No dia seguinte, Arthur me disse com uma frase sucinta que eu deveria arrumar minhas coisas pois iríamos embora. No caminho para a nossa cidade ele mal me olhou, não conversamos ou brigamos, ficamos em absoluto silêncio, o que era bem pior. Ao chegarmos na porta do edifício que eu morava, eu tentei puxar assunto, ainda dentro do carro:
- Amor... - minha voz saiu frágil, quebrada pela tensão das horas caladas. - Podemos conversar? Só... preciso entender.
Ele não me olhou.
- Não tem o que entender, Eduarda - ele fez uma pausa, engolindo seco. - Eu preciso de tempo. Sozinho.
E então ele saiu do carro, veio até o meu lado e abriu a porta para mim. Um gesto de cavalheirismo automático, um hábito do Arthur antigo que sobrevivia em meio aos escombros. Peguei minha mala. Ele não tentou me beijar, nem me tocar além do necessário.
- Tchau, Eduarda - ele disse, e meu nome soou estranho, distante. - Te ligo depois.
Fiquei parada na calçada, vendo o carro dele desaparecer na esquina. O apartamento me esperava, cheirando a poeira e abandono. Subi as escadas devagar, cada passo um eco da vida comum que agora me sufocava.
Naquela noite, sozinha na cama estreita, me toquei pensando na expressão de Arthur enquanto assistia Davi me comer. Na dor e no êxtase daqueles olhos. E gozei gritando o nome dele, não o do seu pai, nem o de Jorge, nem o de Davi. Gozei chorando, porque mesmo no meu ápice de prazer sujo, era Arthur que meu coração pedia. Era ele que, no fim das contas, eu não queria perder.
Meus pesadelos daquela noite envolviam Arthur me deixando, me olhando com nojo e repulsa, me trocando por uma moça com vestido longo, sem face, recatada. Acordei com um susto, com o celular tocando. Meu coração veio até a boca e voltou quando vi que não era Arthur me ligando, era minha amiga da faculdade, Letícia.
- Alô? - falei com a voz sonolenta, ainda presa na névoa do pesadelo.
- Oi amiga, tudo bem? Você voltou de viagem já? - a voz animada de Letícia pareceu um choque de realidade. Era tão normal, tão despreocupada.
- Voltei ontem - respondi, sentando na cama e esfregando os olhos. O apartamento estava silencioso demais. A solidão pesava nos ossos.
- Ah, que bom! Então está livre hoje? Tô com saudades! Vamos sair, tomar uma cervejinha, botar o papo em dia! Tem um barzinho novo perto da sua rua, parece bem legal.
A proposta era inocente e a ideia de ficar mais uma noite sozinha, remoendo a incerteza de Arthur, me pareceu pior.
- Tá bom - disse, sem muito entusiasmo. - Que horas?
- Oito? Te busco! - ela desligou, ainda animada.
Deitei novamente, encarando o teto. A imagem do pesadelo, Arthur de costas, a moça sem rosto de vestido longo, ainda dançava atrás das minhas pálpebras. Eu precisava me distrair. Ou talvez, no fundo, precisava testar algo. Ver se aquela vida comum ainda tinha algum sabor.
Levantei e fui até o guarda-roupas. Meus olhos percorreram as roupas. Vestidos floridos, jeans, blusinhas simples. Tudo parecia de outra pessoa. Então, no fundo, avistei o vestido preto que tinha usado na noite com Jorge. Justo, curto, um convite. Meu coração acelerou. Não era apropriado para um barzinho casual com uma amiga. Mas era o retrato da puta que eu havia me tornado.
Quando o interfone tocou, eu estava pronta. Salto alto, aquele vestido justo que quase deixava a polpa da minha bunda de fora, decote que deixava meus peitos parecendo ainda maiores. Meu cabelo estava solto, caindo sobre os ombros. Meu batom era vermelho sangue.
Letícia arregalou os olhos ao me ver.
- Nossa, amiga! Tá linda! Mas uau, tá arrumada pra matar, hein? Esperava alguém especial?
Um sorriso triste tocou meus lábios.
- Não - respondi, simplesmente. - Só queria me sentir bem.
No carro, Letícia falava sem parar sobre a faculdade, sobre um estágio, sobre planos de viagem. Eu ouvia, assentindo, mas suas palavras pareciam vir de um mundo plano, sem gravidade. Ela falava de futuros como se fossem lineares, previsíveis. Como se o coração e o corpo fossem entidades domesticadas.
