Caio — ele disse naquela tarde. — E eu quero morar nesse amor até o fim.
Senti as lágrimas voltarem, mas dessa vez eram diferentes. Não ardiam. Eram doces, como se lavassem os últimos restos de medo que ainda existiam em mim.
Quando meus pés tocaram a areia, já era fim de tarde. O céu estava pintado em tons de laranja e lilás, e o mar, calmo, parecia respirar junto comigo.
Tirei os sapatos e deixei que a água fria molhasse meus pés. A sensação me trouxe de volta à infância, às memórias de quando tudo era simples e o amor não doía tanto.
Sentei-me na areia, olhei para o horizonte e tirei a blusa azul do ombro, estendendo-a sobre as pernas.
Ali estava ela, um símbolo de tudo que vivemos, de tudo que aprendemos.
Cada costura parecia carregar um momento nosso, cada desbotado de cor, uma lembrança guardada.
Olhei para o mar e falei em voz baixa:
— Você lembra, Rafa? Foi aqui que eu percebi que não queria mais fugir. Que te amar não era uma prisão, era uma escolha.
O vento respondeu com um sopro leve, quase um toque. Fechei os olhos e imaginei ele ali, sentado ao meu lado, com aquele sorriso torto e os olhos cheios de calma.
— Você conseguiu, Caio — ele dizia, na minha mente. — Finalmente se libertou.
Sorri.
E foi nesse sorriso que senti a presença dele mais forte do que nunca.
Não como uma lembrança distante, mas como algo que fazia parte de mim, como uma chama que nunca se apaga.
Olhei para o horizonte e deixei o tempo passar. A maré subia lentamente, lavando as marcas na areia, apagando rastros, deixando tudo novo, como se o mundo se reinventasse diante de mim.
Peguei a blusa azul e levantei-me. Segurei-a no ar, deixando o vento brincar com o tecido, e por um instante, vi o sol bater nela, e parecia que o céu inteiro se tingia daquele mesmo azul.
— Eu te amo, Rafa — sussurrei, com a voz embargada. — E agora, eu também me amo.
Deixei que a brisa levasse minhas palavras, e elas desapareceram no som das ondas, misturadas ao infinito.
Caminhei um pouco mais pela areia, com os pés descalços e o coração em paz. Senti o sal nos lábios, o cheiro do mar, o peso leve do perdão.
Parecia o fim de um ciclo, mas também o início de outro, um mais maduro, mais livre, mais verdadeiro.
Naquela tarde de verão, o céu se despediu em tons de ouro e azul, e o mar parecia sorrir. E eu, pela primeira vez em muito tempo, sorri de volta.
Porque entendi que o amor, quando é real, não precisa estar perto para permanecer. Ele só precisa ser sentido, e ser vivido com verdade.
E ali, entre o vento, a areia e o mar, eu soube: Eu e Rafael ainda éramos, mesmo longe, mesmo em mundos diferentes, ainda éramos. E isso bastava.