Olhei para ela. Letícia era bonita, de um jeito simples. Loira, com cabelo curtinho, vestia jeans e uma blusa leve, quase nenhuma maquiagem. Havia uma inocência nela que, de repente, me pareceu não apenas distante, mas... Morta em mim. Era como olhar para um fantasma da minha antiga vida.
Chegamos ao bar. Era exatamente como ela havia descrito: aconchegante, iluminação suave, música baixa. Havia casais conversando, grupos rindo. Um ambiente seguro. Eu me senti como um animal exótico solto num cercado doméstico.
Enquanto Letícia falava, meus olhos percorreram o ambiente. Homens olhavam. Alguns disfarçavam, outros nem se davam ao trabalho. Um, mais velho, no balcão, prendeu o olhar no meu decote. Antes, eu teria ficado constrangida. Hoje, senti apenas um calor familiar. Era um reflexo condicionado, meu corpo respondia ao desejo alheio.
- Amiga? - Letícia chamou, preocupada. - Tá tudo bem? Você tá meio... Distante.
- Tudo bem - menti, dando um gole na minha cerveja. - Só cansada da viagem.
Mas não era cansaço. Era um vazio diferente. Era como se, depois de ter experimentado um banquete proibido, eu fosse incapaz de me saciar com pão.
E, no meio daquele bar comum, sob os olhares cobiçosos de estranhos, só conseguia pensar em uma coisa: Arthur. Onde você está? Você está pensando em mim?
A quinta cerveja começou a turvar minha visão. Letícia falava animada sobre o próximo semestre da faculdade, mas eu só via os lábios dela se movendo, sem prestar atenção. Meus sentidos estavam afinados em outro lugar: no homem sentado três mesas à frente.
Era um tipo comum, talvez uns quarenta anos, aliança no dedo, beleza mediana. Mas seus olhos eram experientes e diretos. Ele me olhava sem disfarce, com um sorriso de cafajeste. Quando Letícia foi ao banheiro, ele se aproximou.
- Posso? - perguntou, indicando o banco vazio. Sua voz era áspera, de quem fuma.
Assenti, um sorriso automático e vazio nos lábios. Ele cheirava a whisky barato.
- Você não parece do tipo que vem a bares sozinha - disse ele, os olhos cravados nos meus peitos pesados e nos mamilos marcando o tecido.
- Não estou sozinha - respondi, jogando o cabelo pro lado.
- Mas parece estar. Sua amiga parece legal. Mas você... Você parece ter histórias - ele se inclinou um pouco. - Histórias que eu adoraria ouvir.
Era um convite vulgar disfarçado de conversa. Um mês atrás, teria me dado nojo. Agora, meu corpo reagiu antes da minha mente: uma pontada quente entre as pernas, um desejo automático de ser desejada, de exercer o poder que meu corpo me dava.
- Sua esposa não se importa de você tentar ouvir histórias das mulheres por aí? - perguntei, indicando a aliança.
Ele riu baixo e deu de ombros.
- Ela está em casa. E eu... Estou aqui. Às vezes as pessoas estão em lugares diferentes.
Eu estava prestes a responder, a lançar mais uma frase de duplo sentido, quando uma sombra se interpôs.
Era uma mulher. Cheinha, cabelo na altura do ombro, olhar raivoso.
- É aqui sua “reunião de trabalho”, Marcos? - a voz dela era um sibilo cortante, cheio de dor e raiva.
O homem, Marcos, empalideceu.
- Carla, não é o que parece...
- Parece que você está babando por uma puta num bar qualquer enquanto eu cuido dos seus filhos! - ela gritou, e agora algumas cabeças começaram a virar na nossa direção.
O sangue correu rápido demais nas minhas veias. Não era vergonha. Era uma raiva súbita e quente. “Puta”. A palavra ecoou dentro de mim, não como um insulto, mas como uma confirmação.
- Olha só quem fala - eu disse, me levantando devagar. O salto me deu alguns centímetros sobre ela. - Pelo menos eu não preciso ficar vigiando meu marido. Ele veio até mim, querida. A culpa é dele, não minha. Então segura sua língua, entendeu?
Ela ergueu a mão e eu me preparei, quase ansiando pelo contato, pela violência que parecia o próximo passo lógico naquela noite caótica.
Mas antes que a mão dela me acertasse, Letícia apareceu, agarrando meu braço.
- Vamos embora, Eduarda. Agora - sua voz era firme, autoritária, me puxando para longe do casal. O homem tentou dizer algo, mas a mulher já estava cuspindo insultos nele.
Letícia me arrastou para fora, o ar frio da noite me atingindo como um tapa. Ela não soltou meu braço até chegarmos ao carro.
- O que foi aquilo, Eduarda? - ela explodiu assim que entramos. - Você flertando com um cara casado? Provocando a esposa dele? Você não é assim!
O motor ligou, mas ela não saiu do lugar.
- Como eu sou então, Lê? - perguntei, minha voz embriagada e desafiadora. - Me conta. Porque eu não sei mais.
- Você é doce, Eduarda. Você é inteligente, focada, você tem um futuro! Você tem o Arthur, que te adora! O que está acontecendo com você?
O nome dele foi a gota d’água. As lágrimas que eu segurava desde o pesadelo começaram a brotar dos meus olhos.
- O Arthur não me quer mais! - solucei, o corpo todo tremendo. - E eu... Eu não sei mais quem eu sou sem ele. Sem... sem isso tudo.
- Sem o quê? - Letícia perguntou, mais suave agora, confusa.
Eu não queria falar toda a história. Eu sabia que só teria julgamento de uma mulher normal como a Letícia.
- Deixa pra lá - falei, simplesmente.
- Vamos pra sua casa. Você precisa dormir, precisa descansar a cabeça - Letícia disse, colocando o carro em movimento.
No apartamento, o silêncio nos envolveu de novo, mas agora era menos hostil, mais triste. Ela me fez sentar no sofá, trouxe água, um lenço.
- Você está machucada, eu sei. Mas seja o que for que aconteceu, eu sei que o Arthur te ama, ele vai voltar pra você - disse, sentando ao meu lado.
Letícia me abraçou, e por um segundo, o cheiro simples do seu shampoo, o contato humano sem segundas intenções, foi um alívio tão profundo que me fez tremer. Era um abraço de amiga, puro, inocente. E justamente por isso, na minha confusão embriagada e na carência desesperada, ele pareceu a única âncora em um mar de desejos sujos. Em um impulso cego, me inclinei e pressionei meus lábios nos dela.
Foi um contato seco, desajeitado, carregado de desespero, não de desejo. Letícia congelou por um segundo, depois se afastou bruscamente, esfregando a boca com o dorso da mão.
- Eduarda! Pelo amor de Deus! - ela se levantou, o rosto uma máscara de choque e repulsa. - Olha, você é linda, amiga. Mas eu não gosto de mulher... E eu namoro! Eu não sei o que está acontecendo com você, mas isso... Olha, espero que você melhore. Eu preciso ir.
Ela pegou a bolsa e foi até a porta. Parou por um instante, olhando para mim, amassada no sofá, a maquiagem manchada pelas lágrimas.
- Procura ajuda, Eduarda. De verdade - foi sua última frase antes da porta se fechar.
E então fiquei sozinha novamente. No silêncio absoluto, o gosto do batom de Letícia ainda nos meus lábios, misturado ao amargo da cerveja e da humilhação. Eu tinha atingido um novo fundo do poço. E, deitada ali sofá da sala, percebi com um frio na alma: nem mesmo o abraço da amizade normal me cabia mais. Eu tinha me tornado uma estranha em todos os mundos. A única pessoa que ainda poderia me querer era Arthur.
E ele não estava aqui.
As semanas que se seguiram foram um purgatório. Arthur não ligou.
Os primeiros dias foram de ansiedade aguda. Cada notificação do celular era um salto no coração, seguido por uma queda mais funda quando era apenas uma propaganda ou uma mensagem de grupo.
Na segunda semana, a ansiedade deu lugar a um entorpecimento. Era final de novembro e quase todos os apartamentos já estavam decorados com luzes piscantes, mas eu não tinha vontade nenhuma de decorar minha casa, mesmo sendo a época do ano que mais gosto.
Ficava horas olhando para o teto ou vendo vídeos idiotas no Instagram. Meu corpo, acostumado ao toque frequente e intenso, sentia a falta como um membro fantasma. Às noites, me tocava, mas os orgasmos eram mecânicos, vazios, só serviam para lembrar que minha carne ainda funcionava, mesmo que o resto de mim parecesse desligado.
A terceira semana trouxe um surto de raiva. Raiva de Arthur por me abandonar na beira do abismo que ele mesmo ajudou a cavar. Raiva do Sr. Carlos por ter me moldado numa forma que não cabia em lugar nenhum. E, principalmente, raiva de mim mesma. Por ter gostado. Por querer mais. Por ter destruído a coisa mais próxima de amor verdadeiro que eu tinha.
Foi nessa semana que eu quase liguei para ele. Peguei o telefone, digitei o número, o dedo pairando sobre a tecla verde. Mas o que eu diria? “Volta, eu prometo ser normal”? Era uma mentira que nem eu acreditava. Desisti, jogando o celular na cama.
A quarta semana começou com um convite inesperado. Um e-mail da faculdade para um estágio no ano que vem, em outro estado, no litoral. Era uma saída. Seria um reset total. Passei uma noite inteira olhando para a tela, imaginando uma vida anônima, simples, talvez até feliz de uma forma menos intensa.
Mas quando fechei os olhos, não vi praias, não vi o mar. Vi o escritório escuro do Sr. Carlos. Vi Arthur de joelhos, me olhando com dor e devoção. Vi meu próprio reflexo no espelho da suíte do motel, coberta de porra. Era aquilo que me definia agora. Fugir seria como arrancar minha própria pele.
Quase um mês depois de um silêncio total, meu celular tocou. Não era um número desconhecido. Era o dele.
Meu estômago deu um giro violento. A mão tremeu tanto que quase derrubei o celular.
- Alô? - minha voz saiu um sopro.
- Eduarda - a voz dele era calma. Plana. Não dava para decifrar. - Você está livre para jantar hoje?
- Estou - respondi rápido demais, sem pensar.
- Ótimo. Vou te buscar às oito. No lugar do nosso primeiro encontro.
Ele desligou antes que eu pudesse dizer mais nada.
O lugar do nosso primeiro encontro era um pequeno restaurante italiano, aconchegante. Ele estava voltando ao começo. Seria para um recomeço... Ou uma despedida?
Passei o resto do dia em um estado de tensão quase alucinatória. Tentei me arrumar, mas nada parecia certo. Roupas comuns me faziam parecer uma atriz mal vestida. Roupas ousadas pareciam uma tentativa desesperada. Acabei optando por um vestido simples, vinho, até o joelho, decote discreto. Queria que ele me visse, não o corpo, mas a mulher. A mulher que ele amava. Se é que ainda amava.
Às oito em ponto, desci para encontrar Arthur, já estacionado na frente do edifício.
Quando entrei, o cheiro familiar do veículo quase me fez chorar. Arthur estava impecável, com uma camisa azul que eu gostava, mas seu rosto estava mais magro, seus olhos mais sombrios, como se tivesse passado por uma guerra silenciosa.
- Oi - ele disse, sem me olhar, colocando o carro em movimento.
- Oi - respondi, minhas mãos suadas no colo.
O silêncio no carro era denso, mas diferente da última vez. Não era um silêncio frio, mas sim um silêncio carregado de palavras ainda não ditas.
O restaurante não estava muito cheio, e Arthur pediu que ficássemos na mesa mais isolada que tinha disponível. Sentamos e ele pediu duas taças de vinho. Não trocamos uma palavra sequer até o garçom nos servir. Alguns minutos depois, Arthur cortou o silêncio.
- Meu pai veio me ver - ele disse, sem preâmbulos. Sua voz não era carregada de raiva, mas de uma estranha reverência. - Ele me disse que eu seria o homem mais idiota do mundo se te deixasse escapar.
Meu coração deu um salto. Fiquei calada, deixando ele falar.
- Ele disse que você é uma joia rara, Eduarda. Que nenhuma outra mulher como você, com seu corpo, sua beleza... E sua coragem... Cruzaria meu caminho. Que eu poderia passar a vida toda procurando e nunca encontraria alguém que me aceitasse como você aceitou. Que realizasse as minhas... - ele fez uma pausa - ...as nossas fantasias.
Ele ergueu os olhos, e o que vi neles me tirou o fôlego. Não era desespero. Era uma paixão avassaladora, brilhante e pura, como a de um fanático por sua divindade.
- E ele está certo - continuou. - Eu te amo de um jeito que me assusta, Eduarda. Te amo tanto que a ideia de não ter você me faz querer arrancar o peito fora. Essas semanas foram um inferno. Não porque eu estava bravo com você, ou com ele. Foi porque eu estava longe de você. Eu tentei ter raiva de você, mas sempre que lembrava do seu rosto, a única coisa que vinha no coração era amor.
Ele puxou a cadeira para mais perto da mesa, se inclinando para frente. Seu olhar era íntimo, urgente.
- Eu não quero uma vida comum. Eu não quero uma mulher comum. Eu quero você. Quero a mulher que treme na minha frente quando outro homem a deseja. Quero a mulher que transformou meu ciúme em adoração. Você me fez nascer de novo, Eduarda. E eu só quero viver nesse mundo novo, por mais bizarro que seja.
As lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto, mas eram quentes, doces. Era a confissão que eu sempre quis ouvir. Ele não apenas aceitava, ele amava os monstros que nós dois havíamos nos tornado.
- Arthur... - tentei falar, mas a emoção travou minha garganta.
- Shhh - ele sussurrou, pegando minha mão. - Deixa eu terminar.
Com a outra mão, tirou do bolso uma caixa de veludo azul-escuro. Ele a colocou sobre a mesa e a abriu com um clique suave.
Dentro, brilhava a aliança mais linda que eu já tinha visto. Era dourada, larga, com uma fileira de diamantes que capturavam a luz fraca do restaurante.
- Essa aliança - ele disse com a voz carregada de uma emoção profunda - é minha promessa. Promessa de que eu vou proteger o que nós temos, mesmo que o mundo ache que é doentio. Promessa de que você será a mulher mais amada, mais desejada e mais cuidada... Mesmo que esse desejo e esse cuidado venham de formas que ninguém entenderia.
Ele tirou a aliança da caixa. Suas mãos não tremiam. Estavam firmes, certas.
- Eduarda - ele disse, meu nome saindo como uma oração. - Você é o amor da minha vida. Meu único vício. Minha salvação e minha condenação. Casa comigo? Faz desse pesadelo lindo a nossa casa para sempre.
Estendi a mão sobre a mesa, minha visão turva pelas lágrimas. Ele deslizou a aliança no meu dedo. O metal estava frio, mas de alguma forma era quente, reconfortante, certo.
- Sim - consegui dizer, minha voz rouca e cheia de alegria. - Sim, meu amor. Pra sempre.
Ele não sorriu. Seu rosto tinha a expressão séria de um homem que acaba de fazer o voto mais importante da sua vida. Levantou-se, veio ao meu lado da mesa, e me puxou para um abraço tão forte que quase me tirou o ar. Senti seu coração batendo rápido e forte contra o meu.
- Ele está na minha casa - ele sussurrou no meu cabelo, sua voz agora rouca de emoção. - Ele me fez entender qual é a minha posição na relação com você. E está nos esperando para nos dar a bênção dele.
O beijo que se seguiu foi doce, profundo e cheio de futuro. Não havia mais sombras entre nós, apenas a clareza de um pacto selado.
Saímos do restaurante de mãos dadas, a nova aliança brilhando sob as luzes da rua. Eu era a mulher mais feliz do mundo. Tinha meu homem, meu amor, meu cúmplice. E tínhamos o Sr. Carlos nos esperando, pronto para consagrar nossa união do único jeito que fazia sentido para nós três.
O apartamento de Arthur cheirava a limpeza. A luz da sala principal estava baixa, apenas uma luminária de pé no canto iluminava o sofá, onde Sr. Carlos estava sentado. Seu rosto, quando nos viu entrar, não tinha o sorriso triunfante, tinha uma serena e paternal satisfação.
- Então - disse, sua voz grave ecoando suavemente no ambiente silencioso. - O sim foi dado.
Arthur fechou a porta atrás de nós, mas não soltou minha mão. Seus dedos se entrelaçaram aos meus com uma firmeza que era tanto posse quanto busca de apoio.
- Sim, pai - respondeu Arthur sorrindo, sua voz firme, sem hesitação. - A Eduarda aceitou ser minha esposa.
Sr. Carlos assentiu lentamente, seus olhos percorreram meu corpo, pousando no brilho da nova aliança no meu dedo.
- Lindíssima - comentou. - Combina com você, norinha. Mas vamos celebrar do jeito certo - disse, sua voz firme e prática. - Arthur, tira esse vestido dela. Quero ver minha nora como ela realmente é.
Arthur veio até mim. Seus dedos, que tremiam levemente, encontraram os botões nas minhas costas. Ele desfez cada um com cuidado, e o vestido deslizou pelos meus ombros até formar um círculo de tecido no chão. Fiquei apenas de lingerie preta no meio da sala.
- A calcinha e o sutiã também - ordenou Sr. Carlos, sem levantar a voz.
Arthur obedeceu. Os ganchos do sutiã se abriram, e meus seios pesados balançaram ao ser libertos. A calcinha desceu pelos meus quadris até os pés. Eu estava completamente nua diante deles, a aliança nova brilhando ridiculamente no meu dedo contra a nudez total.
- Agora, norinha - Sr. Carlos apontou para o sofá. - Ajoelha aí. De frente para o encosto. E abre bem as pernas. Quero que meu filho tenha uma boa vista da futura esposa dele.
Meu coração batia forte de ansiedade. Obedeci. Subi no sofá, me ajoelhei sobre o estofado macio, abri as coxas e me inclinei para frente, apoiando os antebraços no topo do encosto. Minha bunda enorme ficou empinada para a sala, e meu rosto, virado para o corredor que levava aos quartos.
- Isso - a voz de Sr. Carlos soou satisfeita. - Arthur, senta no chão, ali na frente dela. Encosta a cabeça no sofá, entre as pernas da sua noiva. É daí que você vai trabalhar.
Arthur se sentou no carpete, e encostou a cabeça entre minhas coxas abertas. Sua respiração quente atingiu minha pele íntima. Ele olhou para cima, e nossos olhos se encontraram por um instante, os dele estavam escuros, cheios de uma vontade submissa e intensa.
Ouvi os passos de Sr. Carlos. Ele circulou o sofá e ficou em pé atrás do encosto, à minha frente. Ele já tinha a calça aberta, sua rola estava pertinho do meu rosto.
- Agora, princesa - ele disse, segurando o pau pela base e passando a cabeça úmida nos meus lábios. - Enquanto seu noivo aprende a chupar sua buceta, você vai chupar a minha rola.
Eu abri a boca. Ele colocou a cabeça dentro, e eu comecei a chupar, devagar, sentindo o peso e o gosto familiar. Ao mesmo tempo, abaixo, senti a língua de Arthur encontrar meu grelinho latejando de tesão. Ele começou hesitante, mas logo encontrou o ritmo, lambendo, sugando, focado completamente na tarefa que o pai lhe deu. A posição era intensa e submissa. Eu, ajoelhada e nua, dividida entre a boca do meu noivo na minha buceta e o pau do meu sogrinho na minha boca.
Depois de alguns minutos, quando a rola grande e grossa estava dura como pedra, latejando na minha boca, ele se afastou.
- É o suficiente - ele disse, a voz rouca de excitação contida. Ele deu a volta no sofá e ficou atrás de mim. Suas mãos, grandes e firmes, agarram meus quadris. A cabeça de seu pau, agora escorregadia da minha saliva, encontrou a entrada do meu cuzinho apertado. Eu não conseguia descrever o quanto tinha sentido falta da rola do meu sogrinho.
Arthur parou de me lamber, mas não saiu do lugar. Ele estava em um ângulo privilegiado, vendo tudo se desenrolar a poucos centímetros de seu rosto. Seus olhos estavam arregalados, a respiração presa.
- Tá olhando, filho? - Sr. Carlos grunhiu, pressionando a cabeça larga contra meu cuzinho. - Olha bem seu pai comendo o cu da sua noiva rabuda.
Ele meteu a rola devagar em mim, eu gemia de dor e prazer, de felicidade, de excitação, até a pica entrar completamente no meu rabo.
- Tô olhando, pai... É lindo ver o cuzinho dela abrindo assim...
As palavras do meu noivo, cheias de uma admiração perversa e genuína, fizeram minha buceta ficar ainda mais melada, agora meu melzinho pingava no rosto de Arthur. A aceitação dele, pura e crua, me dava permissão para sentir prazer naquela invasão.
Sr. Carlos riu baixo, um som de triunfo íntimo.
- E ela adora, Arthur. Olha como ela geme - ele começou a meter, com estocadas fortes e profundas.
Cada estocada agora era acompanhada pelo som úmido e obsceno da nossa pele e pelos gemidos abafados que eu não conseguia mais conter. Arthur não desviava o olhar. Sua respiração ofegava, e sua mão foi instintivamente à frente da própria calça, apertando o volume duro que crescia ali.
- Vai, pai... - Arthur incentivou, sua voz um sussurro ardente. - Enche o cu dela de pica...
A provocação do filho pareceu acender um fogo ainda mais bruto no Sr. Carlos. Seus dedos cravavam na minha cintura, seus quadris batiam contra a minha bunda com uma força que a fazia balançar e estalar.
- É isso que você quer, sua vagabunda? - ele rosnou no meu ouvido. - Quer que seu noivo te veja toda arrombada pela pica do próprio pai dele? Gosta de ser a puta da família, né?
- Sim... - gemi, perdida no prazer e na humilhação. - Sim, sogrinho... Adoro...
- E você, Arthur? - Sr. Carlos desafiou, sem parar. - Gosta de ver sua putinha adorando a pica grossa do seu pai coroa?
- Eu amo, pai... - a confissão de Arthur saiu como um suspiro cheio de êxtase. - É a coisa mais linda... É a mulher que eu quero pra sempre...
Foi então que a primeira mão aberta do Sr. Carlos acertou minha bunda com um estalo seco que ecoou na sala. A dor aguda se misturou ao prazer da penetração, e um gemido ainda mais alto saiu da minha garganta.
- Gosta de apanhar enquanto toma no cu, sua vagabunda?
- Aiii, sogrinho, sim! É tão gostoso... - gemi, meu corpo arqueando entre a dor e o êxtase.
- Fala pro seu noivo! - ele ordenou, dando mais um tapa, seguido de outro. - Fala que você é uma vadia que adora apanhar do sogro pauzudo!
- Eu sou uma vadia, amor! - gritei, minhas palavras saindo entre os tapas e os gemidos. - Uma cachorra no cio que ama pica grossa na bunda!
- Isso, meu amorzinho - Arthur disse em baixo de mim, com os olhos vidrados no meu cu sendo arrombado. - Fala mais, amor!
- Eu estava com saudade disso, Arthur! Faz um mês que estava querendo a pica do sogrinho no meu rabo! - gritei, perdendo completamente o controle sob os tapas e as estocadas.
Arthur, então, inclinou a cabeça para frente e prendeu a boca novamente no meu grelinho inchado e totalmente melado. Sua língua, agora mais confiante e voraz, lambeu, chupou e pressionou exatamente onde eu mais precisava, enquanto acima, meu sogrinho continuava suas investidas.
A dupla sensação foi avassaladora: a língua do meu noivinho corno no grelo, suave e dedicada, e a rola enorme do seu próprio pai arrombando meu cu, violenta e possessiva.
- Vai gozar, sua cadela? Vai gozar pro seu corno ver o quanto você ama dar o cu pra uma rola grossa? - Sr. Carlos gemeu, acelerando o ritmo.
- Sim, sogrinho! A sua norinha vai gozar! - gemi para Sr. Carlos, meu corpo arqueando em espasmos incontroláveis, minha buceta pulsando contra a boca de Arthur enquanto meu cuzinho se contraía loucamente em volta da rola.
Sentindo meu orgasmo, Sr. Carlos se enterrou até o talo com um gemido alto.
- Toma no cu, puta! Vou encher esse rabo gigante de leite! - ele berrou, e eu senti os jatos quentes e grossos da sua gozada inundando meu interior, enchendo-me enquanto Arthur ainda lambia os últimos tremores do meu prazer.
Sr. Carlos se retirou lentamente, deixando meu cu aberto, de onde escorria sua porra.
- Pronto - ele disse ofegante, guardando a rola e arrumando a roupa. - Agora sim. Vejo vocês no casamento.
Sem olhar para trás, pegou seu casaco e saiu. A porta fechou.
Arthur saiu de baixo de mim. Seu rosto estava brilhante, molhado de melzinho. Sentou ao meu lado no sofá, me virou com cuidado e me puxou contra seu peito, num abraço forte e silencioso. Seu coração batia descompassado contra o meu.
- Foi perfeito, meu amor - ele sussurrou, sua voz rouca de emoção, seus lábios pressionados contra meu ombro. - Foi a coisa mais excitante da minha vida inteira, Eduarda. Mais do que qualquer pornô, mais do que qualquer fantasia. Ver o meu pai fazendo isso com você... Marcando você...
Ele balançou a cabeça, como se não acreditasse nas próprias palavras.
- Isso não me diminuiu, amorzinho. Me elevou. Porque se uma mulher como você, que aguenta um homem como ele, me escolhe... Me quer... Isso me faz mais homem do que qualquer coisa.
Ele abaixou a cabeça e beijou meus seios, depois meu pescoço, com uma fome súbita.
- Eu gozei só de olhar, sabia? - ele confessou, quente no meu ouvido. - Minha calça tá toda melada. Eu não consegui segurar. Você era... tão linda. Tão puta. Tão minha, mesmo sendo dele naquele momento.
Suas palavras começaram a reacender o tesão em mim. Arthur começou a me beijar de uma forma que nunca tinha beijado antes. Um beijo que ao mesmo tempo era adoração e tesão, submissão e dominação. Ele me deitou no sofá, puxando sua calça pra baixo, sua rola já dura novamente. Encaixou na entrada da minha buceta melada, entrando com um movimento suave, mas sua expressão era de posse total. Seu ritmo era profundo, como se quisesse se fundir a mim, apagar e reafirmar todas as marcas ao mesmo tempo.
- Fala pra mim - ele suplicou. - Fala que você é minha. Minha noiva. Minha puta.
- Eu sou sua, Arthur! - gritei, arqueando as costas, me entregando completamente àquele amor complexo e absoluto. - Sua mulher! Sempre!
Ele gemeu, um som profundo de triunfo e rendição, e acelerou o ritmo. Cada estocada agora era carregada de tudo que havia sido dito, visto e sentido.
- Minha... - ele gemia a cada estocada amorosa. - Minha branquinha rabuda... Minha putinha do cu arrombado por outro macho... Minha noiva...
As palavras sujas e doces se misturavam, criando um novo vocabulário só nosso. Eu respondia com gemidos e arqueios, minhas unhas cravando nas costas dele, puxando-o para mais perto, para mais fundo.
- Você goza pra eles de um jeito, amorzinho - ele sussurrou, ofegante, sua boca perto da minha orelha. - Mas goza pra mim de outro. Eu vejo a diferença. E eu amo os dois. Amo a puta que você é com os outros... E amo a mulher que você é comigo.
Era a confissão final, a aceitação total. Ele não apenas tolerava a dualidade, ele a amava. Ele a desejava.
- Amor, eu vou... - gemi, sentindo a tensão se acumular de uma forma nova, mais profunda, nascida dessa verdade terrível e linda.
- Goza, minha noiva putinha - ele ordenou, sua voz cheia de amor e autoridade. - Goza na rola do seu noivo. Na rola do seu corninho que te ama mais que a vida.
A combinação de palavras foi o gatilho. Um orgasmo avassalador me tomou, violento e purificador, meu corpo se contorcendo sob o dele, minha buceta pulsando em torno da rola que me reivindicava. Ele segurou meus quadris com força, seus olhos ardendo nos meus, e com um último gemido, se enterrou até o fundo e gozou dentro de mim.
Ficamos assim, imóveis, fundidos, ofegantes. O suor misturava nossos corpos no sofá. Ele desabou sobre mim, seu peso um conforto, e enterrou o rosto no meu pescoço.
- Para sempre - ele respirou, a palavra um voto.
- Para sempre - eu respondi, meus dedos entrelaçando nos cabelos dele.
Lá fora, a noite ainda era profunda e silenciosa. Nenhum sinal de amanhecer. O mundo comum ainda dormia, alheio ao pacto que acabara de ser selado naquele sofá.
Mesmo sem contratos ou cerimônias, nosso casamento, sob aquelas regras sombrias e verdadeiras, tinha começado ali, no meio da noite, com nossos corpos marcados e nossas almas finalmente em paz.
(N.A.: Espero que tenham gostado da história! Obrigada a quem acompanhou até o final. Já tenho o enredo da próxima história pronto na cabeça. Se quiserem, podem deixar sugestões para as próximas histórias, ou sugestões para melhorar os enredos. Agradeço por todos os comentários feitos em todas as partes que postei. Até a próxima!)
